terça-feira, 1 de setembro de 2020

dos Comentários (70) correndo agosto

Desde o último postal sobre comentários em Julho, ficaram aqui registados mais de 150 comentários, que agradeço a metade que não foi resposta minha, em especial ao IRF que tem perdido bastante tempo com a sua recensão crítica.
Sendo impraticável resumir, deixo uma breve referência aos links e assuntos aí tratados, ou temas que não são fáceis de perceber pelo título do texto:

  • Valdemar Silva (comentários) trouxe o livro "Assim nasceu uma língua", de Fernando Venâncio, a que junto link para a apresentação feita em Espanha. A opinião sobre o assunto ficou expressa na troca de comentários.
  • José Manuel comentou sobre a ilha do Corisco, podendo inferir-se que os portugueses fizeram o forte de Punta Joko em 1641, cederam a ilha à presença holandesa, e de uma incipiente companhia de escravos holandesa, fizeram em 1723 a que se chamaria Companhia do Corisco. Ou seja, existiria desde 1642-47, sob controlo holandês, em 1648 foi recuperada pelos portugueses, e só em 1723 teve o alvará definitivo como Companhia da Ilha do Corisco.
  • IRF em comentários sobre "ordem, hierarquia e igualdade".
  • João Ribeiro acrescentou informações da Crónica de 1419 sobre navegações portuguesas.
  • IRF comentários sobre a "alvorada da humanidade" e Nova-Guiné.
  • IRF em discussão sobre geodesia, em particular que seguir os paralelos (ao contrário de seguir os meridianos) envolve um mudança de direcção, uma trajectória "curva", sendo claro que todas as trajectórias são curvas sobre uma esfera.
  • A. Saavedra em comentário sobre eventual semelhança da tese com Graham Hancock.
  • IRF em discussão sobre a versão antiga do Mapa do Museu da Marinha, a que acrescento alguma informação muito enviesada sobre "fabricação de mapas durante o Estado Novo", envolvendo Almada Negreiros, Gago Coutinho, Vitor Ventura Ferreira, e Bissaya Barreto.
  • José Manuel em comentário menciona Aleixo Garcia: «Quanto a haver castelos e quinas portuguesas no mapa em questão, não me surpreende pois Aleixo Garcia foi o primeiro europeu e português a contactar o Império Inca, subiu aos Andes liderando um exército de índios Chiriguanos, só seria possível a quem estivesse há muitos anos em contacto com esta gente.»
  • IRF discussão sobre uma etimologia para a palavra Guiné.
  • IRF discussão sobre a existência de uma eventual conspiração antes do Séc. XVIII, englobando o tratado de Vestfália, Guerra dos 30 anos, etc.
  • IRF observação sobre a pirataria berbere, em particular: «Quanto aos piratas da Berbéria, o Atlantico foi dos mais fustigados. Os Marroquinos atacavam a partir das actuais Casablanca e Rabat... a sul de Larache e a Norte de Azamor/Mazagão. Portugal nunca se impôs nesse hiato. Os piratas de Salé eram particularmente perigosos, muitos dos quais eram exactamente Portugueses e outros tantos Judeus Ibéricos. O Algarve era uma região muito fustigada, de tal forma que tinham grande dificuldade em se assentar na costa.», e indicando o link:
    https://historiasdeportugalemarrocos.com/2014/04/30/a-republica-corsaria-de-bouregreg/
Expedição dos EUA contra a pirataria berbere em Tripoli (1801-05, no que foi a primeira 
incursão externa dos EUA) e depois numa segunda Guerra Berbere em Alger (1815)
  • IRF observou que a origem da população afro-colombiana não era caso único, contestando com razão uma parte do argumento usado no texto "O tal canal", ficando em aberto ser ainda assim muito superior e concentrada na costa do Pacífico, em especial em Quibdó.
  • IRF observou que haveria ouro na Costa do Ouro, o que é correcto, mas fica em aberto saber em que extensão esse ouro saía à época e de que "Mina"? (... a mina não era no Forte da Mina), já que quando os holandeses tomaram o forte, passaram a usar o Forte para traficar escravos, chamados "negros da mina". Acrescenta a figura de Mansa Musa, figura lendária do reino do Mali, que exibiu riqueza em ouro. [Uma nota adicional foi acrescentada ao texto, observando estes factos]
  • João Ribeiro, Valdemar Silva, Djorge, IRF e José Manuel comentaram os desenhos de Pina, sendo instrutivo o link que José Manuel deixou sobre eventual confusão entre perús e galinhas da índia: La pintade (poule d'Inde) dans les textes du Moyen Âge, de Antoine Thomas (1917).
  • IRF argumentou que a ausência do Brasil nos títulos de D. Manuel e seguintes, se deveria a um entendimento de que o Brasil seria parte de Portugal, passando a figura de Príncipe do Brasil, para o herdeiro da coroa, a existir desde 1645, o que é correcto, mas não explica a completa ausência de 1500 a 1580, ou até a persistente distinção do Algarve.

26 comentários:

  1. Sinto-me importante... tenho comentado mesmo muito...

    Bem, venho deixar aqui uma coisa que encontrei nas minhas investidas pela wikipedia que creio o Alvor Silves achará interessante. Daqui:

    https://es.wikipedia.org/wiki/Formaci%C3%B3n_territorial_de_Espa%C3%B1a#Edad_antigua

    en otros casos se emplea la denominación de "hispanos" para todos los habitantes de la Hispania romana, como en el famoso dicho atribuido a Julio César para ridiculizar su pronunciación de b y v: "Beati Hispani quibus bibere vivere est" ("Afortunados los hispanos para los que beber es vivir")."

    Citação não confirmada do próprio Julio César.
    Deve ser só pôr o dito latino no google e ver o que aparece. Eu não o farei.

    Cumprimentos,
    IRF
    "

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    1. Obrigado pela recensão crítica, IRF.
      Acerca dos "bês" pelos "vês" escrevi um pouco aqui:
      https://alvor-silves.blogspot.com/2011/07/o-espirito-da-letra.html

      ... esse "betacismo" é um "fenómeno" localizado, comum a gregos, judeus, e ibéricos.
      Na realidade o "beta" grego lê-se hoje como um "v", os gregos usam "mp" para o b.
      Se um grego ler "empalar" pode parecer "embalar"...

      Cumprimentos.

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  2. Caminho do Peabiru
    (…) Em 1524, parte desse caminho foi percorrido pelo náufrago português Aleixo Garcia, que comandou uma expedição integrada por algumas centenas de índios guaranis carijós, partindo da Ilha de Santa Catarina ("Meiembipe"), percorrendo essa via para saquear ouro, prata e estanho, tendo atingido o território do Peru, no Império Inca, nove anos antes da invasão espanhola dos Andes em 1533 [tirado da Wiki].
    (…) A expedição organizada por Aleixo Garcia partiu no verão de 1524 do Porto de Patos, na costa de Santa Catarina, rumo ao Alto Peru. Desde que chegara nesse porto com o que restara da expedição de Juan Díaz de Solís, Aleixo Garcia passara 8 anos ali, convivendo com os nativos. Foi no local que ouviu falar da riqueza dos incas em relatos que narravam uma montanha de prata e um poderoso rei "branco". Reuniu um grupo de dois mil homens, a imensa maioria ameríndios, e partiu à conquista do Império Inca, seguindo o antigo Caminho do Peabiru [tirado da Wiki].

    Dos portugueses
    Tudo leva crer que os portugueses estavam na América muito antes de outros... e a união ibérica dos Filipes deles beneficiaram na conquista do Império Inca.
    José Manuel
    Cumprimentos

    Alejo García
    https://pt.wikipedia.org/wiki/Aleixo_Garcia
    Caminho do Peabiru
    https://pt.wikipedia.org/wiki/Caminho_do_Peabiru

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    1. Obrigado pela informação adicional, José Manuel.
      Também já encontrei uns registos mais antigos, como este:

      https://books.google.pt/books?id=JPY6DO9XSVAC&pg=RA3-PA501&dq=aleixo+garcia

      https://books.google.pt/books?id=FTDnkYPCKkwC&pg=PA359&dq=aleixo+garcia

      Cumprimentos.

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    2. Interessantíssimo,
      muito obrigado pelos links.

      Cumprimentos,
      IRF

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  3. Mansa Musa, o "Rei" negro do Mali, não era uma mera figura lendária.
    Está registada a sua peregrinação a Meca e a sua passagem pelo Cairo e outras paragens Árabes bem como a quantidade maciça de ouro que gastou e ofereceu pelo caminho sem motivo algum senão "o estilo".

    Cumprimentos,
    IRF

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    1. Caro IRF,
      existiam algumas ideias na Idade Média, que podendo ter fundamento eram muito empoladas, depois contrastando com o observado.
      Por exemplo, tem o caso do Preste João... retratado com a esperança de ser um poderoso reino cristão, que iria ajudar os portugueses, e que depois teve fundamento, existindo um reino etíope cristão; mas cujo poder era limitadíssimo, e precisava muito de ajuda, em vez de poder ajudar.
      Não vejo que se possa retirar um grau de confiança muito diferente da descrição de Mansa Musa, e do reino do Mali, sendo que curiosamente nem teria fronteiras na região da Mina:
      https://en.wikipedia.org/wiki/Mali_Empire
      e as supostas estruturas grandes são reconstruções sob domínio francês, como:
      https://en.wikipedia.org/wiki/Great_Mosque_of_Djenné

      bastando ver o que foi encontrado antes:
      https://en.wikipedia.org/wiki/Great_Mosque_of_Djenné#/media/File:Ruins_of_the_Great_Mosque_postcard.jpg

      e como ficou no Séc. XX:
      https://en.wikipedia.org/wiki/Great_Mosque_of_Djenné#/media/File:Djenne_great_mud_mosque.jpg

      Tratando-se de construções de lama seca. Os franceses teriam tido tempo de desenterrar algo mais significativo, que mostrasse o domínio de metais, antes do Séc. XIX. Mas quer em Timbuktu quer em Djenné, o que temos são construções de lama seca, e o ouro que se pode invocar nesses reinos, como aqui:
      https://www.ancient.eu/article/1383/the-gold-trade-of-ancient--medieval-west-africa/

      não encontrei nada. Só vejo ouro que veio de outras paragens, ou então artefactos construídos já no Séc. XIX. Por exemplo, aqui:

      http://www.museumliaunig.at/en/collections/akan-gold.html

      tem objectos de ouro Akan, do Gana, da zona da Mina, mas são todos dos Séc. XIX/XX:
      In the main, the roughly 600 items of jewellery and cult objects, which derive largely from the royal households of the Ashanti, Baule and Fante, date from the 19th and 20th centuries although some individual pieces are far older.

      Não há técnica fiável para datar "ouro", pelo que nada impede que não venham a ser "forjados", quero dizer, encontrados, no futuro.

      Em suma, nada vi que me garanta que dali se extraiu ouro. E nem estou a pedir nada de mirabolante, como costuma ser pedido, quando se tratam de "provas" que nunca servem.

      Cumprimentos.

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    2. Que complicação!

      Primeiro deixe-me agradecer-lhe: Não sabia que estructuras como aquelas que mostrou tivessem sido construções Francesas e que os originais fossem, essencialmente ruínas.
      Que palhaçada... então até o grande legado cultural desses povos... afinal devem-no aos Franceses!
      Obrigado, não sabia disso.

      Quanto ao ouro na África Ocidental, pode muito bem ter havido ouro trazido da América, mas não percebo porque diz que não poderia haver ouro na África Ocidental...

      O link que enviou do "Ancient History" parece-me que segue a linha oficial do mainstream e parece-me que explica razoávelmente bem que havia ouro naqueles locais, chegando até a falar de Mansa Musa.
      Não percebo exactamente a sua posição. É a de que a África Ocidental não pode ter ouro e todo o ouro que supostamente veio de lá tem de ter vindo do México ou das Américas?

      "Em suma, nada vi que me garanta que dali se extraiu ouro. E nem estou a pedir nada de mirabolante, como costuma ser pedido, quando se tratam de "provas" que nunca servem."

      Como assim, o que está a pedir afinal?

      Cumprimentos,
      IRF

      P.S. - Fui ver a produção de ouro por país, e fui calhar à wikipedia. Aqui está uma imagem da produção de ouro por país e tanto o Gana como o Mali aparecem numa posição destacada:

      https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/d/d4/Map_of_gold_production.svg

      Tirado daqui:

      https://en.wikipedia.org/wiki/List_of_countries_by_gold_production

      Onde o Gana aparece como o 8º maior produtor de ouro do mundo em 2018, à frente do México, Brasil e da África do Sul.
      E o Gana nem é assim um país muito grande...

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    3. Convém notar que a grande maioria dos legados monumentais já tiveram alterações, algumas delas significativas. As reconstruções nunca ficam bem como eram, etc...
      Por exemplo, entre muitos casos:
      https://alvor-silves.blogspot.com/2010/12/in-convenientes.html

      Caro IRF, não vamos repetir argumentos, na anterior troca de comentários, até mencionei o problema do ouro-falsificado que sai do Gana.
      Mostrar que há ouro explorado hoje, não é o mesmo do que dizer que havia exploração de ouro no Séc. XV e XVI. Porque parou? Porque se dedicaram os holandeses a escravos da mina?
      Ou ainda, pelo lado Azteca e Inca temos registos de objectos em ouro:
      https://www.photobash.org/aztec-gold-relics
      https://incaempirehistoryproject.weebly.com/artifacts.html

      ... e pelo lado do Mali ou Gana só vai encontrar coisas feitas no Séc. XIX ou XX, imitando a arte dessa região, mas que era feita de terracota e similares, mas nada de metal.
      Faltam enfeites, jóias, etc... mesmo os espanhóis sedentos de ouro não derreteram tudo!

      Cumprimentos.

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  4. Quanto à titulatura régia:

    O meu conhecimento na matéria deriva de muitos, muitos anos a ler sobre isto, não tenho links para lhe mostrar mas eles devem existir na internet e devem ser fáceis de encontrar, para além disso, a pura lógica daquilo que lhe vou dizer vai bater certo:

    Portanto, cingindo-nos a Portugal, depois de Rei de Portugal surgiu a designação "Rei de Portugal e do Algarve" na medida em que a Serra Algarvia constituía uma verdadeira barreira natural que não tinha igual em todo o Alentejo, o Sul de Portugal.
    Não só isso mas quando Afonso Henriques é proclamado Rei em 1139 é-o após Ourique, que é no Alentejo, e Afonso Henriques continua a conquistar território... pelo que o Alentejo já estava englobado no Portugal senão desde a sua formação, pelo menos desde o seu primeiro Rei. O Algarve não.

    E o mais importante para a adição do Algarve na titulatura régia foi a ideia que já existia um Estado Portugal que co-existia com uma região Algarve que continha Estados fora do âmbito de Portugal.
    Coisa que é discutível se aconteceu no Alentejo, uma vez que o Alentejo (e Lisboa, e a maior parte do Centro de Portugal) eram governados tradicionalmente pela Taifa (Reino Mouro) de Badajoz.
    O Algarve não. Devido à barreira que era a Serra Alagarvia subsistiam Estados islâmicos no Algarve que eram independentes do Estado Mouro de Badajoz. Isto tradicionalmente manteve-se assim por séculos, apesar de mudanças pontuais que sem dúvida occorreram.

    Em adição a este motivo, o verdadeiramente mais importante a que me queria referir é que antes da conquista do Algarve pelos Portugueses o(s) Reino(s) de Leão e Castela intitularam-se "Reis do Algarve" porque entendiam que o Algarve estava sob a sua natural influência e que era a eles que lhes competia a conquista e posterior integração do Algarve.

    Note-se que o Algarve foi conquistado mais pela Ordem Portuguesa de Santiago e Espada do que pelas acções do Rei de Portugal pois Portugal já tinha tido problemas com o Algarve: Tinha reconquistado grande parte e depois perdido os seus territórios.

    Com a conquista do Algarve pelos Portugueses dá-se o problema dos Castelhanos considerarem que o Algarve lhes pertencia e para que ficasse clara a posição Portuguesa impôs-se o título de "Rei de Portugal e do Algarve" pois os Castelhanos já se titulavam Reis do Algarve ainda antes do Algarve ser conquistado.

    (1)
    IRF

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  5. No século XV, com a expansão no Norte de Marrocos, os Reis Portugueses começaram por se intitular senhores de (cidades conquistadas).
    Mas chegou-se a um ponto, com a conquista de Tânger em 1471, em que os Portugueses passaram a controlar a totalidade de cidades do Norte de Marrocos: Ceuta, Alcácer Ceguer, Tânger e Arzila.
    Os Marroquinos foram empurrados para as montanhas da região enquanto as planícies e as cidades passaram a ser inteiramente Portuguesas, devido à despovoação das zonas expostas aos Portugueses por parte dos Marroquinos. Os Reis Portugueses acharam por bem passar a intitular-se "Reis de Portugal e dos Algarves de Aquém e de Além Mar em África".

    Portanto, Reis de Portugal e dos Algarves (no plural);
    de Aquém - Algarve de Aquém Mar, seria o Algarve Europeu, chamado de Al Gharb ou o Ocidente pelos Árabes;
    e de Além Mar em África - Algarve Africano, também chamado de Al Gharb ou o Ocidente pelos Árabes por estar no extremo Ocidental do Norte de África.

    "Além Mar em África" foi a fórmula encontrada para expressar uma clara conquista ultramarina, que na altura dava grande prestígio ao Reino Português, e para mostrar que eram agora os Europeus que já reconquistavam a África, isto enquanto os Castelhanos não tinham conquistado o Reino de Granada, na Europa.

    A Madeira e os Açores, e depois Cabo Verde, estavam desabitados e foram postos sob o domínio da Ordem de Cristo. Parece que desde cedo lhe chamavam as Ilhas Adjacentes mas nunca foi criado um título com foco nestas ilhas. Talvez em parte por fazerem parte dos senhorios da Ordem de Cristo e/ou talvez em parte por serem territórios desabitados, o que presumia uma continuação de Portugal e não uma adição de um novo Estado - lógica subjacente à titulatura régia.

    (2)
    IRF

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  6. O Senhorio da Guiné segue-se, com a ambiguidade que conhecemos.
    Mas foco que era apenas um senhorio. Não era um Estado. Era a posse de um território ou de um monopólio sob um território, de qualquer forma este é o título mais vago...

    Segue-se a fórmula "Senhor da Guiné e da Conquista, Navegação e Comércio na Etiópia, Arábia, Pérsia e Índia".
    Ora, isto é um senhorio outra vez, não um Estado.
    E aqui é bastante explícito: O Senhorio diz respeito à Conquista, Navegação e Comércio, ou seja, um direito monopolista, nos territórios da Etiópia, Arábia, Pérsia e Índia, que são a costa do Oceano Índico Ocidental.
    Isto é na mesma altura em que o título de "Almirante da Índia" ou "Almirante Mor dos Mares da Índia", o que revela o dispôr do domínio do Índico, não no Rei, mas no comandante da sua frota na região.
    Da mesma forma, havia o título de Almirante do Mar Oceano, para as navegações mais adentradas no Atlântico, que não era o mesmo que o Almirante-Mor do Reino, que era o oficial responsável pela defesa marítima do Reino.

    Portanto, há aqui a ideia não só dos títulos do Rei, como também dos títulos que o Rei outorga a outros, no seio do seu Reino, que são títulos de certa forma "Reais mas distribuídos a outros".

    E é neste contexto que são criados o Estado da Índia, com um Vice Rei da Índia, título "distribuído" pelo Rei de Portugal a um oficial... ou seja... o Rei não era "Rei da Índia", mas delegava a um seu súbdito o título de "Vice-Rei da Índia".
    E aqui a Índia refere-se ao Estado da Índia, que são todas as possessões Portuguesas no Índico, seja na Ásia ou no Leste de África, bem como posteriormente no Pacífico como Timor (quase) ou a Formosa, Macau e Tanegeshima ou Nagasaki.

    (3)
    IRF

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  7. No Brasil são formadas as Capitanias por volta de 1530, tal como aconteceu com as Ilhas Adjacentes da Madeira e Açores.
    Mas logo em 1549 é sentida uma necessidade de pensar o território como um todo e é criado o Estado do Brasil, tal e qual como o Estado da Índia.
    O Estado do Brasil passa a ser governado por um Governador Geral.
    Em 1580 perdemos a independência para os Filipes.
    E logo em 1640 dá-se o inédito caso em que o próprio Príncipe Herdeiro de Portugal passa a ter o título "distribuído" de Príncipe do Brasil.
    Ora, isto é um título ainda mais exclusivo do que acrescentar o Brasil à titulatura régia própriamente dita, relativa ao Rei!
    Depois parece que no século XVIII o Brasil passa a ser governado por um Vice Rei, tal como a Índia, mas seguindo a wikipedia, o título de Vice Rei já tinha sido aplicado antes para o governador do Brasil mas apenas quando o governador pertencia à mais alta nobreza. Pelo que vemos aqui uma cautela e um tacticismo para não pôr demasiado poder neste ou naquele ao fazê-los senhores do Brasil e ao conceder um privilégio acrescido a esta ou aquela personagem...

    Mas no Brasil acontece ainda outra coisa: Há Governadores Gerais no Brasil nascidos no Brasil, escolhidos entre a nobreza "Portuguesa" radicada para lá do Oceano.
    O Brasil tinha muitos Portugueses... Goa também, mas o Brasil tinha muitos mesmos... até tinha uma nobreza razoávelmente numerosa.

    Portanto, o Brasil e a Índia estão de facto na nomenclatura régia Portuguesa, mas os seus títulos são "distribuídos" a Vice Reis, sendo que no caso do Brasil o título é distribuído ao próprio Príncipe Herdeiro.

    Fica também assim explicado - só agora é que cheguei lá - porquê que a Terra Nova nunca aparece na nomenclatura régia: Não era um Estado a ser integrado no Reino, era um senhorio que pertencia à Ordem de Cristo.

    (4 e FIM)
    Cumprimentos,
    IRF

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    1. Caro IRF, conheço parcialmente a história da junção do título de rei do Algarve, que foi feita por D. Sancho I, que usou também "rei de Silves", e depois por D. Afonso III, ainda que a quase totalidade do Algarve já estivesse sob domínio português com D. Sancho II, que foi excomungado, e depois deposto pelo irmão.
      Também aqui houve um golpe palaciano na sucessão e a dinastia mudou parcialmente.

      O seu óptimo resumo nestes comentários (4, 5, 6 e 7) ilustra bem a questão, mas respondo no final dos dois próximos comentários (8 e 9).

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  8. Ainda relativamente à titulatura régia, parece-me relevante dizer o seguinte: Isto deriva de uma tradição antiga, principalmente "Ibérica" mas também "Europeia" com mais ou menos influência...
    Ou, no caso Ibérico, com mais ou menos Góticismo...

    Portanto, tudo remonta à Reconquista.
    Há dois focos: O foco "Leonês" e o foco "Pirenaico".
    No foco Leonês temos os eventuais Reinos de Portugal, Leão e Castela; no foco Pirenaico temos os Reinos de Navarra e Aragão, mas também os vários "Condados Catalães".

    Para tentar resumir:
    A Reconquista começou no Oeste. Parece que no Leste das Astúrias.
    Mas a verdade é que nunca houve um Reino intitulado "Reino das Astúrias", nesse tempo, parece que o que é mais comum nos crónicas e na correspondência diplomática é aparecer "Reino da Galiza" (Galaecium Regnum - ou o que o valha).

    O Reino de Leão, que depois vem a ser a grande potência do Oeste Cristão só aparece em 910 quando os Reis da Galiza/Astúrias fundam uma nova capital na cidade de Leão, a sul da grande Cordilheira Cantábrica que engloba os Montes de Leão, que separam a Galiza do resto de Espanha, e os Montes Cantábricos, que separam as Astúrias e Cantábria do resto de Espanha.
    Por esta altura - 910 - o Porto já tinha sido conquistado, por exemplo. O Reino de Leão já tinha um certo à vontade, elites bem definidas, produção cultural e uma segurança e estabilidade...
    Antes disto, nem sempre foi assim.
    Os primeiros Reis foram mais solidificando o seu domínio sobre o território do que conquistando.
    Parece que as maiores batalhas iniciais tiveram lugar no Leste das Astúrias, e parece que era aí que estava sediada uma espécie de corte ou centro de poder em Cangas de Onis, mas esta era uma pequeníssima vila no meio das montanhas que albergava alguns guerreiros. Lugo, na Galiza, era a única cidade de alguma dimensão e que mantinha um bispo.

    Acontece que este Reino (da Galiza ou Astúrias) é várias vezes dividido nos Reinos da Galiza, Astúrias e Leão, numa fórmula típica destes Reis que tendiam a dividir o Reino pelos seus filhos, não para que estes criassem Estados indpeendentes, mas para que eles governassem e tirassem rendimento e prestígio e poder de territórios distintos, e para que todos mantivessem uma fonte de poder.

    Ora, isto deu várias vezes mal... eu queria chegar à conclusão de que nesta altura os Reis ou Príncipes intitulavam-se quase como queriam quando queriam mas não inovavam muito.
    Intitulavam-se, por ordem decrescente de importância, ora "Rex" (Rei), ora "Princeps" (Príncipe), ora "Dux" (Duque).
    E os territórios sob os quais se proclamavam - principalmente "Rex", mas mais geralmente "Princeps" - eram geral e invariávelmente ora a Galiza, ora as Astúrias ora Leão.
    Acontece que Leão não tinha uma demarcação geográfica fácil, especialmente a Sul e a Leste, e à medida que a Reconquista prossegue as Astúrias perdem importância - porque estão definidas as suas fronteiras - a Galiza tende a englobar Portugal, mas Leão expande-se e expande-se...

    E começa a haver Reis que se proclamam Reis da Galiza e de Portugal, por exemplo, geralmente em rebelião contra um príncipe que se proclama Rei em Leão.
    Ou um Rei que divide o Reino pelos seus filhos...

    Eventualmente o Reino de Leão cristaliza-se e a proclamação de outros Reinos como mais ou menos independentes é reduzida a um mínimo.

    (1)
    IRF

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  9. No século XI - no século anterior a Afonso Henriques - há um Rei da Galiza que tem problemas com o Conde Portucalense - essencialmente a região fronteiriça que protege a Galiza desde 868... no século XI incluía a maior parte do Centro de Portugal, nas Beiras... esse Rei da Galiza invade o Condado Portucalense, derrota o Conde Portucalense e proclama-se Rei da Galiza e Portugal.
    Este Rei é posteriormente invadido pelo Rei de Leão e deposto.
    Depois D. Afonso Henriques chega ao poder e Portugal independentiza-se mesmo de Leão.

    Castela tornou-se independente quando um Rei de Navarra - portanto Basco - casa com uma das filhas do Rei de Leão que tinha herdado o Condado de Castela.
    Este Rei de Navarra vem a fazer guerra com o irmão de sua mulher, o legítimo Rei de Leão, derrota-o e torna-se Rei de Leão.
    Este Rei divide o seu Reino pelos seus filhos: Um filho fica com o Reino de Navarra, outro com o Reino de Leão e eleva o Condado de Castela a Reino e entrega-o a um outro seu filho.
    Isto foi no século XI, o século que precede Afonso Henriques.

    Bem, isto da titulatura régia na Península foi-se cristalizando em 4 Reinos:
    Portugal, descendente do Reino da Galiza, que se independentiza de Leão;
    Castela, a parte Leste do Reino de Leão, que se independentiza de Leão e depois se une a Leão;
    Navarra,
    e Aragão.

    Não quero escrever mais. Digo apenas que se tornou muito importante e prestigiante dar um título importante ao Príncipe Herdeiro de cada Reino.
    No Reino de Aragão passou a ser o Príncipe de Girona, tradicionalmente o primeiro Condado Catalão a se ter formado;
    No Reino de Navarra, Príncipe de Viana, uma cidade capital de uma região importante;
    Em Castela, Príncipe das Astúrias, em memória do pequeno e antigo Reino das Astúrias.
    E em Portugal foi ou Príncipe Real, ou Príncipe do Brasil, ou Príncipe da Beira.

    (2 e FIM)
    Cumprimentos,
    IRF

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    Respostas
    1. Creio que o título de duque apareceu tarde, e em Portugal só com os filhos de D. João I, antes disso praticamente só existiam condes ou senhores. Mesmo o epíteto "príncipe" o primeiro que o teve foi Afonso V. Essas coisas requeriam aprovação do papado, senão eram só intenções.
      Quando o papa perdeu o poder, aí começaram a ser distribuídos títulos "à vontade do freguês".

      Era complicado dar título de reino, não estando os limites bem certificados, e no Séc.XV como havia secretismo nos territórios descobertos, esses limites e descobertas não teriam sido passados para o papado, por inteiro, pelo que ficou a ambiguidade.

      No entanto, o ponto que levantei era apenas este. Quando D. Manuel envia a sua grande embaixada ao Papa em 1513, nada lhe impediria de reclamar o território brasileiro, até porque Carlos V e Isabel a católica, tinha usado o título de reis das índias, ou índias ocidentais.
      Não estava minimamente em questão o problema do Algarve, resolvido há 150 anos, mas estava em questão ter aquela parcela das "Índias Ocidentais", chamada Brasil.
      E se dividia o território contíguo, separando Portugal do Algarve, onde estavam os outros territórios não contíguos, como o Brasil, a Madeira, Açores, etc?
      Porque razão seria evidente que o nome Portugal tinha sido alargado a essas partes?

      Na minha opinião, ou estavam numa extensão do nome árabe Algarve, que como o IRF disse significava "a Ocidente", ou então no "senhorio da Guiné". Como o nome passou a ter Algarves no plural, poderia referir-se às novas partes ocidentais, mas parece-me que isso seria usado para Açores e Madeira.
      Creio que a Guiné incluiria tudo abaixo da linha do Tratado de Alcáçovas, assumida como sendo o paralelo do Cabo Bojador.

      Por exemplo, a Casa da Guiné foi substituída em 1499 pelo nome Casa da Guiné e da Índia, e em 1501 ficou apenas Casa da Índia, mas tratava de tudo. Tal como antes existiu uma Casa de Ceuta, depois Casa de Ceuta e Arguim, antes de passar a Casa da Guiné. Guiné passou a incluir tudo, como depois o nome Índia foi usado para tudo, inclusivé para a parte ocidental do Brasil e parte africana.

      Já agora, outra questão que é evitada... o que aconteceu ao famoso Forte de Arguim?
      Hoje Arguim é uma ilha de areia desabitada e sem vestígios de ruínas... nem sequer há estrada na Mauritânia para lá chegar. Mas havia uma "Casa de Arguim"...

      http://fortalezas.org/?ct=fortaleza&id_fortaleza=548&muda_idioma=PT

      Experimente ver o que há ali:
      https://www.google.com/maps/place/Arguin/

      O que faziam ali os portugueses e com quem comerciavam, com a areia do deserto?

      Cumprimentos.

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  10. Dux era uma espécie de líder militar Romano.
    Foi mantida e usada essa designação pelos Visigodos.
    Durante a Reconquista houve muitos senhores - geralmente príncipes ou infantes - que se proclamaram "Dux" quando governavam províncias que eram ou tinham sido "tradicionalmente" "Reinos": Astúrias, Galiza e Leão, principalmente. Mais tarde, Portugal e Castela. Tudo no Reino de Leão.

    Mas a maior parte dos governadores de uma dada região, como a Portucalense, eram na altura apelidados de Comes ou Condes, que ficou a designação por excelência para grandes nobres na Península, ou no Reino de Leão, com grande autoridade e alguma autonomia mas sempre submissos a poderes maiores, embora nem sempre esses poderes "maiores" tivessem poder para se impôr.

    Assim, o título Dux era usado como um pequeno "abuso", seria mais que um Conde, mas ainda não estava a pôr em causa a autoridade do Rei.

    Mais, tarde, por volta de 1400, volta o título Duque a entrar na moda em Portugal - e na Península - é a isso que se refere.
    Creio que mesmo esses títulos - por volta de 1400 - não estavam dependentes do Papa. Embora suponho que o Papa se pudesse insurgir contra eles.

    Na era a que me refiro, anterior a Afonso Henriques, os títulos eram assumidos por senhores que se auto denominavam como achassem melhor, embora a maioria das vezes tivessem de ter alguma legitimidade para usar os títulos, e muitas das vezes os títulos fossem outorgados por um Rei.

    Repito que a maior parte das vezes eram Príncipes ou Infantes, membros da família real filhos de um Rei, que ascendiam a esses títulos de Rei ou Duque e que muitas vezes lutavam entre si pelo controlo das "províncias" ou até mesmo do Reino.

    Depois, quando começou a haver alguma ordem, passou a haver o título de "Imperatore Toutis Hispaniae" ou Imperador de Todas as Hispânias, quando um Rei Cristão queria assumir a sua hegemonia sob os outros Reinos Cristãos da Península numa possível tentativa de queriar uma espécie de poder Imperial de uma Península Ibérica Unificada.

    Acho que o primo de D. Afonso Henriques, Afonso VII de Leão, de quem Afonso Henriques conseguiu tornar-se independente, ostentava esse título.
    O avô de Afonso Henriques, Afonso VI de Leão ostentou o tal título de certeza.

    (1)
    IRF

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    1. "Quando D. Manuel envia a sua grande embaixada ao Papa em 1513, nada lhe impediria de reclamar o território brasileiro (...)
      E se dividia o território contíguo, separando Portugal do Algarve, onde estavam os outros territórios não contíguos, como o Brasil, a Madeira, Açores, etc?
      Porque razão seria evidente que o nome Portugal tinha sido alargado a essas partes?"

      Portanto a minha resposta seria que em 1513 o Brasil por e simplesmente ainda não é importante o suficiente.
      O grande propósito da embaixada foi celebrar e mostrar a chegada à Índia.

      A minha resposta mais avançada é:

      que a Madeira, os Açores, Cabo Verde e a Terra Nova começaram por ser senhorios da Ordem de Cristo e nunca foram integrados como novos Estados da Coroa Portuguesa. Talvez também por estarem desabitados desde o princípio (excepção à minha especulação relativa à Terra Nova)... não haveria portanto um Estado a integrar nem a necessidade de mostrar que havia uma "adição", porque tudo o que havia seria uma mera "continuidade".

      Quanto ao Brasil, reforço a minha lógica:

      1498 - Portugueses chegam ao Brasil, possívelmente até antes;
      1500 - Des-coberta oficial do Brasil.
      1530 - Formam-se as capitanias hereditárias para a colonização do Brasil, tal qual como nas ilhas da Madeira e Açores, supõe-se estarem estas terras sob senhorio da Ordem de Cristo, embora essa ordem já fosse propriedade dos Reis de Portugal ou da Coroa Portuguesa.
      1549 - É criado o Estado do Brasil, equivalente ao Estado da Índia. O Brasil passa a ser governado por um Governador Geral e por vezes, por um Vice-Rei. O Brasil entra assim "indirectamente" na titulatura Régia Portuguesa, na medida em que
      a) É um Estado;
      b) O Rei aponta um oficial para governar;
      c) Que tem o título de Governador Geral ou por vezes até Vice Rei, como acrescento a figuras da alta nobreza.
      1580 - Portugal perde a soberania.
      1640 - Portugal re-ganha a soberania e o Brasil figura indiscutível e extraordináriamente na titulatura régia, tornando-se o príncipe herdeiro "Príncipe do Brasil", ao mesmo tempo que continua a haver um Vice-Rei do Brasil, apontado pelo monarca.
      1815 - O Brasil é elevado a Reino.

      É possível que a Guiné fosse tudo a Sul do Cabo Bojador.
      Boa dica, essa das "Casas das Índias".

      Arguim parece que era mais rica, em focas e isso... e é hoje parte de um Parque Natural particularmente rico em vida marinha e assim.
      O segredo é que pelo que já li tem um micro clima muito especial e não parece que se está no deserto.
      Li também que o forte de Arguim tinha um poço e água fresca.
      Parece-me o lugar ideal para ser uma "base" no meio de toda aquela imensidão. Especialmente se estivesse virtualmente desabitado, como está agora, e se fosse difícil de atacar: como é, não só pelo deserto e insularidade mas porque as águas de lá parecem ser "traiçoeiras" em grande parte porque há muitos bancos de areia e ilhas pequenas que aparecem e desaparecem com os ventos e as marés...

      Arguim:
      A vila dos locais no Leste, e o Castelo Português, ou o que restou dele, no centro-norte da imagem. Para quando vamos lá dar uma vista de olhos numa expedição, caríssimo?

      https://www.google.com/maps/@20.6111871,-16.4531714,811m/data=!3m1!1e3

      (2 e FIM)
      Cumprimentos,
      IRF

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    2. É realmente ~chato~ quanto acabamos de enviar o comentário, e o Google decide cuspir-nos da conta, e ignorar o que foi escrito.
      Sendo assim segue uma segunda versão.

      Quanto a Dux et Comes, estamos de acordo, aliás creio que D. Afonso Henriques beneficiou do primo se pretender imperador, achando que manteria o poder sobre um rei.

      Havia uma partilha de bandeiras com quinas (da coroa) e com a cruz de Cristo (templários), isso ocorreu até 1529-1551, quando a Ordem dos Templários foi integrada na coroa - primeiro porque D. Manuel que era o mestre, passou a ser rei, e depois porque não quis abdicar disso, ficando o título com o rei, regente, presidente, até aos dias de hoje, quando se dão medalhinhas no 10 de Junho.
      Os templários não devem ter achado piada a terem sido enclausurados por D. João III em 1529, especialmente depois da chegada da Inquisição em 1536.

      A Terra Nova passou a estar sob bandeira de quinas, ou sob coroa portuguesa. O que se via nos mapas anteriores, como em Reinel ou João de Lisboa, em que bandeiras das quinas alternavam com cruzes de Cristo, começou a ficar diferente, e num mapa de Lopo Homem (ou do Museu da Marinha) tem a coroa portuguesa na Terra Nova, dita Terra Nova Lusitaniae (restam duas bandeiras de Cristo na "Guiné"):
      https://en.wikipedia.org/wiki/File:1554_lopo_homen_mapa_mundi_03.jpg

      Por isso, continuo a não ver o nexo na ausência de nomeação dos territórios... por exemplo no caso da Terra Nova, foi mesmo um fim da memória.

      Quanto a Arguim, continuo também sem ver nexo de ligação com o interior de África naquelas paragens. Poderia ser uma fortaleza de apoio, com interesse em ser isolada, conforme referiu; mas isso significaria que ali se congregavam riquezas vindas de outras partes - ou seja, poderiam ser riquezas vindas de África, ou doutras partes, inclusive América.
      O que não encontro referência, nem espanto por não existirem, é das ruinas de Arguim.
      O Forte de Arguim podia ter sido destruído, abandonado, mas parece que se evaporou... e nem umas mínimas ruínas se vêem?

      Quanto ao convite para Arguim, agradeço do meu sofá, mas eu diria que ainda me intriga mais saber se as ilhas fantasma foram sempre fantasma.
      É que nalguns casos isso não é assim tão claro e permaneceram em roteiros até ao Séc. XIX.
      Eu diria que dava jeito a uma certa elite ficar com ilhas que se esqueceram de pôr nos mapas... e dou um exemplo:
      https://alvor-silves.blogspot.com/2016/01/dos-comentarios-17-s-s-jesmond.html

      O S.S.Jesmond (1882) deu com uma ilha não cartografada no meio do Atlântico, e a notícia espalhou-se.
      Não é daqueles casos em que se vê a ilha ao longe.
      Não, foram mesmo lá, trouxeram coisas que ficaram no British Museum...
      espadas de bronze, anéis, martelos, esculturas de cabeças de aves e animais, e dois vasos com fragmentos de ossos, e um crânio quase inteiro
      ... no Blitz de 1940 perdeu-se o registo e paradeiro das coisas.
      Enfim, parece uma coisa com demasiados detalhes para ser invenção, mas por outro lado, entre 1882 e 1940 teria havido muito tempo de investigar, se houvesse vontade.
      De qualquer forma, não é fácil ir a nenhum sítio no Oceano Atlântico sem ter uma rota aprovada... se tentar, creio que terá uma visita a meio.

      Cumprimentos.

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  11. Isso é realmente "chato", passo o eufemismo... eu escrevo em anónimo, mas por vezes quando demoro muito tempo, tudo desaparece.
    Ou quando cai a fichinha que liga a bateria do portátil à eletricidade e tudo morre...

    Enfim...
    Cumprimentos,
    IRF

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  12. "Os templários não devem ter achado piada a terem sido enclausurados por D. João III em 1529, especialmente depois da chegada da Inquisição em 1536."

    O quê?

    Boa indicação essa do mapa e o seu raciocínio Ordem de Cristo vs Coroa.
    Creio, contudo, e continuando a especulação, que a Terra Nova nunca deve ter sido tão importante a ponto de ser considerada como um "Estado" para que houvesse uma "adição" à Coroa, especialmente porque os Açores foram mais importante e também não configuraram... a Terra Nova deveria ser considerada como uma espécie de continuação dos Açores... não sei... mas nunca foi desenvolvida por nós ao ponto de um Brasil ou uma Índia (Goa) quiçá porque os nossos Reis também achavam difícil de a manter... tudo conjecturas e especulações... só não estranho que não tivesse figurado na titulatura.

    De resto, parece que estamos de acordo em tudo.

    Quanto ao navio Britânico e eventuais ilhas fantasmas, não me admiraria - com o que já vimos no seu blogue, antes disso admirar-me-ia com certeza - que tivessem havido ou houvessem no passado ilhas fantasmas que ora se formam ora desaparecem...
    Quanto a uma conspiração global para manter uma ou outra ilha fora do conhecimento geral, é possível mas muito improvável desde que há Satélites e programas como o Google Earth.

    Cumprimentos,
    IRF

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    1. Caro IRF,
      desde que houve imagens aéreas privadas, o problema iria colocar-se, porque quem descobria Machu Pichu, arriscaria a descobrir muitas outras coisas. Com os satélites seria muito simples, porque é tudo tratado digitalmente, e há apenas meia-dúzia de países que controlam a tecnologia... os que se sentam no Conselho de Segurança da ONU. Depois dos anos 1950-60, os aviões não saem sem plano de vôo aprovado.

      No Google está aquilo que é suposto estar, e o que não é suposto estar desaparece:
      https://odemaia.blogspot.com/2010/06/atlantis.html

      Isto é sempre feito de forma inteligente... a primeira versão pode ter erros mas é sempre mais livre que as seguintes (passa-se o mesmo com o sistema operativo dos computadores).

      Depois vêm os cromos todos contentes apontar erros e coisas estranhas... e nas versões seguintes isso é resolvido sendo eliminado, como se nunca tivesse existido.
      A próxima geração não saberá de nada, porque depois pode ocorrer um "massive shutdown" (espero que demore mais umas décadas, mas estão mortinhos para reduzir isso para anos).
      O que não estiver em papel... puffff, mas foi a bem das árvores e do planeta.

      Cumprimentos.

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    2. Bom link, obrigado.
      E acho engraçado, tendo lido os cometários, ocmo estes dez anos que passaram o levaram a amaciar a sua virulência quanto à "Grande Conspiração".

      Sei que continua a acreditar nela, mas já não tem a mesma violência nas palavras...

      Cumprimentos,
      IRF

      P.S. - Não sei o que aquilo é - perto da Madeira. Acho estranho mas tenho muitas duvidas que seja importante ou de construção humana. Ou humanóide...

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    3. A Google Atlantis está no mesmo postal que o SS Jesmond:

      https://alvor-silves.blogspot.com/2016/01/dos-comentarios-17-s-s-jesmond.html

      a imagem que ali pus não foi obtida pela Google, resulta de ter inquirido na altura se aquilo que se via no Google tinha correspondência com a batimetria.
      Foi-me enviado a figura que lá está e que é esta:

      https://tinyurl.com/y2cpsv77

      Não devia ter nada de especial, porque o que se passou a ver no Google Maps foi um novo desaparecimento da "Atlântida", conforme gozou o Daily Mail:

      https://tinyurl.com/y4o69mmp

      Se é humanoide ou não, não faço ideia... mas regresso sempre ao ponto fundamental:

      https://alvor-silves.blogspot.com/2015/08/dos-comentarios-15-tempo-de-tomar.html

      Não é preciso ir buscar nenhuns ET's para explicar isto, basta compreender a perversidade de certa natureza, mais ou menos humana, e admitir que a humanidade não acordou para a tecnologia só nos últimos 150 anos, quando decidiu passar das carroças para os foguetões. Esta capacidade esteve presente há muitos milénios, mas não foi dada como presente por via de um passado condicionador do futuro. O ligeiro detalhe que não estava escrito em nenhum ovo, é que os presentes do passado teriam essa conta passada escrita no futuro... e sobre isso, não haverá volta a dar-lhe, é pena.

      Note no detalhe literário de terminar com "é pena" acerca do "passado escrito no futuro", porque usa tripla ambiguidade da "pena", sendo válido para todas elas.
      Enfim toda a última frase foi escrita para quem quisesse ler, e poderia fazer melhor, mas nem sempre acho que valha a "pena", e cada vez menos...

      Com isto acho que respondi à questão da violência da pena.

      Abraço.

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  13. "Note no detalhe literário de terminar com "é pena" acerca do "passado escrito no futuro", porque usa tripla ambiguidade da "pena", sendo válido para todas elas. "

    Boa, não chegáva lá sozinho, boa execução...
    Mas se concordo consigo relativamente à potencialidade, ficamo-nos por aqui e não posso concordar com aquilo que está implícito: Que havia um grupo de pessoas que não deixava o Zé Manel passar da carroça para o foguetão.
    Mas lá está, não vale a pena... e ficou a violência respondida.

    Cumprimentos,
    IRF

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