No final do séc. XVI aparece um mapa com a designação "Theatrum Mundi", atribuído inicialmente a João Lavanha em 1597 (e a Luis Teixeira com eventual conclusão c. 1612, de acordo com a Portugaliae Monumenta Cartographica), mas provavelmente baseado num mapa português muito anterior:
Apesar de aparentar algumas presumíveis incorrecções demasiado evidentes (a sempre oculta Austrália, propositadamente confundida com a Antártida e com o nome Nova Guiné), este é talvez um dos exemplares portugueses mais interessantes dos que restam intactos, apresentando todo o mundo.
Em particular apresenta o Estreito de Anian, que não se chamava Estreito de Bering, pois quem "descobriu" esse Estreito - o explorador Vitus Bering (1681-1741) - ainda não era tampouco nascido...
Apresenta de forma muito rigorosa toda a Passagem Noroeste (realizada por Amundsen em 1906), e também a Passagem do Nordeste que deverá ter sido navegada por David Melgueiro em 1660-62, mas que é atribuída a Nordenskjold em 1878-79.
O mapa português insiste em não usar a projecção de Mercator, e tirando esse aspecto, não será muito diferente de um mapa anterior (c. 1570) do famoso Abraham Ortelius:
Também Ortelius apresenta uma possibilidade para ambas as passagens, e a representação sugere o Estreito de Anian (onde está o Anian Regnum)... no entanto, não é a mesma coisa!
A representação do continente americano era, no final do Séc. XVI, muito melhor do que em mapas posteriores. Damos como exemplo, um mapa c. 1630, de Hondius, talvez um dos melhores do Séc. XVII, mas onde já desapareceu o Estreito de Anian... e qualitativamente inferior até ao mapa de João de Lisboa (o do logotipo alvor-silves) publicado um século antes.
Até à viagem do "Captain Cook" em 1768-71, a parte ocidental da América do Norte foi-se desvanecendo dos mapas. A Austrália seria pontualmente representada, apenas na sua parte ocidental, após as viagens de Tasman (1642-44). Ver, por exemplo, G. Delisle (c.1700).
Após a restauração de independência, praticamente deixam de se encontrar mapas relevantes, de origem portuguesa. Será um caso de estudo em que uma nação evolui no tempo, mas perde toda a sua capacidade intelectual para as gerações seguintes.
Análise do Mapa Theatrum Mundi
O mapa Theatrum Mundi de João Baptista Lavanha é provavelmente um último grito abafado, realizado a pedido de Catarina de Bragança.
Nele encontramos uma distorção provocada por duas rosas-do-vento polares, alguma imprecisão nos contornos dessa parte americana (tal como em África), mas que retrata fielmente os detalhes e contornos na "parte obscura" da América: Alasca e Canadá. Se seguirmos a linha de costa encontramos correspondentes em (quase) todos os casos (p. ex. Baía de Hudson - 1611, Baía de Baffin-1616) , o que não se verifica sempre com o mapa de Ortelius. Também clara é a diferença no contorno da Rússia setentrional. Em Lavanha, já é possível nomear Nova Zembla, descoberta por Barents em 1597, que aí morre.
A realização de tal mapa só seria justificável por uma coincidência muito para além do razoável, e como tal este mapa não faz parte da "colecção oficial", encontrando-se ainda assim na Portugallia Monumenta Cartographica, de 1960.
É actualmente quase desconhecido, pois mais uma vez foi concedida à nova geração o privilégio de se esquecer da anterior.
Terras na América Setentrional no Theatrum Mundi (de oeste-leste, norte-sul):É actualmente quase desconhecido, pois mais uma vez foi concedida à nova geração o privilégio de se esquecer da anterior.
- Mendocino, Quiuira Regio, Anian Regio, Bergi Regio,
- Agama, Canaoga, Tolm,
- Chiugigua, Cogibel, Albardos, Zubgara, Sete Cidades, Nova Granada,
- Avanares, Capaschi, Florida, Cossa, Tagil
- Saguena, Ochalaga, Apalache n,
- Canadaa, Norumberga
- Stotilano, Aratoris, Terra Nova dos Bacalhaos
Há dois lagos nomeados:
- Conibas (provavelmente a entrada do Mar Beaufort na Baía Amundsen)
- Mar Doce (provavelmente a baía de Hudson)
Talvez o mais interessante seja ainda o nome:
- Mar Vermelho: actualmente o Golfo da Califórnia
Esta designação encontra-se noutros mapas. Convém notar que o outro mar vermelho seria então designado Mar Arábico (havendo ainda o Mar Pérsico).
- Mar Vermelho: actualmente o Golfo da Califórnia
Esta designação encontra-se noutros mapas. Convém notar que o outro mar vermelho seria então designado Mar Arábico (havendo ainda o Mar Pérsico).
Não vou entrar em detalhes sobre toda a confusão que pode existir quando se referem coisas que se passaram no Mar Vermelho, confundindo Califórnia com Arábia... Não deixo de salientar que a Califórnia foi também vista como uma terra prometida, e que no prolongamento do Rio Colorado encontramos a inscrição Ceuola e depois Sete Cidades (referindo-se provavelmente às Sete Cidades de Cíbola... ou será Cebola?)
Quanto às outras designações também muito há a dizer... por exemplo, Agama é entendida como uma palavra em sanscrito referindo-se a um dos vedas. Há um Canaoga Park na Califórnia, etc... mas uma parte destes nomes estranhos perdeu-se nos mitos dos tempos.
Encobrimentos...
Como é fácil concluir, a política de encobrimentos manteve-se mesmo após as descobertas portuguesas, e até à viagem de Cook. A viagem de Cook, quase contemporânea da Revolução de Independência Americana marcou definitivamente o fim da ocultação de uma parte considerável do mundo.
De c. 1600 até 1771, o mundo que era "descoberto", ou melhor, não era "encoberto", não incluía metade da Austrália e Nova Zelândia, Havai, ou ainda a parte norte da América, acima da Califórnia.
O que se passou nessa parte "encoberta", e perfeitamente habitável, durante mais de dois séculos? O que determinou o seu fim, caso tenha havido "fim"?
Eu faria outra pergunta.
ResponderEliminarQual foi a verdadeira razão que levou Filipe II, a anexar Portugal?
E como é que isso lhe foi permitido, sendo ele um estrangeiro, e tendo Portugal,´um Rei Legítimo: Dom António I?
Para mim, este é o maior encobrimento.
Depois da anexacção de Portugal, o que acontece é irrelevante, já que passam para as mãos dos Habsburgos castelhanos, os nossos navios, os nossos navegantes e os nossos Mapas.
Quando começa a Guerra dos Sete Anos, vamos encontrar levados sabe-se lá por quem,os franceses instalados no Canadá, e os Ingleses na América do Norte.
Cook até participa na guerra dos Sete Anos, que quando chega ao fim, salda-se pela vitória da Inglaterra e da que virá a ser a futura Alemanha.
Nós, como sempre perdemos. Perdemos Sacramento, e grande parte do Rio Grande do Sul, para Espanha.
E o tal Capitão Cook, que até aí só navegara em Carvoeiros, parte à descoberta da Oceânia, há muito navegada pelos Portugueses, e passa à História como grande Explorador dos Mares
.
E a Inglaterra estende o seu poder da América à Índia, e não é difícil perceber como.
Segue-se a Revolução Francesa, e a Independência dos EUA, promovida pela Maçonaria.
Tudo muito bem organizadinho. Que afinal tudo resulta fácil, quando se tem por onde copiar.
E a única coisa que se faz, é seguir o caminho que os outros já trilharam.
Por isso os nomes nos são familiares.
O Estreito de Anian, é dos Ainos, porque na Língua dos Konii Um era Onah ou Onai, que passou a Aino, durante as migrações dos Konii, pela Europa.
Quiuira é Quiloa, como a Ilha, no Grande Zimbabwé, Bergi, é como Beja em Portugal e Beiji, no Egípto, Agama é como Aghmat no Norte de África onde o Poeta Al Mu´Tamid o último Rei da Dinastia Abádida de Sevilha, foi exilado pelos Mouros Almorávidas.
E nesse Mapa de Lavanha, está desenhado um Lago, que seguramente corresponde à localização de Konigsberg, a Cidade das Sete Pontes, fundada pelos Teutónicos, que pertencia à Prússia, mas hoje integra a Rússia, com o nome de Kalinigrado.
Não me parece que tenha havido algum fim, a não ser para os descendentes dos primitivos Konii do Sudoeste da Hibéria.
Os outros, seguiram o plano traçado, na conquista do Novo Império.
Maria da Fonte
Caro Da Maia,
ResponderEliminarHá uns tempos estava à procura de uma coisa e deparei-me com isto: http://www.sothebys.com/pdf/2010/30078/L10409.pdf
talvez lhe interesse (a definição não é muito boa), mas se o link seguinte funcionar pode fazer zoom:
http://www.sothebys.com/app/ecatalogue/fhtml/index.jsp?event_id=30078#/r=index-fhtml.jsp?event_id=30078|r.main=by_estimate.jsp?event_id=30078&pg=1&sort=result&direction=left&view=4&by=DESC/
Com os melhores cumprimentos,
Calisto
Maria da Fonte:
ResponderEliminar>> Qual foi a verdadeira razão
>> que levou Filipe II, a anexar Portugal?
>> E como é que isso lhe foi permitido,
>> sendo ele um estrangeiro, e tendo
>> Portugal,´um Rei Legítimo: Dom António I?
Havia vários pretendentes portugueses, e não apenas o Prior do Crato. Filipe II era de facto o mais natural, já que o facto de ser estrangeiro pesava pouco...
Toda a dominância dos Godos pressupôs um só Império Sacro com Reis autónomos (a ideia de Europa é velha...).
Muito mais estranho é D. Sebastião ter recusado sucessivamente casar com a filha de Filipe II (o que teria dado a ligação pela via portuguesa), que lhe chegou a propor as Molucas como dote.
>> Depois da anexacção de Portugal, o que
>> acontece é irrelevante, já que passam para
>> as mãos dos Habsburgos castelhanos, os
>> nossos navios, os nossos navegantes e os nossos Mapas.
Creio que não... toda essa informação começou a sair no tempo de D. João II, e alguma foi recuperada, na Holanda, França, Inglaterra, pela imigração judaica e depois pela maçonaria.
>> Quando começa a Guerra dos Sete Anos, vamos
>> encontrar levados sabe-se lá por quem, os
>> franceses instalados no Canadá, e os
>> Ingleses na América do Norte.
Na guerra dos 7 anos já Portugal tinha abdicado de se meter em aventuras... o acordo de Methuen é esse! Pedro II enfiou o irmão no calabouço e não se falou mais nisso! Falar, falou, mas só até 1755... Aí foi feita a segunda selecção genética, garantindo que o "medo" e os "caldos de galinha" ficavam inscritos no nosso DNA.
A Alemanha esteve sempre no mesmo barco português... por estranho que pareça! Foi condenada à desunião, e quando recuperava demasiado apanhou com 1ª guerra, que depois levou à 2ª guerra. Talvez por isso decidiram dividi-la de novo!
Já deixaram os alemães se reunirem, falta deixar que a História se recomponha das sucessivas mentiras... mas isso parece ser mais complicado! Parece haver medo efectivo de que recuperemos a memória...
>> E a Inglaterra estende o seu poder da
>> América à Índia, e não é difícil perceber
>> como.
>> Segue-se a Revolução Francesa, e a
>> Independência dos EUA, promovida pela Maçonaria.
Falta Napoleão... que compôs o ramalhete!
É que os ingleses só se aventuraram mais na Índia depois do Terramoto de 1755, mais precisamente em 1757. Com os franceses não é muito diferente... Antes disso, as nossas questões territoriais eram mais com os holandeses!
>> Por isso os nomes nos são familiares.
>> O Estreito de Anian, é dos Ainos, porque na >> Língua dos Konii Um era Onah ou Onai, que
>> passou a Aino, durante as migrações dos
>> Konii, pela Europa.
Precisava da sua confirmação para essa associação Anian - Ainos!
Os Ainos podem resultar de uma migração de tempos imemoriais, mas também é de considerar que a sua resistência até 1789 possa ter contado com outro apoio...
Qual apoio?
Apoio de um Reino do Sol que se estendia da Austrália-oriental até ao Canadá-ocidental, e que incluía o Havai e outras ilhas.
Esse "Reino do Sol" poderia ser um Reino Autónomo, formado por "rebeldes portugueses", após 1495 e 1580. Não era reconhecido pelo Ocidente. Enquanto não foi dominado foi ignorado de todos os mapas... seria como um "reino pirata".
O Tratado de Paris, após a Guerra dos 7 anos, ditou o fim desse Reino.
Eventualmente esse Reino do Sol terá tido o apoio dos japoneses, no período que se seguiu... mas terá acabado definitivamente no período napoleónico!
Porquê esta hipótese?
Porque isso justificaria a ideia japonesa de querer recuperar esse reino, começando no Havai e indo até à Austrália, na 2ª Guerra Mundial. A bomba em Nagasaki parece desnecessária e simbólica...
Caro Calisto
ResponderEliminarBela colecção de mapas, essa do catálogo da Sotheby's. Obrigado pelo link!
Também já tinha andado por alguns catálogos de antiquários, mas ainda não tinha calhado no da Sotheby's.
Já agora, só para completar a estória anterior, olhando para a quantidade enorme de mapas do Séc. XVII e XVIII até Cook, parece quase impossível que ninguém tenha tido o ensejo de ir até à Austrália-Oriental ou até ao Norte da Califórnia e Canadá-Ocidental...
A única resposta que encontro é mesmo a existência de um Reino não reconhecido... o tal reino rebelde, a que alguém terá posto cobro. O melhor candidato que encontro para essa tarefa terá sido Napoleão, e depois o almirante Nelson... Mas isto é ainda muito incipiente, e precisaria de muito mais dados.
Caro Alvor Silves
ResponderEliminarAinos foram os japoneses primitivos.
São caucasianos, e é a eles que se deve o Período Jómon, do Jãpão.
As peças dessa época, que pude vêr, são fabulosas.
Em metal trabalhado, claro!
Que Ksishaor, de quem descendem, ficou conhecido pelo Homem da Falcata de Ouro.
O Projecto Arqueológico Sican, procurou encontrar eventuais semelhanças entre o DNA do Povo do Lambayeque que viveu até há cerca de 1100 anos, em Pomac no Perú, e os povos do Equador, Colômbia, Sibéria Tawain e Japão.
Foi utilizada nesta pesquiza, inclusivé o DNA de Lord of Sican, e o resultado, revelou características identicas ao dos Ainous do Japão, que se concentram na região de Nagasaki.
Aino, em japonês significa Humano, o que não deixa de ser curioso, e corresponde ao Onai ou Onah, da Língua Konii, que passou a Aino, durante a dispersão do Povo Konii pela Europa.
Onai é Um, Uno, Una.
E se se recorda dos Tainos que os Castelhanos exterminaram, diziam os padres franceses que ainda os conheceram e estudaram a sua língua, que ela era idêntica ao Hebraico Antigo.
Previsivelmente, para nós, claro!
E para mais alguém, que viveu nessa época.
Por isso os Tai-nous, não passaram à Época seguinte.
Nagasakhi não foi só simbólico.
Como tudo o que estes desvairados fazem, foi muito bem calculado.
Lembra-se de Konisberg, na antiga Prússia, a Cidade das Sete Pontes?
Hoje chama-se Kalininegrado, e foi integrada na Rússia.
Por acaso?
Deve ter sido....
Dados, caro Alvor Silves é coisa que não irá faltar!
Maria da Fonte