sexta-feira, 23 de março de 2018

dos Comentários (35) - Velha Zelândia

Por email de João Ribeiro recebi a indicação de um documentário bastante interessante sobre as "velhas" origens da Nova Zelândia.

New Zealand Ancient History Documentary "The Redheads" [2020: link anterior indisponível]

O tema principal do documentário é a história mal contada, enfim nada de espantar... mas neste caso incide em particular sobre a presença de pessoas com cabelo louro ou ruivo, no meio dos maoris.
Os próprios maoris, têm origem incerta numa migração polinésia que teria levado à colonização das ilhas do Pacífico. No caso da Nova Zelândia, a "estória" oficial coloca a colonização maori como recente, em 1280, ou seja, ao tempo do reinado de D. Dinis. 

Segundo, o documentário, os próprios maoris reconheciam a presença de outras tribos, quando chegaram à Nova Zelândia. O problema resulta na presença de indígenas com cabelo louro e ruivo, o que necessitava de explicação adicional, não se devendo a interacção com os colonos ocidentais.

Ao longo do documentário podemos ver a presença de mulheres louras, uma das quais mostra o traço dos seus ancestrais, com fotos onde igualmente se apresentavam como louros...
Foto antiga com criança Putiputi e pai Tonini, ambos louros, e descendente deles (à direita)

A história que lhe teria sido passada pela sua família, seria uma origem na zona da Pérsia/Índia, segundo ela, de refugiados da guerra descrita na saga indiana Mahabharata. Esses refugiados, teriam seguido o caminho de África até se estabelecerem na América, primeiro no México, zona de Aztecas e Maias, depois no Perú, zona dos Incas. 
Aí novas guerras teriam-nos afastado de novo, até arriscarem um percurso no Pacífico, onde teriam chegado à Ilha da Páscoa (Rapanui), Taiti, e finalmente à Nova Zelândia (Aotearoa). O percurso é assim ilustrado:

O documentário segue um rumo mais estranho quando a descendente de Putiputi e Tonini faz um teste de DNA, que é dito concordar com origens na Pérsia... indo ao mesmo tempo embarcar no aspecto de semelhanças de monumentos, esculturas, e até escrita. Neste caso, já abandonando o tema da Nova Zelândia, mas procurando juntar outras semelhanças conhecidas, algumas das quais a que já fizemos referência.
Semelhança entre Anedotos da Pérsia e do Equador (possivelmente de origem falsa)
Semelhança entre inscrições na Ilha da Páscoa e na Civilização do Indu (??).

Um problema com quem desmonta versões oficiais é que tem que ter o triplo do cuidado... e aqui não houve esse cuidado ao misturar com as possíveis falsificações remetidas à colecção do Padre Crespi (e que são abundantemente divulgadas por Klaus Donna). Não havendo esse cuidado, uma pequena incorrecção pode colocar em causa a certeza de tudo o resto.

Finalmente o vídeo termina com uma exploração arqueológica de muros que nos fazem lembrar tantos outros existentes nas ilhas açorianas, ou na serra dos Candeeiros, e que neste caso poderia ter levado a uma datação de 2 mil anos, e assim bem anterior à presença maori. No entanto, o documentário refere que o projecto foi terminado no momento em que iriam ser oficializados os resultados das datações.
Muros neo-zelandeses possivelmente com mais de 2 mil anos...

Conclusão...
Ainda que o documentário tenha interesse e coloque interrogações pertinentes, segue por caminhos menos seguros, ou duvidosos, comprometendo uma parte com outra. A versão oficial tem sempre "costas quentes", não precisa de responder a tudo, e quando erra notoriamente, só raramente se dá ao trabalho de rectificar o erro... porque muito poucos se interessam verdadeiramente.

Quando se coloca crédito num passado com tradição oral de 160 gerações, é preciso entender que isso corresponde a um número de avós da ordem de 10 mil biliões, e mesmo que se reduzam a poucos milhares, por serem os mesmos... só se mantém um passado desprezando os outros. Mesmo ao fim de 10 gerações, digamos 200 anos, já são mil avós e é complicado garantir que não houve pelo meio um marinheiro inglês ou holandês.
Uma terra passada em memória, que depois é identificada à Índia ou Pérsia, seria uma terra tão mal descrita que poderia ser qualquer uma, e assim toda a história parece pouco mais que um wishful thinking, colado a informação posterior. Afinal, também os povos das ilhas Salomão têm cabelo louro, e estão mais perto para explicação.
No entanto, é claro que restam muitas peças soltas, na falta de explicações sobre toda a exploração marítima em redor das ilhas do Pacífico.

Aditamento: (25/03/2018)
Um outro documentário da mesma Plumtree Productions:
https://www.youtube.com/watch?v=9RITfMMxcRc
que junta mais uma série de evidências sobre a presença antiga na Nova Zelândia.

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