segunda-feira, 24 de março de 2014

Outros Quinhentos

"Outros Quinhentos" é uma expressão razoavelmente popular cuja origem parece algo incerta. Uma das várias explicações que vi apontava para uma coima por injúria à elite nobre.

Deveríamos ter entrado este ano com alguma comemoração relativa à primeira notícia da chegada a Timor. Essa notícia remetia para Janeiro de 1514, e portanto estão já quinhentos anos passados. 
Outros quinhentos anos passaram sobre a notícia da chegada à China de Jorge Álvares, em 1513.

Não houve comemoração significativa destes quinhentos, porquê? São precisos outros quinhentos?
É claro que se pode falar da "crise"... a tal crise selectiva que só afecta parte da estrutura, mas como é óbvio não há nenhuma crise económica que impedisse que se falasse abundantemente do assunto.
A menos, é claro, que tal crise impusesse uma qualquer chantagem que impedisse a menção desse período épico português. Bom, mas isso seria alinhar por uma daquelas teorias da conspiração - sei lá, que os judeus não esqueciam a expulsão ibérica, e que do muro das lamentações de Wall Street imporiam um enorme garrote financeiro. Qualquer coisa absurda desse género.
Ora, como isso não parece fazer sentido nenhum, resta a habitual incompetência e insensibilidade governativa... por acaso de um governo da ala mais ligada aos símbolos da história nacional.
Portanto, esta explicação também parece muito incompetente, e ficamos perdidos. 
Serão outros quinhentos?

É claro que se pode argumentar que a vice-regência de Afonso de Albuquerque foi muito traumática no Oriente, e conviria não hostilizar parceiros comerciais com "más lembranças"... mas dificilmente há herdeiros directos desses reinos, e o "politicamente correcto" não chegaria ao ponto de se evitar a comemoração intramuros. 
O "César do Oriente", como foi epitetado, estabeleceu de facto um domínio completo sobre o Índico, abrindo a comunicação directa à China após a conquista de Malaca em 1511, o que libertou a entrada no estreito. Podem-se questionar as datas a partir daqui... logo de seguida, os navios com bandeira portuguesa navegaram pelas diversas ilhas indonésias, até atingirem as Molucas e Timor. Pode ter sido um, dois ou três anos depois, mas é difícil de acreditar que a maioria das ilhas da Indonésia até à Austrália não foi pelo menos avistada, e em grande parte cartografada durante a regência de Afonso de Albuquerque. Quando Pedro Nunes refere que tudo tinha sido descoberto, desde a mais remota ilha ao simples penedo ou baixio, reporta mais de 20 anos depois, mas é natural que o conhecimento global já estivesse presente em 1514 como atesta o Globo do Mapa de Marinharia.

Apesar de haver quem esteja disposto a todo o folclore da negação (e é claro, com espaço de antena para isso), a chegada a Timor em 1514 (pelo menos) é confirmada por Armando Cortesão (Esparsos, Vol. 3, pag. 326, Acta Univ. Conimbrigensis, 1975), que diz o seguinte:
"Na Suma Oriental confirma Tomé Pires esta viagem do junco português à China, quando, escrevendo em Dezembro de 1513, ou começo de Janeiro de 1514, informa: «Lugares onde os nosso juncos e naus foram; as nossas naus a Java, a Banda, a China. Junco é a Pacee(?), a Paleacate(?); agora vão a Timor por sândalos, e vão a outras partes e foi já nosso junco a Pegú ao porto de Martaniane(?)» (fol. 177r) (118). A informação tem ainda o valor especial de nos dizer, de fonte bem autorizada e fidedigna, quem em 1514 foi um junco de Portugueses a Timor, em que iriam Portugueses, como foram nos outros (119).
Na nota (119) menciona-se uma carta de Rui de Brito que diz que não teriam então chegado a Timor, mas o próprio Cortesão esclarece que Brito fala do passado e Pires do presente, 1514. No passado mês de Fevereiro Xanana Gusmão esteve em Portugal, e como podemos ler, não houve menção a esse evento histórico na comunicação social.

Bom, mas este texto não é certamente sobre política, manipulação histórica, nem tão pouco para lamentar a falta de comemorações, sempre muito desligadas da população... Cada macaco no seu galho, e à racionalidade humana só compete distinguir naturais incertezas de evidentes contradições.

Este texto é sobre outros quinhentos: - Nan Madol.
 
Nan Madol - Micronésia (Ilhas Carolinas)

Por lapso, esqueci-me de juntar este conjunto monumental no texto Lemuria, onde referi a pedra-dinheiro de Palau... Foi agora num comentário de Maria da Fonte que relembrei que este monumento ainda não tinha aqui tido nenhuma referência, apesar de ser várias vezes falado nos comentários, ligado à ideia do continente perdido, Mu. 
Não vou falar sobre Mu, porque já de alguma forma foi mencionado no texto sobre a Lemuria, e penso tratar-se do mesmo mito. Há por vezes ideias sobre continentes de dimensões gigantescas, como se isso acrescentasse dimensão à civilização. Na realidade basta reparar na enorme superfície euro-asiática para perceber que é na sua maioria inabitada. O mesmo se passa na América, basta reparar na grande Amazónia ou no enorme Canadá. Mesmo com 6 biliões de pessoas, a nossa concentração dá-se em pontos muito particulares... e ilhas de dimensão menor, como o arquipélago do Japão, podem oferecer um grande desenvolvimento. Por isso, a ideia de continentes de grande dimensão apenas traria mais terra inabitada a um planeta que já tem muita terra inabitada.
Conforme referi no texto sobre Lemuria, o aumento do nível do mar terá submergido uma grande parte da região da Melanésia, então contígua da Malásia até às ilhas da Nova-Guiné. Essa parte era suficientemente extensa para corresponder ao afundamento de uma superfície semelhante à da Austrália, justificando-se perfeitamente essa associação mítica àquelas paragens.

O complexo monumental de Nan Madol não revela nenhum surpreendente esplendor técnico, mas é notável do ponto de vista megalítico, e remete mais uma vez para uma parte da história que parece ter submergido juntamente com Mu. Essa submersão não vem apenas de natural falta de dados, vem de propositada ocultação ou distorção. 

Damos um exemplo ilustrativo. O texto de Armando Cortesão foi encontrado ao procurar informação adicional sobre as Ilhas Carolinas. Essa descoberta é atribuída a Gomes de Sequeira em 1525 (ou Janeiro de 1526, ver pág. 320 de Esparsos, vol. III). Pelo menos a ilha de Palau deverá ter tido o nome de Sequeira, antes de passarem a ser nomeadas Novas-Filipinas, por Álvaro Saavedra em 1529, e depois Carolinas, por respeito ao imperador espanhol Carlos (V?). 
Esta nomeação de Carolinas é encontrada em quase todo o lado, mas há uma versão diferente. Numa tradução de Jacques Arago, viajante francês, lemos ("De um a outro pólo", pág. 177) numa nota de rodapé que afinal teria sido o espanhol Ponce de Léon (!!!) a descobri-las em 1512, e que o nome Carolinas era devido a Carlos IX, rei francês, é claro, e que o nome teria sido mantido por Carlos II, rei inglês. O facto dos nomes reais serem moda numa certa época permite estas variações, em que nomes similares servem vários propósitos ambíguos, só faltava um Karl germânico, para justificar Karolinen sob sua alçada. Só encontrámos na tradução do livro de Arago tal versão afrancesada, mas presumo que tenha origem noutra fonte. Isto mostra suficientemente como as tentativas de alterar o registo histórico foram constantes e tiveram frequentemente origem nas mesmas paragens europeias.

A contrario desta tentativa francesa, Cortesão procura provar que a viagem de Sequeira não teria chegado à Austrália, como entretanto foi pretendido, e dá uma justificação pelos relatos e pelos ventos... De facto a documentação existente não parece ter nenhuma referência directa à Austrália, até porque não seria assim nomeada à época, como é natural. Os mapas que Cortesão conhecia pareciam estar fora de uso para fazer prova. Não parecia haver nome, nem registo da navegação que teria permitido fazê-los. No entanto, esses mapas existem e mostram o conhecimento completo à época de D. Sebastião, pelo menos. Qualquer outra pretensão é apenas pura formalidade burocrática ou cegueira.


Nota adicional (01/04/2014):
Esta referência a Nan Madol foi colocada há já muito tempo num comentário de José Manuel, onde se refere a descoberta de Nan Madol por Pedro Fernandes Queirós e a sua associação à colónia de Nova Jerusalém, por vezes ligada também a Vanuatu.
Mapa de 1612 de Hessel Gerritsz onde se aponta a Australis Incognitae 
a uma descoberta de Queirós.
Este mapa é especialmente relevante por ser holandês...

Já tínhamos aqui mencionado o cartógrafo holandês Gerritsz, que em 1618, ou seja passados 6 anos, já poderá desenhar a costa australiana ocidental com toda a precisão... de Queirós, a Australia terá apenas herdado o nome com que a baptizara - Australia do Espírito Santo.
Qual a diferença entre 1612 e 1618?
Em 1618 é declarada a Guerra dos Trinta Anos, e a Holanda vai aparecer como autónoma reivindicando então o seu quinhão de descobertas, então ocultas, nomeadamente a Australia.

quinta-feira, 20 de março de 2014

dos Comentários (6) - à volta do Mar Negro

Dólmens Caucasianos
Num comentário recente (anónimo - Paulo Cruz), aparece uma informação muito interessante sobre dólmens que podem ser vistos na parte russa do Cáucaso. 
(que remete as imagens para um site russo - http://lah.ru/mast/zth.htm )

Não parece haver grande informação sobre o assunto, nem datação associada, mas parece-me tratar-se de um conjunto que faz de facto lembrar o visto na Grota do Medo, pelo que o comentário ajusta-se muito bem. 
Acresce aqui, como particularidade distintiva, que não me lembro de ter visto antes, uma pedra de entrada com uma abertura circular:



Distribuição dos dólmens na parte nordeste do Mar Negro (pontos vermelhos).
(imagens em thelivingmoon.com)

O comentário apresenta ainda links para outras estruturas que revelam pedras de grande dimensão, mas nem sempre é tão claro fazer a distinção entre origem natural e intervenção humana, como neste caso dos dólmens.


Cultura Vinca. Tabuletas de Tartaria.
Do outro lado do Mar Negro, na parte ocidental... se considerarmos o Mar Negro alagando as planícies e entrando na montanhas da Transilvânia e Balcãs - entre a Roménia, a Bulgária e a Sérvia, encontramos os vestígios da chamada Cultura Vinca
"Máscara" bem conhecida da Cultura Vinca

Nessa região (Tartaria-Roménia e Karanovo-Sérvia) foram encontradas as chamadas "Tartaria Tablets", com umas pequenas inscrições datadas de c. 5000 a.C. e que parecem ser o registo mais antigo de escrita

Tabuletas de Tartaria e Lista de Símbolos distintos encontrados


Cavernas de Pestera Coliboaia (Roménia) e Magura (Bulgária).
Ainda nessa região ocidental ao Mar Negro, vamos encontrar duas cavernas com inscrições rupestres de características algo diferentes.

Por um lado temos desenhos muito semelhantes aos das cavernas do Sul de França e Ibéria:
Caverna de Pestera Coliboaia (Roménia)

Por outro lado temos desenhos com um estilo mais semelhante ao que encontramos em Bhimbetka (India) na Caverna de Magura (Bulgária):

Caverna de Magura (Bulgária)

Caverna de Kapova (Rússia)
Apesar de não atingirem a espectacularidade das pinturas do Sul de França ou Ibéricas, encontramos pinturas rupestres na Rússia (Urais) com o mesmo tipo de traço na representação
foto de Ivan Shkalikov - via donsmaps.com/kapova.html

Parece-me haver uma grande lacuna na divulgação destas cavernas (esta, de Kapova é conhecida desde os anos 1960), porque leva-nos a pensar que a grande qualidade de representação rupestre era quase exclusiva da região europeia à volta dos Pirinéus. Os exemplos de Kapova e Coliboaia mostram que não era bem assim. Havia uma ligação cultural que se estabelecia da Ibéria aos Urais (pelo menos), uma zona típica de expansão indo-europeia.
Pode-se dizer que os Urais estão longe do Mar Negro, mas mais uma vez recordamos os mapas que mostram como que isso não seria assim com um aumento do nível das águas.

Caverna na Crimeia
Para terminar, numa altura em que se fala da Crimeia, encontrámos esta notável imagem, algo perdida na wikipedia, mas que tem como referência "Cave Art in Crimea".

A imagem é tanto mais notável porque parece invocar um aparecimento brilhante, de forma solar, que surpreendeu um grupo (à esquerda), a que depois se segue uma pose de veneração desse astro/objecto (à direita). Uma possível interpretação é a conjugação dos fenómenos do Fogo de St. Elmo com Raios Globulares (muitas vezes tidos como Ovnis). Porquê? Porque junto à enorme bola da direita está a figura de um veado com as pontas iluminadas numa cor alaranjada e isso é sabido acontecer com o fogo de St. Elmo (acima da bola esquerda, há outro veado com a mesma representação).
Conforme se pode ler na wikipedia:
Physically, St. Elmo's fire is a bright blue or violet glow, appearing like fire in some circumstances, from tall, sharply pointed structures such as lightning rods, masts, spires and chimneys, and on aircraft wings. St. Elmo's fire can also appear on leaves, grass, and even at the tips of cattle horns. Often accompanying the glow is a distinct hissing or buzzing sound. It is sometimes confused with ball lightning.
Raios globulares (ball lightning) - figura de 1901
A Crimeia é um caso de montanhas que definiriam uma ilha, caso houvesse esse aumento do nível do mar. Isto para fazer notar que não há apenas a questão do nível marítimo ter sido mais baixo (como atestado pela Caverna de Cosquer), mas também deve considerar-se a presença da maioria das cavernas em locais de maior altitude, em regiões que não seriam inundadas.

Nota adicional (21/03/2014):
Não deixamos de notar que esta manifestação do fogo de St. Elmo nos cornos dos animais pode ter dado assim origem a um culto específico cuja tradição ainda encontramos em festas espanholas:
Toro embolado
Em Espanha, nalgumas comunidades, ainda se realizam festividades em soltam um touro com os dois cornos com bolas de chamas - é chamado o Toro Embolado (ou Bou Embolat, em catalão):
Esta manifestação, de origem desconhecida, pode exorcizar justamente este aspecto que poderia ser considerado sobrenatural, quando era vista a presença do fogo de St. Elmo nos cornos dos animais. 
Em Portugal, a canção "vaca de fogo" dos Madredeus ilustra uma tradição algo semelhante, mas ligada hoje apenas a festival pirotécnico.

Não deixa de ser notável como a inscrição na caverna da Crimeia é suficientemente clara e elucidativa para poder explicar, de forma muito convincente, a origem desta tradição.
Interpretação natural da ilustração na Caverna da Crimeia.

Nota adicional (22/03/2014)
Sobre outras estruturas na Crimeia, o Paulo Cruz enviou novos links relevantes:

O primeiro é genérico, no que se pode misturar com turismo arqueológico. O segundo procura relacionar uma estrutura subterrânea com uma eventual pirâmide soterrada.

Aproveito ainda para colocar um outro link significativo:
Kings Mound - associado ao Rei Leuco I (séc. IV a.C.)

segunda-feira, 17 de março de 2014

Haplogrupos caprinos

Se fosse pretendido fazer-se um estudo conclusivo e minimamente sério sobre migrações, ele teria que tomar em consideração vários aspectos, nomeadamente incluir as migrações animais e das plantas.
A evolução genética das plantas cultivadas permitiria sem grande dúvida seguir o traço da agricultura.
A maioria da informação é herança cultural, que nos diz que o milho e a batata vieram da América, o arroz da Ásia, etc... porém, era muito conveniente fazer-se o traço genético completo para perceber se assim foi.

mt-DNA caprino
Um dos poucos estudos que encontrei no sentido complementar de estudar as migrações humanas diz respeito... a cabras, ao Haplogrupo mt-DNA das cabras domésticas!

Aparentemente há o grande domínio de um haplogrupo A, e quase todos os outros são razoavelmente minoritários. O sucesso desse haplogrupo A está bem evidenciado nos mapas que se seguem.

Haplogrupos da Cabra doméstica
 (Distribuição do Haplogrupo A e restantes) 

Naderi S, Rezaei H-R, Taberlet P, Zundel S, Rafat S-A, et al. (2007) 
Large-Scale Mitochondrial DNA Analysis of the Domestic Goat Reveals Six Haplogroups with High Diversity.
PLoS ONE 2(10): e1012. doi:10.1371/journal.pone.0001012


(Árvore de descendência, dominada pelo Haplogrupo A)


O artigo em questão, de Naderi et al., fala numa domesticação de há aproximadamente 10 mil anos, na zona do Crescente Fértil (... uma hipótese conservadora, dada a história oficial).
Portanto, seria a partir de um ponto algo impreciso no Médio Oriente que teríamos o desvio restante.

Haverá várias interpretações, e por isso focamos uns pontos objectivos:
i) Há um domínio quase total do A, em especial na zona ibérica e mediterrânica.
ii) Esse domínio só não existe na zona malaia-indonésia, onde domina o B. Este B descende do A.
iii) Há uma ascendência comum do B e C, e o C está essencialmente na zona europeia.
iv) Uma parte do B surge na África do Sul.

As razões para isto podem ser várias, desde a adaptação dos animais ao gosto dos humanos.
No entanto, podemos considerar uma hipótese interessante. A primeira domesticação do A deu-se a ocidente, tendo migrado para oriente onde sofreu uma transformação para B na zona indonésia. Essa transformação teve elementos C que acompanharam nova migração em direcção à Europa, e espalhou elementos B pela Ásia. Para além da chegada a Madagáscar, devemos considerar uma chegada dos humanos de haplogrupo O (austroasiáticos, chineses) mesmo à África do Sul. As variações D e G são directas do A, mas a variação B e C tem a mesma origem, e podemos pensar ligar o grupo C a uma migração do haplogrupo humano R em direcção à Europa (encontra-se em zonas semelhantes). 

terça-feira, 11 de março de 2014

dos Comentários (5) - Camafeus e Nanotecnologia Romana e Ptolomaica

Num comentário recente, o José Manuel fez referência à Taça de Licurgo:
Vão escapando sempre uns gatos com o rabo de fora dos caixotes dos ditos: 
«Il y a 1600 ans, les Romains utilisaient déjà des nanotechnologies ...»
E 100 vezes mais evoluídas que as actuais... para quem duvide que a humanidade já foi 100 vezes mais avançada e regrediu! Não ficam dúvidas, e exemplos destes há-os às centenas... por isso - às urtigas os escritos feitos pelos iletrados que sobreviveram!
http://www.maxisciences.com/nanotechnologie/il-y-a-1600-ans-les-romains-utilisaient-deja-des-nanotechnologies_art32108.html

 
A mesma taça apresenta cor vermelha translúcida quando iluminada pela retaguarda 
... e cor verde opaca (tipo jade) quando iluminada de frente.
A explicação de tal propriedade no vidro só é feita no quadro das nanotecnologias!

A data de produção apontada para a Taça de Licurgo é o Séc. IV, e poderá até ter servido Constantino.
A explicação para o efeito conseguido reside numa pequena mistura coloidal de ouro e prata no vidro... mas de que forma? 
De forma tão sublime que algo semelhante não voltou a ser produzido até aos anos 1960. 

Nessa altura, a NASA tomou a cargo produzir filtros dicróicos (ou seja, filtros com uma cor transmitida e outra reflectida). 
Basicamente tentou fazer crer que se tratou de invenção própria, conforme se pode ler num relatório:
«Dichroic glass, developed in the 1950s and 1960s by NASA, the Department of Defense and their contractors, is a technology wherein extremely thin films of metal vacuum deposited on a glass surface»
O artigo está arquivado na NASA:

O facto de existir esta indústria no tempo dos romanos, de existir esta taça (que foi pertença da família Rothschild), e de haver registo de vidro semelhante produzido em Veneza durante a época medieval ou posterior, tudo isso parece ser remetido para inexistência.
Aliás, como bons amantes do sarcasmo, o artigo apresenta os produtores em Venice... Los Angeles.
Só faltaria o bairro de Venice em LA chamar-se Murano... 

Este tipo de vidrinhos coloridos fez as delícias de muito ambiente psicadélico dos anos 60, e poderíamos voltar de novo ao tema das "especiarias e drogarias"...
Dentro desse ambiente artístico meio perturbado, não é de deixar de referir o filme de Werner Herzog:

Este tipo de conexões seria mais matéria para o blog Odemaia onde referimos a Gruta de Chauvet, que foi tema do filme "Cave of Forgotten Dreams" de Werner Herzog, porque neste ponto apetece-nos simplesmente ouvir o velhinho tema "Heart of Glass" de Blondie:
... lembrando que já não se fazem letras assim:  Once I had a love and it was gas, Soon turned out, it was a pain in the ass...

No entanto, o tema do filme "Heart of Glass" procurava ir um pouco mais longe, e remete para o segredo da produção de vidro com um brilhante vermelho rubi, perdido num produtor da Bavaria do Séc. XVIII. Na senda do experimentalismo psicadélico, Werner Herzog parece ter feito os actores representar sob hipnose.

Bom, mas deixemos o tema modernaço, que dificilmente se justifica neste blog, mas que também me parece indissociável deste post, ao remeter para essa procura de imitar a subtil produção vidreira, algo remetida a segredos artesãos, com ou sem confrarias a apadrinhar.

A redescoberta da produção de vidro com tom púrpuro, ou vermelho rubi, acabou por ser dada a Johann Kunckel (final do Séc. XVII), e a figura de Cassius (ver Púrpura de Cassius) pode ter inspirado a parte histórica do filme (ainda que o nome Cassius remeta ele próprio a personagens romanos):
Vidro Rubi da Bavaria - Munique (Cranberry glass)

Neste caso, bem entendido, o vidro rubi já era por si notável, por usar uma mistura coloidal de ouro, mas não conseguia o efeito dicróico visto na Taça de Licurgo. Essa taça sim, representaria um autêntico Graal como desafio à manufactura vidreira.

Camafeus
Podíamos ficar por aqui... mas o problema é que o uso do vidro foi levado a pontos de execução verdadeiramente notável pelos romanos, e exemplo disso é o chamado Vaso de Portland:

O mais notável no vaso de Portland é tratar-se de trabalho em finas camadas de vidro, com um efeito de camafeu, normalmente visto em pequenos adornos, como é o caso do Camafeu Blacas, que representa a figura do Imperador Augusto:
Camafeu Blacas (Augusto, 20 a 50 d.C.)
(ver também Tesouro Esquilino)

Bom, e a questão que nos remete a peças com um detalhe artístico tão singular, que questiona o desenvolvimento técnico à época dos romanos, não tem apenas origem romana.

Com efeito, é possível ver que em Alexandria já se produziam camafeus com uma beleza de pormenor igualmente notável... ou talvez até mais notáveis, como é o caso da Taça Farnese:

A situação remonta mesmo a tempos anteriores, ao início da dinastia Ptolomaica no Egipto, após a conquista de Alexandre Magno, conforme é bem visível na Taça dos Ptolomeus, que após 2300 anos parece emitir o mesmo assombro na sua beleza surpreendente:

Haveria certamente muitos detalhes a referir... nomeadamente sobre a representação de Licurgo na taça que motivou o comentário do José Manuel, e por consequência este post. A representação de Licurgo alude à sua morte por mando do deus Dionísio, ou melhor, pelo correspondente Baco romano... e certamente seria um motivo para a encher de bom vinho, nalguma festa em honra a Baco, normalmente designadas por Bacanais. 

Ora se falámos das festas Lemurias... e para percebermos o termo "Lamúrias", quando nos queixamos do trabalho (alternativamente pode ser usada a expressão "Piegas"), convém lembrar a lista das festividades romanas  que basicamente reduziam o ano civil a 155 dias de trabalho efectivo.
Assim, quando por altura da Revolução Industrial os camponeses passaram a operários urbanos, não poderiam deixar de achar estranho nem lhes ser concedido o dia 1º de Maio, algo que se perdia nos tempos imemoriais, como último dia de sagrado descanso. 
Claro que se entende que os Bacanais de uns exijam Lamúrias dos outros... mas o desequilíbrio é sempre um estado temporário, só mais permanente em mentes desequilibradas.

Notas Adicionais 
(1) - Aço de Damasco (12/03/2014):
Num comentário inserido neste post (de P. Cruz), foi-nos dada a informação sobre o Aço de Damasco, cujas origens podem remontar ao tempo da chegada de Alexandre Magno à India.
Trata-se de um tipo de aço particularmente resistente e flexível, revelando em 2006 algo surpreendente, que nos remete de novo às nanotecnologias, citando a Wikipedia:
 A research team in Germany published(*) a report in 2006 revealing nanowires and carbon nanotubes in a blade forged from Damascus steel. This finding was covered by National Geographic and the New York Times. Although certain types of modern steel outperform these swords, chemical reactions in the production process made the blades extraordinary for their time, as damascus steel was superplastic and very hard at the same time.
(*)    Reibold, M. et al. (2006) "Materials: Carbon nanotubes in an ancient Damascus sabre". Nature 444.

(2) - Azul Maia (12/03/2014):
Ainda no mesmo comentário refere-se o pigmento chamado "azul maia", feito artificialmente como o azul egípcio ou o azul chinês. São casos de investigação na pigmentação durável, responsável por legados ainda hoje bem visíveis, remontando ao uso do vermelho-ocre em pinturas rupestres. 
O azul maia tem propriedades de durabilidade mais notáveis por não ser facilmente degradável, resistindo mesmo a ácidos:
Despite time and the harsh weathering conditions, paintings colored by Maya Blue have not faded over time. What is even more remarkable is that the color has resisted chemical solvents and acids such as nitric acid. Recently, its resistance against chemical aggression (acids, alkalis, solvents, etc.) and biodegradation was tested, and it was shown that Maya blue is an extremely resistant pigment, but it can be destroyed using very intense acid treatment under reflux [da Wikipedia]
A receita do composto parece ter sido apenas redescoberta em 1993, assentando numa mistura de anil, indigo, com uma forma de barro - paligorsquite - que também pode ser ingerida com funções medicinais...

segunda-feira, 10 de março de 2014

Haplogrupo e "há pelo grupo"

O grupo protege e esmaga o indivíduo.
"Há pelo grupo" significa aqui que "o indivíduo existe pelo grupo", pelo povo, pela espécie.
Conectar "haplogrupo" a "há pelo grupo" não é certamente etimológico, é simples visão ou cegueira, consoante os olhos inquisidores.
Até que cada indivíduo consiga equilibrar-se ao grupo, numa relação de igual para igual, a luta da potência contra a impotência não tem fim previsto. O apego à potência é apenas um prolongar infantil do medo da incontornável impotência. Ninguém domina o processo que leva da vontade de erguer o braço ao efectivo erguer do braço, e no entanto há quem julgue dominar tudo em seu redor... enfim, são visões ou cegueiras!

Com o lançamento de dados sobre haplogrupos haverá múltiplas hipóteses sobre a migração humana, a maior parte das quais apontam a clássica saída de África, com a dispersão sempre feita na zona entre o Cáucaso e Himalaias. Tenho insistido numa outra migração, saída da Oceania-Melanésia, e vou retomar esse assunto com alguns esquemas gráficos mais elucidativos.
O assunto é complexo, difícil de juntar, sujeito a ser questionado por vários detalhes, mas o meu objectivo foi apenas procurar dar um nexo que fosse consistente com as informações que tenho. Como é óbvio, não cuidará dos detalhes de informações que não tenho...

Y-DNA
Primeiro pelo lado Y-DNA, de que já tinhamos falado.
Encontrei no Dienekes' Anthropology Blog um mapa muito bom que está na Wikipedia, e conforme se diz, representa um grande esforço de representar o panorama actual, com a versão "mais consensual" para as migrações:

Como as letras dos haplogrupos são pouco informativas, irei arriscar usar nomes... não arbitrariedades como já foi feito, em que um H serve para Helena... 
A ideia será que o nome reflicta objectivamente a ascendência. 
O remoto ascendente adâmico seria um certo A perdido, dos quais houve variantes umas que se encontram em África, que designaremos por Á. Ao descendente que originou todos os restantes chamaremos Ã... e quase todos os nomes irão terminar em "ã" para reflectir essa ascendência (a letra pequena significa o rasto perdido). O negrito nas letras indica a sua designação simples actual, e usarei letras "u,y" para indicar elos perdidos.

(0) Temos uma separação Á e "ã" ainda em África.
(1) A descendência de "ã" serão Bã (África) e "cã" (todo o mundo).
(2) Desse "cã" perdido surgem "ucã" e "ycã" ambos perdidos, mas que originam:
   -- Ducã (Ásia), Eucã (dominante em África), Cycã (Austrália, Sibéria), Fycã (resto do mundo).
(3) Há aqui um salto e Fycã irá originar Gu-Fycã (Europa-Cáucaso) e outro elo perdido yu-Fycã.
   Este último origina Hyu-Fycã (Dravidiano), e ainda a outro elo perdido vyu-Fycã.
(4) Será desse novo elo perdido que surgem dois novos elos perdidos: u-vyu-Fycã e y-vyu-Fycã.
   Do primeiro aparecem Iu-vyu-Fycã (Escandinavo-Balcã) e Ju-vyu-Fycã (Semita).
   O restante dá novo elo perdido uy-vyu-Fycã surgindo então:
   Kuy-vyu-Fycã e um wuy-vyu-Fycã que gerará Twuy-vyu-Fycã e Lwuy-vyu-Fycã (India). 
(5) Surge a descendência dominante Kuy-vyu-Fycã, que dá SKuy-vyu-Fycã, e ainda mais dois elos perdidos (designamos x e y). 
   Um "x" terá como "netos" Nyx-Kuy-vyu-Fycã e Oyx-Kuy-vyu-Fycã.
   Outro "y" terá My-Kuy-vyu-Fycã e Py-Kuy-vyu-Fycã, como "filhos"...
   ... e finalmente QPy-Kuy-vyu-Fycã e RPy-Kuy-vyu-Fycã, como "netos".

Esta nomenclatura é estranha, mas não é mera "invenção" - por exemplo, reflecte o parentesco entre os haplogrupos M,N,O,P,Q,R,S que remete ao K, todos aqui com o nome comum Kuy-vyu-Fycã. Mostra que estão distantes das letras D, E, com quem já só partilham a terminação "cã" em Ducã e Eucã. A única "invenção" que aqui fazemos é usar as letras u, y,... para indicar os elos perdidos, e pouco mais. 
O comprimento do nome reflecte a maior diversidade de variações, e não terminaria aqui. 
Interessa aqui seguir de novo a possível história destas "famílias"...

Começamos pelo Quadro 1 em que vemos basicamente a linha primordial, que tem basicamente duas linhas que nunca saíram de África (A e B), essas irão manter-se ali até ao fim. 
O que vai mudar é um c, "", que será eneavô dos restantes saídos de África...

Supomos uma primeira separação "ucã" presa em África, pelo fim da passagem no Mar Vermelho, que irá gerar Ducã e Eucã (letras DE), por oposição aos restantes "ycã", que ficam na Ásia, ou seja Cycã e Fycã (letras CF).

Para abreviar, no Quadro 2 temos logo a descendência alargada destes "Fycã". 
Supomos que os Fycã terão dominado, empurrando uma divisão da restante população Cycã, uma para a Sibéria, Mongólia (C1,C3) e outra para a Oceania (C2, C4). Haverá uma reentrada na Ásia de parte da população retida antes em África, os Ducã
Um primeiro evento de subida de águas (diluviano) remeterá esses Ducã às montanhas do Tibete ao Japão (Ainos). Pelo lado dos dominantes Fycã, o evento diluviano leva uma parte Gu-Fycã a refugiar-se no Cáucaso, outra parte Hyu-Fycã, nas montanhas do Sul da Índia e Ceilão (população dravidiana e cigana). Finalmente, a parte restante vyu-Fycã (mencionada na figura 2 como IJK) será sujeita a novas variações ao refugiar-se nas montanhas que vão da Birmânia, Tailândia e Vietname até à Indonésia e Oceania. 

Passamos então ao Quadro 3. 
Nesta fase, a descida das águas permitirá a expansão da população dravidiana (Hyu-Fycã) pela Índia, que deverá ter dominado o sul asiático. Pelo lado africano, parte da população Eucã (berbére, moura), terá entrado na Europa, sendo notável ainda a percentagem elevada E3 na Grécia, havendo vestígios no restante sul da Europa. Nesta fase quase toda a África é dominada por essa população Eucã (E1), e assim se irá manter. 

Por via da descida de águas, uma parte da população vyu-Fycã, remetida às montanhas da Birmânia irá tentar regressar às planícies indianas. É natural ter havido um conflito com a população dravidiana Hyu-Fycã, e nesse conflito migrante alguns, vistos como gigantes, foram repelidos das paragens indianas. Esses "gigantes" iriam contornar o Cáucaso em direcção à Europa, os Iu-vyu-Fycã (antecessores de escandinavos ou croatas), enquanto que outros iriam para a península arábica os Ju-vyu-Fycã (antecessores de árabes, semitas... e romanos!). Assinalamos essa direcção migratória com as setas saindo dos IJ, que fica explícita no quadro 4, bem como a passagem Cycã para a América, talvez movidos por pressão dos Ducã (a influência de tibetanos em mongóis ainda hoje se mantém no aspecto religioso).

No Quadro 4 assinalamos ainda uma propagação europeia dos Gu-Fycã, com alguma ligação neandertal. Finalmente, há uma parte restante dos IJK que fica na Indonésia-Oceania, serão os Kuy-vyu-Fycã, ainda que se possa falar de novas tentativas de ingressão na Índia - populações Lwuy-vyu-Fycã e Twuy-vyu-Fycã (estas populações não estão assinaladas, porque não se constituíram como dominantes, tendo mantido alguns pontos de dominância em partes da Índia, os T podem ter acompanhado os R1b na migração seguinte, talvez denotando uma origem da mesma ilha oceânica)

Entre o Quadro 3 e 4 falamos circa 30 a 15 mil a.C., de acordo com a datação convencional à entrada no continente americano:
Migração Homo Sapiens (vermelho), Erectus (verde), Neandertal (amarelo). [Wikipedia]

Terminámos o Quadro 4 com a migração dos Kuy-vyu-Fycã para a Nova-Guiné, onde constituem a população SKuy-vyu-Fycã. A evolução em ilhas separadas irá trazer maior diversidade, sendo todos estes novos elementos da família Kuy-vyu-Fycã, vamos apenas designá-los pelo "primeiro nome"... SMy (Nova-Guiné), Nyx (turcos-siberianos), Oyx (chineses), QPy (índios-americanos), RPy (indo-europeus).

Nota: A presença específica de antecedentes comuns na Nova-Guiné faz-me ser difícil conceber outra qualquer hipótese que não coloque a origem naquelas paragens. Outras teorias migratórias não têm qualquer cabimento com um final só naquela ilha. Esta é a única possibilidade "natural" que vejo, sem entrar com outras considerações mirabolantes ou simplistas (que em última análise poderiam conter uma intervenção global externa feita por alienígenas). Os novos dados sobre tradições na Nova-Guiné, que envolvem mumificações, antas, etc. suportam esta hipótese.

Podemos já passar ao Quadro 5, que mostra como esta família Kuy-vyu-Fycã se pode ter movimentado.
Já falámos sobre os S e My que terão ficado na Nova-Guiné. De ilhas adjacentes... em que os candidatos podem ser Java, Bornéu, Sumatra, Timor, Celebes, ou tantas outras, terão partido os Py que depois de se estabelecerem na zona da Tailândia-Birmânia, tendo migrado por um lado em direcção à zona chinesa (os QPy), e por outro à zona indiana (os RPy). No entanto, pela mesma época terão partido, doutra ilha, os Nyx, também em direcção a paragens chinesas, tal como fariam por fim os Oyx. Se os Nyx já teriam empurrado os QPy, mais o fizeram com a nova pressão dos Oyx, tendo como resultado a migração dos QPy para a América, conforme se vê já no Quadro 5, e ainda mais no Quadro 6:

O Quadro 6 pretende apenas tornar clara a situação de evolução da migração/conquista com a entrada dos indo-europeus R na Índia, antes da sua migração para a Europa. Na zona europeia colocámos nestes quadros uma presença menos dominante dos G, já que há maior vestígio dos I e J

Nota: Aproveito para assinalar um problema de datação típico. O grupo G tem sido atribuído c. 17000 a.C. enquanto I e J chegam a ser colocados em 30000 a.C. No entanto, como fica explícito pela extensão do nome, a parte comum é o elo u-Fycã do qual G era "filho" e os I, J seriam "trisnetos". Qual a razão para colocar o "filho" 15000 anos mais novo que um "trisneto"? É claro que pode haver variações a qualquer altura, partindo dos existentes... mas teriam que ser minimamente justificadas, algo que tem parecido ser desnecessário. A teoria actual parece dar a ideia de que a população estaria em hibernação e mutações no Cáucaso, e de vez em vez uns saiam para passear... Esse problema é tanto mais notório quando se liga Cro-Magnon a R1b. Simplesmente as datações não batem certo umas com outras!

Adiante, passamos ao Quadro 7, que antecede, e ao Quadro 8, que tem a distribuição populacional actual. O domínio da população oceânica Oyx é completo no território do sudeste asiático, remetendo os Nyx para paragens siberianas numa ligação tartára que se estenderia depois à Turquia.
Da mesma raiz oceânica, os Q ficam dominantes na América, e os indo-europeus R iniciam a invasão europeia, provocando uma divisão dos I numa parte escandinava (I1) e balcã (I2), o mesmo se passando com os R1a e R1b, por virtude diluviana que estabeleceria o continente europeu como ilha. Os G passam a residuais na Europa, remetidos à origem caucasiana. Os R1a manteriam a ligação indo-europeia, enquanto que os R1b definiriam uma civilização atlântica (ou atlante...). Este seria o panorama à época diluviana, circa 9000 a.C. (ou bem menos...). 

mt-DNA
Vamos agora ver o que se passa pelo lado mitocondrial de transmissão feminina. Este aspecto será mais relevante em sociedades matriarcais. Só agora me refiro a esta análise porque há muito menos mapas, e a informação parece muito menos clara.
De qualquer forma, o panorama não é muito diferente no início... começa também em África, mas há logo uma separação em dois haplogrupos principais "m" (mais asiático) e "n" (mais europeu-oceania).

É interessante ver que os nomes aqui serão muito mais curtos... a variação genética pela herança mitocondrial parece ser muito menor.

Há variações do L, mas para seguir a mesma linha que fizémos para o Y-DNA, atribuímos o nome "Lã" às companheiras de "cã" na migração fora de África.

(1) As "filhas" de "Lã" são MLã e NLã.
(2) De MLã surgem D'MLã, E'MLã, G'MLã, Q'MLã, Cy'MLã e Zy'MLã.
      De NLã surgem A'NLã, S'NLã, R'NLã, I'NLã, W'NLã, X'NLã, Y'NLã.
(3) Restam apenas as descendentes de R'NLã, que são
BR'NLã, FR'NLã, PR'NLã, UR'NLã e ainda elos: aR'NLã, eR'NLã
(4) KUR'NLã descende de UR'NLã, e as restantes descendências são:
- HaaR'NLã e VaaR'NLã;
- JaeR'NLã e TaeR'NLã.

Como vemos, o nome mais comprido pelo lado mt-DNA envolve apenas 7 ascendências, enquanto no caso Y-DNA se verifica o dobro.

As letras agora mudam, e vou usar minúsculas nos quadros seguintes para não confundir com as de cima.
Começamos pelo quadro i). A hipótese é que um ramo L  teria-se separado em M e N, já na Ásia.
Esta separação bate certo com uma "situação diluviana", ligando MLã aos Cycã, e NLã aos Fycã.
A grande variação ocorrerá nessa altura por isolamento insular.
Uns ficam na zona caucasiana, outros na zona himalaia e na parte tailandesa-indonésia. 
Passamos à nova divisão, que apresentamos no Quadro ii), que é muito mais complexa.
Mais complexa, porque há várias subdivisões do n e várias subdivisões do m, algo que não acontecia no outro caso. 
Para explicar tal efeito, mais uma vez recorrerei à questão das ilhas asiáticas em situação diluviana - para evoluções diferentes. Mas com um carácter distintivo face ao Y-DNA masculino, ou seja, não haveria eliminação drástica da população feminina nos confrontos, permitindo a sobrevivência dessa diversidade. Ou seja, um grupo "masculino" poderia acompanhar-se de dois ou mais grupos "femininos", simplesmente pela imposição sobre as populações, sem aniquilação da componente feminina.

Inicialmente a população "m" estendia-se pela zona asiática oriental, atingindo as ilhas oceânicas. Pela separação a que os Fycã forçaram os Cycã, uma parte destes (mongóis-esquimós), que rumou à América, levou duas populações filhas D'MLã e Cy'MLã... mas não na totalidade, pois uma maior parte dessas filhas manteve-se em território asiático. Outras variações ficaram em territórios insulares da Ásia-Pacífico, por exemplo, E'MLã (Bornéu, Filipinas), Q'MLã (Papua).
Por aqui termina praticamente a história da migração pelo lado descendente MLã.

A história de NLã é mais complicada, envolvendo uma separação entre filhas caucasianas W'NLã e I'NLã, provavelmente associadas a uma inicial povoação europeia, e todas as restantes a, r, s, x, y, que voltamos a remeter à zona da Oceania. Note-se que NLã é ainda elemento dominante nos aborígenes australianos.

Fazemos isso também porque A'NLã e X'NLã são levadas numa segunda migração em direcção às Américas, algo que só tem correspondente masculino na migração dos QPy-Kuy-vyu-Fycã ou eventualmente numa migração parcial dos Nyx-Kuy-vyu-Fycã. De qualquer forma, são já migrações tardias. Na zona da Oceania, vão ficar R'NLã e S'NLã (a outra variante australiana).

É agora de R'NLã que vão surgir todos os descendentes seguintes, e mais uma vez a presença da ligação filha PR'NLã na Nova Guiné não deixa muitas outras escolhas quanto à origem de onde partiram.
Passamos então ao Quadro iii), onde apontamos a nova migração das filhas R'NLã, que podem ter acompanhado a primeira migração dos Iu-vyu-Fycã Ju-vyu-Fycã (escandinavos e semitas), com UR'NLã, HaaR'NLã, VaaR'NLãmas certamente acompanharam depois a migração dos RPy-Kuy-vyu-Fycã (indo-europeus), com TaeR'NLã e JaeR'NLã.
No Quadro iv) temos já essa situação final, conforme ocorre nos dias de hoje, e que reflecte a outra parte da descendência oceânica. 
Da mesma origem de R'NLã surgem FR'NLã e BR'NLã, na zona do sudeste asiático e Oceânia (já tinhamos referido PR'NLã), o que reforça essa origem oceânica, mas, mais que isso há um povoamento de BR'NLã que é tipicamente migração marítima, ligada a uma migração que os Oyx-Kuy-vyu-Fycã levaram até Madagascar, e que se estendeu até às Américas, muito provavelmente associada à migração dos QPy-Kuy-vyu-Fycã.


Conclusão: 
Bom, o retrato anterior é confuso no detalhe, mas esse mesmo detalhe permite algumas conclusões mais verosímeis que outras. 
Uma delas, que me parece clara, e em que tenho insistido, é numa mesma origem dos indo-europeus, chineses e índios-americanos, na mesma zona oceânica, ligando directamente à Papua-Nova-Guiné, e que de alguma maneira é justificável pela competitividade extrema que se atingiu naquelas paragens insulares. 

Há sempre outras justificações, e podemos apontar detalhes num sentido ou noutro.
Também podemos pensar que do Cáucaso apareciam de vez em vez autênticos Adónis masculinos que seduziam todas as mulheres da redondeza... mas enfim, ainda que Genghis Khan sozinho tenha deixado uma grande prole ainda hoje visível, parece que há umas coisas mais prováveis que outras. Ainda que tenha muito de mito, a consanguinidade agrava problemas biológicos, e não é muito claro que uma simples família tenha dado origem a toda uma raça. As ilhas surgem assim como o ambiente natural para a diversidade.

Posteriormente, pelo efeito de sedentarização, houve um outro fenómeno que provocou divisões suplementares, de que aqui não falámos. Basta ver que só dentro do R1b temos as linhas:
R1b1a2a1a2 (a,b,c,d,e) - (ibérico, gaulês, norte-atlântico, nórdico, britânico),
o que mostra como as variações de DNA não se esgotam nos grupos e é claro definem os indivíduos!
A sedentarização, o isolamento de aldeias, é já uma característica posterior, e tem aspectos semelhantes ao isolamento em ilhas... mas isso só ocorreu com civilizações já bem estabelecidas, onde a agricultura se tornava a actividade dominante. O que é interessante é que estes estudos mostram uma maior proximidade genética nuns casos, e uma maior distância noutros... quando isso não era suspeitável pelo simples aspecto físico.

quarta-feira, 5 de março de 2014

dos Comentários (4) - os Yuezhi

A propósito do antigo texto "Cristo na Índia", surgiram uma série de novos comentários, por parte da Maria da Fonte (e também Paulo Cruz), que merecem algum destaque, por apresentarem uma consistência própria numa teoria "algo original". 
É sabido que algumas histórias bíblicas apresentam semelhanças com outros registos, sumérios, persas, egípcios... 
Já tinha visto uma conexão entre Akenaton e Moisés... e portanto não seria de surpreender terem sido feitas outras - em particular do Rei David com Tutmés III. 
Apareceu entretanto uma outra mais polémica - de Jesus Cristo com Kadphises I....

A minha posição pessoal sobre este tema é muito céptica. 
Porém, quando a informação tem grau de consistência suficiente - como parece ser o caso, sendo viáveis os dados geneológicos, as conexões ganham sentido próprio, e a minha opinião pessoal é irrelevante até que formule uma crítica mais decisiva.

O tema foca em particular uma ligação Judeus - Yuezhi, em que este último nome foi reportado na expedição de Zhang Qian, ao serviço da Dinastia chinesa Han (Séc. II a. C.)

Yuezhi  - destino na viagem de Zhang Qian (138-126 a.C.)




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 Comentário de Maria da Fonte




Quando há tempos, aqui escrevi que Madalena fora uma Princesa do Antigo Império Mauryo, que tivera a sua origem no Reino de Maghada, na Índia, e a quem suprimiram o nome, figurando nos registos como Anónima Maurya de Maghada, e daí o nome ocidentalizado de Madalena, e cujo título seria Magalensa Ludi. Prima Deia; e que Jesus seria Kadphises I, Idumeu, Neto de Joseph Fasael I, Príncipe da Partia-Kushan e de Descalytis e Governador de Jerusalém, e que Iesous Christos Theou Yios Soter (Soter=Salvador), era um Título, tal como Sátrapa de Mathura, Maharajasa Soter e Profeta da Idumeia, o Da Maia, quase me crucificou.


Atirou-me à cara que essa era a teoria duma tal Almostine, Antropóloga demente, a quem ninguém dera crédito, a não ser eu.

Agora como são referidos uns autores masculinos e um suposto Túmulo na Índia, já faz sentido Jesus ter andado pela Índia, como turista acidental!!!

Que isto da Índia tem carisma...
Fá-se na Índia, e vêm logo os Vedas, o Sânscrito, As Vimanas dos Deuses. O Budismo, Etc Etc Etc.
Como se os Hindús fossem Budistas, ou o povo Veda Indiano!!!

Para o Império Parto, estão-se nas tintas, para o Império Kushan, idem.

Dos Mauryas nem vale a pena falar... reles Mouros, não é?!
Por acaso, eram Persas, o que tem um contexto histórico fabuloso.
Mas também ninguém quer saber dos Persas para nada.

Muito menos alguém se incomoda, em estudar a geopolítica da zona há cerca de 2 mil anos.

Jesus era filho do Carpinteiro e da Doméstica, e Madalena era a Prostituta lá da zona...
Que lástima!!!

Nem quando eu referí que eram os Partos, quem esperava o nascimento do filho de Joseph Fasael II e de Miriam Al Imram, uma Sacerdotiza Aramaica do Templo de Séphora, descendente directa da Casa de David-Araunah, e disse que o Rei Mago Gaspar, seria Gondophares Phraotes, Gaspar nas línguas ocidentais, Rei de indopártia emeio irmão de Madalena, alguém ligou.


Eu até falei de Hatshepsut, e das viagens que o Rei David, fizera com o Faraó do Egipto e o Rei Hiran de Tiro, para a Amazónia, recordando Ludovic Schwenhagen...mas foi inútil.

Até referi que o rei David do Antigo Testamento foi na realidade o Faraó Tutmosis III... mas nem isso interessou.

Nem o facto de quer Mauryan de Maghada, quer Kadphises I, descenderem ambos de Tejasvin Soter 3º Dharmaraja de Shambhala, despertou a atenção.

Nem o facto de NUNCA ter havido naquela região uma Civilização cuja capital fosse Jerusalém, deu que pensar.

Sendo assim, acho bem que fiquem com as Pléiades, porque eu nem vou voltar a falar neste assunto.


Talvez quando destaparem o véu das Ruínas submersas de Heracleion e de Alexandria....e encontrarem o Túmulo da Rainha Cleópatra VII.



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(outro) Comentário de Maria da Fonte


Eu não fui buscar os Yuezhi, a troco de nada.
Fui buscá-los, porque creio que grande parte da História passa por eles, a outra parte, passa pelo Egipto.
Refiro-me, como é evidente à História Póst-Diluviana.
Repare, Yuezhi, transliteração de Visha ou As Tribos, ou Vijaya em Tibetano, significa provávelmente Clan da Lua, sendo You Lua e Shi Clan.
Têm o Haplogrupo do Cromossoma Y, R1a,1a, da Europa de Leste, portanto do Refúgio dos Balcans, o Mitocondrial, é dos Balcans. e de Itália.

Os Antigos Egípcios eram R1b, portanto do Refúgio da Península Ibérica.


Quem seriam uns e outros, antes do Dilúvio?
Qual a inter-relação?

Desde há muito que me apercebi, de que existem duas facções em conflito.

A luta, tem assumido ao longo dos tempos, os mais variados aspectos, mas existe um traço comum.
Acho quase diabólica esta persistência, mas é um facto que existe.
E sendo assim, terá uma razão de ser.
É essa razão oculta que eu tenho procurado.

Virá seguramente, do tempo da Atlântida.
Mas terão a Atlântida, o Continente de Mu e a Lemúria sido cronológicamente, contemporâneos?
E quem era quem, nestes Continentes agora submersos?
Penso que este é o cerne da questão.
Quem era Quem?

Por exemplo, os Yuezhi, usam estranhas tatuagens.
Seria um Sinal de Casta? De Clan?
Clan da Lua....no mínimo insólito.
Se atendermos ás Pedras da Lua, aos Anjos Caídos, etc. ainda se torna mais insólito.
Os Yuezhi, eram provávelmente, intolerântes à Lactose, já que foram identificados sobre as Múmias do Taklamakan, fragmentos de queijo, fabricado por um processo, que ainda hoje se usa, e que possibilita que seja consumido pelos intolerântes à Lactose.
Esta herança genética, é curiosa, porque por cá, a intolerância à Lactose, é considerada, uma certa herança Moura.
Mas Mouro, significa tudo... e nada.
Os Maurya, de Madalena, migraram pelo norte de África, até à Península Ibérica.
Serão estes Maurya?
Sabemos que os próprios Yuezhi se dividem, e que um Ramo dará origem ao Império Kushan. Alguns descerão até ao Sri Lanka, e adoptarão o Budismo dos Vedas, que aí viviam, originando o Império de Sri Vijaya, ou Sri Visha ou Sri Yuezhi.
Outros, surgem mais tarde como: Yuezhi ou Judeu.

Até agora, não encontrei nenhuma explicação para uma tão grande divergência.


Mas um facto é certo:
Nunca existiu naquela região, nenhuma Civilização, cuja Capital, fosse Jerusalém.


Existiu sim uma Civilização, que compreendeu a Babilónia, a Suméria e o Vale do Indo, e a Civilização Egípcia.



Quanto a "Jesus Cristo", ter uma importância nula, ou quase nula, na sua época, talvez seja melhor reconsiderar.

Porque eu não referi nunca, o termo Religião.

E se dou importância ás linhagens, é porque a têm.
E quando são quebradas, acontecem por vezes, grandes tragédias.
Como a nossa, com a Quebra Dinástica que sucedeu à morte de Dom JoãoII.


Naquele tempo, houve Duas Quebras Dinásticas, e estrangeiros ocuparam o Trono de uma Terra onde nunca deveriam ter pisado.

Por isso, quando o Herdeiro Legítimo surge, é por questões de Linhagem, Herdeiro de todas as Civilizações.


Como queria que fosse tratado, senão por:
- Nosso Senhor.

E como acha que reagiriam os usurpadores?
Pois!
Só que ao Nosso Senhor, eles nunca poderiam matar.
Porque ele sabia, o que mais ninguém sabia, e por isso era invulnerável!



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  (mais outro) Comentário de Maria da Fonte
O caso de Tutmosis III, é lógico, Aliás depos de se saber que a exploração da Amazónia, se fez no Reinado do suposto Rei David, e tendo nós nos murais de Deir- el- Bahari, várias representações de Milho, planta nativa da América, fica fácil perceber para onde se dirigia a frota de navios da Rainha Hatshepsut, imortalizada em Deir.El-Bahari.
E depois, existe aquela coisa fantástica, que é O Djeser-Djeseru, ou seja: O Santo dos Santos, no Templo de Hatshepsut, que muitos procuram, procuram, procuram e nunca encontraram.

Isto para não falar na estreita relação familiar da Rainha e do seu segundo marido, Amenmose (Ibraim) (Abraão em Hebreu) Pen-Nekhebet ou Amose Si-Tayit, Rei de Ebla, com o futuro Faraó, Tutmosis III
Segundo os registos Egípcio, Tutmosis III, adoptou o filho de Amenmose Pen-Nekhebet, e da Rainha Hatshepsut, Amenophilus Muwatalli I, ou Iasius Esret, ou Isaac, Príncipe do Egipto, que desempenhou um alto cargo na Regência de Tutmosis III.

E é curioso, que esta adopção é justificada pelo facto do Rei de Ebla, Amenmose (Ibraim), ter adoptado anteriormente a filha de Tutmosis III, Hatsheb-iset.
A confirmar a proxiidade entre o futuro Faraó e a Madrasta, Hatshepsut é o facto do Túmulo do Faraó Tutmosis III, ter sido encontrado recentemente no Complexo de Deir-el-Bahari.

E interessante é também a questão dos nomes, que variam conforme a língua e os registos.
Por exemplo Hatshepsut, que era Hitita, chamava-se Zaziya, em Hitita e Iseptara em Egípcio. Iseptara Hatshepsut, Semirais II, Tahurwaili, também conhecida por Sarai (Habido), Sarah (Hebreu).

Recordo-me de há alguns anos, ter comentado, penso que a propósito de Moisés, que a Bíblia era um Livro de Genealogia, onde os nomes tinham sido alterados para não serem reconhecidos. 
Mas sou sincera, nunca pensei que chegássemos até aqui!