A lista de celebridades lusitanas contra o poder romano, normalmente só inclui um nome - Viriato.
No entanto, há várias referências a outros protagonistas, e em particular a dois Viriatos.
Viriato I
Este primeiro Viriato podemos vê-lo mencionado em [1], em 3 pontos distintos:
Apimano, Cesaron e Cancheno
No entanto, há várias referências a outros protagonistas, e em particular a dois Viriatos.
Viriato I
Este primeiro Viriato podemos vê-lo mencionado em [1], em 3 pontos distintos:
- "Em Portugal houve dois Viriatos: um era Regulo, que passou com Annibal a Italia acompanhado de seus vassallos, como refere Silio Itálico lrv. 3, o outro foi mais conhecido, e destro na lança, que no cajado, como diz Camões, e segundo aííihna Justino liv. ult, não produziu Hespanha outro varão mais valeroso em muitos séculos do que Viriato." (pg. 269)
- (a propósito de Aníbal): "constavam suas tropas, além de africanos, de um grande número de Lusitana soldadesca, vetones, turdulos, e celtas, da qual era commandante Viriato I." (pg. 150)
- "Escolhida pois Itália para theatro da guerra, principiou Anibal a assombrar os romanos; e sendo muitas, e repetidas as batalhas, em que os nossos occupavam sempre as testas dos exercitos, como lugares mais arriscados, vencendo os cônsules Cneyo Servilio, Cajo Flaminio, Lucio Emilio, e Cayo Terencio, nenhuma grangeou para a fama nome de maior permanência, que a chamada batalha de Canas; na qual depois do primeiro Viriato ter morto seis mil romanos, lhe tirou a vida o cônsul Paulo Emilio, cuja perda resarciram os nossos incitados da indignação, e vingança, chegando a escalar cincoenta mil soldados inimigos em recompensa de um só Viriato." (pg. 150) [Sil. Ital. lib. 10. Resond. lib. 3. de Antiquít.]
Apimano, Cesaron e Cancheno
- "Entre os nossos capitães, que deixaram resplandecente nome na venerável duração da memória, foram Apimano, Cesaron, Chancheno, Viriato, e Sertório, cujas gloriosas proezas occupam até as historias dos que pertenderam diminuir-lhe a fama." (em [1])
- "N’este governo (de Marco Manilio) floreceu um insigne capitão bracarense, chamado Apimano, a quem se seguio Cesaron, que ambos aterraram os romanos." (em [1], p.153)
- "Os Lusitanos tendo escolhido para seu Capitão o esforcado Apimano, abismaram as Aguias Romanas, e puzeram essa perturbação a toda a Roma. Senhor das campanhas o nosso Capitão Apimano, imperiosos com o seu governo os Lusitanos ganhavam victorias, e fora ellas muitas Cidades. Por sua morte escolheram para successor de Apimano ao Lusitano Cesaron e o fizeram seu commandante com tanta fortuna, e gloria da Pátria , como susto e terror da mesma Roma. A passo largo buscava o Pretor Lucio Mumio ao nosso Cesaron , que encontrou erabaracado na passagem do Guadiana, e se valeo deste embaraço para o esperar em Villa-Viçosa, onde medidas valerosamente as armas, cedeo o valor Lusitano ao maior numero de forças Romanas, e quando os nossos fugiam, Cesaron para; inrísta a langa contra os tímidos, compóe-se logo hum esquadrão , os Lusitanos todos correm a buscar as suas bandeiras , e conseguem derrotar ínteíramente o Inimigo, com perda de maís de dez mil Romanos. Que valor! Que herocidade! " (em [2])
- "Triunfante entrou Cesaron por Lusitania , carregado dos despojos Romanos , quando em outro encontro nos desbaratou Mumio, e perdeu a vida Cesaron. Os Lusitanos elegeram logo por seu Capitão a Cancheno, Cidadão de Lisboa, que ganhou a Cidade de Cunisturgi, penetrando até Gibraltar, sem haver quem lhe impedisse o passo. As nossas tropas se dividiram, humas forao continuar a guerra na Andalusia, outras passaram a conquistar em África as Cidades Carthaginezas." (em [2])
- Capítulo XXVI da Monarchia Lusytana de Bernardo de Brito: "De como os portugueses de Entre-Douro e Minho tomaram por seu capitão a um bracarense chamado Africano e das Guerras que fizeram aos Romanos"
- Capítulo XXVI da Monarchia Lusytana de Bernardo de Brito: "Da guerra que os portugueses tornaram a tomar contra Roma, debaixo da Capitania de Cesaron, e da insigne victória que alcançaram do Pretor Lúcio Mumio."
- "Victoriosos os Bracarenses e aliados, foram queimando tudo desde o Guadiana até ao Estreito de Gibraltar, sem dar perdão a morador, ou edifício, que pertencesse ao povo Romano; subiram pela Anduluzia tão felizes que os Vetões Portugueses da Extremadura juraram perder as vidas por defender as bandeiras do General Bracarense Africano; ganharam Cidades, e Presidios Romanos, em que deixaram novas guarnições; só lhes resistiam os Blastofenices, cercada a Cidade, e Apimano querendo dar exemplo ao exército no escalar os muros, foi o primeiro que subiu para montallos; porém os defensores que já se julgavam perdidos, querendo vender caras as vidas, mataram Apimano às lançadas; e o exército vendo-se sem Capitão, perdeu logo o costume de vencer, cada hum buscou a sua pátria, e cessou por algum tempo a guerra. Elegeram os Bracarenses, e aliados em lugar de Apimano outro Português valoroso, chamado Cesarão, este prevendo o despique dos Romanos compôs nosso exército entrou nas terras, que obedeciam a Roma, e foi tal o damno, e o roubo, que a toda a presla os vexados pediram ao Consul Quinto Fulvio Nobilior viesse socorrellos, e domar os povos de Celtiberia, e os Numantinos, de quem os Romanos sempre tiveram receyos bem fundados..." (em [3])
- "Vemos Apimano, nome que a Historia nos transmittiu como de um esforçado capitão, e com grandes talentos para a guerra, ser nomeado general d'aquelle povo : vêmol-o obrigar os povos vizinhos a insurgirem-se contra o poder de Roma, e reunirem-se às suas bandeiras : vêmol-os lançarem-se sobre os romanos e expulsarem-os das suas terras : vêmol-os, em fim, ousarem esperal-os novamente em campo, vencerem-os, e tomarem-lhes até o proprio arraial, onde acharam ricos despojos! A noticia d'esta derrota immediatamente se enviou de Roma novo Pretor que perdeu tambem a pri meira batalha que se aventurou a offerecer aos Lusitanos : e estes atravessaram o Guadiana, e fizeram tributario todo o paiz até o Estreito ! Depois de tantas derrotas, estes feitos de armas podem reputar-se maravilha". (em [4])
- "Neste meio tempo Apimano morreu na escalada de Blatophenice; e este golpe fatal desvaneceu, em parte, as esperanças dos Lusitanos, que levantaram immediatamente o cerco para na patria fazerem as ultimas honras funebres ao seu general. - Bem conheceu este povo as tençôes de Roma com aquelle reforço que mandou à Peninsula, sob as ordens de novos capitães, e por isso tractou quanto antes da sua defeza. Noméaram para general a Cessarão ou Cœsaras, que servira sob as Ordens de Apimano." (em [4])
Só depois deste trio: Apimano, Cesarão e Cancheno, é que sucede Viriato a reunir as tropas contra os romanos, e sendo quem teve mais exito, terá aniquilado a memória do primeiro Viriato.
Estes três nomes desaparecem quase por completo na literatura do Séc. XX, mas reais ou lendários, fizeram parte da literatura ou historiografia portuguesa.
Referências:
[1] "Mappa de Portugal. Antigo e Moderno." de João Baptista de Castro (1700-75), edição de 1870 revista e acrescentada por Manuel Bernardes Branco.
[2] "Gabinete Histórico", de Cláudio da Conceição, edição de 1818 dedicada a D. João VI.
[3] "Academia dos humildes, e ignorantes", de Joaquim de Santa Rita (1762).
[4] "História de Portugal" de Francisco Araújo (1852)
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