Quando em 1492 os reis católicos, Fernando de Aragão e Isabel de Castela, decretam a expulsão dos judeus do território espanhol, há uma audiência que foi depois registada em diversos quadros.
Escolhemos aqui parte do quadro de Emilio Sala (1889), que ilustra o momento em que Torquemada, Inquisidor-Mor, atira um crucifixo para a frente do judeu... Abravanel oferecera 30 mil ducados para que Fernando evitasse o édito de expulsão, e Torquemada comparou isso à oferta a Judas para trair Cristo...
Consta que terá argumentado que os judeus sefarditas estavam na Península Ibérica desde o tempo em que fugiram ou foram deixados por Nabucodonosor, e portanto estes judeus não poderiam ser associados à morte de Jesus Cristo, porque nunca tinham estado fora da Hispania.
Saiu também em 1988 um texto chamado "Édito de resposta de Isaac Abravanel", que pode ser encontrado aqui (ou aqui), que é normalmente encarado como obra de ficção, mas é ilustrativo do problema subjacente, seja original ou ficção recente. O texto coloca esta profecia na boca de Abravanel:
No curso do tempo, o outrora grande nome da Espanha se tornará um provérbio murmurado entre as nações: Espanha, a pobre e ignorante; Espanha, a nação que tanto prometia e todavia terminou tão pequena.E então um dia a Espanha se questionará: o que nos sucedeu? Por que somos motivo de riso entre as nações? E os espanhóis daqueles dias olharão em seu passado e se perguntarão por quê isso veio a acontecer. E aqueles que são honestos apontarão para este dia e para estes tempos quando a sua queda como nação começou. E como causa de sua ruína serão mostrados ninguém mais além de seus reverenciados soberanos católicos, Fernando e Isabel, conquistadores dos mouros, que expulsaram os judeus, fundaram a Inquisição, e destruíram a mente investigadora na Espanha.
Até no futebol, clubes rivais percebem que elogios dos concorrentes feitos aos seus, são para serem ignorados ou desconfiados, e só na intelectualidade de idiotas é que vale o paradigma da esperteza ser nitidamente burra, mas muito politicamente correcta, tendo em vista interesses externos.
Mas, esquecendo quem faz por não merecer memória, e voltando ao assunto judaico, é ilustrativo o artigo de Norman Roth (The Historian, volume 55, 1995), que começa assim:
- Cap. 28: Das guerras que houve em Lusitania, entre os Celtas e Turdulos, e da vinda a Espanha de Nabucodonosor.
- Cap. 29: De como a gente Portuguesa, que foi em socorro de Cadiz, tomou as armas contra os Fenícios, por lhes negarem o soldo.
Portanto, é indubitável que uma presença de povos de paragens ou origens fenícias se estabeleceu na Hispania, e será redutor pensar que aqui não se incluiria a variante que se chamaria hebraica, como atestado de proveniência.