Tendo ir buscar a referência à História de S. Domingos, encontrei outro dos vários livros que vi no início de 2010 e que acabei por me esquecer de aqui mencionar. Trata-se de um "Atlas da Mocidade", de 1782, atribuído a José Anastácio da Costa e Sá.
Considerei mais significativo então a pequena nota do tradutor sobre o Terramoto de Lisboa de 1755. Passavam 27 anos sobre o "Grande Abalo" e portanto quem escrevia à época teria sido naturalmente testemunha ocular do evento.
Considerei mais significativo então a pequena nota do tradutor sobre o Terramoto de Lisboa de 1755. Passavam 27 anos sobre o "Grande Abalo" e portanto quem escrevia à época teria sido naturalmente testemunha ocular do evento.
Assim quando o autor francês fala sobre Lisboa (página 27...) diz:
Lisboa sobre o Tejo, Capital da Província da Estremadura, e de todo o Portugal. Um terramoto acontecido no 1 de Novembro de 1755 a arrasou inteiramente.
o Tradutor apressa-se a esclarecer com uma nota de rodapé:
O Autor, mal informado do que aconteceu a esta capital no referido Terramoto, asseverou que ela ficara inteiramente arrasada, quando é certo que em mais de duas partes ficou em pé, e que somente o incêndio, que lhe sobreveio, abrasou, e consumiu os edifícios, tesouros, móveis, riquezas, preciosidades, alfaias, etc. ficando unicamente as paredes. Porém, de tudo o mais raro, que se perdeu, foi a grande Livraria de Sua Majestade - rara pelos manuscritos e originais da Antiguidade que conservava - perda sem dúvida lamentável para os sábios.
Faço aqui um mea culpa de não ter colocado este apontamento atempadamente...
Já o deveria ter feito nas outras ocasiões em que falei sobre os Abalos do Marquês, mas a memória não funciona como um relógio, e as coisas aparecem por ordem de um tempo que está acima dos outros tempos. No entanto, quando transmito uma forte opinião não é apenas por uma suspeita ocasional baseada num certo detalhe, é por um acumular de informação, de várias fontes, umas mais presentes que outras.
O Terramoto de 1755 foi a maior farsa maçónica encenada nacionalmente!
Mais que isso, é trazida à cena repetidamente, com novos actores repetindo os mesmos disparates.
Note-se que o tradutor só fala do incêndio, em nenhuma ocasião menciona qualquer maremoto.
Porquê?
- Porque não houve nenhum maremoto em 1755.
"Cair o Carmo e a Trindade" diz-se, por ironia, quando se receiam consequências graves de causas sem importância (ver aqui).
Foi isso que se passou - o Terramoto de 1755 passaria por "mais um terramoto de Lisboa", de uma grande lista, da qual se destaca sim, o Terramoto de 1531 que teve o propalado maremoto.
O mais significativo do Terramoto de 1755 seria a queda de parte dos Conventos do Carmo e da Trindade (aliás um ao lado do outro). Quem visitar Lisboa percebe até que a estrutura do Convento do Carmo não caiu... está ainda hoje de pé!
A consequência grave de cair o Carmo e a Trindade?
- O Terramoto de 1755 serviu como tiro de partida à terraplanagem maçónica.
Pegando numa planta comparativa feita em 1909, sobre os edifícios verdadeiramente afectados e a diferença entre Lisboa antes e depois do Terramoto de 1755, podemos centrar-nos na zona de demolição levada a cabo pelo Marquês.
Onde? - Na zona da "Baixa"!
Então, mas com o "suposto maremoto" não era natural reconstruir no "Alto"?
Foi isso que se passou em 1531 - pelo medo do maremoto, fez-se o "Bairro Alto"!
Planta comparativa : antes e depois de 1755 (Rev. Obras Públicas e Minas, 1909) - detalhe. A castanho escuro - os edifícios "destruídos ou quasi-destruídos" - inclui-se aí Sé de Lisboa (nº96)! A azul - edifícios que "em grande parte resistiram". A vermelho - edifícios que "resistiram". A amarelo - a terraplanagem do Marquês após 1755, planta quadriculada da Baixa. Linha vermelha - Planta quadriculada do Bairro Alto, feita após o Terramoto de 1531. |
... e o que se passava é que a Baixa tinha até menos desordem urbanística do que se vê ainda hoje para os lados da Graça, do Castelo e de Alfama. O Marquês não inventou rigorosamente nada com a sua planta quadriculada, porque em 1531 o Bairro Alto já tinha sido feito com esse critério, numa zona até bem mais extensa, numa das colinas Lisboetas, e não em terreno quase plano. Basta ver que o facilitismo do Marquês nem sequer tocou na zona do Castelo e de Alfama... restando apenas a propaganda da sua construção urbanística, e esquecendo convenientemente que a destruição da Baixa não se deveu ao terramoto.
História Universal dos Terramotos
Como relato muito condicionado, pelo despotismo do Marquês e do rei D. José I, mas ainda assim como informação mais verosímil do verdadeiro impacto do Terramoto de 1755, convém ler uma obra publicada ainda em 1758:
que tem havido no mundo desde que há notícia desde a sua criação até ao século presente
de Joaquim José Moreira de Mendonça (1758)
que considera que o Terramoto de 1531 teria sido muito mais devastador.
Mendonça começa por confirmar que - "Tenho certeza por documentos autênticos que ainda depois daquele ano se erigiram todas as ruas do Bairro Alto, que ficam para fora das Portas de St. Catarina e Postigo de S. Roque (...)". E por comparação ao de 1755 contrapõe (pág. 55-56):
Mendonça começa por confirmar que - "Tenho certeza por documentos autênticos que ainda depois daquele ano se erigiram todas as ruas do Bairro Alto, que ficam para fora das Portas de St. Catarina e Postigo de S. Roque (...)". E por comparação ao de 1755 contrapõe (pág. 55-56):
Nem obsta dizer-se vulgarmente que o Terramoto presente foi maior que o de 1531, por se verem arruinadas a Torre da Basílica de Stª Maria, e muitas igrejas, que naquele não caíram. A isto respondo que também neste ainda ficou sem ruína a outra Torre da mesma antiga Sé; e que as igrejas que caíram agora naquele tempo eram muito novas e ressentiram da mesma forma que ao presente sucedeu às duas Igrejas de S. Bento, à de Nª Srª das Necessidades, à do Menino Deus, à dos Paulistas e outras, com alguns palácios, e casas novas, que não padeceram ruína considerável.
Sobre o boato de grandes inundações em 1755 (pág. 116-117), apresenta a melhor explicação que encontrei para essa crença largamente difundida ainda hoje:
Havia muita gente buscado as margens do Tejo, por se livrarem dos edifícios, cheios de horror da vista das suas ruínas. Eis que de repente entra o mar pela barra com uma furiosa inundação de águas, que não fizeram igual estrago em Lisboa que em outras partes, pela distância que há de mais de duas léguas desta Cidade à foz do rio. Contudo, passando os seus antigos limites se lançou por cima de muitos edifícios e alagou o bairro de S. Paulo. Cresceu em todos os que haviam procurado as praias o espanto das águas, e o novo perigo se difundiu por toda a Cidade, e seus subúrbios, com uma voz vaga, que dizia que vinha o mar cobrindo tudo.
Aliás, o que se pode depreender da leitura do texto é que a propagação dos incêndios se deveu a sucessivos boatos que fizeram afastar as pessoas da cidade, deixando-a a saque de todas as pilhagens... depois atribuídas a criminosos que na oportunidade escapavam das prisões:
"Estas vozes se atribuíram depois a alguns homens malvados, que quiseram ver a Cidade desamparada para roubarem as casas do mais precioso. Causou este boato uma grande ruína, porque podendo-se nalgumas partes atalhar o fogo, correu este livremente destruindo tudo quanto o Terramoto havia perdoado(...)".Por exemplo, o Mendonça afirma ter conseguido evitar que o fogo atingisse o cartório de Lisboa, com o registo de propriedades, que estava a seu cargo, com pouca ajuda.
Avaliando em geral os estragos, e para além de fazer a natural referência ao Carmo e à Trindade - "ficaram reduzidos a cinzas os sumptuosos Conventos da Santíssima Trindade, de Nª Srª do Carmo, de S. Francisco, do Rosário dos Irlandeses, do Espírito Santo, de Nª Srª da Boahora (...)", volta a insistir na questão do fogo e não tanto do terramoto, colocando assim as coisas:
Depois de muitas reflexões feitas em várias ruas e bairros da Cidade, me parece que o fogo consumiu a terceira parte da Cidade, naquele sítio em que era mais populosa, por serem a maior parte das ruas estreitas, e as casas de quatro, cinco e seis andares de sobrados. Parece-me também que o Terramoto lançou por terra a décima parte das casas de Lisboa, deixou inabitáveis mais de duas partes das que ficaram em pé, ficando habitáveis somente ainda menos que uma terça parte das casas. A maior parte destas lhe foram precisos grandes reparos.
Sobre o maremoto... mais nada!
Para além de ficarmos a saber que na parte central de Lisboa haviam casas já com altura de 6 andares, o terramoto terá sido responsável pela queda de apenas 1/10 das habitações, mas por outro lado o incêndio teria afectado 1/3 das estruturas, especialmente na zona central, mais populosa... a zona da Baixa, que depois foi arrasada para a construção simbólica do Marquês.
Convém notar que este relato está cheio de deferências às virtudes do poder real, que acolhiam os desgraçados nas suas sumptuosas e luxuosas tendas montadas na "Ajuda". A obra foi autorizada, e por isso não seria um relato imparcial e objectivo... mas que ainda assim fez notar a total passividade com que a autoridade do Marquês deixou com que as pilhagens e os incêndios prosseguissem. A data é de 1758, o mesmo ano em que o nível de violência passa à fase seguinte, com a instauração do Processo dos Távoras, e com a sua execução em 1759.
Mais interessante é o folclore do registo "internacional" do Terramoto de 1755...
Mendonça começa por dizer que o terramoto a norte do Douro não teve registo de grandes danos, não deixa de referir a sua igual devastação no Sul de Espanha, em Huelva e Cadiz, inclusive fazendo referência a queda de parte do monte Gibraltar!
Mas não se ficando por Espanha, e poupando o norte ibérico, o estranho terramoto teria sido sentido em França, em La Rochelle, abrindo mesmo terras em Angouleme, tal como em Tanger (em Marrocos)! Teria sido ainda sentido na Suiça e em Itália, com alterações nas águas de Haia a cidades do Báltico, próximas de Berlim. Para se entender bem este "nível de destruição", é ainda juntado um episódio de Mequinez (Marrocos?) onde uma aldeia com 6 mil soldados a cavalo teriam sido "engolidos pela terra".
Compreende-se que tal relato pudesse ser comido como bom à época, mas é preciso entender que a devastação que se processou em 1755, foi muito selectiva nas catástrofes - um objectivo na zona de Cádis, em Espanha foi arrumar de vez com as Colunas de Hércules, que resistiam desde a Antiguidade.
Por isso terá sido muito mais uma acção humana combinada, com manos iluministas munidos de archotes para incêndios, muito empenhados na sua missão destruidora, mais activos numas partes do que noutras, isso parece claro.
O Marquês com tanto medo dos "maremotos", que teriam varrido "o Algarve e a Andaluzia", vai afinal mandar fundar de raiz uma Vila Real de Sto. António, assim mais sujeita a inundações do que qualquer outra vila. Quanto aos incêndios das aldeias da Trafaria ou de Monte Gordo, vemos como o Marquês entendia o seu papel iluminista mais na base da chama dos archotes.
É claro que estas contradições evidentes, eu poderia entendê-las como codificações inteligentes apenas para descodificação em épocas posteriores... mas não será bem assim.
Há muitas resoluções atabalhoadas, muitas pontas soltas, e o esforço de tapar uma ponta destapa outra. Podemos iludir uma criança, dizendo que errámos de propósito, e procurar explicar que esse erro serviria afinal uma lição... mas já será mais difícil enganar um adulto!
Para além de ficarmos a saber que na parte central de Lisboa haviam casas já com altura de 6 andares, o terramoto terá sido responsável pela queda de apenas 1/10 das habitações, mas por outro lado o incêndio teria afectado 1/3 das estruturas, especialmente na zona central, mais populosa... a zona da Baixa, que depois foi arrasada para a construção simbólica do Marquês.
Convém notar que este relato está cheio de deferências às virtudes do poder real, que acolhiam os desgraçados nas suas sumptuosas e luxuosas tendas montadas na "Ajuda". A obra foi autorizada, e por isso não seria um relato imparcial e objectivo... mas que ainda assim fez notar a total passividade com que a autoridade do Marquês deixou com que as pilhagens e os incêndios prosseguissem. A data é de 1758, o mesmo ano em que o nível de violência passa à fase seguinte, com a instauração do Processo dos Távoras, e com a sua execução em 1759.
Mais interessante é o folclore do registo "internacional" do Terramoto de 1755...
Mendonça começa por dizer que o terramoto a norte do Douro não teve registo de grandes danos, não deixa de referir a sua igual devastação no Sul de Espanha, em Huelva e Cadiz, inclusive fazendo referência a queda de parte do monte Gibraltar!
Mas não se ficando por Espanha, e poupando o norte ibérico, o estranho terramoto teria sido sentido em França, em La Rochelle, abrindo mesmo terras em Angouleme, tal como em Tanger (em Marrocos)! Teria sido ainda sentido na Suiça e em Itália, com alterações nas águas de Haia a cidades do Báltico, próximas de Berlim. Para se entender bem este "nível de destruição", é ainda juntado um episódio de Mequinez (Marrocos?) onde uma aldeia com 6 mil soldados a cavalo teriam sido "engolidos pela terra".
Compreende-se que tal relato pudesse ser comido como bom à época, mas é preciso entender que a devastação que se processou em 1755, foi muito selectiva nas catástrofes - um objectivo na zona de Cádis, em Espanha foi arrumar de vez com as Colunas de Hércules, que resistiam desde a Antiguidade.
Por isso terá sido muito mais uma acção humana combinada, com manos iluministas munidos de archotes para incêndios, muito empenhados na sua missão destruidora, mais activos numas partes do que noutras, isso parece claro.
O Marquês com tanto medo dos "maremotos", que teriam varrido "o Algarve e a Andaluzia", vai afinal mandar fundar de raiz uma Vila Real de Sto. António, assim mais sujeita a inundações do que qualquer outra vila. Quanto aos incêndios das aldeias da Trafaria ou de Monte Gordo, vemos como o Marquês entendia o seu papel iluminista mais na base da chama dos archotes.
É claro que estas contradições evidentes, eu poderia entendê-las como codificações inteligentes apenas para descodificação em épocas posteriores... mas não será bem assim.
Há muitas resoluções atabalhoadas, muitas pontas soltas, e o esforço de tapar uma ponta destapa outra. Podemos iludir uma criança, dizendo que errámos de propósito, e procurar explicar que esse erro serviria afinal uma lição... mas já será mais difícil enganar um adulto!
O terramoto e maremoto de 1531 foram praticamente suprimidos do conhecimento popular e académico durante o Séc. XIX (ver por exemplo "The 1531 Lisbon earthquake and tsunami", J. Miranda et al.), e só se voltaram a encontrar registos em 1909... ou seja, no ano de publicação da Planta de Lisboa, algo que desmascarava por completo a farsa do Marquês, afinal uma "revolução cultural" tão laboriosamente construída durante o século anterior. Como se sabe 1909 é também o ano que antecede a implantação da República em 1910... e passamos aí a nova lavagem de memória, ordenando-se a repetição do esquecimento do Terramoto de 1531.
Portanto, nunca vemos vontade de revelar coisas, muito pelo contrário, mesmo as muitas revelações mostradas são quase sempre como ousadia e despeito contra a credulidade popular. Parecem mais servir o propósito de evidenciar a imaturidade popular, servindo talvez isso como desculpa a mandantes adolescentes para a necessidade do seu domínio sobre uma massa populacional que vêm como infantil.
Não se trata apenas de exibicionismo da puberdade, o que move quem assim se move é o medo... mas sobre isso falaremos depois.
Caro Alvor Silves
ResponderEliminarNeste link poderá ler a descrição de algúem que viveu o terramoto de Lisboa de 1755. Nela refere que o mar entrou, por três vezes, pela cidade adentro.
Igualmente relata os maremotos verificados no Algarve e na península de Setúbal.
As paredes do convento do Carmo não ruíram, mas o seu telhado sim, sob o qual ficaram inúmeros cadáveres.
https://books.google.pt/books?id=J2xCAAAAcAAJ&printsec=frontcover&dq=carta+em+que+um+amigo+d%C3%A1+conta&hl=pt-PT&sa=X&ved=0CCIQ6AEwAWoVChMIsdnexYGkxwIVyAoaCh0B_wpW#v=onepage&q&f=false
Cumprimentos
Clemente Baeta
Caro Clemente Baeta, muito obrigado pelo seu comentário e informação.
EliminarIncêndios e Maremoto, se notar bem parece algo contraditório... é complicado ter uma cidade alagada por um tsunami e ao mesmo tempo estar durante dias a arder.
Claro que podem não ser os mesmos sítios, numas partes foi alagada, noutras não, mas o curioso é que são reportados os maiores incêndios na Baixa.
Depois, se atendermos ao relato - e pegando num texto de Rómulo Carvalho que o José Manuel trouxe, ou no relato da carta - o foco do terramoto foram 7 minutos (ou entre 6 e 8 minutos):
Bento Morganti, já citado, mas agora em outro folheto, informa que o abalo inicial ido terramoto se processou «no breve espaço de alguns minutos, que huns dizem foraõ seis, outros oito» [...]. Na Verdade vindicada diz o mesmo autor que o abalo durou 6 a 7 minutos. Pereira de Figueiredo, ob. cit., p. 8, indica cerca de 7 minutos.
Isto apenas para referir que um tal evento singular não poderia produzir 3 entradas e saídas de tsunami, conforme referido pelo autor da carta.
Se formos ao nome do autor da carta, convenhamos que "Trovão de Sousa" é um apelido original... aliás é curioso que na página 3 ele sublinhe a palavra Trovão com maiúscula, quando diz:
"(...) tão medonho quanto o de um espantoso Trovão, e durando o espaço de sete minutos (...)
Assim, o que me é dado a pensar é que se trata de uma carta encomendada, passando praticamente por anónima, onde se coloca informação algo inverosímil, mas que poderia passar como vulgar à época.
São vários os relatos que dão conta do mais diverso tipo de destruição, e desses não falei porque foi a partir disso que se criou a teoria do maremoto em Lisboa, algo que poderá ter ocorrido em 1531 com maior destruição, mas que não se terá verificado em 1755 da mesma forma.
Meu caro, se a zona baixa da cidade tivesse sido inundada em 1755, seria o meu caro comprador de uma habitação na Baixa do Marquês?
Mandaria construir a sede ministerial no Terreiro do Paço, mesmo à beira das águas?
Se assim tivesse sido, mesmo com o poder de D. José, o mais natural é que internassem o Marquês por insanidade mental.
O mesmo se terá passado na zona do Algarve... ou doutra forma, se Ayamonte, Huelva e Cádis foram apanhadas pelo "tsunami", então o Marquês ao fundar uma vila ao nível de água, como é Vila Real de Santo António, bem poderia ser acusado de insanidade completa.
Aliás, o que é estranho mesmo, é que tenha havido essa ousadia de desafiar os elementos, e colocar uma vila inteira sob risco de inundações.
A menos que o Marquês tivesse um pacto com os ETs do Canal História, e eles lhe garantissem que não haveria novos terramotos com tsunamis na costa algarvia... se quisermos brincar um bocadito.
Vou buscar de novo o texto de Rómulo de Carvalho, para falar acerca da muita informação que correu por Lisboa, logo a seguir ao terramoto:
É interessante notar-se que tendo a cidade de Lisboa ficado praticamente destruída, logo as tipografias surgiram do caos para se entregarem à composição e à impressão dos textos que lhes eram apresentados para o efeito.
Acho que isto diz muito sobre como as abelhinhas andavam ocupadas na polinização, destinada a criar uma imensa cera para os ouvidos.
Ainda que esteja em completo desacordo sobre este ponto, quero agradecer de novo o seu comentário.
Abraço.
Adenda
ResponderEliminarInteressantes são também as breves sínteses onde aquele autor descreve os tremores que Lisboa sofreu no passado. Confirma que o de 1531 foi acompanhado de um maremoto.
CB
O Marquês não era idiota...
ResponderEliminar(...) Poucos dias após o terramoto de 1 de Novembro de 1755 decidiu o ministro de D. José, Sebastião José de Carvalho e Melo, futuro marquês de Pombal, enviar a todos os párocos do reino um questionário de treze perguntas relativas ao sismo pedindo, com brevidade, as respectivas respostas por escrito. Pretendia-se saber o que se tinha passado em cada paróquia do país naquele dia fatídico, condição necessária para se avaliar a extensão e os efeitos do cataclismo. Perguntava-se a que horas se tinha dado o abalo, que tempo durara, em que direcção se manifestara, quantas casas se tinham arruinado, quantas pessoas tinham morrido, que se notara no mar, nas fontes e nos rios, se a terra se tinha fendido, que providências tinham sido dadas, que repetições de abalos se teriam verificado, etc., etc., um inquérito completo que poderia vir a tornar-se, nas mãos dos estudiosos, um elemento do mais alto valor. Do imenso acervo documental que teria sido o conjunto das respostas recolhidas, vindas de todas as paróquias do país, pouco chegou até nós, e esse pouco só foi estudado, pela primeira vez, já no nosso século, pelo geólogo Francisco Luís Pereira de Sousa que apresentou as conclusões a que chegara, num trabalho publicado em 1914, intitulado Ideia geral dos efeitos do megasismo de 1755 em Portugal
Para publicar um livro o José de Oliveira Trovão e Sousa deve ter tido dinheiro duma facção... entre o Marquês (maçonaria)e o Trovão (católicos romanos) que o Diabo escolha!
Se extrapolarmos para 2015 os factos de 1755 são fáceis de compreender, o mecanismo é o mesmo, os intervenientes os mesmos, os espectadores os mesmos, os que não alinham nesta mascarada ainda aqui andam!
"As interpretações dadas, na época, às causas do terramoto"
purl.pt/12157/1/estudos/terramoto.html
Cpts.
José Manuel CH-GE
O Rómulo de Carvalho, mesmo alinhando na teoria habitual, não deixa de colocar observações pertinentes, que ajudam à compreensão do assunto.
EliminarMuito obrigado por ter trazido aqui o texto.
Como já disse em cima, o nome "Trovão de Sousa" parece-me bastante elucidativo sobre a intenção do autor.
O Rómulo de Carvalho vai buscar esta citação de Teodoro de Almeida, que é ilustrativa do poder do Trovão que se ouviu:
de modo que os que estávamos na Igreja da Senhora das Necessidades, onde os Soberanos costumão ir aos sabbados, julgámos que chegava Sua Magestade
... acrescentando eu - tal era o estrondo com que habitualmente chegavam.
Abraço.