segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Lemuria

Nos estudos sobre migrações, um elemento de controlo, e que deveria ser particularmente tido em conta, seriam os estudos sobre os animais que podem ter acompanhado essas migrações. Tais estudos não parecem ter colhido a mesma atenção que os estudos directos, pelo menos em alguns casos.

Lemuria
No entanto, quando se fala no continente "Mu" ou "Lemuria", isso relaciona-se com os Lemures:
Lemures (Madagascar), Loris Tardigradus (Ceilão), Lemure voador (Sunda, Filipinas)

O nome Lemúria parece ter sido sugerido para explicar uma ligação dos primatas através do Oceano Índico, que seria assim explicada pela existência dessa plataforma continental, algo que veio a ser abandonado ao considerar-se a deriva das placas tectónicas.
No entanto, como esta versão encaixava ainda com um mito dos Tamil, de um reino afundado, criou uma ideia de "atlântida" no Índico... que se estendeu depois ao Pacífico.

Algumas notas:
  • (i) Lemurias - é ainda nome de festividades romanas, de 9 a 13 de Maio. Celebravam o espíritos "lemures" que atormentavam os vivos por terem sido vítimas de morte violenta. Foi o nome destes espíritos que Lineu usou para os primatas, seguindo talvez a sugestão de Paracelso.
  • (ii) Tardigradus - é o nome de um Loris, parente próximo dos Lemures, e que basicamente designa os seus passos vagarosos, foi ainda designação aplicada aos Tardigrades - os ursinhos espaciais (cf. Portugalliae). O Loris Tardigradus é encontrado no Ceilão, e no sul da Índia, entre os Tamil.
  • (iii) Acerca de Kumari Kandam, o míto Tamil refere esse continente afundado, e liga-o à personagem mítica: Maya Danava (Mayasura, Mamuni Mayan). Esse "asura" Maya é ligado à construção de construções notáveis - inclusive de cidades voadoras: Tripura. Este registo é usado na ligação mítica a fenómenos ETs.
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Os lemures (propriamente ditos) são uma excepção de Madagáscar, onde não há macacos, ou outros primatas. Os primatas têm essa particularidade de não serem nadadores, e como tal uma continuidade migratória deveria ter sido feita naturalmente por terra. Por outro lado, no lado americano apenas se encontram pequenos macacos, que diferem dos outros pelo facto de usarem uma cauda preensil.
Vejamos a distribuição dos primatas (não humanos):

Tornam-se razoavelmente evidentes algumas coisas normalmente menos consideradas.
  • (i) Os primatas gostam de calor. O número de primatas fora das zonas tropicais é quase reduzido ao Japão.
  • (ii) À excepção dos humanos, os primatas têm pêlo e não são nadadores.
  • (iii) Não há primatas na Austrália e na Papua - Nova Guiné.
Começamos por rever um mapa com a situação perante uma diminuição considerável do nível do mar, dentro dos limites habitualmente considerados para a Idade do Gelo (circa 200m):
Aumento continental (a azul claro) por descida do nível do mar (época glaciar).

Ou seja, a população de primatas que avançou para a zona das ilhas da Indonésia pode ser justificada pela mancha terrestre (azul clara) que praticamente levou a uma extensão contínua do sudeste asiático até à Austrália. A grande profundidade marítima na Fossa de Timor poderia justificar uma separação efectiva face à Nova Guiné e Austrália, mesmo em época de glaciação.
Nesse caso de separação marítima, a única possibilidade para a deslocação humana na direcção australiana seria por algum método de navegação primitiva. A restante possibilidade seria uma caça intensiva dos aborígenes, e específica dessas regiões (Austrália, Nova Guiné), que teria levado à extinção de quaisquer outros macacos ou hominídeos. 

Nota-se ainda neste mapa a ligação do Ceilão à Índia, com um eventual prolongamento terrestre na direcção do Índico (Dorsal de Chagos-Laquedivas), o que pode corresponder a esse mito antigo do "Kumari Kundam" (ver também o Planalto das Ilhas Mascarenhas, Reunião e Seychelles).
Parece-nos ainda natural considerar que Mu (para além da extensão de Kumari Kundam) poderia corresponder a todo o planalto afundado que vai de Java ao Japão. Esse certamente estaria emerso durante a Idade do Gelo.

Por oposição podemos ver o mapa que obtemos quando fazemos o oposto, ou seja subindo o nível do mar, por situação simétrica (a azul claro as partes que seriam submergidas). Há grandes extensões que têm uma altitude reduzida, e o efeito mais dramático seria na Europa-Rússia.
Submersão de zonas de baixa altitude (a azul claro) por aumento do nível do mar.

Numa situação deste género mantinha-se a grande cadeia montanhosa que é praticamente contínua entre Portugal e o Vietname ou pela China até o nordeste siberiano (as descontinuidades são nos Pirinéus e o Dardanelos; nesta situação Pequim passaria a cidade costeira...). 
Manter-se-iam muitas ilhas montanhosas da Indonésia à Nova-Guiné, mas haveria novas ilhas - em particular, a Austrália dividir-se-ia, a Índia e a Coreia passariam a ser, tal como o Japão, ilhas. Da grande extensão russa, não oriental, restaria a linha dos Urais.

É habitual folclore dizer-se que tais transformações demoram milhares de anos, etc... No entanto, nem sempre é assim. O Aral era um dos maiores lagos do mundo, aliás era chamado Mar Aral, e só era ultrapassado em dimensão pelo Mar Cáspio, e pelos lagos Superior e Victoria.
No espaço de 20 anos ficou reduzido a uma dimensão insignificante.
O que aconteceu ao Mar Aral?
Desaparecimento do Mar Aral em 20 anos (entre 1989 e 2009)

Pode falar-se do desvio dos rios, mas as causas do desaparecimento do Aral são essencialmente naturais... e o Cáspio também sofreu uma redução significativa.
Já aqui falámos de como o Mar Cáspio se deve ter ligado ao Oceano Ártico, e no Aral restaria uma outra parte desse enorme Mar que dividia a Europa da Ásia. 
A situação começou a ficar pantanosa já no tempo dos romanos, permitindo fácil migração dos mongóis, Hunos, até às paragens europeias. Ainda hoje toda aquela região tem inúmeros lagos, devido a essa baixa profundidade.
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Tentou-se sempre tomar como fabulosas as referências dos geógrafos antigos que davam o Cáspio como um verdadeiro mar ligado ao Oceano Ártico. Esta situação recente mostra como se podem processar grandes alterações num curto espaço de tempo. Dentro de poucas décadas o próprio mar Aral poderá ser visto como um registo fabuloso, só conhecido por estudiosos e pela memória das populações locais. 

Nova Guiné - Múmias, Mãos, Antas 
Voltamos a insistir na questão singular da Papua - Nova Guiné, neste caso para notar que a tribo dos Anga tem uma tradição de mumificar antepassados:
«Mummies are not only found in Egypt. 
In Papua New Guinea, mummies show respect to their ancestors 
and are treated as if they’re still alive.» (http://blogs.ksbe.edu/lenelson/ )

De facto, a tradição de mumificar corpos não é apenas egípcia, conhecem-se outros casos, mas é especialmente notável esta tradição na Papua-Nova Guiné, que parece ser contínua desde os tempos mais remotos. O método é aqui "fumegante" e pode ter origem nalguma observação canibalesca...
É significativa esta atribuição religiosa de presença dos mortos, fortalecida certamente por algumas "inspirações" dos xamãs locais.
Portanto, para além de ter sido um ponto de origem da agricultura, também a Nova Guiné surpreende nesta remota tradição de mumificação... Isto liga ainda com a migração vista nos haplogrupos, que parece ter como ponto de origem as paragens da Oceania... e provavelmente as circunstâncias de variação do nível do mar, a variação entre a ligação continental (Mu) e a formação de ilhas, causando uma diversificação e competição acentuada. 

Temos ainda outras tradições que se mantêm - cavernas com mãos pintadas... num tom mais colorido do que o habitual:
Awim Cave Art (A. Toensing, National Geographic)

E o que é interessante, devido à tradição se manter naquelas paragens, compreender como isto resultava de um sangrento ritual de iniciação juvenil, neste caso da tribo Karawari.
Aparentemente há várias outras cavernas com inscrições variadas, para além de mãos... mas a informação parece ser mais escassa (actuam para isso outro tipo de mãos).

Ainda na Nova-Guiné, numa ilha chamada Unuapa, encontrámos um excelente artigo:
Reflections from Uneapa Island, Papua New Guinea", Public Archaeology 11(1), 2012.

onde, entre muitas interessantes considerações, parece ficar evidente que os dólmens tiveram um interesse prático algo surpreendente:
 

É claro que chegados à Europa, os dólmens cresceram, talvez crescendo a importância dos chefes locais, que requeriam um lugar mais alto à "mesa"... (Abraracourcix montado no seu escudo é uma boa caricatura dessa "necessidade de elevação").
Há ainda outras referências mais complicadas... de monumentos megalíticos na Nova Guiné, mas faltam imagens (por exemplo, no caso de Bunmuyuw ou Muyuw - Ilha de Woodlark - ver reconstrução simulada).

Deixamos um link para uma lista muito interessante de monumentos na Oceania - Melanesia:

Porque afinal, não há apenas a Ilha da Páscoa no Pacífico, e se ela tem concentrado todas as atenções, é apenas uma parte de um fenómeno muito maior, que se estendia pelo oceano.
Já tínhamos falado do Taiti e da Pirâmide de Mahaiatea... juntamos apenas mais alguns exemplos de outras construções, espalhadas pelas ilhas do Pacífico:
Ilha de Tonga - Anta denominada Ha amonga a Maui

 
Ilhas Marquesas (tiki)[à esquerda] ....  Micronésia (Palau) - "Pedra Dinheiro" [à direita]

Há um misto entre a diversidade de construções, a sua discutível datação, e algumas analogias directas que se estabelecem com outras construções universais.

Parece-nos mais natural entender que as alterações geológicas, nomeadamente devido ao isolamento em ilhas, provocaram conflitos com rápida evolução daquelas populações... esse terá sido o contributo de um eventual afundamento de terras correspondentes a Mu ou a uma Lemuria perdida. As comunidades sobreviventes herdaram "lamúrias" passadas a violentos rituais sociais.

A parte de herança comum parece denotar que se restabeleceu uma cultura primitiva, baseada na zona da Nova-Guiné que veio a influenciar de forma definitiva todo o mundo... seriam evidências disso a mumificação, a pintura em cavernas, ou até os dólmens - que afinal podem ter servido mais de tronos do que de monumentos funerários. 
A passagem do K para M, S é feita nessas paragens, e é dessa mesma linha que surgem os N (siberianos), os O (chineses), os Q (indios-americanos) e os R (indo-europeus).
O poderoso controlo xamã teria mantido uma sociedade estagnada nas ilhas de origem, principalmente na Papua-Nova Guiné. Nos outros locais para onde migraram essa estagnação foi desaparecendo progressivamente, até ter resultado na civilização ocidental... que de alguma forma parece ser herdeira, para o mal e o para o bem, dessa primitiva forma de ser que foi reencontrada naquela ilha "parada no tempo".
24 a 27 Fevereiro 2014

sábado, 8 de fevereiro de 2014

dos Comentários (3) - Especiarias e Drogarias

Luciano Cordeiro
Começo pela referência ao livro de Luciano Cordeiro, referido no comentário de José Manuel

De la part prise par les Portugais dans la découverte de l'Amérique 
 lettre au Congrès internacional des américanistes 
(première session -Nancy -1875) (1876) 

Li um pouco em diagonal, e parecem-me especialmente relevantes as notas de rodapé, que têm as citações dos textos originais, a maioria dos quais foram já aqui abordados. 
O texto segue a linha que iria ser mais clara com Faustino da Fonseca e Garcia Redondo, ou ainda com os trabalhos do Visconde de Santarém, e de muitos outros, ao longo do Séc. XIX. Curiosamente, é quando entra a República que os historiadores portugueses e brasileiros deixaram de se incomodar com a progressiva subalternização das descobertas nacionais, parecendo aliás tomar claro partido pela sua secundarização.

Bom, mas parece algo frustrante ler a compilação de provas de Luciano Cordeiro e a extensa argumentação. O problema pode resumir-se ao seguinte:

Quando não se tem o poder efectivo, seja financeiro ou militar, então é inútil argumentar num "Kangaroo Court", arriscando por outro lado a ser alvo de um processo kafkiano.
O termo inglês "Tribunal Canguru", para um julgamento viciado, só o passei a conhecer devido à ilustração do canguru... mas parece apropriado. Mesmo que fossem encontradas as ossadas de um canguru numa cripta anterior a 1600, o poder efectivo trataria de ter o assunto ignorado, ou decidido num tribunal marsupial, em que a Bolsa serve o resultado.
Bom, mas uma coisa é não poder tocar a vera canção, outra coisa é alinhar no coro de falsetes.

A "tribo uno" é mote de tribuno no tribunal. O bréu confunde o réu.
Essa subida a palco serve a união da tribo no circo romano, quando se mostra o poder efectivo do clube das cláusulas leoninas ao réu isolado. Quando a razão está ausente há só circo, com mais ou menos palhaçada, sangue, e drama emocional... um teatro trágico-cómico, normalmente de péssimo gosto.

Especiarias e Drogarias
O texto sobre a Batochina invocava um comentário de José Manuel sobre Gunnar Thompson, onde se mencionava o comércio de drogas:
(...) os mapas que se conheciam eram segredos de comércios, malagueta, milho, peru, drogas, metais, etc. eram trazidas para as cortes europeias, e egípcias, isto está documentado, só não vê quem não quer.
a que acresciam referências de vestígios nas múmias egípcias e de Tarim.
Num comentário seguinte, Maria da Fonte, salientou de novo a importância de Hatchepsut,
(...) Pelo mesmo motivo, porque vivemos uma mentira de milénios, foi ocultada a existência da América. Gunnar Thompson, refere as viagens egípcias para a América, desde o tempo da Rainha Iseptara Hatshepsut, e a confirmação deste facto, está amplamente documentada nos Murais de Deir El Bahari. Só que Hatshepsut, a Rainha Faraó de origem Hitita, é apagada de registos e monumentos, e só há pouco tempo, começa a ser redescoberta.(...)
Ora, Hatchepsut tinha um comércio exótico registado, com a Terra de Punt, que poderia ser Xambalá ou Xangri-lá, terras míticas referidas nesse comentário.

Não querendo repetir a extensa conversa, que se encontra nos comentários seguintes, estas informações levaram à consideração de que a menção especiarias seria suficientemente geral para englobar como primeiro motivo as drogas. Não apenas drogas medicinais, mas psicotrópicos.
Como diria depois a Maria da Fonte: 
»» Sobre as Especiarias...é óbvio! Não se trafica Canela!!!

Sendo óbvio ou não, talvez sejamos suficientemente drogados educacionalmente para achar que sim, que um primeiro objectivo das viagens se prenderia com canela, pimenta, cravo, noz-moscada, malagueta, e outros condimentos alimentares designados como "especiarias".
No entanto, por muito caros que seja o caviar, as trufas, e outras iguarias, de entre os produtos naturais, é bem sabido que o mercado mais rentável sai dos alucinogénios cujo preço a peso chega a superar o do ouro. Não há razão para que não fossem procurados noutras épocas.

Um ponto, conforme referiu o José Manuel é o declínio que isso trouxe às sociedades:
Desde sempre acreditei que muitas civilizações desapareceram principalmente por causa do consumo das drogas, os Vikings adicionavam um cogumelo alucinogénico na produção da sua cerveja, potes com canábis foi encontrado no cemitério lacustre da bacia do Tarim, o das múmias dos celtas do ocidente, não digo que foram lá para o comprar mas que desde sempre a humanidade não pode viver sem elas, que o digam igualmente as múmias do faraós do Egipto.
Múmias da Bacia do Tarim - um dos YouTube mostra o xamane da Índia com o canábis (3/3).
Para além das vantagens comerciais, na Rota da Seda, por Cabul, conforme refere a Maria da Fonte:
A questão do narcotráfico, surgiu exactamente quando me dei conta da insignificância que toda aquela região tinha quer em termos de recursos, já que Petróleo ainda não era comercializado, quer em termos geopolíticos. 
E no entanto Kabul, surgia demasiadas vezes.... 
Tantos Reinos em tão pouca Terra... Tantos Reis, Governadores. Cônsules, Satraps.
A maioria Yuezhi, descendentes do Clan da Lua, de cujo Cemitério no Deserto do Taklamakan, o José Manuel de Oliveira já há muito falara.
Foi quando dei por mim a pensar na Rota da Seda....E do ódio mortal que o seu desvio para a Rota Marítima tinha provocado.
E nos anúncios do século XIX, em que tudo era feito à base de Cocaína.
E no comércio absolutamente chocante, de Pó de Múmia.
Xamãs, Druidas e Sacerdotes
As alucinações xamãs parecem estar na origem do problema remoto.
Aqui a designação xamã evolui depois sob diversas formas. Um exemplo instrutivo, noutro sentido educacional, está na personagem do druida Panoramix:
Panoramix... e incenso herbal (de canabis - ver artigo Mirror)

A procura constante de novas ervas, com vista a "poções mágicas", foi bem ilustrada no personagem que ilustrava uma pesquisa dos druídas celtas. 
Também poderemos encontrar outras referências em diversos ritos sacerdotais, sendo que o próprio incenso vulgar tem propriedades calmantes ou relaxantes. Quanto à mirra teria mais propriedades anti-sépticas, do foro medicinal.
Assim, o conjunto "mirra, incenso e ouro" engloba uma saúde física, espiritual e financeira.

Porém, não convém apenas pensar nesta questão dopante como um vício de alienação própria.
O "alien" no alienar era visto como um passeio por outras paragens. Quais paragens?
Aqui é que entra a mistura entre realidade e alienação.
Uma droga poderosa poderia permitir sentir uma alienação como igualmente real, deixando memórias menos difusas que as dos sonhos.

Convém ainda não esquecer que estas investigações com drogas chegaram a ter objectivos mais "sinistros", como seja o caso da LSD e o projecto MK-ULTRA, em que o objectivo da CIA era:
the research and development of chemical, biological, and radiological materials 
capable of employment in clandestine operations to control human behavior.

Aprovação do MK-Ultra com LSD.

Portanto, quando falamos de drogas, não se trata apenas de permitir o descansado ingresso temporário num sonho alternativo, há outras que implantariam cognições controláveis. Como se vê, os objectivos das drogas eram diversos, e até enquanto estimulantes poderiam servir a inspiração!

Inspiração. Plantas e Implantas. Voynich.
Ora, inspiração é para um fumador uma palavra adequada. Um cigarro pode ajudar no trabalho, mas a planta inspirada que motivou essa designação foi anterior ao tabaco, e deveria ser mais drástica no resultado. 
A inspiração de um alucino-génio poderia abrir visões alternativas, algumas de génio... e coincidência ou não, é quando o comércio desses produtos começa a abundar na Europa que se redesperta o génio criativo. Os diversos produtos existiam separadamente em cada paragem remota, mas o comércio concentrava na Europa uma variedade imensa de novos produtos.
É claro que se pode remeter a inspiração para a nova visão do mundo, nessa amálgama de culturas e novas informações que chegava à Europa, mas isso não é indissociável de novos hábitos alimentares, desde as infusões, chás, café, cacau, a novas modas, o tabaco, o rapé, etc...
E o hábito de inalar rapé, não se perdeu propriamente, se lembrarmos que há outros produtos inalados, e que servem de "inspiração", bem conhecida pelo menos em meios artísticos e financeiros.

Assim, numa sociedade competitiva a fonte de inspiração para ideias, para visões, que trouxessem vantagens sobre os competidores, poderia passar justamente por este tipo de "aditivos". 
Não só... já referimos que a própria deformação craniana levaria a alucinações, visando um contacto com o "mundo dos espíritos".

Alucinar e alienar são palavras na raiz. 
Numa vemos o "luce", da latina luz, mas também se remete à grega "alyein" (ou "aluein") de um errar, por outro caminho, ao "ali", "alien" do alienar. Tudo isto tem o lado casual, que não iria extrapolar ao "ali" em "alimento", ou a um "ali baba", ou a génios de lâmpadas doutras luzes.
Mas, sim, forcei aparecer "na raiz" para lembrar o "nariz".

O olfacto tem o facto de ir buscar memórias antigas num cheiro particular. Isso nota-se cada vez menos numa sociedade quase inodora, mas não deixo de lembrar os comentários que José Manuel fez acerca da importância das plantas (e das borboletas), referindo-se em particular ao Manuscrito Voynich. 
Pois bem, talvez o Manuscrito Voynich seja um livro de drogaria... convenientemente codificado para que não estivesse acessível essa ligação com mundos para os quais as plantas nos seduziriam. A procura de chás, compostos, por iniciativa individual era vista como alquimia ou bruxaria, sendo fortemente reprimida enquanto iniciativa privada.

Ora, é bem sabido que as plantas usaram imensos estratagemas, mesmo com animais, para estabelecerem uma reprodução a seu favor. E esta aspiração começa logo na alimentação.
As plantas mais apreciadas pela espécie dominante - o homem, seriam as mais cultivadas e preservadas.
O trigo, por exemplo, tornou-se numa espécie de sucesso, graças ao pão.
Que hipóteses teriam pequenas espécies em sítios remotos de colher a atenção humana?
Curiosamente, foi pelas suas diversas propriedades medicinais, mas também pelos efeitos alucinogénios. Foi assim que mereceram atenção, passando a ser cultivadas com sucesso em diversos sítios.

Não se trata de nenhuma conspiração de "implantes por plantas", mas esse efeito de convocar para outras percepções existe e não deve ser negligenciado.
Se o efeito existe não é apenas porque as plantas têm a chave para essa visão alternativa, é também porque há uma predisposição na química das ligações cerebrais que o permite. 

Assim, o que o homem foi descobrindo nessa relação primitiva com as plantas, é que podia ser vítima de doenças, mas poderiam haver plantas que detivessem a cura. Como é difícil conceber que as plantas congeminassem doenças para serem depois procuradas como cura, o problema é obviamente mais global. 
É todo o sistema que parece interagir entre si, colocando problemas e soluções, levando o Homem a fazer a ligação, a desenvolver relações entre problemas e soluções, com mais ou menos inspiração. 
Assim, nesse processo, parece uma abelha, que estando interessada no pólen para o mel, ajuda na melodia geral à fertilização das plantas.
Ao ser convocado para melodias de sereias doutras realidades, e até eventuais visões de futuro, mais do que esse mel de interesse próprio circunstancial, interessaria ao universo fertilizar ideias de interesse perene, na raiz!

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

Cosquer - caverna rupestre submersa

Apesar de ser claro que o nível de água teria que aumentar após a "Idade do Gelo", e que assim há diversos registos humanos que estão obviamente submersos, persiste a ideia de evitar considerar o assunto.
Basta ver o esforço em desacreditar que Yonaguni não seria construção humana:
Degraus submersos em Yonaguni (Japão) 
Degraus em Sachsayhuaman (Peru)
Comparação e mais imagens em: 

A Caverna Cosquer, perto de Marselha, foi "encontrada" em 1985 por Henri Cosquer, mas só foi "achada" em 1991, quando morreram 3 exploradores (informação da wikipedia). Durante 6 anos esteve encoberta, para além de ter estado realmente submersa durante vários milhares de anos.
Apesar de fazer já parte do património francês, dificilmente se pode considerar que a Caverna Cosquer tenha a atenção que deveria merecer, dado o carácter único do achado... longe disso! Já tinha visto muito sobre cavernas pré-históricas e nunca vi nenhuma referência especial a esta. Eu diria que apesar de achada, ainda não foi descoberta... usando os termos "achar" e "descobrir", segundo as conveniências políticas passadas, e por sinal presentes.
Ou seja, para descobrir, é preciso ter o acordo dos cobridores...
- Qual penso que seja o maior problema?
- Simples. Depois de tantos anos a desacreditar o misticismo, incluindo a história do dilúvio, ter de aceitar que houve uma inundação da área habitável é visto como uma possível credibilização bíblica, ao nível da população.

Entrada submersa a 37 metros
A entrada submersa da Caverna Cosquer está a mais de 30 metros, e como não se aceita que os nossos antepassados tivessem guelras, fatos de mergulho, ou capacidade de teletransporte, parece ter sido finalmente aceite que as pinturas foram feitas numa época em que o nível do mar estava dezenas de metros abaixo do actual - e a custo, fala-se em centenas, mas a barreira instituída, por agora, são os 150 metros... já que polvilham evidências por todo o lado até essa profundidade.

a entrada submersa leva uma gruta que está acima do nível de água... 

Ora, o que se encontra na Gruta de Cosquer?
Não parece ser muito diferente dos outros locais... registos de mãos pintadas, já datadas com 27 mil anos, e outras pinturas de animais, mais recentes, datadas com 19 mil anos.

O ministério da cultura francês tem uma página bastante boa:
e não se poderá criticar a ausência de reconhecimento governamental, neste caso.
Também há fundações privadas que têm um registo igualmente bom:

... mas o problema é que até fazer parte da "agenda de conversa" nos quiosques habituais da internet, nos livros dos divulgadores dedicados a estes e outros assuntos, a informação é residual. Na maioria das vezes somos apenas caixas de ressonância, repetindo num lado o que foi visto no outro, e é quase sempre a mesma informação seleccionada.
Como já disse, e creio ser natural, estes exemplos só servem para mostrar que deveria haver imensas cavernas com arte rupestre. Os nossos antepassados eram dados à espeleologia, e se não encontramos mais registos, muito provavelmente estão encontrados, mas por "descobrir", ou foram "lavados pelo tempo".

Deixamos algumas figuras, das várias que podem ser encontradas nos referidos sítios:



Merecem só uns pequenos comentários. Por um lado vemos que o local estaria próximo de caça de veados, cavalos, bisontes, o que nos parece que coloca a caverna não tão próximo do mar quanto isso... e por outro lado, a última imagem sugere realmente algum animal aquático.
A legenda da figura diz "três pinguins"... talvez pudessem ser pinguins, alcas, focas, ou lobos marinhos... mas com o mesmo grau de arbitrariedade também podemos pensar em coisas mais antigas, lembrando que o primeiro fóssil de réptil marinho foi encontrado numa caverna, em Maastricht, e foi o então famoso Mosossauro:

sábado, 1 de fevereiro de 2014

dos Comentários (2) - Análise e Síntese

_____________ Comentário de Amélia Saavedra (29 Janeiro 2014)

Encontrar um fio condutor na história da humanidade é obra… não é tarefa fácil, pois temos que incluir uma infinidade de variáveis. É muita informação para analisar… e absorver.
Desde as variáveis físicas/naturais…a começar pelo próprio corpo humano (o que temos de único – o cérebro; as nossas limitações físicas – que nos impeliram a desenvolver instrumentos/tecnologia), passando pela geografia (morfologia, hidrografia, clima, etc.) até às variáveis históricas, sociais e económicas… É uma infinidade de informação… e como se isso não fosse suficiente, ainda temos que considerar o que está lá “fora”… do nosso planeta… É mesmo muita informação!

A nossa origem ainda é uma incógnita, mesmo para a ciência (apesar das inúmeras descobertas feitas, nomeadamente na genética, a questão é que ainda não temos uma resposta única).
Depois há que ter em conta a capacidade extraordinária do ser humano em adaptar-se ao meio envolvente. Logo aqui conseguimos perceber as diferenças que (ainda) existem entre os vários povos no mundo. Vejam os vários exemplos de sociedades que resultam das especificidades locais, como por exemplo: desertos, tundras, estepes, savanas, montanhas, ilhas, etc. A presença de rios e o acesso ao mar também têm um grande impacto – são as chamadas localizações estratégicas ou privilegiadas que fazem com que certas cidades e países tenham uma maior importância face a outros locais. Não esquecer, além da água e dos alimentos (plantas e animais), outros recursos naturais, como os minerais (ferro, cobre, ouro, prata, crude, etc). Não há sociedade que não necessite de consumir energia. Tal como o ser humano precisa de energia (comida e água) para viver, também as civilizações não conseguem sobreviver sem fontes energéticas. E foram diversas as fontes de energia que fizeram florescer e aniquilar impérios ao longo da história (dependendo do tipo de recursos surgiram tipos diferentes de rotas comerciais – por terra e por mar). 

Temos então os registos históricos (que já percebemos serem facilmente moldados conforme as conveniências politicas, económicas e até mesmo religiosas) que vão desde os registos fósseis, passando pelos arqueológicos, culturais, etc.
São muitos eteceteras…. ;)
Juntar estas peças todas de forma ordenada e cronológica não é tarefa fácil. Além de que todas elas marcaram e marcam a nossa forma de pensar e de estar no mundo. Estamos condicionados, mais do que possamos pensar (ou até aceitar) … A somar a isto, temos a variável mais critica – a variável humana (o factor humano que é de natureza por vezes imprevisível).
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As questões abordadas neste comentário são muito pertinentes, questionando a possibilidade de enquadramento global pela inerente complexidade global. Como esse é o propósito primeiro deste blog - o enquadramento global, importaria questionar a possibilidade disso, desde logo.

Poderia ser algo demagógico e referir que a imensidão do mar não foi impedimento de construir um batel para nos aventurarmos nele, e tem sido um pouco essa a nossa postura face a grandes desconhecidos - ter consciência do desafio, mas não temer naufragar na primeira vaga, ainda que se possa meter alguma água.
Porém, parece-me mais adequada outra imagem. Podemos perder tempo a analisar cada um dos detalhes com que nos deparamos, mas qual é o referencial global para isso?
Ou seja, caminhamos pelo simples acidente casual da inspiração que nos faz inventar ou descobrir coisas, ou há uma lógica nessa pesquisa, que não é o simples acaso de uma invenção suceder a outra, uma descoberta suceder a outra?
Foi por aí que decidi ir há quatro anos atrás, pelo questionar se haveria uma lógica global. Por um lado a lógica global na maquinação humana - associada à "teoria da conspiração". E é engraçado o teor pejorativo que o termo ganhou, porque todo o historiador tem que reconhecer as múltiplas conspirações que sempre existiram na História, mas por outro lado é quase proibido pensar que hoje existe, ou que foi prolongada por quase todo o tempo histórico.
Ou seja, quem fala em pequenas conspirações é historiador, quem fala em grandes conspirações é maluco... Ora, sendo inquestionável a presença de conspirações ao longo da História, só há uns interessados óbvios em que não se fale em conspiração - são os conspiradores!

Isso é pelo lado humano, mas o que mais me surpreendeu foi começar a ver uma lógica que transcendia a própria componente humana conspirativa. Ou seja, se os humanos trabalhavam ardilosamente, quais abelhinhas, numa conspiração que servia interesses dalguns, desenhava-se uma outra "conspiração", muitíssimo mais poderosa, que usara múltiplos mecanismos evolutivos, dos quais os humanos eram apenas o resultado mais recente. Poderia falar-se em "conspiração divina"? Talvez, ou ET, conforme os gostos, mas ainda que isso fosse uma parte explicativa, não era suficiente... antes da galinha há sempre o ovo, e antes de qualquer Fénix há sempre a sua geração. Antes da inteligência houve o não-inteligente. Por muitas semelhanças que se vejam, há sempre diferenças, porque o processo informativo é uma espiral sem fim. Não devemos afundar na simplificação do remoinho de Caribdis, nem permanecer imóveis dirigindo-nos contra a rocha de Scila... há um compromisso entre o querer tudo conhecer e o recusar conhecer.
Assim, o próprio processo do acordar da consciência é inerentemente conspirativo, e replica a sua estrutura, fecundando incessantemente novos filhos, sempre semelhantes, sempre diferentes. E isso é natural, é matemático, é lógico, é inevitável. O Universo é uma mulher caprichosa, e o Homem (com letra maiúscula) saiu duma sua costela. Porquê? Porque esta bela rainha precisava de um espelho, que não fosse apenas uma réplica de si mesma. As réplicas seriam iguais, mas havendo diferença teriam que ser criados olhos que o vissem. Haverá alguém mais bela que eu? Oh, minha rainha, se não vemos maior perfeição é pelos pobres olhos que nos deste... resposta errada! Como poderia alguém perfeito fazer tal imperfeição? Por isso, e como não queremos apanhar com a ira de tal potência caprichosa, devemos lembrar Vénus que tem no passado o perfil fecundo da mãe neolítica, como presente a graciosidade da amante grega, mas será também uma filha com futuro. Por isso há um entrelaçar de papéis, numa história complementar entre ovo e galinha, entre masculino e feminino.

É claro que as ideias seriam todas equivalentes, mesmo as mais absurdas, quando não se tem um referencial de raciocínio... e isso pagou-se caro, com a vida. Raciocínios desajustados à realidade eram colocados "fora de jogo" rapidamente, pela pragmática sobrevivência. A partir desse momento, as ideias não passaram a ser todas equivalentes. Umas ajustam-se mais que outras à lógica que presenciamos. Não creio que a nossa origem seja nenhuma incógnita. Mas haverá sempre quem persista em manter dúvida sobre tudo... quem persista em ideias absurdas, e até isso se pode compreender como necessário, faz parte das contradições e dúvidas que esse grande feminino exige à certeza da boa escolha no pequeno masculino. No fundo, a cognição presente evidencia a imperfeição passada, e a ideia da perfeição futura permanecerá como canção do bandido... até que seja unânime, não o podendo ser. Complicado, mas natural.

Portanto, há um avanço pelo detalhe, pela análise, em que a ciência faz o seu papel, mas é bom não descurar o avanço pelo geral, pela síntese, mais próprio da filosofia. As duas coisas em simultâneo não será possível, aí seria a tal pretensão do conhecimento universal, esmagador, fora de alcance.
Mas há essas duas componentes, a multiplicidade da divisão na análise, no detalhe, que vejo como lado feminino, e uma visão mais unitária, sintética, determinada, pelo lado masculino, com vista a uma conciliação. É claro que uma é sempre alvo de crítica da outra. Uma não se ajustará logo à outra.
Mas alguém quereria que a história terminasse? Onde ficaria o futuro?

Lá está, acabei por parar a série "Estória Alternativa", porque cedi ao lado do detalhe, e em vez de prosseguir no âmbito geral, comecei a tentar colar todos os detalhes... algo manifestamente desajustado nesta fase.


dos Comentários (1) - Lua recente?

Inicio aqui uma sequência de posts com base nos comentários recebidos.
Não se trata de repetir necessariamente o que foi dito, mas mais procurar juntar a informação e dar-lhe um corpo comum, com alguma consistência, quando isso me parece possível e relevante para a matéria que aqui se discute. Não me vou comprometer com nenhuma periodicidade, nem ordem especial, nem com muito escrutínio objectivo... aparece o que aparecer, quando aparecer.

Começo com uma contribuição de Paulo Cruz, que tem introduzido múltiplos comentários, a maioria dos quais dificilmente relacionáveis com o blog, mas que avançou aqui com uma teoria de uma Lua recente, muito interessante, sendo fundada em registos antigos. Sendo claro que a hipótese se presta a actuais interpretações extra-terrestres, preferi ver o assunto como uma eventual possibilidade astronómica acidental. De que forma?
Coloco uma figura ilustrativa para melhor compreensão.
O sistema solar, especialmente entre Marte e Júpiter tem uma enorme cintura de milhões de asteróides, a maioria dos quais 4 vezes mais pequenos do que a da Lua (são conhecidos 200 com mais de 100 Km de diâmetro, e apenas dezenas de milhar estão identificados).
Ora uma tal quantidade de corpos celestes tem alguma instabilidade orbital, piorada pela passagem ocasional de algum cometa. Assim, poderia perfeitamente ter ocorrido uma colisão com um cometa, ou até entre dois asteróides.
Assim na pequena caixa à direita coloco a hipótese de que a Lua poderia estar na cintura de asteróides, e um embate com um corpo menor, poderia ter alterado a sua órbita. Para abreviar, junto logo a hipótese de Fobos e Deimos, satélites de Marte, serem dois outros fragmentos grandes desse embate.
O resultado desse impacto não seria um mergulhar da Lua em direcção ao Sol, já que velocidade principal, muitíssimo superior, é a velocidade de translação em torno do Sol. A Lua, Fobos e Deimos continuariam assim a rodar em torno do Sol, mas tinham essa componente de aproximação crescente.
Ao fim de algum tempo (difícil de estimar), a Lua e os outros corpos resultantes desse embate, iriam aproximar-se, primeiro da órbita de Marte - daí a hipótese de Fobos e Deimos serem capturados por Marte, e depois da órbita da Terra. A Lua poderia ter escapado à atracção de Marte, pela sua grande dimensão. Pode até ter feito Marte afastar-se, ou aproximar-se do Sol, perturbando a sua órbita.
A Lua teria sido capturada depois, pela Terra, formando um corpo conjunto cujo centro de gravidade está ao nível da superfície da Terra. Antes disso, outros corpos mais pequenos podem ter embatido no planeta com alguma violência.

A aproximação lunar seria um acontecimento possivelmente catastrófico, porque a sincronização demoraria tempo a ocorrer, e há uma efectiva alteração de marés pela simples atracção lunar. Isso poderia justificar enormes marés - de centenas ou até milhares de metros, em vez das actuais que não chegam a ter 10 metros de amplitude. Tudo dependeria da aproximação que a Lua tivesse tido. Um fenómeno desse género praticamente levantaria uma massa de água em suspensão, antes de a libertar novamente... pareceria algo mágico, dificilmente explicável naturalmente, podendo ver-se o fundo do mar a centenas de metros. Tão depressa a gravidade tornaria as coisas mais pesadas, como mais leves... dependendo da fase de uma Lua, que seria enorme, na aproximação, e pequena ao afastar-se. 

Acresce que esta teoria de impacto pode justificar uma face lunar sempre virada para a Terra. Porquê? Porque seria a face não danificada pelo embate, a face danificada ficaria do outro lado, por ter menos massa de atracção. 
Convém notar que, relativamente ao Sol, não há propriamente uma rotação da Lua em torno da Terra, ambos rodam maioritariamente em torno do Sol, a Lua acelerando de quarto crescente (onde aparece atrás da Terra) até quarto minguante (onde aparece à frente, no caminho orbital comum). Por isso, a questão de captura pode nem ter ocorrido logo, se a Lua estivesse animada de maior velocidade... mas a cada passagem pelo campo gravítico terrestre, a velocidade lunar seria abrandada. 
Esta aproximação da Lua poderia afastar ligeira, mas significativamente, a Terra do Sol, ao ser atraída pelo corpo externo. Rodando a maior velocidade (como todos os asteróides, o sistema pode ter aumentado a velocidade do conjunto, diminuindo o tempo dos anos, compensando a órbita maior). Só depois da aproximação completa e ao sincronizar-se, o sistema aproximar-se-ia de novo do Sol, devido à tendência dessa Lua errante.

A composição da Lua, de Fobos e de Deimos, parece ser muito semelhante à dos asteróides, e as formas irregulares de Fobos e Deimos só reforçam esta hipótese de "asteróides capturados" pela gravidade marciana. É natural que a dimensão exagerada da Lua fosse um factor de instabilidade numa cintura polvilhada por milhares de asteróides, e as colisões podem ter sido mais frequentes - prova das crateras de alguma dimensão. Aquelas crateras num sistema Terra-Lua dificilmente se explicam na parte visível, virada para a Terra, porque a gravidade terrestre, sendo muito maior, atrairia a esmagadora maioria dos corpos que passasse pela zona intermédia.

Não é de excluir que a Luna 3 em 1959, e seguintes, ao tempo de Kennedy e Kruschev, e da crise de Cuba, tenham evidenciado isso mesmo, ou seja, uma Lua menos redonda do lado oposto. É admitida uma Lua "mais massacrada" do lado oposto, mas isso é natural... Falamos de uma proporção mais significativa. Não conheço imagens russas de perfil - metade lado visível, metade invisível, mas há esta primeira, só do lado do disco invisível, que não é suficientemente esclarecedora, ainda que se vejam sombras denunciando enorme profundidade uma para luz solar frontal.
Luna 3 - imagem do lado oculto da Lua (1959).

Associadas a estas observações, aparece então o relato de Aristóteles (ver comentários) e de outros autores greco-romanos, acusando esse registo de tempos dos povos Pelasgos e Arcádios, onde não haveria Lua, chamando-se mesmo povos pré-selenes. 
É claro que os historiadores fazem uma selecção no menú dos registos que agradam e não agradam à teoria oficial. Interessava aqui mostrar que uma hipótese de Lua recente não é assim tão absurda, ainda que me pareça pouco verosímil que seja tão recente quanto ao ponto de ser registada por civilizações recentes... e por isso é mais plausível falar de outros tempos e outros dílúvios.

_____________ excertos dos comentários _____________
(10  a 12 Janeiro de 2014)