sábado, 25 de abril de 2020

Marcelo e os 40 barões

Um relatório para ser entregue a Henry Kissinger, feito pelo oficial da CIA na Europa Ocidental, foi assim apresentado no dia 26 de Abril de 1974. Apenas algumas partes foram "desclassificadas", e têm acesso público.

O relatório pode surpreender, falando de 40 famílias de oligarcas que seriam as únicas beneficiárias efectivas dos rendimentos coloniais, e que de um modo geral, o preço que Portugal pagava, por manter as colónias, não compensava o retorno do investimento. Segundo o memorando, das colónias, apenas Angola conseguia devolver 60% da despesa do Estado lá investida.



Com o efeito, o relatório afirma que Marcelo Caetano tentava uma autonomia dos territórios africanos, ao que a oligarquia familiar (dos 40 barões) tentou fazer Américo Thomaz depô-lo em Dezembro de 1973, no que foram contrariados por pressão militar dos seus apoiantes.

Diz que "evidentemente Caetano aprovou o livro de Spínola", fazendo notar que o livro de Spínola continuou a ser vendido em Lisboa, mesmo depois do "golpe das Caldas". Assinala que os planos de Caetano para lidar com os focos de tensão seriam obscuros...

Só faltou dizer que o 25 de Abril de 1974 teria sido aprovado por Marcelo Caetano!
Não é certamente isso que o próprio disse no seu livro a "Verdade sobre o 25 de Abril", afirmando: "A única informação extensa e concreta que dos serviços recebi, já nas vésperas do 25 de Abril, sobre as intenções dos militares, veio de Moçambique", acrescentando que "só na madrugada do dia 25 de Abril o Director-Geral da PIDE telefonou a comunicar que a revolução estava na rua".

deixámos aqui a pergunta... quem decidiu ocultar a Salazar que este tinha sido substituído por Marcelo? Quem tinha o poder para tal?
Não seria Américo Thomaz sem os 40 barões que dominavam o país (segundo o relatório, dominavam-no não apenas economicamente, mas também nos jornais, rádio e televisão, na representação nos corpos legislativos, e tinham ligação aos altos cargos governamentais). Precisaram desse completo domínio para convencer Salazar de uma ficção, em que permanecia a governar.

Marcelo Caetano, poderia ter promovido/aceitado um golpe de estado contra si mesmo?
Não parece, mas parece claro que quem o apoiou não o deixou cair, e cuidou que fosse exilado em segurança no Brasil.
Parte dos 40 ladrões, desde a Lapa até Cascais, podem ter passado por algumas contrariedades nos anos seguintes, não sem que tivessem regressado e aparecido outros tantos, ou muitos mais.
Sempre cá estiveram, se dirá...
Sim, mas durante o tempo de D. João II podem ter falado mais fininho.
Os que ainda não perceberam por que caíram então, vão falando alto, para se ouvirem a si mesmos.
Os outros, porque não são surdos, não precisam.

Segue-se o memorando, que pode ser encontrado no site da CIA:



segunda-feira, 20 de abril de 2020

Buffalo Jump

Uma imagem impressionante do Faroeste americano, ficou registada num diorama do National History Museum, fotografando uma queda de bisontes, num precipício, sendo a eles levados por índios, numa técnica de caça que remonta há milénios:


Os bisontes, já se sabe, eram muitos, grandes manadas pastavam nas planícies americanas.
Os índios, bastavam serem poucos, uns pela esquerda, outros pela direita, afugentavam a manada, que assustada, corria em direcção ao precipício, sem se dar conta.

Os cowboys, essa figura icónica do Faroeste, passaram a usar o mesmo tipo de condução de manadas, para orientarem o gado para os estábulos, ou para as pastagens.
Talvez o gado pensasse que os cowboys que os afugentavam pela esquerda eram democratas, e os que os afugentavam pela direita eram republicanos, mas de uma forma ou doutra, seguiam ordeiramente as direcções e acabavam por seguir o caminho pretendido de ambos... ou seja, na foto, a queda num precipício. 

Este tipo de trabalho exigia coordenação, ou seja, nem a ameaça à esquerda poderia ser demasiado virulenta, nem a da direita, sob pena de se perder um lado da ameaça para o outro.

Há diversos pontos que serviam para este propósito, por exemplo:
Se os índios tivessem o mínimo instinto de não abusar da sorte, deixavam cair apenas os suficientes para o repasto comunitário, e voltariam depois... porque também se sabia que os búfalos não iriam aprender, e continuariam a proceder da mesma forma, como sempre haviam feito.

Nota: Uma imagem similar a esta (provavelmente a mesma cena vista de outro ângulo) foi usada por David Wojnarowicz sob o título Untitled para criticar a política (ou ausência dela) da presidência de Ronald Reagan relativamente à propagação da SIDA, doença que o vitimou.

sexta-feira, 17 de abril de 2020

Bicho de contas enrolado

Há sempre coisas engraçadas que podemos apreciar. Uma delas é o enrolar do bicho de contas:


O número de pessoas que não consegue lidar com a realidade, e está disposto a embarcar noutro conto, o chamado conto do vigário, é esmagador. Não é difícil entender isso, porque ter ideias próprias estruturadas dá muito trabalho, é mais fácil apostar numa narrativa alheia, e depois é só segui-la até ao fim. Pode implicar dizer que contas certas são erradas, que o preto não é preto, mas o que é que isso interessa? Interessa é que não se está sozinho no frio, e está-se aconchegado por um grupo de malta que padece da mesma doença. 
Acontece assim no futebol, na política, na religião, e até na ciência. Há uma enorme dificuldade em dar o braço a torcer, em reconhecer mérito alheio, enfim, todos conhecemos múltiplas histórias disso, mas também não é por sabermos disso, que isso é minimamente corrigido.

Há um mês atrás era decretado o "estado de emergência" em Portugal, e em muitos países da Europa, o que foi uma notícia algo surpreendente, já que até então só a Itália tinha colocado sérias restrições à circulação. De um momento para o outro, o mundo decidiu parar, isolar-se, e basicamente foram suspensas todas as viagens aéreas entre os diversos países.

O engraçado é que a ideia de restringir vôos, e proceder ao isolamento das comunidades, nada teve a ver com a Europa, que então tratava a Itália como um "apêndice infectado".

A ideia de proceder ao isolamento partiu de Donald Trump, que já tinha bloqueado os voos vindos da China, e alargou a medida à Europa, no mesmo dia em que a OMS finalmente declarou a epidemia como "pandemia". Isso provocou fortes reacções negativas:


Apesar da massiva campanha publicitária contra Trump, que não poupa adjectivos a quaisquer acções suas, convém que nós não tenhamos uma memória tão má, que não nos lembremos disto.
Nenhum estado europeu estaria propriamente à vontade para impedir voos dos EUA, foi a reacção isolada e unilateral de Trump que despoletou o fecho de todas as fronteiras, nas semanas seguintes.

Por isso, quando há críticas à actuação de Trump, são no mínimo enviesadas. É claro que depois Trump não deu nenhuma indicação de isolamento estadual - isso era competência dos estados, e o vírus espalhou-se como fogo em palha seca, perante a ausência de reacção musculada, que tardou no caso dos EUA e do Reino Unido. 
Entre a perspectiva de ver a economia bloqueada e a disseminação do vírus, Donald Trump e Boris Johnson foram mal aconselhados inicialmente, na ideia de que poderiam conviver com o caos de casos nos sistemas de saúde. Essa ideia era a ideia dominante na OMS, que sempre desvalorizou o impacto da propagação do vírus e a sua perigosidade.

Crime contra a humanidade
Anteontem Trump, não cortou apenas o financiamento à OMS, foi mais longe, e insinuou que a OMS poderia ter sido intencional ao dar recomendações erradas a todos os países. Não foi explícito, porque arriscaria a ser apoiante de uma teoria da conspiração, mas abriu a ferida, de que a OMS terá sido agente activo num crime contra a humanidade.
É claro que logo de seguida, foi acusado do mesmo, por secar o financiamento à OMS numa altura em que seria mais necessário... mas basta ligar a Fox News para ver que uma boa parte dos americanos vê a OMS como uma agência parasitária, até como agência de turismo, para imensas viagens - excepto para enviar a tempo uma delegação à China para estudar o novo corona-vírus.
O uso dos pandemic-bonds e o atraso na declaração da pandemia, em nada veio beneficiar uma imagem da OMS, que era antes razoavelmente positiva.

A crise do álcool-gel, das máscaras, e ventiladores, espalhada por quase todos os países (exceptuando talvez a Alemanha), veio ainda tornar mais claro, excepto para cegos, que o processo de contágio só pode ter sido propositado, por ter contado com muitas ajudas inesperadas. A OMS não impôs qualquer controlo nos aeroportos, e perante a passividade da UE, o vírus teve oportunidade de seguir calmamente o seu caminho a partir de Itália, e espalhar-se durante um mês em toda a Europa.

A persistência em não recomendar o uso de máscaras, sendo de uma incompetência tão grosseira, só pode ser considerada como um crime público, promovido pela OMS, e acatado pelas diferentes organizações satélites, como a DGS em Portugal. Por vontade dessa entidade, nem sequer as escolas teriam sido encerradas, quando já eram os próprios pais a reter os filhos em casa.

Números enrolados
Em Portugal, os números foram sendo arrolados a partir dos 2 primeiros casos a 2 de Março. 
Por mero exercício especulativo, coloquei aqui uma previsão simples do que seria uma possível evolução da curva, com base nos dados até 22 de Março (pontos a vermelho, na figura até dia 22, quando havia 1600 casos). É altura de confrontar os dados ocorridos depois (pontos a azul, a partir do dia 23) com a previsão que então assumi (curva mais alta, a preto).

Comparação da previsão (curva a preto) com a evolução dos números a partir de 22 de Março.

Os valores que se verificaram e aqueles que foram previstos coincidiram razoavelmente bem.
Convém notar que as previsões por "especialistas" eram bem diferentes:


Ninguém, nessa altura aceitaria uma previsão tão baixa, e mesmo uma semana depois, tive dificuldade em que acreditassem que na Páscoa iríamos a chegar a uma situação "estável".
Isso parece agora um dado adquirido agora, mas não era, e esteve longe de o ser.

Na altura valeu a pena fazer esta previsão e partilhá-la, arriscando a que estivesse completamente errada. O facto de ir acertando não me atrasou nem adiantou coisa nenhuma, mas foi interessante ver como as pessoas se recusavam a ver os números, e continuavam em cenários próprios ou alheios, de estimativas baseadas em coisíssima nenhuma... ou baseadas em cenários completamente distintos. 

De um modo geral, as pessoas detestam aceitar a razão alheia contra a sua, e preferem fechar os olhos para não aceitar. Pior, como no caso de Trump, procuram depois centrar o foco na destruição do alvo, por outros erros menores, que possa ter cometido.
Relativamente aos EUA, o mesmo tipo de previsão dava um valor inferior a 500 mil infectados agora, quando se verificam 700 mil, e mostrava que a Espanha iria ultrapassar a Itália em número de casos, como de facto veio a ocorrer.

Porém, a partir do pico dos novos casos não vale a pena fazer grandes previsões, porque os valores não representam nada de especial.
Até ao momento em que a doença se está a espalhar, os casos vêm ter com o sistema de saúde, e a tendência é medida nessa proporção. Depois, é o sistema de saúde que vai à procura dos casos restantes, e dependendo dessa efectiva capacidade, pode encontrar mais ou menos casos. Já não tem a ver com a efectiva incidência da doença, mas sim com a capacidade de testar.

Por exemplo, em Portugal deve existir um número reduzido de "recuperados", porque os testes foram aplicados em quem não tinha sido ainda testado, e não tanto para "libertar" quem tinha sido diagnosticado, que convinha manter em quarentena.
Os números podem ser enrolados de múltiplas formas, e aquilo que vemos será sempre apenas o que o sistema nos dá a ver. No entanto, mesmo que esses números sofram de múltiplos vícios, não deixam de dar razão a quem os previu.

Confinamento
Com um período de incubação não superior a 14 dias, um confinamento superior a 1 mês é um tempo mais do que suficiente para se detectarem os possíveis focos de infecção. Não é especificado o tempo que demora a doença a desaparecer nos casos que tiveram poucos sintomas, e por isso podemos dar o benefício da dúvida para alargar o período por mais 14 dias. Porém, creio que a situação em Portugal parece razoavelmente controlada, e em Maio não há razões para não recomeçar a actividade de forma faseada... e é claro, com a protecção de máscaras - um cuidado que se deveria ter exigido desde a primeira hora. Deveria ter sido exigido a todos os que tivessem vindo de regiões infectadas, ainda antes de ter aparecido o primeiro caso em Portugal. 
Mas a essas incompetências, o regime maçónico costuma dar medalhas, para esconder a nódoa, de grandes dimensões, que está por detrás.


domingo, 12 de abril de 2020

dos Comentários (62) - descobrimentos terrestres portugueses

Acerca das viagens portuguesas por terra foi-lhes dado muito menos âmbito e protagonismo do que as realizadas por mar. Exceptuam-se as feitas por Pêro da Covilhã e Afonso Paiva, para eventual preparação da viagem de Vasco da Gama, e depois as viagens de Hermenegildo Capelo e Roberto Ivens, que simplesmente repetiram uma viagem promovida 75 anos antes por Saldanha da Gama, e realizada vezes sem conta por portugueses, antes da mania colonialista europeia do Séc. XIX, com os pseudo-exploradores de farnel inglês, Livingston ou Stanley.

João Ribeiro, num recente comentário, falou do padre jesuíta António de Andrade, que foi o primeiro europeu a viajar até ao Tibete:
Padre António de Andrade (esq.) e Frei Bento de Góis (dir.) - exploradores do Tibete e China

O assunto já tinha aparecido nos comentários, (p.ex. José Manuel Oliveira falou dele aqui), mas como o assunto dos "Descobrimentos terrestres portugueses" não existe, nem enquanto nome, decidi ir buscar a resposta a quem melhor a saberia dar - o Cardeal Saraiva, que fala de um problema que não era apenas do seu tempo e anteriores, é ainda do nosso tempo... e futuros?!

Citando o livro 
Francisco de São Luiz Saraiva (Cardeal Saraiva)

na página 170 (e seguintes), na "Memória sobre as viagens dos Portuguezes à Índia por terra e ao interior de África", diz de uma forma tocante:

Limitar-nos-emos pois, por agora, a dar uma breve ideia das principais viagens de que temos achado memória nos nossos escritores, e isto bastará para satisfazer ao intento que levamos em coligir estas noticias, que é mostrar que não somos nós os Portugueses tão incuriosos, ou tão ineptos, como nos querem fazer os estrangeiros.


SÉCULO XVI


1515 — Tendo o grande Albuquerque posto à obediência de Portugal a rica cidade de Ormuz, e recebido nela com grande solenidade a embaixada do Schach Ismael Rei da Pérsia, despachou com o mesmo carácter da Embaixador a corte de Hispahan a Fernão Gomes de Lemos, senhor da Trofa, o qual tendo concluído a sua missão, se achava já de volta em Cochim no mês de Janeiro do 1517 e daí escreveu a El-Rei D Manuel, mandando-lhe um Livro, em que dava conta da sua embaixada, e do caminho que fizera, coma consta da própria carta por ele dirigida a El-Rei com a data de 4 de Janeiro de 1517, que se conserva no Arquivo da Torre do Tombo, no Corpo Chronol. part. 1. maço 21. num. 4. (Vej. Goes, Chron. de El-Rei D. Manuel part. 4. cap. 9 e 11 ). Do livro porém, que continha a relação da embaixada e caminho não sabemos que exista.


1520 — Neste ano, entrando na Abissínia D. Rodrigo de Lima Embaixador de El-Rei D. Manuel àquele império, entrou com ele, entre outros Portugueses, o P. Francisco Álvares, natural de Coimbra, que de Portugal havia saído como capelão da embaixada de Duarte Galvão. Este eclesiástico residiu na Abissínia cousa de 6 anos até 1526, e escreveu «Verdadeira informação das terras do Preste-João» obra rara, que se imprimiu em Lisboa no ano de 1540 em fol., e que foi traduzida em várias línguas, e inserida por Ramuzio na sua Colecção, em Veneza 1550 com a titulo «Viagem á Ethyopia por Francisco Alvares, &c.»
Pelo mesmo tempo viajava por diversos países da Ásia o Capitão Gregório de Quadra, de que acima fizemos menção.


1522 — A este ano se deve referir o princípio das viagens de António Tenreiro, segundo o que ele mesmo escreve na sua bem conhecida Relação, ou Itinerário. Saiu ele de Ormuz em companhia de Baltazar Pessoa, que de mandado do Governador da Índia D. Duarte de Menezes ia por Embaixador à Persia. Esteve Tenreiro na Pérsia, d'onde passou a Arménia, veio à Síria, ao Cairo, a Alexandria , e daí à Ilha de Chipre. De Chipre voltou ao continente, e logo a Ormuz por terra, e ficando aí cinco ou seis anos (como ele mesmo refere no cap. 58) tornou a sair para vir por terra a Portugal, com recados a El-Rei sobre a armada do Turco, sendo Governador da Índia Lopo Vaz de Sampaio, e capitão de Ormuz Cristovão de Mendonça(1). Saiu de Ormuz pelos fins de Setembro de 1528, e chegou a Portugal em Maio do ano seguinte. É mui curioso o seu Itinerário, que se imprimiu em 1560, e depois por várias vezes, sendo a última em 1829, junto com a Peregrinação de Fernão Mendes Pinto. (Vej. Castanheda liv. 7. cap. 71., Andrade, Chron. de D. João III. part. 2. cap. 49., e os Annaes da Marinha Portugueza publicados no ano de 1839. pag. 394.)
_____ (1) De memórias contemporâneas consta que Tenreiro, chegando da Índia, esteve a ponto de ser assassinado por um F. Mello, de Castelo de Vide, por ter trazido cartas a El-Rei contra seu pai. — Tenreiro teve uma pensão de 30$000 réis mensais.
A morte do Conde Almirante Vice-Rei da Índia veio anunciada a El-Rei D. João III. por um expresso enviado da Índia por terra de mandado de D. Henrique de Menezes , como refere Quintella, Annaes da Marinha Portugueza ao ano de 1526.

1537 — São mui conhecidas de nacionais e estrangeiros as viagens, ou (como ele mesmo lhe chama) as peregrinações de Fernão Mendes Pinto, começadas em 1537 e continuadas por 21 anos até 1558, com tanta e tão miúda e variada relação de casos e sucessos; com tão curiosas descrições de lugares e regiões; de povos, e costumes; e com tantas e tão importantes noticias úteis à navegação e ao comércio, que mereceria uma particular e extensa menção, se a própria historia d'estas viagens não tivesse sido muitas vezes impressa, e recentemente em 1829 na língua portuguesa, em que foi escrita; e se não se achasse há muito tempo traduzida em algumas línguas estrangeiras, e publicada nas Colecções de Viagens. A multiplicidade e singularidade das aventuras, que este escritor refere, a estranheza dos povos e nações que viu e dos teus ritos, costumes, crenças, opiniões e linguagens, os incómodos e riscos que correu, e de que escapou, são e salvo, fizeram com que alguns leitores e escritores desconfiassem da veracidade, das suas relações. Hoje porém está mais desvanecida esta desconfiança, e as indagações dos mais ousados viajantes modernos têm verificado muitos dos factos, que ao princípio pareciam mais estranhos e duvidosos.


1540 — Veio da Índia por terra Antonio de Sousa, mandado por D. Estevão da Gama. [Couto, Dec. 5. liv. 7. cap. 1.)


1548 — Neste ano passou à Índia Fr. Gaspar da Cruz, religioso dominicano, natural de Évora. O zêlo da religião o levou à China, e foi o primeiro, ou um dos primeiros missionários portugueses, que entraram naquele império. Temos dele uma Relação da China, e de suas particularidades, que se imprimiu em Évora no ano de 1570, e segunda vez em Lisboa em 1829 com as Peregrinações de Fernão Mendes Pinto, de que acabamos de fazer memoria.

No Códice 840 da Biblioteca Pública Portuense conserva-se o «Itinerário da Ilha de Ormuz até Tripoli de Berberia, e d'ahi até a Rochella de França», de Martim Afonso.
Este viajante era médico: partiu de Ormuz a 25 de Junho de 1505 e veio a Portugal através da Persia e Ásia Menor com cartas importantes. Sua derrota foi de muito circuito por causa da guerra que havia entre os Turcos o Persas, a qual o obrigou a deixar o curso regular das caravanas, sem que nunca fosse conhecido, nem dele se desconfiasse. Descreve largamente os lugares por onde passou, com bom conhecimento da Geografia. Fala de Riscóo, Jarde, Benvit, Adistan, Mahabad, Chaltabad, Caixam, Com, Siiva, Caslui, Soltania, Meaná, Turquina, Condi, Tabris, Sufian, Van, Vastan , Sory , Taduan , Orfá , Halep, &c.
  • ...? Na Historia da Índia no governo do Vice-Rei D. Luiz de Atayde, escrita por António Pinto Pereira, pelos anos de 1570, e impressa em 1616, no liv. 2. cap. 13. faz o escritor menção de um Isaque do Cairo, Judeu, que da Índia tinha vindo duas vezes por terra a Portugal. Nada mais sabemos destas viagens, nem temos achado noticia da sua verdadeira data, que sem duvida pertence ao século 16° (1).
_____ (1) Estando EI.Rei D. João III. em Almeirim em Janeiro de 1541 , veio da Índia por terra um Judeu, trazendo recado a El Rei, como o Vice-Rei D. Garcia de Noronha falecera em véspera de Pascoela no ano anterior de 1540, sucedendo-lhe D. Estevão da Gama que ia na segunda sucessão, por ter já vindo para o reino Martim Afonso de Sousa, que era o nomeado na primeira, &c (Relações de Pero de Alcaçova Carneiro — manuscritas).

  • ...? O mesmo diremos de outra viagem, de que nos dá noticia o P. Fernão Guerreiro na sua Relação Annal &c. liv. 1. cap. 1. pag. 3., dizendo, que um André Pereira, indo de Portugal à Índia par terra, e passando por aquela parte da Caldeia, que corre de Babilónia para o estreito de Baçorá, onde o Eufrates e o Tigres entram no Mar da Pérsia, aí tratara com os cristãos daquelas partes, e ainda depois voltara a elas para acompanhar um bispo que eles queriam mandar ao Papa, e a El-Rei de Portugal.
1593. — Neste ano passou a Índia o dominicano Fr. Manuel dos Santos, o qual voltando a Portugal por terra, escreveu a sua viagem com o titulo de Curioso Itinerario &c., manuscripto, de que faz menção a Biblioteca Historica Portugueza, pag. 33. da 2ª edição.


SÉCULO XVII


O século 17° não é menos notável que o precedente na historia das nossas viagens. Logo no ano do 1602 ocorre a importante, e, para aquele tempo, difícil viagem do Jesuíta Português Bento de Goes.
Era este religioso varão natural de Vila Franca na Ilha de S. Miguel; e como tivesse conhecimento das línguas orientais, e especialmente da Persiana, pretendeu, e conseguiu de seus superiores, ser mandado ao descobrimento do Gran-Catayo, país que então desafiava a curiosidade dos Europeus. 
Partiu com efeito da corte do Mogol, em cujas províncias tinha pregado o evangelho, e viajou mais de três anos pelos sertões da Ásia, indo sempre pelo norte do império do Mogol, desde o país dos Usbeks para o oriente até à China, e vindo a conhecer em resultado da sua trabalhosa, e dilatada viagem, que o chamado Gran-Catayo era o próprio império da China, e não um país diverso, como mui geralmente se acreditava. 
Na China faleceu Goes em 1607. Vem a sua viagem inserta na Relação do P. Trigaut, e fazem dela menção frequente os escritores Portugueses.

No mesmo ano de 1602 fazia a sua viagem à Persia o douto augustiniano Fr. António de Gouveia, que depois de ter acompanhado às serras do Malabar o Arcebispo D. Fr. Aleixo, foi mandado àquele império como Embaixador do Governador da Índia Ayres de Saldanha. 
Ali adquiria a estimação do Sha-Abbas, que o enviou em companhia de um Embaixador seu, que mandava a Roma, e a Corte de Espanha. Voltou a Persia, e daí à Europa, atravessando os temerosos e arriscados desertos da Arabia. Chegado que foi a Alepo, embarcou para Marselha, e sendo tomado por corsários, ou piratas argelinos, esteve cativo em poder daqueles bárbaros. 
Destas viagens e trabalhos fala ele mesmo na Relação da Jornada do Arcebispo D. Fr. Aleixo de Menezes ás serras do Malabar, impressa em Coimbra em 1606 em fol., aonde também se lêem curiosas e importantes notícias sobre os povos que habitam aquelas serras, e sobre os seus costumes, e ritos religiosos, &c.

Em 1606 e 1607 temos noticia da viagem de Nicolau d'Orta, natural de Santo Antonio do Tojal, que saiu de Goa com destino de vir a Portugal, por terra. Nos princípios de Agosto de 1600 estava na fortaleza de Comorom d'onde passou a Lara, Xiras, Iiomus, Bagadet, Ana, Taibe e Alepo, aonde entrou a 16 de Janeiro de 1607. 
Daí vindo por Alexandreta, chegou por mar a Marselha, e logo a Madrid, donde El-Rei D. Felipe o tornou a mandar à Índia. Escreveu o seu Itinerário, do qual existe na Biblioteca Pública de Lisboa um exemplar incompleto. (Vej. Barbosa Machado, Bibliolh. Lusit.)

Por esses mesmos tempos viajava por terra para a Europa Fr. Gaspar de S. Bernardino missionário na Índia, o qual naufragando na Ilha de S. Lourenço, passou a Mombaça, cabo de Rosalgáte, e Ormuz; donde resolvendo continuar sua viagem por terra, visitou a Persia, Caldeia, e Síria até Chipre. Daí foi ver os Lugares Santos, e voltando a Chipre, Candia, Zante, Cephalonia, e Corfu, se recolheu por último a Espanha e logo a Portugal. Escreveu o seu Itinerário, cuja primeira parte se imprimiu em Lisboa — 1611 em 4.°

Temos notícia que neste mesmo ano de 1611 veio da Índia a Portugal por terra D. Álvaro da Costa, de cuja pessoa e viagem não alcançámos individual informação(1).
_____ (1) O Códice 482 da Biblioteca Pública Portuense é copia da viagem de D. Álvaro da Costa, com este título «Tratado da viagem que fez da Índia oriental à Europa nos anos de 1610 e 1611 por via da Persia e da Turquia... com relação... da Terra Santa... e geral descripção da Índia oriental, e navegação dos Portuguezes», Vol I. 26.
Os anos de 1621 e 1626 são notáveis na história da Geografia, e das Viagens portuguesas, pelas duas que fez o P. António de Andrade Jesuíta, ao descobrimento do Tibet, estabelecendo ali missão cristã, e católica. 
Na segunda destas viagens (ano de 1626) em que foi acompanhado do P. Gonçalo de Souza, e cuja Relação se imprimiu em Lisboa em 1628 fala ele expressamente da cidade de Caparangua, aonde residia o Rei de Tibet, e aonde estes padres tinham chegado em menos de dois meses e meio, partindo de Agra (no Dehli) o passando por Sirinagar. Fala igualmente do país de Ursangue ou Ussang, do qual diz que dista 40 jornadas de Caparangua, e 20 da China. &c. 
(Devem ver-se as próprias Relações, e a Nouvelle Relacion de la Chine do P. Magalhães, traduzida em francês, e impressa em 1690, de que mais adiante falaremos.)

Pertence ao mesmo ano de 1621- a viagem, e residência na Abissínia do P. Jeronymo Lobo Jesuíta Português. Foi ele mandado às missões da Índia, para onde partiu, e chegou a Goa em 1622: e vindo no dito ano de 1624 a Moçambique, daí entrou no país dos Galas, penetrando até à Abissínia aonde viveu muitos anos não sem grandes trabalhos e perseguições. 
A série das suas posteriores aventuras, os naufrágios que fez, os grandes incómodos que sofreu, em fim a sua vida até ao ano de 1658 em que ficou em Portugal, são coisas dignas de curiosa reflexão. Escreveu o seu Itinerário, que tem merecido a atenção dos sábios, e eruditos, principalmente na parte
que diz respeito às cousas da Abissínia, e que se acha traduzido em inglês, em francês duas vezes, e em italiano.

Em 1635 foi mandado à missão do Tibet o P. João Cabral, outro Jesuíta Português, natural de Celorico da Beira, o qual fez caminho por Bengala, evitando a difícil passagem da serra, por onde o P. Andrade tinha entrado na Tartária. Escreveu também a Relação copiosa dos trabalhos que padeceu na missão do Tibet. Obra, que segundo Barbosa Machado foi mandada a Roma no referido ano de 1635.

É digno de mui particular comemoração nesta nossa breve memória o P. Gabriel de Magalhães, também Jesuíta Português, que depois de estar por alguns anos nas missões do Japão, passou à China, e a correu quase toda desde o ano de 1640 até 1618 em que se estabeleceu em Pequim, residindo aí por quase 29 anos até o seu falecimento, e deixando-nos uma Relação da China das mais exactas que se haviam escrito até ao seu tempo. Esta Relação fui traduzida em francês, com notas, e explicações, e impressa em 1690 em 4º.

Alguns anos antes destes, em que vamos, missionou na Abissínia o P. Manuel de Almeida Jesuíta Português. Das cartas, que ele anualmente escrevia ao seu Geral, impressas em Roma, em italiano, no ano de 1629, e de outras memórias de muitos Jesuítas, é que o P. Telles compilou a Historia Geral da Ethiopia alta ou Preste-João, impressa em Coimbra em 1660 em folh. aonde se vê o largo conhecimento que os Portugueses tinham daquele império por eles tão frequentemente praticado.

Em 1663, o P. Manuel Godinho, natural da Vila de Montalvão, e religioso da Companhia, (depois secularizado Prior de S. Nicolau de Lisboa, e por último de Loures) tendo sido mandado às missões da Índia; veio por terra a Portugal de mandado do Vice-Rei António de Mello de Castro, e segundo parece com alguma secreta e importante comissão. Escreveu «Relação do novo caminho que fez por terra e mar vindo da Índia para Portugal no ano de 1663», impressa em Lisboa em 1665 4.º 
Obra curiosa, que merece ser lida dos eruditos.
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O Cardeal Saraiva termina aqui a sua memória instrutiva. Não irá assistir, para sorte sua, ao embaraço de ter que redescobrir a África interior, por Capelo e Ivens, mas todo o seu discurso é o de quem antevia que essa situação, de rejeição estrangeira, se proporcionaria numa Europa colonial, despudoradamente repetindo como novidade o que os portugueses tinham feito há vários séculos. Esse é um assunto que ele retomará noutros textos.
A nova história maçónica, iria escrever-se com pseudo-heróis de outras paragens, sepultando no esquecimento o protagonismo português. Pior não foi o esquecimento alheio, pior foi convencer os próprios nacionais a embarcar nessa missão de celebrar intrujices, premiando sabujices.

segunda-feira, 6 de abril de 2020

Máscaras. Más caras

Más caras, ou Máscaras, em português não deveria sofrer qualquer dúvida sobre a origem da palavra, sendo a relação tão óbvia. Com efeito, as máscaras eram normalmente caras más. No entanto, ao que parece, surgem dúvidas aos pseudo-eruditos acerca da origem etimológica da palavra máscara.

Adiante... e continuando a relação pascal, dos postais anteriores:
(i) a lavagem de mãos, de Pilatos;
(ii) corona spinea, ou coroa de espinhos;
(iii) a quarentena e a quaresma - após o Carnaval;
(iv) as máscaras - típicas do Carnaval.

Poderíamos ter em atenção que asfixia era a principal causa de morte na crucificação, e da mesma forma, os pacientes vítimas do corona-vírus sofrem igualmente de asfixia
Isso seria o ponto (v)... 
Espero ficar por aqui, pois não me apetece ver coincidências em tudo, como há dez anos atrás.

Se no fim da época medieval Veneza ficou conhecida pelos seus bancos, ou por impor quarentena aos barcos de regiões infectadas por peste, mais conhecida ficou pelas suas máscaras carnavalescas, que nesse caso nem são más caras, são até rostos requintados.

No entanto, e a propósito da peste, os venezianos usaram ainda máscaras, literalmente más caras, similares às usadas pelos médicos da peste - que eram máscaras com forma de bico de pássaro:

Máscaras venezianas carnavalescas - a da esquerda invocando o hábito do médico da peste.

A ideia de protecção dessas máscaras era reduzir a entrada de ar, a um orifício no bico, forçando o ar a passar por ervas purificadoras, colocadas dentro desse bico. O problema da peste negra eram as pulgas, transmissoras de bactérias, e neste caso as máscaras eram ineficazes.

Ao contrário, na doença provocada pelo corona-vírus qualquer máscara é eficaz a travar o bafo do contaminado, mesmo que seja ineficaz a reter o vírus. Algo simples e elementar:


que a DGS (Direcção Geral de Saúde) não consegue acompanhar, porque serve para papaguear ordens semi-criminosas da OMS (Organização Mundial de Saúde). Depois de errar tantas vezes, a DGS sabe que para assegurar novo erro - basta continuar a seguir a OMS - não falha!

No Japão, há vinte anos, surpreendeu-me ver as pessoas infectadas com gripe usando máscaras, para evitar a infecção dos restantes. Uma consciência de responsabilidade individual, e cuidado com o próximo, ausente da sociedade europeia. O Japão tem menos de 4 mil infectados, praticamente um terço dos existentes em Portugal, tendo 12 vezes mais população, e tendo sido contaminado muito primeiro. 
Em 15 de Fevereiro Taiwan tinha 18 infectados, enquanto Itália e Espanha tinham apenas 3, agora Taiwan tem 373 casos, enquanto a Itália e Espanha têm quase 130 mil. 
Taiwan optou por máscaras, Espanha e Itália não - por falta delas, e por orientação da OMS.

A máscara da OMS só não cai, porque cairia em consequência toda a farsa montada em redor.

domingo, 5 de abril de 2020

Quadraginta ou Quarentena

Na sequência de relações pascais, após a lavagem de mãos de Pilatos, ou da corona de espinhos, estamos em quarentena, inicialmente um período de quarenta dias (quadraginta, em latim). 
Quarenta dias é também o tempo da quaresma, tempo de jejum cristão que medeia entre o Carnaval e hoje (domingo de ramos), um tempo pascal de crescimento do corona-vírus na Europa.

Consta que quarenta dias foram definidos por Veneza em 1377, em quarentena contra os navios de regiões contaminadas pela peste negra, remetendo os visitantes a um edifício chamado Lazareto, com raiz no nome de Lázaro, o morto-vivo ressuscitado.
D. João II decidiu o mesmo em 1490, definindo a Torre Velha do Castelo de Porto Brandão, depois Forte de S. Sebastião da Caparica, como ponto de acolhimento, ou seja como Lazareto

As instalações degradaram-se e foram recuperadas em 1869, passando a ser conhecido como Lazareto Novo de Lisboa, ou ainda, durante o Estado Novo, como Asilo 28 de Maio, mudando as funções para acolher a "criadagem" da província que "serviria" em Lisboa.
Actualmente está em ruínas, aguardando a possibilidade de funcionar como unidade hoteleira. 
A sua estrutura semi-circular lembra o panóptico de Bentham, onde de um ponto central se veriam as ramificações para os restantes edifícios, particularidade útil em estabelecimentos prisionais.

Lazareto Novo de Lisboa - vista aérea por drone (via HelderHugo).

Será clara coincidência que estes períodos de quarentena, a que ficámos sujeitos, surjam durante os quarenta dias dedicados à quaresma, mas já estamos habituados a viver com coincidências nestes tempos. 

Será ainda interessante notar que o número estimado de mortes, por vírus da gripe normal, costuma variar entre 290 e 650 mil pessoas. Assim, é estimado que tenham morrido este ano 125 mil pessoas, devido à gripe normal, um número que é o dobro das mortes associadas ao corona-vírus.

O final deste período está-se a aproximar, pois a Itália, a Espanha, e Portugal verão os números começarem a estabilizar até ao final desta "semana santa", consumando-se o milagre de recuperação do mal dito vírus.
Na próxima semana, seguinte à Páscoa irão continuar os avisos, tentará colocar-se o drama para "não embandeirar em arco", e todas crianças que jogam na Bolsa, ou na raspadinha, vão voltar a poder fazer as suas apostas.
Depois irá pensar-se que talvez tenha havido um exagero, mas o que irá faltar fazer é uma simples análise de entidades criminosas que propositadamente, ou incompetentemente, foram provocando um caos social, com o possível intuito de virem daí a tirar partido financeiro.
  • Ao contrário dos exemplos de sucesso de Macau, Taiwan, Japão ou Coreia do Sul, a Europa foi aconselhada pelo OMS, e pelas organizações de saúde nacionais acólitas, a fazer de conta de que não se passava nada. Basta reler o que os responsáveis foram dizendo, o atraso da OMS em declarar a pandemia, etc...
  • Ao contrário desses países, na Europa desapareceram máscaras protectoras ainda antes de haver procura delas. Se esses países asiáticos aconselharam a todos os cidadãos o uso de máscaras (a única forma efectiva de controlar a propagação - porque os espirros não seriam projectados), os esbirros nacionais europeus foram proclamando a falta de máscaras, o seu uso exclusivo por profissionais, etc. 
  • Para espanto de todos os viajantes na Europa, não existia nenhum controlo de passageiros, mesmo à chegada de países com casos descontrolados.
  • Em Portugal a situação foi de tal forma grotesca que a DGS criticou o fecho de universidades e aconselhou a manutenção de escolas abertas. 
  • Toda esta incompetência deveria ser processada, porque há casos de negligência dolosa e propositada. No entanto, esta malta da OMS, e aqui da DGS, passará por ter feito um grande trabalho, e terá os louvores maçónicos de serviço.
  • Empresas como a 3M, que foram alvo das críticas de Trump, com o pretexto de exportarem, não enviavam máscaras para ponto nenhum, consolidando a falta delas em todo o lado. Qualquer análise minimamente esclarecedora chegará à conclusão que houve uma vontade de causar dificuldades na distribuição de material protector.
Resta assistir às vantagens que muitos vão retirar desta suspensão da economia, com os estados a endividarem-se de novo, para controlar o caos na saúde pública. As dívidas públicas de Espanha e Itália serão provavelmente alvo de ataques especulativos.
Os que sabem que os mercados vão reabrir em força em Maio, preparam-se para comprar a baixo valor nesta altura, para depois retirarem dividendos dos investimentos.
Vislumbram-se já os abutres no ar...