terça-feira, 23 de abril de 2019

O elefante na sala: a NATO no 25 de Abril.

Quando em Fevereiro de 1975, o porta-aviões USS Saratoga estacionou em Lisboa, praticamente em frente ao Palácio de Belém, ninguém teve muitas dúvidas de que havia um significado político e militar na presença da frota americana na capital, mesmo disfarçada no enquadramento da operação Locked Gate ("Portão Fechado") da STANAVFORLANT, ou seja da NATO.

Fevereiro de 1975 - o porta-aviões USS Saratoga estacionado no Tejo, em Lisboa. (Jacarandá - foto)

O ano de 1975, do 11 de Março até ao 25 de Novembro, foi crescendo para o chamado Verão Quente do PREC (processo revolucionário em curso), onde a população sentia que o caminho político poderia tomar o sentido de uma ameaça vermelha, conforme fazia capa a Time em 11/08/1975, onde curiosamente chamava 
Lisbon's Troika
... ao conjunto Otelo Saraiva de Carvalho (MFA), Vasco Gonçalves (primeiro-ministro) e Francisco da Costa Gomes (presidente da república).

Por isso, lembro bem que, apesar da imprensa tentar ignorar a presença do USS Saratoga, o que se falava na altura é que os EUA estariam dispostos a intervir militarmente se a política portuguesa evoluísse para uma proximidade do bloco soviético. Havia quem achasse que uma invasão americana resolveria o problema, e poucos estavam importados com a independência nacional, diga-se. As "mocas de Rio Maior" eram brandidas para explicitar que a província não estava alinhada com as manifestações do PCP, e a presença americana só foi incómoda para as alas da extrema esquerda, maoístas, trotskistas ou leninistas.
Foram desta altura muitos murais que se viam em Lisboa, pedindo a saída da NATO, e por outro lado, a NATO perdendo a confiança no regime português, ponderou mesmo expulsar Portugal.

Vem este assunto a propósito das comemorações dos 45 anos do 25 de Abril.
Mais uma vez, pratica-se uma farsa ritual que cheira a mofo, onde se vão buscar alguns dos chamados "capitães de Abril", e onde basicamente as gerações seguintes agradecem a coragem, ousadia, etc...

Há 3 anos, deixei aqui um bom postal que relatava a participação da NATO:


Quantas referências existem na internet sobre a presença dos navios da NATO no 25 de Abril?
Tirando os artigos originais no facebook de Carlos S. Silva, e aquele que deixei, não aparece rigorosamente mais nada! 
No entanto, está bem documentado que a frota da NATO chegou a 23 de Abril e saiu a 25 de Abril. 
Como se ignora o elefante na sala?
- Não se fala dele. 
Podemos tentar procurar no Wikileaks, mas como é óbvio, nos documentos diplomáticos só aparecem as trivialidades conhecidas, reportadas pelos informadores locais.

Há um excelente artigo no Tony Seed's Blog, publicado este ano. Fala de Amílcar Cabral, mas como é um grande artigo, fala do enquadramento do 25 de Abril, da participação das forças navais do Canadá no golpe, e depois no apoio às operações de descolonização, expressando mesmo que o apoio canadiano teria visado esses interesses africanos.
É por exemplo interessante, ao revelar todo o enquadramento da Aginter na operação Gladio da NATO, e explica como a fabricação do Partido Socialista foi feita "de um dia para o outro", com a injecção de 10 milhões de dólares do SPD alemão (via Willy Brandt) e de um montante não revelado por parte da CIA.
"In 1974, when the fifty-year-old fascist regime was overthrown in Portugal, a NATO member, communists and left-wing military officers took charge of the government. At that time the Portuguese social democrats, known as the Socialist Party, could hardly have numbered enough for a poker game, and they all lived in Paris (Mário Soares) and had no following in Portugal. Thanks to at least $10 million from the Ebert Stiftung plus funds from the CIA, the social democrats came back to Portugal, built a party overnight, saw it mushroom, and within a few years the Socialist Party became the governing party of Portugal. The left was relegated to the sidelines in disarray.” 
(Philip Agee, “Terrorism and Civil Society: The Instruments of US Policy in Cuba.” August 9, 2003)

Faltaria dizer aqui que deverá ter sido crucial o uso da maçonaria, o GOL, que adoptou o PS, e Mário Soares, como rosto principal de uma nova política. Mário Soares, que tinha tido uma votação insignificante em 1969, pela CEUD, ganha toda a cobertura mediática para rivalizar com a chegada de Álvaro Cunhal, ambos vindos de Paris, com as cegonhas, para o 1º Maio, comemorado então em conjunto.

O que se terá passado?
Para efeitos de organizar a cabeça com estas e outras informações, uma hipótese que considero é a seguinte.
1º) Após as eleições de 1969 e até 1973 a política de Marcelo Caetano não mudou tanto quanto desejariam os seus aliados da NATO, especialmente no sentido de uma descolonização. A visita mal sucedida a Inglaterra em 1973 terá ditado o fim breve do regime.
2º) A partir de 1973 começariam a ser feitos os preparativos para um MFA. O primeiro sinal que os militares julgam surgir é o da publicação do livro de Spínola em Março de 1974. Mas nem o levantamento do Quartel da Caldas, a 16 de Março, terá precipitado as coisas, pois nem a ovação feita a Caetano no clássico Sporting-Benfica, fariam Marcelo Caetano suspeitar de que haveria repetição do levantamento a 25 de Abril. No entanto, nos bastidores, os preparativos continuavam a acelerar para a chegada da força naval da NATO.
3º) A movimentação das tropas em resposta ao 16 de Março terá servido para entender como seria depois a resposta no 25 de Abril. Quando as forças da NATO chegam para o exercício conjunto a 23 de Abril, toda a logística será tratada, com um envolvimento de um número mínimo de "capitães". A maioria saberia da benção externa, e de uma eventual cobertura caso as coisas corressem mal.
4º) O papel principal da NATO foi de força de dissuasão. O exercício "Dawn Patrol" a ter lugar exactamente no dia 25 de Abril, envolvia meios navais e aéreos. Por isso, esses meios não puderam ser usados pelo regime, pois isso comprometeria as tropas estrangeiras em solo português. Tudo assim se limitaria a uma movimentação clássica do exército, especialmente das tropas estacionadas próximo de Lisboa, que na sua boa maioria tinham sido arregimentadas favoravelmente à revolução.
5º) Temos assim uma situação invulgar de conflito, em que não se envolvem nem meios aéreos, nem meios navais, já que a fragata Gago Coutinho, que iria participar no exercício, acaba por se ver impossibilitada de agir contra as tropas de Salgueiro Maia, pela própria resolução de desafio adoptada pela fragata canadiana Assiniboine.

Consequências
A operação no 25 de Abril foi invulgar, porque ao contrário do habitual, usou-se muito mais cabeça do que força, e serviu como preliminar para as mudanças de regime que logo de seguida se vieram a verificar na Grécia e em Espanha. Toda a mudança de regime que se verificou com a queda do muro de Berlim, ou até com os levantamentos de tropas contra Gorbashev, tiveram o mesmo cuidado de evitar ao máximo qualquer efectivo uso de violência. Só a dissolução da Jugoslávia acabou por cair fora desse cenário razoavelmente pacífico. 
Se esta operação tivesse sido levada pela NATO em qualquer outro país, então Portugal, tal como os restantes países europeus, teria feito uma transição para o regime "democrático", nos anos 1980-90.
No caso espanhol bastou o exemplo português para contaminar essa transição, sem qualquer contexto militar. Ou seja, o plano estava pronto para ser posto em marcha, e foi aplicado de forma exemplar em Portugal... mas sem a benção e presença da NATO, os camaradas Óscar, Bravo, Tango, etc... teriam tido a mesma sorte que os anteriores - seriam simplesmente presos.

NEVER UNPREPARED

Relato do Capitão R. H. Thomas (traduzido para português), anterior capitão da Assiniboine.

__________________________________________________________________

HMCS Assiniboine e o Golpe Português de 1974
ou 
"Onde foi isto abordado nos exames de comando?"

pelo capitão Robert H. Thomas
_______________________________

Na primavera de 1974, Portugal estava em tumulto político há algum tempo, com divergências centradas no Exército sobre as políticas em territórios ultramarinos portugueses. Em Angola, Moçambique e Guiné-Bissau a revolução e o terrorismo desafiaram as administrações coloniais portuguesas por mais de uma década. Uma tentativa de golpe em 16 de Março, liderada por oficiais subalternos que se opunham ao governo de extrema direita, fracassou, levando o governo à complacência. Seis semanas depois, um segundo golpe militar foi bem sucedido e tomou o poder.


A fragata HMCS Assiniboine encontrou-se no meio do golpe. Ela fazia parte de uma frota da NATO programada para se reunir em Lisboa e sair ao primeiro raio de luz em 25 de Abril. O momento do golpe tinha sido planeado, em parte, para acompanhar a partida da frota, garantindo que o Tejo estaria livre de navios de guerra estrangeiros. Os caprichos do mar intervieram.

Na manhã do dia 22 de abril, a caminho de Lisboa, a Assiniboine avistou um pequeno navio mercante granadino, o Trade Mariner, que ficara à deriva sem energia por oito dias. Tentativas para consertar o motor não tiveram sucesso, e então a Assiniboine levou-o a reboque e seguiu para Lisboa, a 560 quilômetros de distância. Isso atrasou a chegada de Assiniboine até às 11h de 24 de Abril. 
No entanto, o capitão Jock Allen, comandante do grupo de trabalho canadense, aprovou uma estadia de 48 horas em Lisboa.

Na chegada, a Assiniboine assegurou a retirada dos outros navios de guerra, e teve que se deslocar muito cedo no dia 25 de Abril, para permitir que os outros navegassem para o exercício, como planeado. O piloto encarregado da mudança chegou atrasado, incoerente e reclamando de um engarrafamento na cidade. Uma deslocação por rebocador para o ancoradouro iniciou-se imediatamente antes das 7:00 da manhã. Dois membros da empresa marítima da Assiniboine foram deixados em terra para mover o veículo alugado para a Doca da Marinha, para onde a fragata deveria ir.

Ancorada a fragata, a permissão para acompanhar não foi recebida e ficou claro que algo sério estava a acontecer. O piloto estava conversando com as autoridades em terra, mas não podia ou não explicava o que estava acontecendo. De facto, sem que soubéssemos, o golpe tinha começado às 3:00 da manhã e o Exército havia-se movido rapidamente para tomar o controle da cidade.

Pouco depois das 9:00 da manhã, uma fragata portuguesa, a Almirante Gago Coutinho, aproximou-se da Assiniboine. Ela estava claramente a postos para a acção e circulou à nossa volta. 
A nossa reacção foi tomar um grau mais alto de integridade estanque, mas não fazer nenhuma acção evidente que pudesse ser percebida como ameaçadora ou provocatória pelos portugueses. 
Ao mesmo tempo, estávamos pensando seriamente sobre o que fazer se ela tentasse alguma acção hostil. O que não sabíamos era que o Exército estava igualmente inseguro quanto às intenções da fragata e que os tanques estavam prontos para atirar contra ela se fosse necessária uma acção hostil. No entanto, a meio da manhã, depois que os seus oficiais aparentemente recusaram as ordens do capitão de atirar na cidade, o navio ergueu as armas em direcção ao céu e retirou-se.

Fomos finalmente ordenados a permanecer ancorados às 10:00 horas, devido à agitação política em terra. Para descobrir o que estava acontecendo, o Comandante Robin Corneil, levou um pequeno grupo a terra às 10:25, na tentativa de encontrar o embaixador canadiano e aguardar instruções.

Enquanto isso, os nossos dois marinheiros em terra dirigiram-se ao destino do navio e estacionaram, apenas para ouvir tiros e testemunhar uma considerável comoção. Aqui, membros da PIDE (Polícia Internacional de Defesa do Estado) haviam-se barricado no quartel general do outro lado da rua e atiravam indiscriminadamente contra a multidão. Em última análise, cinco indivíduos foram mortos e muitos mais feridos - o único derramamento de sangue no golpe.

Na sua ida a terra, o Comandante Corneil conversou pela primeira vez com o Comandante Gregor MacIntosh, da HMCS Yukon, que estava prestes a navegar de volta ao Canadá, depois de participar na força naval permanente da NATO no Atlântico (STANAVFORLANT). Entretanto a tripulação estava na praça assistindo ao tiroteio! O comandante Corneil ligou para a embaixada canadiana e foi informado pelo segundo secretário de que não parecia haver nenhum perigo para os canadianos. 
De seguida, entrou em contacto com o embaixador, R. Duhamel, para orientação. Foi incapaz de obter qualquer ordem específica dele, sendo dito repetidamente para "fazer o que os seus superiores lhe dizem para fazer". Depois de tantas repetições, Corneil finalmente disse: "Sr. Embaixador, você é meu oficial superior, até decidir o que quer que eu faça!
Ele foi então aconselhado a regressar à embaixada.

Pouco depois, um adido naval americano, à paisana, aproximou-se do comandante Corneil. Ele era fluente em português e descreveu o que estava acontecendo. A partir daí, Corneil pôde dar à embaixada um relato detalhado dos acontecimentos e da incerteza dos oficiais navais portugueses presentes, que não queriam deixar a Doca até ter a certeza de quem venceria. 
Às 12h18, o Comandante Corneil retornou ao navio, com os dois membros da companhia marítima do Assiniboine, que estavam em terra.

Houve outras complicações canadianas em terra. Um destacamento da Força Aérea canadiana, num Argus de Greenwood, estava no aeroporto internacional da Portela, que havia sido apreendido às 3:30 da manhã por uma unidade da escola de oficiais. Algum pessoal trouxe cônjuges a Lisboa e estavam com eles em hóteis no centro da cidade. Não havia maneira de contactá-los ou garantir sua segurança, mas a rapidez e a falta de violência no golpe impediram que qualquer mal ocorresse.

No meio da tarde, ficou claro que não havia mais nada que pudéssemos fazer. Portanto, levantámos âncora pouco antes das 3:00 da tarde, e navegámos lentamente pelo Tejo, observando a actividade das multidões em terra, especialmente a sua rápida dispersão quando um tanque subitamente apareceu num cruzamento.

4 comentários:

  1. Deixo aqui um ensaio de Rui Ramos, a lerem no Observador:
    “Sem os generais, a revolução nunca provavelmente teria acontecido, como aliás um desses generais, Costa Gomes, fez questão de notar anos depois: no dia 25 de Abril de 1974, as tropas mobilizadas para a revolução – 150 oficiais e 2000 soldados, a maior parte instruendos das “escolas práticas”, sem qualquer experiência de combate — nunca, em circunstâncias normais, teriam sido suficientes para derrubar um regime que, nesse ano, mantinha mais de 150 000 homens em armas”,

    em 74 apareceu na casa onde vivi um livro com o título Portugal e o Futuro, perguntei o que era aquilo? “era para acabar com a guerra em Africa”, não li, só recordei ser do General Spínola,

    dele diz Rui Ramos no Observador:
    desfiava o rosário habitual dos críticos internos do regime salazarista na década de 1960: o mundo mudara e havia outras expectativas. “O tempo dos dogmas está ultrapassado”. Não se podia fingir que a emancipação nacional não estava na ordem do dia em África, ou ignorar que os portugueses ansiavam por uma prosperidade europeia [a CEE pagava melhor que Salazar…] e não por morrer numa guerra africana, dispendiosa e sem fim. A “crise” era a “mais grave da história de Portugal”. Contra os que, para evitar a desagregação do país, não viam alternativa à ditadura na metrópole e à guerra em África, Spínola sugeria uma via liberalizante e federalista que preservaria a “nação” enquanto ligação entre povos de diferentes continentes, mas em paz e democracia”,

    pois, mas desde quando os franceses iriam permitir concorrentes com províncias ultramarinas lusófonas a fazerem-lhes concorrência! Spínola quis ser o De Gaulle português e saiu-se mal…

    link onde ler Os generais de Abril do Rui Ramos:
    https://observador.pt/especiais/os-generais-de-abril/

    Cumprimentos de Genebra
    José Manuel

    P.S.
    vasos de guerra não fundeiam frente a posições onde possam ser bombardeados, nesse caso ficam em deslocação velocidade máxima, essa do Contratorpedeiro Huron da NATO bloquear a Gago Coutinho
    face ao suposto alvo a força de Salgueiro Maia, no Terreiro do Paço em 25 de Abril de 1974, não convence…

    e mais, não me lembro de ver UM cravo vermelho nos canos das G3, estive lá e no Carmo das 9 às 23, hora em que os mirones civis foram expulsos pela força da rua da sede da PIDE, antes vi tiros e mortos, cravos vermelhos essa é a mais bacoca desta “revolução”!

    ResponderEliminar
  2. Ler aqui o episódio dos mortos pela PIDE em 25 de Abril de 74:

    A PIDE/DGS abre fogo sobre a população

    Nas imediações da sede da PIDE/DGS, as ruas estavam cheias de gente que se interrogava sobre o destino da polícia política e exigia a sua ocupação, gritando e, por vezes, atirando pedras ao edifício.

    A PIDE/DGS disparou, a partir da sede, por duas vezes, a última das quais pouco depois das 20 horas, o que causou dezenas de feridos e 4 mortos: Francisco Carvalho Gesteiro, empregado de comércio de 18 anos, José James Hartley Barneto, de 37 anos, José Guilherme Carvalho Arruda, estudante de 20 anos, e Fernando Luís Barreiros dos Reis, um soldado de 24 anos.

    O comandante da primeira força militar a chegar ao local após a retirada inicial dos fuzileiros, o regimento de Cavalaria 3 de Estremoz, afirma no seu relatório:

    Publicado em Almeida, Diniz de, Origem e Evolução do Movimento dos Capitães, Lisboa, Edições Sociai (...)

    «Cerca das 20h 30, fui alertado pela população de que elementos da DGS tinham aberto fogo (…) Em face desta informação, dirigi-me para a rua António Maria Cardoso e fim de evitar mais derramamento de sangue. Foram enormes as dificuldades para [atingir] o local pois a população com o seu desejo de vingança e completamente fora de si impedia qualquer manobra. (…) A população pedia vingança e que se atacasse o edifício, em cujas janelas se viam alguns elementos da corporação. Verificando que a força era pequena para iniciar o cerco, ordenei a comparência de reforços que estavam junto ao Quartel do Carmo (…). Verificando [ainda] que as forças eram insuficientes, solicitei ao comando do Movimento instruções e reforços para fechar completamente o cerco. Como não foram recebidas ordens para um ataque que continuava a ser exigido pela população, este não foi realizado. Tentei explicar à população a nossa atitude. Após bastantes esforços, fui compreendido e, apesar de não arredarem pé, não interferiram, pedindo unicamente para não os deixarmos fugir. Durante o espaço de tempo que mediou [entre] a chegada das forças de RC3 ao local e a vinda de reforços, constituídos por dois destacamentos da Marinha (…), foram capturados doze elementos da DGS e abatido um que fugira ao dar-se-lhe ordem para se entregar»11.

    Tratou-se do servente António Lage, um funcionário da DGS, de 32 anos, morto, pois, nessa situação.

    Costa Correia recorda que as forças sob o seu comando, chegadas à sede da PIDE, após os «assassinatos de civis e os feridos causados», eram compostas por um destacamento de fuzileiros especiais e uma companhia de fuzileiros.


    ResponderEliminar
  3. Costa Correia recorda que as forças sob o seu comando, chegadas à sede da PIDE, após os «assassinatos de civis e os feridos causados», eram compostas por um destacamento de fuzileiros especiais e uma companhia de fuzileiros.

    «Fizemos o cerco em coordenação com as forças do Regimento de Cavalaria de Estremoz que já lá estava. Tinham pouca gente, por isso combinámos que eles ficariam na parte das traseiras e nós na parte mais dianteira”. O cenário era “de alguma calma durante a noite, mas com populares inquietos com o facto de a PIDE ainda não estar ocupada», lembra Costa Correia.

    Perguntando a Costa Correia se não havia agitação pelo facto de terem morrido várias pessoas, este responde: «Sim, isso sim. Mas tenho a impressão que muitas pessoas tinham ido para casa ouvir as comunicações e as notícias. Não havia muitos populares na rua naquela noite. De manhã, depois, começou a haver muito mais».

    e isto é pouco correto pois um comandante chegou ao local da PIDE já noite escura do 25 (diziam que estava a jantar…) e já lá estava nas traseiras da PIDE uma Chaimite, e um pelotão na frente (o tal servente da PIDE já tinha sido abatido antes!), onde tinham na mira das armas uma dúzia de pides nos degraus da porta, este comandante chega ao local a pé e ao meu lado sacou dum revolver à cintura, não usava a Walther… deu um berro “à minha ordem manda avançar um a um para revistar, ao mínimo movimento suspeito fogo à matar”, os pides foram um a um encostados ao muro em frente debaixo de triangulação de atiradores, nesse momento fomos empurrados pelas G3 dos soldados a evacuar os civis… os fuzileiros só chegaram no dia seguinte!

    estive em perigo de vida sem o saber
    a Chaimite estava nas traseiras provavelmente para evacuar alguém… como no Carmo!

    Cumprimentos de Genebra
    José Manuel

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Muito obrigado pelos comentários.
      Dado o relevo, optei por fazer um postal com esses comentários.
      Um abraço.

      Eliminar