A cidade de Palmira (hoje na Síria), ainda exibe impressionantes ruínas do que foi um suspiro de breve independência do Império Romano, 12 anos protagonizados pela rainha Zenobia, entre 260 e 272 d.C.
Zenóbia enquadrou-se numa sequência de rainhas míticas:
- Semiramis (Assíria, Babel)
- Dido (Fenícia, Cartago)
- Cleópatra (Egipto, Alexandria)
... sendo as duas primeiras consideradas lendárias, e da terceira feita a lenda.
Dido (e Eneias, segundo Virgilio), Cleopatra, Zenobia (ou mulher de Palmira)
Se do lado ocidental do Império Romano o "tempo" foi mais castigador na preservação de ruínas, na parte oriental do império, o deserto, os bizantinos e os árabes em vez dos godos, deixaram-nos alguns vestígios razoavelmente intactos de grandes construções, possíveis a estudo posterior.
O Império Romano teve um sobressalto de divisão involuntária após a prisão do imperador Valeriano na batalha de Edessa contra os Persas. Apesar dos sucessos de Claudio II (chamado Claudio Gótico, por ter derrotado os Godos), instalam-se o Impérico Gálico a ocidente, e o Império de Palmira a oriente.
É deste Claudio II que Faria e Sousa referia não se conhecer a ascendência, comparando com o caso do Conde D. Henrique.
É deste Claudio II que Faria e Sousa referia não se conhecer a ascendência, comparando com o caso do Conde D. Henrique.
Colapso do Império Romano em 268 d.C.
Do lado ocidental está o Império Gálico 260-270 d.C. com Postumus que une a Gália, a Britania e a Hispania sob seu controlo independente. Do lado oriental Zenobia sucede a seu marido num império oriental que reunia o Médio-Oriente com o Egipto.
Se Cleópatra ficou lendária, Zenobia tomou essa ascendência, legitimando-se como uma sucessora de rainhas. O Império Romano reorganizou-se sob o controlo de Aureliano, talvez o último imperador a restaurar a glória de Roma, e marchou sobre os dois recentes impérios que sucumbiram. Aureliano terá tentado convencer Zenobia a render-se, mas a sua resposta é esclarecedora sobre a personalidade:
Se Cleópatra ficou lendária, Zenobia tomou essa ascendência, legitimando-se como uma sucessora de rainhas. O Império Romano reorganizou-se sob o controlo de Aureliano, talvez o último imperador a restaurar a glória de Roma, e marchou sobre os dois recentes impérios que sucumbiram. Aureliano terá tentado convencer Zenobia a render-se, mas a sua resposta é esclarecedora sobre a personalidade:
Never was such an unreasonable demand proposed, or such rigorous terms offered by any but yourself. Remember, Aurelian, that in war whatever is done, should be done by valour. You imperiously command me to surrender; but can forget that Cleopatra chose rather to die with the title of queen, than live in any inferior dignity. We expect succours from Persia; the Saracens are arming in our cause: even the Syrian banditti have already defeated your army. Judge what you are to expect from a conjunction of these force. You shall be compelled to abate that pride, with which, as if you was absolute lord of the universe, you command me to become your captive.
Sobre Zenobia, apesar deste registo de ser no tom "antes morrer do que ser serva", os vencedores registaram que foi cativa, e apresentada como tal em Roma, juntamente com Tétrico, o sucessor ocidental de Postumus... ainda que esta versão tenha sido logo posta em causa pelos próximos de Zenobia. Sintoma da sua independência efectiva, Zenobia mandou cunhar moeda própria:
Zenobia liderou um império de Nabateus (que não devem ser confundidos com Nabantinos) por um breve período, mas talvez tenha deixado claro que o desejo de formar um império oriental, com o Egipto, não se tinha desvanecido com Cleópatra e as suas jogadas políticas.
Da mesma forma, do lado ocidental havia um igual desejo independentista. Assim, estavam formadas as condições de pressão para a separação definitiva do Império Romano em duas partes.
Ruínas de Palmyra
Sem comentários:
Enviar um comentário