terça-feira, 5 de março de 2019

dos Comentários (47) Monte Urbano

Urbano Monte é o nome de um cartógrafo italiano que deixou um atlas razoavelmente completo e intrigante. O assunto foi trazido há duas semanas, em emails de David Jorge, de que procuro fazer aqui um pequeno resumo.

Curiosamente, o assunto acaba por cair também em D. Sebastião, já que o cartógrafo italiano inclui dois mapas com a sua cara, em forma de continuação:


O que se pode ler abaixo da imagem de D. Sebastião é quase o mesmo, de uma página para a outra, mas há ligeiras diferenças entre os dois.

Podemos ler desta forma:
Il Re di Portogallo
seguita ancor nell'oceano Immenso
la fama di costui drizando il volo
et mentre a lui per honoranza il censo
pagaro i Dei del marinesco stolo
D'armati legni un longo bosco e denso
per lui molt'ani corse il salso suolo
che sia in cielo grato a Giesu Cristo
Dove vivendo procuro l'aquisto
... estrofes que se poderão ler mais ou menos assim:
O rei de portugal.
Seguida ainda no imenso Oceano, a fama dele encaminha o voo;
e quanto a ele honra o senso pagão dos deuses do marinheiro solitário.
Armadas de grande lenho e denso bosque, por ele tantos correram o solo salgado,
que esteja no céu grato a Jesus Cristo. Onde vivendo adquiriu o adquirido.
Duas imagens do autor
A situação é tanto mais estranha porque o atlas acaba por incluir uma adição com um diferente auto-retrato do autor Urbano Monte. 
- Primeiro com 43 anos, lê-se no original URBANO:TERTIO:DA:MONTE:AN: 43.
- Depois com 45 anos, é cosido o retrato circular, dizendo URBANO MONTE D'ANNI XXXXV

Um retrato 2 anos mais recente de Urbano Monte é colado sobre o anterior

A razão pela qual isto acontece é estranha e dificilmente explicável.
Não é comum esta actualização do auto-retrato com inserção de nova imagem.

Aliás, todo o mapa é suficientemente estranho, para merecer diversos comentários. 
Só agora foi recompilado, pela biblioteca David Rumsey (Stanford University), de forma a satisfazer um contorno polar, conforme pareceria ter sido originalmente pensado.
Aspecto geral do atlas de Urbano Monte, agora compilado assim pela biblioteca David Rumsey, 
e assinalamos a amarelo a posição onde ficaria a figura de D. Sebastião.

A referência mais antiga que encontrei deste atlas é de 1810, num Magasin Encyclopedique (por A.L. Millin), dizendo que Carlo Amoretti (membro do Instituto Nacional e do Conselho de Minas do Reino de Itália, bibliotecário da Ambrosiana de Milão)
a trouvé dans la même bibliothéque un grand Traité de Géographie, manuscrit autographe d'URBANO MONTI, écrit entre 1590 et 1598, où l'on voit dessiné le détroit qui porte à la mer Glaciale
Nota "en passant" - Ferrer Maldonado; João Martins
Convirá aqui salientar que o mesmo texto de Amoretti refere que os espanhóis teriam enviado o capitão Lorenzo (Laurent, Lourenço) Ferrer Maldonado numa viagem pela passagem Noroeste.
É suficientemente estranho que esta descoberta fez sensação à época, e Amoretti mandou publicar o livro do capitão espanhol (que está à venda... por quase 10 mil dólares).
Entretanto, o tempo passou... Amoretti terá morrido, e todo o documento de viagem de Ferrer Maldonado foi desacreditado nos anos seguintes, como sendo falso ou fantasioso.
Interessa que este nome nem sequer consta da wikipedia, e dificilmente aparece mencionado pelos próprios espanhóis.

Curiosamente é ainda feita referência a uma carta náutica de João Martins ("Juan Martines", Portugais) que teria sido seguida por Ferrer Maldonado na "parte complicada".
De João Martins é dito haver um portulano na Academia Imperial de Turim. Ora, desse João Martins, em Portugal, não se parece saber quase nada... mas constam 18 atlas, e 140 cartas, atribuídos a si.

Urbano Monte -vs- Sebastião
Acerca do atlas de Urbano Monte, Djorge vai citar a Maria da Fonte que já tinha antes mencionado este mapa (no facebook), na perspectiva de que o que veríamos seria o retrato do próprio D. Sebastião e não haveria nenhum Urbano Monte!

Esta perspectiva poderá parecer ousada e bizarra, para os leitores mais convencionais.
No entanto, segue a linha de que o próprio D. João II poderia não ter morrido em Alvor.
Há comandantes e comandados.
As idílicas paisagens paradisíacas de que as navegações traziam notícia, estavam ao alcance real?
Houve conhecimento de algum rei que se fez ao mar, e seguiu os seus pilotos, em viagens que já eram corriqueiras, e que raramente traziam grandes desastres?
Haveria maior risco em enfiar-se numa batalha no meio de mouros em África, ou em enfiar-se numa nau, visitando o Brasil, que só foi conhecido "realmente" na fuga napoleónica de D. João VI?

À partida, não vejo nenhum obstáculo lógico a que um rei decidisse findar os seus dias fora de uma corte europeia decadente e burocratizada, e partisse numa outra aventura além-mar, para ver com os seus olhos, terras, ilhas e mares, que não passariam de desenhos em mapas, doutra forma. E, se nisso tivesse projecto de desenvolver nova sociedade, para além da sociedade europeia, juntando a si os seus mais próximos... pois que outra forma subtil de se fazer desaparecer que numa batalha, no meio do nevoeiro das intrigas?

Comentários/questões
Djorge, a propósito do mapa deixa ainda as observações:

  • 1º) Julgo ser a primeira vez que vejo um autor assinar um mapa com dois auto-retratos seus.
  • 2º) Os dois auto-retratos "aparentemente" separam-se em 2 anos, no entanto não aparentam ser a mesma pessoa nos 2.
  • 3º) Se a data do atlas/mapamundi for a que aparece na discrição pelo arquivista da biblioteca, 1587, e tendo em conta que o wikipedia dá como data de nascimento 1544, significa que nem o primeiro o primeiro nem o segundo selo corresponderiam à correta idade do autor.
  • 4º) Sendo que D. Sebastião é dado como tendo nascido em 1554, a soma das duas idades das figuras daria uma datação para o mapa de 1599, ou 1596 dependendo da figura do selo.
  • 5º) Não vi ligação nenhuma no soneto, embora não me soe estranho, podendo ser algum excerto dos Lusiadas, não sei se era isso a que se referia "Maria da Fonte".
  • 6º) O texto por baixo da figura do rei de Portugal, parece-me referir a lenda do regresso de D. Sebastião, o que é estranho é que em 1586, 1596 ou em 1599 já seria Filipe I a reinar em Portugal e Algarves.
  • 7º) Estranho é que neste atlas o Rei de Espanha e das "Indias" não é o Rei de Portugal.


Ora, a este propósito mostramos a ilustração reservada ao Rei de Espanha, "Philipo:Max"

Do lado esquerdo segurando no globo e de joelhos, está o rei do Peru e diz-se:

  • qui parla Atabalipa Re del Peru designato como nela tavola seguente
  • Quando sugetto a me, quel novo mondo, et al Demonio ancor, era infelice, hora que é tuo, fia molto giocondo

... ou seja, o chefe inca diz com sarcasmo a Filipe II, que a América sujeita a ele, e ao demónio, era uma terra infeliz, mas que sujeita a Filipe II passava a ser muito agradável/feliz.
Por outro lado, no mar há uma sereia que acrescenta:

  • Eccoti o Re magnanimo, e soprano, che come merti, il marinesca stofo Del mar l'Imperio con questa a te dano.

Portanto, se Urbano Monte envelheceu muito naqueles 2 anos, percebe-se que a sua ironia poderá ter tido consequências... e também parece natural que o atlas estivesse escondido durante mais de 200 anos.

28 comentários:

  1. Caro Alvor,
    Esta última imagem no seu post, também é estranha.

    Escudo Real

    À data da ilustração, o símbolo do "Império" no escudo na mão esquerda da figura que também suporta a bandeira de “São Jorge?”, não aparecem as armas do Reino de Portugal.
    Isto é, não aparecem, mas estão lá “supostamente”, aparentam terem sido removidas ou por “acaso” caiu a cor toda nesse único lugar do escudo.
    Segue o link do escudo, disponível na wikipedia, que mais se assemelha ao que vemos na imagem: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Coat_of_Arms_of_the_King_of_Spain_as_Monarch_of_Milan_(1580-1700).svg
    O wikipedia contém uma datação para este brasão real entre 1580 e 1700.

    A figura do lado ESTE

    A tal figura que se encontra ajoelhada perante o Rei, que lhe segura o escudo real, que se apoia na Bandeira de "São Jorge?", será também ele um Rei?

    Se do lado Oeste temos o Rei do Peru, quem será o "Rei" no Lado ESTE?
    Será, mais uma vez, o Rei de Portugal?

    Se o for, então já seriam, pelo menos, 3 ligações diretas, ao Rei de Portugal, sem contar com as duas imagens do selo.

    Qual seria a mensagem que o autor queria transmitir?
    Qual a importância do Rei de Portugal (na visão do autor) para lhe dar mais relevo que a qualquer outro rei no atlas?

    Cumprimentos,
    Djorge

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    1. Caro Djorge,

      é muito boa a observação de que faltam ali as cores do escudo português, apesar do escudo estar desenhado. A razão para isso, desconheço!

      Próximo de Filipe II deveria ser o seu meio-irmão D. João de Áustria, que tal como D. Sebastião morre em 1578. O filho, Filipe III, não deveria ser porque nasceu nesse mesmo ano. Consta que a relação dos irmãos era muito próxima, e por isso fará algum sentido estar ali também o "vencedor de Lepanto".

      São 8 as figuras a que é dado relevo:

      1 - Imperador dos Turcos
      2 - Rei de Espanha e das Índias
      3 - Rei da Polónia (Sigismundo III?)
      4 - Rei de Portugal
      5 - Papa - sumo pontifice
      6 - Prestes João da Etiópia
      7 - Moctezuma - rei do México e da Índia Ocidental
      8 - Sacro Imperador Romano-Germânico (Rudolfo II?)

      ... mas nem a caixa de texto que os acompanha parece dar claro motivo da escolha.

      De facto, este mapa parece ser todo ele uma caixa de segredos.

      Abraço.

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  2. Boa tarde,

    D. Sebastião não parece de todo um jovem de 24 anos. Parece mais um D. Sebastião com a aparência que teria se fosse vivo na altura da criação do mapa em questão. Aliás de D. Sebastião há pinturas para todos os gostos! Pinturas completamente díspares na aparência, quase como que de pessoas diferentes.

    Cumpts,

    JR

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  3. Caro JR,

    Se está a falar da imagem do Re de Portogallo, sim concordo consigo que nada tem a ver com as imagens que conhecemos.
    No entanto, os retratos do selo do autor, são coerentes com alguns quadros de D. Sebastião quando mais novo.

    Nesse aspecto concordo com a Maria da Fonte.

    Cumprimentos,
    Djorge

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    1. Olá caro Da Maia e Djorge e obrigado pela resposta.
      Onde posso encontrar esse comentário da Maria da Fonte? Gosto sempre das intervenções dela se bem que muitas vezes fico aquém no entendimento do que ela poderá querer dizer.

      Ab

      JR

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  4. Boa noite,
    o link com o comentário da Maria da Fonte está aqui:
    https://www.davidrumsey.com/blog/2017/11/26/largest-early-world-map-monte-s-10-ft-planisphere-of-1587

    ... o comentário é o penúltimo, com a data de 6 de Dezembro de 2018, onde diz:

    Urbano Monte was King Sebastian of Portugal. King Sebastian did not die in Alcácer Quibir, as he wimself writes in the legend that identifies the King of Portugal in Urbano´s Map. Just look at the self-portraits...and read the Sonnet. A wonderful Map and an enlightenig Sonnet. Thankful

    Estou de acordo com ambos.
    Ou seja, de facto o retrato do "Re di Portogallo" não se parece com os retratos conhecidos de D. Sebastião. Porém, eu diria que este Urbano Monte não parece um desenhador muito dotado, e assim há que dar o desconto.

    Mas, lá está, Djorge tem também razão ao citar a Maria de Fonte, já que o primeiro auto-retrato do Urbano Monte seria mais parecido com os retratos de D. Sebastião, e o segundo retrato nada parece ter a ver com o primeiro.

    Abç

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    1. Caro Alvor e JR,
      Para complicar mais a questão fica aqui mais um ensaio, para comentarem.

      D. António I como Re de Portogallo:

      Enquanto a figura no selo "original" (a que está desenhada na mesma folha do mapa) tem semelhanças reconhecidas com o aspecto físico de D. Sebastião nos quadros que o identificam, por outro lado, o selo "sobreposto", tem muitas semelhanças com duas representações da figura de D. António I ambas por autores não mediterrânicos.
      Link: http://ensina.rtp.pt/artigo/d-antonio-prior-do-crato-e-defensor-de-portugal/
      Filme minuto 01:31.
      Link: https://www.vortexmag.net/d-antonio-prior-do-crato-o-homem-que-foi-rei-de-portugal-durante-2-meses/
      A figura deste link é também a mesma que consta no artigo do wikipedia sobre D. António I.
      As características comuns com a figura no selo sobreposto, são o bigode, barba e cabelo penteado para trás.
      Se for ele, a figura do segundo selo, faria mais sentido apenas pelo aspecto físico nunca pela idade ou pelo nome Urbano Monte.
      Por outro lado, a figura do “Re de Portogallo”, no mapa, tem cabelo ruivo ou louro, mais coerente com os retratos conhecidos de D. Sebastião ou Filipe II, no entanto, um bigode "farfalhudo-horizontal” e barba apenas no queixo, não são encontrados em quase nenhuma imagem conhecida destas duas personagens.
      Há ainda, uma figura, sem referencia de origem ou data, no artigo do Wikipedia sobre o Prior do Crato.

      Aparte sobre fontes no Wikipedia:

      O que me espanta nesta figura é como ela consegue estar colocada na wikipedia sem qualquer fonte ou contestação, especialmente nos dias de hoje, onde para colocar o que quer que seja nos artigos wikipedia, são necessárias fontes “credíveis” corroboradas por outras fontes “menos credíveis”.
      Ainda assim, a dita figura, vai de encontro com a imagem do “Re de Portogallo” pela parecença fisionómica da "barba e pera" no mapa de Monte, no entanto, a figura no artigo do wikipedia teria, possivelmente, cabelo mais escuro, comprido e escorrido, e não claro e curto como a que ou autor desenhou no mapa.
      Link: https://pt.wikipedia.org/wiki/António_de_Portugal,_Prior_do_Crato#/media/File:D._António,_Prior_do_Crato.jpg

      Nota "complicadora":

      (Esta época aparenta contar com um estilo de roupa e aprumação capilar, masculino, muito semelhante por toda a Europa o que torna difícil dizer quem é quem.)

      Luís de Camões:

      Depois temos Luís de Camões com a mesma fisionomia da figura no selo sobreposto, o tal Urbano Monte que escreve o soneto que a Maria da Fonte identifica como “prova” de D. Sebastião não teria morrido.
      Segundo o artigo do wikipedia sobre Camões, este retrato (link: https://pt.wikipedia.org/wiki/Luís_de_Camões#/media/File:Camões,_por_Fernão_Gomes.jpg) da autoria de Fernão Gomes será o supostamente o “mais autêntico retrato” de Camões. Se analisarmos bem a figura do selo sobreposto, parece-me o mais parecido de todas as hipóteses.

      Resumo:

      Sugeria então a seguinte interpretação dos retratos;

      D. António I como “Re de Portogallo”.
      D. Sebastião como Urbano Monte no selo original.
      Luis de Camões como Urbano Monte no selo sobreposto, e possível autor do soneto (pela sugestão da Maria da Fonte).

      Cumprimentos,
      Djorge

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    2. Caro Djorge,
      sim, que o retrato possa ser de D. António poderá ser uma possibilidade, interessante, e que faz sentido.
      Pelo menos, à volta de 1587, a data escrita no mapa, ou 2 anos mais tarde, conforme o novo retrato, em 1589, é a data da expedição de Drake & Norris (a expedição dos amigos de Peniche), no sentido colocar D. António no trono.
      Por isso, seria pelo menos um assunto na ordem do dia.

      De qualquer forma, convém notar que Moctezuma é referido, e teria sido morto em 1520, portanto 70 anos antes. Aliás parece haver uma confusão entre quem seria rei do Peru ou do Mexico.

      Abç
      da Maia

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    3. Caro da Maia,
      RE DEL PERU
      Pela descrição, "qui parla Atabalipa Re del Peru designato como nela tavola seguente", ou traduzindo, "Aqui fala Atabalipa, Rei do Peru...", penso que o autor se refere ao Rei dos Incas, "Atahualpa" Wikipedia: https://en.wikipedia.org/wiki/Atahualpa, cujo império se estendia pelos territórios atualmente do Peru, Colômbia, Ecuador, Chile, Bolívia e Argentina, à altura da chegada do conquistador Francisco Pizarro.

      Este líder Inca foi, depois de conquistado, executado por via de sentença de tribunal, em 1533.
      A Estória:
      Retirado do trono por Pizarro aquando da “fabulada” conquista “heroica” do Peru, onde uma força de 5-6000 incas terá sido vencida pela “expedição” de Pizarro, que consistia em 99 unidades de infantaria, 69 unidades de cavalaria e 1 padre. Numa emboscada, terão dominado a força Inca, onde não terá morrido uma única unidade castelhana e terão sido mortas quase toda a guarda pessoal do Rei Inca.
      A História:
      Após a derrota, foi aprisionado e posteriormente, submetido ao batismo, forçado ao pagamento em ouro e prata pela sua vida, e finalmente, como desfecho da acusação em tribunal, foi executado.
      Especula-se que a decisão de execução terá sido por receio de uma eventual revolta liderada por apoiantes, sobreviventes, de Atahualpa, contra os conquistadores.

      CONCLUSÃO

      Embora, tanto a estória de Moctezuma II ou a de Atahualpa, tenham tido resultados semelhantes, o Rei dos Aztecas, não foi Rei do Peru, nem o Rei dos Aztecas foi forçado a submeter à vontade Filipina (demonstrada na figura do mapa), mas sim à vontade do próprio povo que não lhe reconheceu o trono, aquando da revolta de Cortés.
      Assim, penso que a figura no mapa que se apresenta de joelhos e submisso ao “Re Philippo Max”, parece-me ser de facto, Atahualpa líder dos Incas.
      Relativamente ao mapa, de facto é invulgar ambas as figuras estarem mortas à data da publicação, sendo que, se somarmos, o Re de Portugallo, seriam 3 lideres de territórios, “agora”, “Filipinos”, que estariam mortos.

      CURIOSIDADES

      1. A descendência de ambos os protagonistas da estória da conquista do Peru (Francisco Pizarro e Atahualpa) e a sua ligação a Portugal:
      “… after the death of Pizarro, Inés Yupanqui, the favorite sister of Atahualpa, who had been given to Pizarro in marriage by her brother, married a Spanish cavalier named Ampuero and left for Spain.
      They took her daughter by Pizarro with them, and she was later legitimized by imperial decree. Francisca Pizarro Yupanqui married her uncle Hernando Pizarro in Spain, on 10 October 1537—they had a son, Francisco Pizarro y Pizarro.
      The Pizarro line survived Hernando's death, although it is extinct in the male line.
      Pizarro's third son, by a relative of Atahualpa renamed Angelina, who was never legitimized, died shortly after reaching Spain.
      Another relative, Catalina Capa-Yupanqui, who died in 1580, married a Portuguese nobleman named António Ramos, son of António Colaço.
      Their daughter was Francisca de Lima who married Álvaro de Abreu de Lima, who was also a Portuguese nobleman…”
      2. Numa breve pesquisa, encontrei um registo ligado a Francisca de Lima e Álvaro de Abreu Soares (de Lima), que consta no arquivo da Câmara de Ponte de Lima. (Link: https://www.google.pt/url?sa=t&rct=j&q=&esrc=s&source=web&cd=1&cad=rja&uact=8&ved=2ahUKEwi406XY_4PhAhUnx4UKHf0OBNYQFjAAegQIAxAB&url=http%3A%2F%2Fpesquisa.arquivo.cm-pontedelima.pt%2Fdetails%3Fid%3D991061&usg=AOvVaw07pM4KXiXztMBi9efuXZV8)
      3. A capital do Peru, é Lima.
      Abs,
      Djorge

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    4. Obrigado pelo comentário detalhado.
      Eu estava apenas a referir a menção que Urbano Monte faz - diz que iria falar de Atabalipa (ou Atahualpa) na "távola seguinte", mas depois apenas se vê um destaque dado a Moctezuma, nos 8 personagens seleccionados.

      A situação merece ainda um significativo destaque porque se são mencionados Atahualpa e Moctezuma, parecem quase esquecidos por completo os marajás indianos, ou mais importante ainda, o rei da China, shoguns japoneses, ou um rei da Tailândia.

      Abraço, da Maia.

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    5. MISTÉRIOS & HIPOTESES

      Isto leva-me às seguintes hipóteses:
      1. A numeração das páginas está errada, tendo todo o livro sido digitalizado embora a primeira página após a capa seja a 287 seguida da página 31.
      2. Apenas foram digitalizadas algumas páginas e estas foram reorganizados numa sequência que resulta na desorganização das páginas.

      Perante estas 2 hipóteses, não encontro uma razão que justifique a não publicação de todo o livro tal como se apresenta, se foram todas as páginas digitalizadas apenas temos acesso a 95 ficheiros sendo que estes correspondem a 74 duplas páginas (e não 64 como anunciado na descrição), ou 148 folhas das supostas 326 do livro.

      No caso de a numeração estar errada, não entendo o porquê de a biblioteca não explicar esta organização caótica da sequência do livro, a menos de se tratar de um erro de numeração propositado.

      Ainda assim, surge alguma luz sobre o tema com este texto, disponível na descrição:

      “This map is one of 3 examples extant (2 manuscript, 1 printed) that form the continuum of Urbano Monte's work on his ultimate world map. The other two examples were studied at length by Almagia: manuscript copy S is at the Bibliotheca Seminario Arcivisovale at Venegano near Milan is similar to this example with the map in 60 sheets. A second example, printed copy A, is at the Bibliotheca Ambrosiana in Milan, with the frontispiece dated 1590 and the map divided in 64 sheets making the division lines of the sheets easier to arrange. This printed version was published in 1604 on 64 plates, and is the only printed copy known.”
      Este exemplar é uma cópia para impressão datada de 1604, o que poderá explicar o “mau jeito para o desenho” do autor.
      Seria ótimo poder consultar a versão manuscrita de 60 folhas, da Biblioteca do Seminário em Venegano perto de Milão.

      Cumprimentos,
      Djorge

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    6. Caro DJorge,
      pois essa questão da numeração inconsistente ou de uma possível falta de páginas, é estranha e merece que se verique melhor as partes sobreviventes.
      Tenho que perder algum tempo, para ver se faz sentido essa teoria que apontou.
      Obrigado,
      da Maia

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  5. Caro da Maia

    Urbano Monte, designa Filipe II como Ré Philipo Max. Não como Rei de Espanha. Como Rei de Espanha está a figura do próprio Dom Sebastião. Filipe II, foi Pontifex Máximo, do Ritual de Jano, nunca herdou a Coroa da Espanha ou Spânia. O Poder Temporal, foi herdado por Dom Sebastião de Carlos V, seu avô. Aliás, é Dona Joana de Austria, quem é nomeada Regente de Espanha, por Carlos V, após o nascimento do filho, Sebastião. Filipe II era Rei de Inglaterra, pelo contrato de casamento com Maria Tudor e ascende posteriormente a Pontifex Máximo das Espânias. Carlos V, entrega o Sacro Império ao irmão Fernando, não ao filho, e Espanha ao neto. A obscuridade desta fase da História, é semelhante a muitas outras, que visam camuflar um desígnio major, que em certas fases foi comum a Portugal, Leão e Castela, e noutras não. Não parece existir qualquer animosidade entre Dom Sebastião e Filipe II, pelo contrário. A confusão só se estabelece após a morte de Filipe II. Dom Sebastião tinha um desígnio, que tem que cumprir, mas para isso tem que sair de Portugal e iniciar uma longa viagem, que o leva a atravessar a Terra e a conhecer Regiões onde nunca mais ninguém pisará. Dom António, ficará como Regente. O percurso do Rei Menino, está longe de ser o de um Rei vulgar. Será Mercúrio, o Mensageiro e Defensor da Passagem entre os dois Pólos. Eu diria, que no início, em Portugal é Rei das Espanhas, na Índia, na Etiópia e na Ilha de Moçambique é o Poeta Luso, Luiz Vaz. No final da Vida, é Urbano Monte, que deixa um legado hermético para o Futuro. A sua passagem pela Índia e Etiópia,levá-lo-á à Ilha de Moses ou de Mozambique a Ilha do Faraó, e será como Luiz Vaz, que tomará, penso eu, a mesma decisão de Frodo. Destruir o Anel do Poder, no Fogo que o criara. Urbano Monte, está já do outro lado do Espelho, e aí pode vêr o Pólo Norte. É complicado, reconheço, mas nem outra coisa seria de esperar, de um Reino, onde uma Rainha, um Rei e a sua filha, foram famosos Alkimistas. Só mais uma nota. Filipe e o Rei do Perú têm na mão Bolas de Cristal, que identificam terras diferentes. Abraço.

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    1. Cara Maria da Fonte,
      antes de mais, é com prazer que vejo aqui um novo comentário seu, e especialmente aqui, no caso de Urbano Monte, já que foi a primeira a mencionar o assunto (que eu saiba).

      Mais uma vez, não é fácil seguir a descrição que apresenta.
      Tem toda a razão, está muito mal explicada a necessidade de Carlos V separar a herança entre a linha austríaca (do irmão, Fernando I) e a linha espanhola (do filho, Filipe II). Acresce a isso, ter a filha, a mãe de D. Sebastião, ido para Espanha, onde foi regente, tendo deixado a criança entregue à sogra.
      A razão para isso acontecer também deixa muito por explicar.
      Também é verdade que não parece haver registo de muita animosidade entre D. Sebastião e Filipe II, até porque o tio queria ver o sobrinho casado com a prima, sua filha.
      Que haja um desígnio maior, secreto, que foi partilhado pelas coroas ibéricas do Séc. XVI, pois também isso parece claro, mas não se percebe se esse desígnio chegaria ao ponto do entendimento, ou desentendimento.

      Tanto podemos ver isso na partilha dos dois hemisférios de Tordesilhas, como se quisermos numa divisão de dois pólos, um hemisfério Norte e um hemisfério Sul.
      Parece ainda claro, pelo menos, a posteriori, que D. Sebastião partiu para um destino incógnito, e se morreu ou não, pelo menos essa dúvida vai deixar entre os seus nos séculos seguintes. Se isso fez parte de algum rito, ou desígnio secreto, alquimista, templário ou maçónico, pois parecem faltar mais dados para o apreciar.
      Quanto aos globos, sim, ambos seguram um, mas se a de Atahualpa diz "Peru", a de Filipe não diz nada - ou se dizia, foi apagado.

      Abraço.

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    2. Caro da Maia

      Talvez as Folhas perdidas, esclareçam a verdadeira questão. Leu a Dedicatória do Rei, não leu!? Ele duvida que aquele Mapa, ou melhor que aquela informação, seja para a sua época. Quem sabe se não foi o próprio Dom Sebastião, quem retirou algumas folhas, cortou algumas legendas e apagou o nome no Globo de Filipe. Afinal, com a morte de Filipe II, qualquer tipo de acordo entre ambos, chegou ao fim. E o que me parece, é que apesar das inúmeras tentativas posteriores,para descobrir a ponte entre a Antártida e o Pólo Norte, as mais mediáticas desde o século passado, nunca mais ninguém a voltou a encontrar. É como eu vejo a questão. Vale o que vale. Abraço

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    3. Cara Maria da Fonte,

      não sei se está a referir a este trecho que está por cima da figura de Urbano Monte:

      Discretti et benigni lettori
      Questo Mappamondo é fatto a modeo de una palla schiaciata che habbi la parte da basso distesa et allargata intorno egualamente in ponto nel mezo del quale é quella stella figurata per il polo Artico, et nella circonferenza quale é ridotta in punte, si ha da imaginare che in tutte le parte di essa circonferenza vi sia il Polo Antarctico, quale ponte reducendosi insieme ò imaginandosi di redurle, si puo imaginar pavimente che fariano l'effeto istesso che fano le ponte, quale finiscono al Polo Antarctico.

      Et é fatto da Urbano Monte, l'ano 1587 doppo la Nativitá di nostro signore.


      cuja tradução será mais ou menos esta:

      Este globo é feito sob a forma de uma bola achatada que tem o baixo esticado e estendido igualmente do ponto do meio, o qual é a estrela figurada para o Pólo Árctico, e na circunferência reduzida ao ponto, temos que imaginar que em todas as partes da circunferência vai ao Pólo Antártico, cuja ponte se reduz ou imagina redobrar, é possível imaginar que farão o mesmo efeito que faz a ponte, que acaba no Pólo Antártico.
      E é feito por Urbano Monte, no ano de 1587 depois da Natividade do nosso senhor.


      Creio que aqui ele tenta explicar o efeito da projecção centrada no pólo norte, que é o mesmo tipo de mapa que usou antes João de Lisboa, no símbolo que uso para o blog... ou ainda é o mesmo tipo de mapa usado no símbolo da ONU.
      Esta projecção da esfera que termina em forma de gomos, seria original, e creio que ele terá sentido necessidade de explicá-la.

      Enquanto ponte entre o os pólos será uma forma mais poética de definir os meridianos, mas não creio que daí se possa concluir nada que leve à ideia da "Terra Oca". Com isto não estou a dizer que essa possibilidade se possa excluir levemente. Simplesmente, não parece acontecer, porque se acontecesse o fluxo dos oceanos e da atmosfera seria bastante diferente.
      Urbano Monte tem o cuidado de referir que a estrela é uma figuração do Pólo Árctico.

      Bastante mais estranha é a menção que faz, muito perto do pólo norte:

      Paesi di temperie sanissima fatto habitare del Re Artu

      Não percebo se é Artu, Arsu ou Arfu, mas se quiser dizer Rei Artur, estaria ele a sugerir o local de Avalon, enquanto país de tempo muito saudável?

      É que ao mesmo tempo, ao lado, refere a existência de habitantes pigmeus (esquimós).

      Com efeito, a falta de folhas só adensa a parte misteriosa, que este mapa já tem.

      Abraço.

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    4. Caros Maria e da Maia,

      Só para esclarecer, as folhas que mencionei não estão perdidas, EXISTEM, não foram foi disponibilizadas e isso não foi obra do Autor mas sim do Dono.

      Derivado ao arco causado pelo volume das várias páginas do livro, vemos nitidamente o numero das páginas em falta na digitalização de outras.

      Ex. 1) link: https://www.davidrumsey.com/luna/servlet/detail/RUMSEY~8~1~303580~90074245:Tavola-XXIII--Che-Ha-Sua-Superiore-?qvq=w4s:/what%2FWorld%2BAtlas;q:%3D"Monte%20(Monti)%2C%20Urbano%2C%201544-1613";lc:RUMSEY~8~1&mi=31&trs=95

      No canto superior direito vemos uma numeração que acaba em **3 para a página que está logo a seguir à que vemos, e somos levados a crer que a "tavola seguente" que o autor menciona na caixa de dialogo nesta página, será a página **3 e não a página 184.

      Acontece que esta página é a 177, e no total das imagens disponíveis, não existe nenhuma que acabe em **3 com a suposta descrição do Rei do Peru, nem nenhuma página que siga um raciocínio que leve a crer ser a página seguinte ou verso da página 177.

      Mas há outra pista para esta folha não digitalizada, e que suspeito ser composta por 2 páginas com numeração diferente.

      Ex. 2) link: https://www.davidrumsey.com/luna/servlet/detail/RUMSEY~8~1~303581~90074244:Tavola-XXIIII--Che-Ha-Sua-Superiore?qvq=w4s:/what%2FWorld%2BAtlas;q:%3D"Monte%20(Monti)%2C%20Urbano%2C%201544-1613";lc:RUMSEY~8~1&mi=4&trs=95

      Vemos aqui tanto no canto superior direito como esquerdo, a numeração 184 para a página.

      No entanto, no canto superior esquerdo vemos que a página, anterior tem a numeração 178, e que faria sentido ser o “verso”, da página 177 onde o autor menciona que descreve o Rei do Peru na página seguinte.

      Uma vez mais, é uma página que existe, mas não está disponível para consulta.
      Assim, penso que a dupla folha onde estará a tal descrição do Rei do Peru, será o verso da página 177 direita, com a numeração 178 (visível na digitalização da página 184), por outro lado, o verso da página 184 esquerda, será o que vemos na digitalização da página 177 direita, a tal **3, que suponho ser a 183.

      Assim, e como as duplas folhas, aparentam ter a mesma numeração em ambos os lados de cada página, ou seja, a sequencia deveria ser:

      …177/177, 178/178, 179/179, 180/180, 181/181, 182/182, 183/183,184/184…

      Desta sequencia, pela digitalização de partes visíveis de outas páginas, sabemos que existem pelo menos as páginas 178/178 e a 183/183 entre a 177/177 e a 184/184, que não constam no grupo de páginas digitalizadas disponíveis para consulta.


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    5. Existe uma nota lateral na página explicando que o livro tem numeração quebrada e que não existe a totalidade das folhas numeradas, chegando a admitir que se tratava de um trabalho inacabado pelo volume de páginas em falta:

      “The atlas has the feel of a work in progress, particularly because of the marginal annotations by Monte and the variety of papers used in its composition. Also, the make up of the atlas—particularly the non-sequential numbering of the earlier sheets, the wear to sheet 7 before binding, and the 17th century binding and guards—suggests that although in some form of binding from the late 16th century, it was reassembled in the present binding and form in mid or early 17th century. “

      Esta nota lateral é uma mistura de verdades “plausíveis”, para desculpar a ocultação de documentos pela biblioteca.

      Sim é provável tudo que diz na nota, no entanto, não convence quem quer que seja que se dê ao trabalho de verificar a falta de páginas EXISTENTES, nem explica a ausência digital dessas mesmas páginas EXISTENTES.
      Mais, considero de extrema má fé pela parte da Biblioteca, deixar cair com desculpa, que essas páginas terão sido perdidas aquando da reencadernação do livro, no final do século 16 ao tom de "não dizemos formalmente mas damos a entender que foram, assim como damos a entender que todo o material foi digitalizado e está disponível para consulta".

      Fica aqui a minha advertência aos senhores da Biblioteca David Rumsey, “a mentira tem pernas curtas”.

      Cumprimentos,
      Djorge

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    6. Caro Djorge,
      muito boas as observações relativamente à ausência das folhas no livro.
      Claro que importa ver o que se declara como inexistente, e aquilo que não existe apenas porque a Biblioteca David Rumsey não o quer disponibilizar.

      Parece claro que o livro foi encontrado, e ao que parece intacto, no início do Séc. XIX. Se alguém foi responsável pela perda selectiva de certas páginas.

      Também são muito estranhos os QUADRADOS EM BRANCO - pelo menos 4, que não se devem provavelmente ao autor, e parece ter havido uma certa vontade de censurar grande parte deste material.

      É como diz, David, a mentira tem pernas curtas, mas arranjou maneira de ir longe demais, e não parece haver ninguém interessado em cortar esse mal pela raiz.

      Abraço, e obrigado!

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  6. Caro da Maia

    "Sonetto in Confinenza de questa Opera ha Lettori"

    É este o Soneto, onde o autor expressa a dúvida de que a sua obra, seja para o seu Século.
    É óbvio que não só não foi uma obra para o século XVI, como receio que o não seja para o século XXI.
    Para que haveria Urbano Monte, de explicar a Projecção centrada no Pólo Norte?
    O que ele explica é outra coisa, que por acaso encontramos em diversos Mapas Antigos.
    No Atlas Miller e no Piri Reis, por exemplo.
    O que ele explica, é que a Antártida rodeia a Terra e que forma uma espécie de ponte, de onde se avista o Pólo Norte.
    Mas para imaginar essa ponte, é necessário romper com tabus e preconceitos, made in Século XVI. O tal da Luzes.
    Não se quebram Paradigmas, sem que o tempo certo tenha chegado.
    E as imagens da Terra, made in NASA,com a mediática Península do Sinai, sempre presente, estão demasiado coladas na retina.
    Dom Sebastião fez bem em retirar algumas folhas do Mapa.
    Eu no lugar dele, teria guardado tudo.
    Decididamente, nunca o merecemos.
    Só uma nota, caro da Maia, quem primeiro me alertou para a existência deste Mapa, foi o Kayros do Brasil.
    Não fui eu quem o encontrou.

    Um abraço

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    1. Cara Maria da Fonte,

      coloco então aqui o soneto:

      Sonetto in continenza de questa opera a lettori
      Ecco lettori, in breve, e piciol parte, come ben'sied l'universo ordito, in climi, in zone, en gradi compartito, et de paesi le qualitá sparte.
      Vi mostro ancor'intorno d'ogni parte delle genti i costumi in detto sito, se legerete con spirto gradito saciando l'occhio con diletto et arte.
      In'oltra in questo Mapamondo nostro come variano i miglia, notte, e giorni, mostran diversi e differenti gradi.
      E nelli Angoli poi, circoli Adorni, de venti i nomi, et altre qualitadi, con doi eclissi in quelli vi dimostro.
      Et in dubio sto'se in opera d'inchiostro un qua si trovi un tal nel secol nostro.


      cuja tradução será mais ou menos assim:

      «Soneto no conteúdo desta obra para os leitores»
      Eis leitores, em suma, e pequena parte, como está o universo da urdido, nos climas, nas zonas, em graus compartimentado, e nos países as diversas qualidades.
      Eu lhe mostro em torno de cada parte as pessoas e os costumes desse sítio, se o encarar com bom espírito, semeando no olho prazer e arte.
      Além disso, neste Mapa Mundo, como as milhas, a noite e os dias variam, mostram diversos e diferentes graus.
      E nos cantos então, círculos adornados, de vinte nomes, e outras qualidades, com dois eclipses em quais lhe mostro.
      E em dúvida estou, se em obra de tinta, existe tal coisa no nosso século.


      Apesar de me entender bem em Itália, estou longe de ser conhecedor de italiano. Porém creio que o que ele menciona no final é se em "trabalho de tinta" (opera de inchiostro) existe tal coisa no seu século.

      A razão para explicar tal projecção é que naquela altura (desde 1569) era comum a Projecção Mercator, bem como antes era comum o uso dos planisférios sem latitude, chamados "portulanos" (ainda que fossem semelhantes, e a pouca diferença seria mais para dar relevo a Mercator).

      Sim, a Antárctida rodeia a restante Terra, mas isso é válido para qualquer ilha. Quando estamos numa superfície esférica, tanto é a ilha rodeada pelo restante, como se pode encarar a ilha rodeando o restante. Num plano não esférico isso já não é assim. Claro que, mesmo numa esfera, normalmente diz-se que a parte maior rodeia a mais pequena, mas isso é só porque é mais fácil entender assim.

      No entanto, e para notar que não sou descrente de uma ligação entre os dois pólos, deixo outra perspectiva, que não exige nenhuma terra oca:

      https://alvor-silves.blogspot.com/2016/12/de-calisto-ao-contrario-polo-2-uma.html

      que faz parte de 3 postais com o nome

      "de Calisto ao contrário Pólo" (expressão usada nos Lusíadas)

      publicados aqui em Dezembro de 2016.

      Abraço.

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  7. ENSAIO e respectiva CURIOSIDADE

    «in» Selo sobreposto:
    "VRBANO MONTE D'ANNI XXXXV"

    5 RB ANO 1000 ONTE 500 ANNI 45

    5 RB -> Capítulo 5 Regula Benedicti??

    «in wikipedia.en»
    "Chapter 5 prescribes prompt, ungrudging, and absolute obedience to the superior in all things lawful,"unhesitating obedience" being called the first degree, or step, of humility"

    link: https://en.wikipedia.org/wiki/Rule_of_Saint_Benedict

    ANO 1000 ONTE 500 ANNI 45 -> 1545?! Urbano Monte, nasce em 1544 (fonte wikipedia.en)

    ANO 1000 ONTE 500 ANNI 54 -> 1554?! Ano de nascimento de D. Sebastião (fonte wikipedia.pt)

    Cumprimentos,
    Djorge

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  8. "Com Dilleto et Arte"

    Caro da Maia
    Cada um de nós, tem uma forma de escrever característica.
    Não está aqui em causa, a "qualidade" da dita escrita, segundo as convenções, ou o gosto pessoal.
    O que está em causa, é a vibração das palavras. O modo como ressoam dentro de cada um de nós.
    Luíz Vaz, tinha o Dom, de fazer vibrar as palavras de modo determinado. Por isso é inconfundível.

    O Djorge descodificou o Selo.
    E eu nunca referi que a Terra é Oca.

    Se bem que com a rede de Túneis que por aí há, mais pareça uma fatia de queijo suíço.
    Deixe a Projecção Mercator, nem o da Maia acredita nessa confusa explicação da Ilha, que acabou de inventar.

    Ópera significa Teatro em Música.
    Neste caso, eu diria que a Música é outra, e que Dom Sebastião terá sido o maior de todos os Alquimistas.
    Sendo que Al Kimi, nome dado pelos Árabes à Terra que hoje conhecemos como Egipto, nada tem a vêr com Química, mas sim com Física.
    ALKIMIA é a Física do Movimento Espiral e Ondulatório, da Frequência Vibratória do Objecto e da Palavra.
    Que a Física que o Século XVI, o das Luzes, remeteu para as Trevas.

    Abraço a todos

    Maria da Fonte

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  9. Caro da Maia

    Faça favor de ir vêr o MAPA COM BARCO, da Biblioteca do Congresso, que eu lhe dei há uns anos.
    Tem o Selo de Miguel Corte-Real, A Caravela Portuguesa e o Pacífico Norte com o Estreito de Anes.
    O Schwabenland, em 1942, foi acompanhado de um comboio de 24 navios de guerra, que o escoltaram até águas norueguesas, e durante ano e meio nada se sabe sobre ele.
    Agora olhe para o Urbano Monte.

    PERCEBEU?

    Abraço

    Maria da Fonte

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  10. 'Selo' leio como 'Sê-lo'.
    Ou seja, como se alguém duvidasse, e alguém respondesse sim, é como sê-lo.

    Neste caso, lamento, mas não vejo nada como se fosse.

    O mapa com barco, creio ser este:
    https://alvor-silves.blogspot.com/2011/07/marco-polo-mapa-com-barco.html

    E continuo sem perceber o seguimento, até porque não li o livro do Rainer Daenhardt.
    Portanto, não, não percebi.

    Tem razão, Maria da Fonte. Apesar da explicação da ilha ser exacta, também não serve para nada. Foi bom ter desconstruído isso, porque não me apetecia seguir pela burocracia da exactidão, faltando-lhe alma de crença.

    Numa coisa concordamos: a frase "de Calisto ao contrário Pólo" faz vibrar.

    Abraço.

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    1. Pois é Caro da Maia

      É à procura disso, que o caro amigo, diz que não viu, que todos andaram. E andam.
      Só que existem chaves, que não nos são externas. Fazem parte de nós.
      E sendo assim, de nada adianta destruir o Património, porque tal como eu várias vezes disse:
      Frodo, fez o que devia fazer. Destruiu o Anel de Sauron, no fogo em que fora criado.
      Dom Sebastião fez o mesmo.

      Abraço

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    2. Cara Maria da Fonte,
      concordo que, mesmo destruindo vestígios do passado, esses vestígios persistem de forma menos óbvia, e talvez de forma mais evidente. Nunca serve para ocultar por completo, mas tem servido bem para adiar a desvelação. Para cada meio de desvelação encontrado, a ocultação vai usando de "revelação" para colocar novo véu em cima da verdade.
      Que no reinado de D. Sebastião foram tornadas públicas mais obras controversas que nos reinados anteriores, pois isso parece claro, mas agora se isso faz dele um Frodo, pois faltam-me muitos outros elementos.

      Abraço,
      da Maia

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  11. Caro Da Maia

    O mapa está assinado. E o que me parece ler, não é Urbano Grã ou Urbano Grande. Não me parece que o nome seja Urbano.
    Toda aquela época é obscura, e continuo a pensar que Dom Sebastião terá agido no sentido de a manter assim, possivelmente porque a realidade seria muito mais complexa do que possamos imaginar.
    Talvez a supressão de várias folhas, por parte da Biblioteca venha confirmar esta suposição. Existem conhecimentos que nos são vedados, por parte de quem detém o poder, o que dificulta muito a nossa investigação. Todos sabemos disso. Mas neste caso, é no mínimo estranho, que a Biblioteca de Stanford, não seja publicamente questionada, ou se o foi, mantenha o silêncio.
    Mas o meu comentário, hoje,tanto tempo depois, deve-se ao facto de existir a suposição, por parte de alguns sectores, de que Dom Sebastião foi substituído pelo seu Colaço que terá morrido em Alcácer Quibir, e existirem descendentes de Dom Sebastião, que trocara a identidade com o Colaço,e usaram e usam o patronímico Colaço, como é o caso da família Abreu de Lima, como refere o DJorge.
    Como atravessamos uma época a todos os títulos estranha, veja, se puder, a Lenda de Ilha de Lençóis, no Brasil, onde se diz que Dom Sebastião estaria, à maneira das Lendas Medievais, encantado num Touro.
    Tudo isto seria apenas uma Lenda, não fosse dar-se o caso dum touro, figurar no Mapa de Urbano Monte, numa Ilha, encimando a imagem de Dom Sebastião como Rei da Espanha e das Índias.
    Tenho o vago pressentimento, que a complexidade da situação estará muito para além das hipóteses mais fantásticas, que possamos formular.

    Abraço a todos.

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