A recepção a Filipe III de Espanha em Lisboa teve aspectos de veneração quase universal, cujo rasto se perdeu na História. João Baptista Lavanha (1622) registou essa veneração desenhando os diversos e sumptuosos arcos de triunfo, então construídos em 1619, e dos quais não restou posteriormente pedra sobre pedra.
Apesar de em Lisboa restar apenas o nome Arco do Cego, convirá não fechar os olhos aos seguintes arcos:
- Arco dos Homens de Negócios de Lisboa (no cais)
- Arco dos Ingleses (porta da cidade)
- Arco dos Oficiais da Bandeira de S. Jorge
(Praça do Pelourinho Velho, donde saem: a Rua Do Ver do Peso, a Rua Nova, a Rua da Prataria, e a Rua de Gil Eanes) - Arco dos Corrieiros (Rua de Gil Eanes)
- Arco dos Atafoneiros (Rua das Carneçarias Velhas)
- Arco dos Oleiros (Padaria que leva à Sé, Rua da Misericórdia)
- Arco dos Capateiros (no topo da Padaria, na entrada da Rua que sobe a Igreja da Madalena)
- Arco dos Cerieiros (na Porta do Ferro - Muros antigos da cidade - pelo menos fundados pelos Godos)
- Arco dos Italianos (na Porta da Sé de Lisboa)
- Arco na Rua dos Mataporcos
- Arco dos Pintores (na entrada da Rua de S. Gião)
- Arco dos Flamengos (a meio da Rua Nova)
- Arco dos Ourives e Lapidários (ao cabo da Rua Nova, à entrada da Rua dos Ourives)
- Arco dos Moedeiros (defronte da Rua dos Ourives, e Casa da Moeda)
- Arco dos Alfaiates (na Calcetaria)
- Arco na Rua dos Tanoeiros (e arco antigo do Armazém, nos muros da cidade)
- Arco dos Familiares do Santo Ofício (do Paço vai ao Forte, para entrar no Terreiro do Paço)
- Arco dos Alemães (no Terreiro do Paço)
Arco do Santo Ofício e Arco dos Alemães
A dimensão dos referidos arcos é explícita pela inserção no desenho de pessoas, para mais fácil apreciação. A descrição refere alguma ornamentação com muito ouro, marfim, pérolas, e pedras preciosas.
Torna-se claro que os portugueses sempre foram hospitaleiros, e vê-se aqui que já teriam esquecido a trágica derrota de D. António, Prior do Crato, na Batalha de Alcântara, às portas de Lisboa, em 1580, frente ao Duque de Alba.
A hospitalidade era por contágio extensiva aos estrangeiros sediados em Lisboa, em particular, ingleses, flamengos, italianos e alemães.
Terá sido natural que os referidos arcos, dedicados ao bisneto de D. Manuel, Filipe III de Espanha, não tenham resistido ao terramoto da Restauração da Independência.
Lavanha relata ao pormenor os arcos, algumas pinturas e inscrições... destacamos, por exemplo, a do Arco dos Alfaiates, que tinha três inscrições em latim: "Nem Salomão com tudo o que tinha", mas também: "Da verdade vos há Deus pedir conta", ou ainda "A Prudência vos guardará", "Para que ordene, e disponha o Mundo em equidade".
Terá sido natural que os referidos arcos, dedicados ao bisneto de D. Manuel, Filipe III de Espanha, não tenham resistido ao terramoto da Restauração da Independência.
Lavanha relata ao pormenor os arcos, algumas pinturas e inscrições... destacamos, por exemplo, a do Arco dos Alfaiates, que tinha três inscrições em latim: "Nem Salomão com tudo o que tinha", mas também: "Da verdade vos há Deus pedir conta", ou ainda "A Prudência vos guardará", "Para que ordene, e disponha o Mundo em equidade".
Continuaremos o relato de João Baptista Lavanha, que sendo escrito sob o reinado de Filipe III, apresenta a expectável arte bajulatória superlativa, misturada com alguma informação interessante.
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Nota (2015):
Foi em 1619, tratava-se de Filipe III de Espanha, Filipe II de Portugal. Corrigido.
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Nota (2015):
Foi em 1619, tratava-se de Filipe III de Espanha, Filipe II de Portugal. Corrigido.
Todos Mercadores!
ResponderEliminarNão de Veneza, como Shyloc, mas de Lisboa.
Hospitaleiros, caro Alvor? Que hospitaleiros!!! Essa Monumentália foi em memória de um favor. Ou melhor, da troca de favores entre Filipe II, e os Judeus de Marrocos e de Portugal.
Enterra-se o inconveniente Rei de Portugal e enterram-se o Sultão de Marrocos e o Pretendente.
Emerge o obscuro irmão, que manobrou na sombra: o muçulmano Ahmed Al Mansour, e o seu conselheiro judeu Abd el- Ouaed Ben Messaoud, que irá ser o seu embaixador na Corte de Isabel I, e o obreiro da aliança Anglo.Marroquina, que fará Filipe II, provar do seu próprio veneno.
Abraços
Maria da Fonte
Esqueci-me dos Flamengos, dos Ingleses e dos Mercadores/Banqueiros das Repúblicas de Itália.
ResponderEliminarEsses foram os que financiaram e enviaram os mercenários com que Filipe II, "ajudou" a Dom Sebastião, e que acabaram por lhe enfiar uma granada no Elmo, que só não o matou, porque não era o Rei quem usava a armadura.
Tudo "boa gente", a começar pela família!
Abraços
Maria da Fonte
Que anda a "Seguir o Dinheiro"
Ok. Mas convém não esquecer que o dinheiro não existe, ou seja, é meramente a arte mágica de fazer crer que uns têm, e os outros não têm. Quando se resumia ao ouro, ainda havia algo de concreto, mas quando passou a bancos, passou à mera gestão das crenças. Foi assim que o dinheiro passou a funcionar como religião - tudo se resumia a acreditar que havia um valor que todos aceitariam.
EliminarEstou ainda sem tempo. Mas estou a ler e a juntar.
Abraços.
Então vá!
EliminarJunte a Paz de Vestefália, com a hábil destruição do Sacro-Império Romano-Germânico e a Holanda finalmente independênte, que permitirá à Oligarquia Veneziana, transferir a Banca e o Centro Comercial para a Holanda e Inglaterra, tomando assim o controle do Atlântico.
Grandes estrategas teve a Espanha...com Fernando de Aragão e Filipe II !!!
Pior seria impossível!
Abraços
Maria da Fonte