domingo, 4 de agosto de 2013

Santelmo

Por mero acaso, hoje, que se comemoram 435 anos sobre a batalha de que deixou Portugal suspenso, encontrei este vídeo, da TvL Odivelas, sobre o Elmo de D. Sebastião, numa entrevista a Rainer Daehnhardt:

Perspectivas : O Elmo de Dom Sebastião- Rainer Daehnhardt
O elmo de D. Sebastião, segundo R. Daehnhardt.
Programa Perspectivas da TvL.

falei muitas vezes sobre D. Sebastião, e não terei muito mais a acrescentar. 
Já conhecia esta história do Elmo, apresentado há dois anos, numa fugaz participação que tive no facebook, mas não conhecia o vídeo, que é posterior, e onde Daehnhardt detalha as suas conclusões sobre o elmo.
Em particular, depois de explicar as razões que levam à suspeita que foi um dos elmos usado em batalha, dirige as suas conclusões para a violência dos impactos sobre o elmo. Talvez a parte mais interessante é a sua conclusão de que o portador do elmo estaria vivo, e teria rechaçado os inimigos (em número que aponta até mais de 70)... nessa altura, ao abrir a viseira seria atingido por um lança granadas, a curta distância, que teria levado à morte... do rei?
- Rainer Daehnhardt admite a hipótese de ser já um escudeiro a lutar com a armadura do rei. De qualquer forma, o disparo de granada visaria a morte do rei, e sairia por traição, de entre as tropas nacionais.
A outra hipótese leva à diversa especulação de que o rei não teria morrido, nomeadamente à hipótese do Prisioneiro de Veneza...

A expansão otomana complicara o equilíbrio de forças no Mediterrâneo, e após a perda da Ilha de Rodes em 1520, a Ordem dos Hospitalários de S. João fica sem terras, e vai receber a oferta Carlos V sobre as Ilhas de Malta e Gozo, bem como a cidade de Tripoli (em poder espanhol desde 1510).
Em troca, a Ordem, agora chamada Ordem de Malta, entregaria simbolicamente um falcão anualmente... o chamado Falcão Maltês (tributo que esteve na origem do filme Maltese Falcon), o que fez até à intervenção militar de Bonaparte em 1798. Com essa intervenção e a inglesa, os domínios da Ordem de Malta reduziram-se desde então a uma propriedade em Roma...

Esta Ordem militar hospitalária que construíra o Crac dos Cavaleiros, recebera o espólio dos Templários aquando da sua supressão e condenação francesa, acabou mais dedicada ao corso, devido à perda dos territórios na Terra Santa.
O seu renascer como Ordem Malta associava-se ao grande êxito militar quando o grão-mestre La Valette, do Forte de Santo Elmo, consegue segurar o Cerco de Malta, feito pelos otomanos, em 1565.
La Valeta e o Forte de Santo Elmo
(onde La Valette segurou a invasão otomana em 1565).

Nessa altura, o sucesso cristão na Batalha de Lepanto teria como contraponto a perda de Chipre, e a perda definitiva de Tunis em 1576, colocava um acentuado domínio otomano sobre o Mediterrâneo.
É assim simbólico que Filipe II decline o apoio ao sobrinho, mas ofereça a D. Sebastião o Elmo de Carlos V, que ele levara na conquista de Tunis... onde o galeão Botafogo teria servido como peça fundamental.

Não é o Elmo de Carlos V o que é exposto por Daehnhardt, que fala na utilização de 3 diferentes armaduras por D. Sebastião em batalha. O elmo em causa aparenta uma resistência superior, capaz de resistir às armas convencionais, mas não a uma granada europeia disparada a curta distância.

Santo Elmo aparece como designação alternativa para São Erasmo de Fórmia, padroeiro de navegantes, parecendo algo forçada a redução do nome Erasmo para Elmo... ou Telmo (sendo ainda associado a um frade dominicano Pedro Gonzalez).

O Fogo de Santo Elmo, estranho fenómeno em tempestades, era descrito pelos marinheiros portugueses como "fogo de corpo santo". Tal fenómeno é descrito no Canto V (17-18) dos Lusíadas:

Os casos vi, que os rudos marinheiros, 
Que têm por mestra a longa experiência, 
Contam por certos sempre e verdadeiros, 
Julgando as cousas só pola aparência, 
E que os que têm juízos mais inteiros, 
Que só por puro engenho e por ciência 
Vêm do mundo os segredos escondidos, 
Julgam por falsos ou mal entendidos. 

Vi, claramente visto, o lume vivo 
Que a marítima gente tem por santo, 
Em tempo de tormenta e vento esquivo, 
De tempestade escura e triste pranto. 
Não menos foi a todos excessivo 
Milagre, e cousa, certo, de alto espanto, 
Ver as nuvens, do mar com largo cano, 
Sorver as altas águas do Oceano. 


 
Ilustração do fogo de santelmo, e ilustração do Séc. XVI de Santo Elmo 

Camões não nomeia o "fogo de santelmo", apenas disserta sobre a incredulidade dos sábios face às descrições dos "rudes marinheiros". Dado o aspecto de fuzis que disparavam cargas eléctricas partindo dos mastros dos veleiros, a então nova capacidade dos elmos resistirem a esses disparos, conforme explica Daehnhardt, justificaria a invocação da mesma protecção simbólica para os navegantes.
Acresce que o nome Santelmo vai aparecer na mitologia Filipina... nas ilhas de Filipe II, em disputa com D. Sebastião. Aparece aí como uma monstruosidade capaz de emitir bolas de fogo... e não necessariamente granadas convencionais.

A principal curiosidade é que este tipo de elmo e armadura eficaz contra projécteis teria o seu fim exactamente nesta época. O elmo completo de D. Sebastião talvez tenha sido dos últimos usados em batalha... a partir dessa data, usar-se-ia apenas um capacete, em tropas especializadas, como couraceiros ou dragões. Apesar da aparente infalibilidade protectora, o aumento de poder de fogo, e especialmente o "pragmatismo", acabariam por condenar a capacidade de salvação do Elmo.
Os reis e generais ficariam habitualmente fora da primeira linha dos cenários de guerra. A reposição do material humano, carne para canhão, seria afinal mais económica do que financiar um equipamento pesado, protector da soldadesca...

É ainda interessante Daehnhardt referir como foram tratados os restos das cotas de malhas de ferro... no Séc. XIX o liberalismo cuidou de reduzir essa memória à dilaceração para esfregões de panelas! Vêem-se mesmo alguns tachos que usavam partes de armaduras.
Mais do que reciclagem de material... a ideia seria sempre a reciclagem da memória!

28 comentários:

  1. 4 de Agosto

    Não era o Rei quem usava o Elmo, mas alguém de maior estatura...
    Portanto... não foi El Rei quem morreu em Alcácer Quibir.
    As Breves Papais, mandam que Filipe de Espanha, devolva o Reino de Portugal ao seu Rei legítimo.
    Portanto...O Vaticano sabia que Dom Sebastião estava vivo.
    Poder-se-ía pensar, que o Poder residia no Vaticano...
    Mas não!
    Castela mantém a ocupação ilegítima de Portugal.
    Destróiem-se os Mapas em Castela.
    Escondem-se os Mapas em Portugal.
    Que os chamados "Descobrimentos", são muito anteriores ao Infante Navegador, aquele que tem o rosto com que Afonso V, está representado nas Tapeçarias de Pastrano.
    Supôr-se-ía que o Vaticano detinha o Poder...
    Curiosamente...Não!
    Não mesmo?
    Porque o mais curioso, é que Castela também perde...
    Ganham os Emergentes: Inglaterra, Holanda e França...
    Dom Dinis recebe os Templários...
    Dom Dinis planta assim as raizes que levarão as naus de seu filho Afonso IV, à América...
    Pinhais....Só que a madeira das Naus não era pinho...
    Refugiados....A Vitimização...Outra vez...
    Metáforas!
    Ou melhor...Embustes!

    O corpo de Dom Sebastião...encontrado em Limoges...
    França...
    Ana de Áustria...Ana Maurícia de Áustria.
    Rainha de França...
    Coincidências! Ou melhor...Fábulas!

    Abraços

    Maria da Fonte
    Qual seria o papel dos Turcos?

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    1. Bom, creio que o papel dos Turcos foi ambíguo. Por um lado tinham uma agenda própria, mas depois acabaram por contentar-se em servir o jogo das potências europeias, através de várias alianças secretas.
      Começam com os franceses... Francisco I está do lado turco contra Carlos V.
      Depois creio que desde Filipe II que os espanhóis deixam de ser incomodados pelos turcos...
      A grande ameaça turca será feita pelos territórios balcânicos, e a oposição efectiva ao seu domínio só chegará com a ascenção imperial inglesa, só no Séc. XIX, depois da derrota de Napoleão.

      Tenho bastantes dúvidas sobre a sobrevivência de D. Sebastião.
      Não estou a ver a história do sobrevivente isolado, e se sobreviveu com ajuda, seria estranho não ter aparecido logo, através dessa mesma ajuda que o tinha feito escapar...
      De uma forma ou doutra, o que se seguiu foi a interminável perda de soberania da rés-pública portuguesa, condenada a servir os encobertos da nobreza, executores de ordens externas para salvar agendas próprias.

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  2. Sem que tenha alguma coisa a ver, não podia deixar de mostrar este mapa que encontrei por acaso: http://www.wdl.org/pt/item/471/#regions=europe&countries=PT

    Tristes de quem constrói casa à beira-mar, tendo em conta a mutualidade da costa! Falta de memória, cá está.

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  3. Muito bem lembrado, Olinda.
    Já há algum tempo que andava para fazer um texto sobre as fortificações portuguesas, e esse mapa que encontrou é importante, porque mostra como houve outros "terramotos" destinados a arrumar com o passado:
    http://testemunhosdotempo.blogspot.pt/2010/09/curiosidade-torre-de-quarteira-mandada.html

    Pode-se ler que D. Dinis decidiu construir um castelo em cima da cidade antiga de Carteia - antiga Quarteira, depois a fortaleza sofreu evoluções e degradou-se, ao ponto de em 1936 ser mandada abaixo.
    Todos os empreendimentos no Algarve, que fizeram as delícias de muito povo, fizeram também o encher de bolsos em segredos de ruínas antigas, entre os construtores de empreendimentos, como Torralta, J.Pimenta, etc...
    Há ainda muita gente responsável por essa razia nos anos 1960, 70, 80, 90, que sabe exactamente o que foi encontrado, e o que foi feito disso. Escusado será dizer porque vai sendo preciso manter e pagar silêncios de tanta coisa...

    Houve muita construção nas últimos décadas, e isto basicamente era azar não descobrir alguma coisa antiga enterrada, em cada troço de auto-estrada, de empreendimentos turísticos, de pedreiras, etc.
    Manter isto tudo debaixo da cumplicidade consegue-se, porque foram pecadilhos de muitos, e ninguém sairá muito honrado na fotografia individual.
    No entanto, se olharmos para os pedreiros "livres", maçons, que supervisionavam a destruição programada, e recolha de segredos, veremos que a responsabilidade do pequeno construtor, ou empreiteiro, era marginal e inseria-se numa lógica de ocultação global.

    A mudança da costa foi muito mais significativa do que se julga, e por isso entra tudo em histeria com o aumento de temperatura... o pessoal aproveitou a época fria para avançar "mar a dentro", com algumas fixações de dunas.
    Vila Real de St. António nem existia nesse mapa... foi uma vila inventada pelo Marquês de Pombal.
    Curiosamente Arrifana aparece como ilha... acho que não sabia dessa.
    Agora toda a gente quer manter o planeta frio, indo contra o ciclo normal, porque as cidades avançaram mais do que deviam....

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  4. Já tenho visto a Arrifana como ilha em muitos mapas.
    Outros promenores neste mapa: linha de costa muito diferente entre Vila Nova de Milfontes e Sines. De facto, há ali actualmente uma zona menos rochosa e com grandes (e lindas) dunas: Aivados e Malhão. Não há estrada alcatroada nesta zona, e tendo em conta que as estradas actuais decalcam antigas... Talvez estas dunas sejam recentes.
    Castro Verde também não aparece no mapa. Estranho, até porque ligo sempre este nome a um qualquer acampamento (castro) romano. Aliás, Castro Verde não aparece em mapas antigos...mas tem foram de D. Manuel

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    1. Muitos mapas portugueses "perderam-se"... e havia um certo interesse em não traçar correctamente a costa, para evitar que as potências externas conhecem bem o litoral.
      Muitos mapas estrangeiros aparecem assim com erros grosseiros, creio que baseados em informações incorrectas. Os estrangeiros sabiam de muita coisa, mas não do exacto, a menos de espionagem interna... e também haveria contra-espionagem, etc.
      Por isso, tem-se que dar algum desconto aos mapas externos, e temos que nos socorrer de outras informações, para perceber melhor o que faz ou não faz sentido.

      De qualquer forma, conforme assinalou, é quase certo que nos últimos 400 anos tenham havido grandes mudanças na costa, que também provocaram as alterações nos mapas. Em particular, a costa ficou cada vez mais sem entradas ou baías, aparecendo quase sempre em linhas direitas.
      Uma parte foi natural, mas também houve mão humana, tal como aconteceu na Holanda... mas de forma menos sistemática. Os pinhais de Leiria foram uma maneira que se encontrou de fixar a costa, ganhando ali muito espaço às dunas e ao mar. Os próprios agricultores iam aproveitando recuo de águas para avançar no cultivo.
      Houve uma soma de factores.

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  5. Fui ver outros mapas e reparei em "Ilhas do Pessegueiro" -
    http://www.wdl.org/pt/item/7328/zoom/#group=1&page=1&zoom=5.6530&centerX=0.2061&centerY=0.4774
    http://www.wdl.org/pt/item/470/zoom/#group=1&page=1&zoom=6.5786&centerX=0.1984&centerY=0.1186
    http://www.wdl.org/pt/item/163/zoom/#group=1&page=1&zoom=10.7402&centerX=0.4100&centerY=0.6260

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    1. Olá bom dia,

      São 7 "Ilhas do pesigueiro" junto a "Sinis" no Portugalliae, 9 noutros... mas para mim 5 e um porto rectangular duplo de desembarque junto à costa. Se quiser ilhas desaparecidas tem mais neste mapa que divulguei na Wiki:

      • “Portugalliae que olim Lusitania, novissima & exactissima descriptio” [depositário: Library of Congress Geography and Map Division Washington, D.C. 20540-4650 USA] é provavelmente o primeiro mapa de Portugal.

      • Feito por Álvaro Seco é provavelmente publicado em Roma por volta de 1560 com o título "Tabula Geografica Portugalliae".

      http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Portugalliae_1561_%28Baseado_no_primeiro_mapa_de_Portugal%29-JM.jpg

      A sua rede hidrográfica é excepcional, gabavam no estrangeiro os portugueses pelo conhecimento detalhado que tinham do seu território (para mim só possível por vista aérea, balões e passarolas...).

      Boas leituras, cumprimentos, José Manuel CH-GE

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  6. Re: “Castro Verde também não aparece no mapa”

    Olá bom dia,

    Tudo o que situasse minas e fenícios em Portugal sempre esteve encoberto, e está ainda...
    Na Wiki inglesa levanta um pouco o véu ao associar Castro Verde e ; “Syllabary of Espança, an ancient stone with evidence of Phoenician influences in the region” + “Castro Verde lies along a transport route linking the mines of Aljustrel (20 km to the north) with the port city of Mértola (40 km to the east) situated on tributaries of the Guadiana river”.

    Boas leituras, cumprimentos, José Manuel CH-GE

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  7. Sim, o João Ribeiro já tinha feito notar que o vídeo "desapareceu"...
    Se alguém souber de outro sítio onde ele se encontre (já procurei, mas sem sucesso), agradeço a informação.
    Obrigado.

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  8. https://www.youtube.com/watch?v=aWtHK4BmzX0

    À falta de melhor, é pólvora e vale a pena...

    Cpts.
    José Manuel CH-GE

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    1. Obrigado... já por uma certa antecipação a possível «desaparecimento» do vídeo, tirei aquela imagem que ali ficou, onde Rainer Daehnhardt mostrava os violentos danos que o Elmo terá sofrido no seu lado direito.

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  9. Vídeo novamente visível!

    http://tvl.pt/2012/10/28/perspectivas-o-elmo-de-dom-sebastiao-rainer-daehnhardt/

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    1. Novamente o vídeo do elmo, pois esse link deixou de existir:

      https://www.youtube.com/watch?v=7tsU4QoVuEo

      NM

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  10. Ontem a verdadeira razão de aqui ter vindo foi de ter pesquisado por império Otomano no seu blog e resultar esta página. Entretanto apercebi-me que o vídeo de Rainer já estava activo e faltou-me o tempo para escrever mais. No entanto a minha questão era outra. Tem algo sobre sobre Oruç Reis? Um Almirante Otomano que ficou famoso como Barbarossa?

    Ao ver no youtube um documentário deparei-me com este personagem e o seu nome chamou-me a atenção. Barbarossa é Oruç Reis que diz o wikipédia ser Albanês/Grego mas...o nome soa Portugês. No próprio documentário dizem que os Otomanos quando não conseguiam derrotar um adversário ou essa luta sendo demasiado dispendiosa tentavam atrair o inimigo para o seu lado. Oruç é facilmente lido por O Ruço e sabemos que na gíria Portuguesa uma pessoa com cabelo claro ou aspecto mais branquela é facilmente de alcunhado como Ruço, tenho um exemplo na família por acaso. Apelidado de Barbarossa tanto ele como seu irmão está comprovada essa característica física. O apelido Reis é tipicamente português. Como à época éramos a potência ou das potências com maior poder e conhecimento naval e como andávamos ás turras com os Turcos por esse Oriente fora, quem sabe se Oruç ou seu pai não terá sido um recrutado pelo império Otomano...

    https://www.youtube.com/watch?v=uIBO-meEtC8

    https://en.wikipedia.org/wiki/Oru%C3%A7_Reis

    https://en.wikipedia.org/wiki/Category:Albanian-language_surnames

    https://en.wikipedia.org/wiki/Category:Greek-language_surnames

    https://en.wikipedia.org/wiki/Category:Turkish-language_surnames?from=R


    Ab

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    1. Quanto ao Barbarossa, é curioso porque estive a ver um documentário sobre a invasão nazi da Rússia, e esse nome da operação da ofensiva militar estava bem presente.
      No entanto, o Barbarossa que inspirava Hitler era o Imperador Frederico I, contemporâneo de Afonso Henriques, que expandiu o império alemão, colocando-lhe o epíteto de sacro-império. Terminou no meio de uma Cruzada que acabou por se dispersar justamente pela sua morte.

      Barbarossa foi cognome dado pelos italianos, que apanharam no pêlo com essa expansão, e a tradução para português é por vezes Barba Ruiva, ou Barba Roxa.

      A designação do almirante turco é a mesma, também será italiana, porque apesar de estar mais envolvido em lutas com os espanhóis, também pode ter dado água pela barba a uns e outros.

      Quanto ao nome Reis não creio que se ligue a portugueses, ainda que seja mesmo estranho aparecer entre almirantes, numa época de explorações navais portuguesas.
      É o nome de um cargo militar:
      https://en.wikipedia.org/wiki/Reis_(military_rank)

      Não sei qual é a pronúncia, também se escreve Rais, mas por vezes basta escrever de forma diferente para parecer diferente, mesmo que o som seja semelhante, e noutras vezes escreve-se igual coisas com sons diferentes.

      Repare que também pode dizer Reich como Reis, mas quando falamos no Reich alemão acentuamos Ráich, ao passo que dizemos Rêich quando falamos em Reis.

      Agora se os almirantes turcos estavam a soldo dos nossos Reis, pois isso é uma conversa diferente, só sondável nos bastidores profundos!

      Abç

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    2. Ahah e eu a pensar que tinha descoberto a pólvora e afinal Reis é apenas um cargo militar!

      Ab

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    3. Essa confusão é perfeitamente normal, e além disso, não fica esclarecida a origem do termo Reis, porque sendo uma espécie de Almirante, indicando um termo de chefia (um rei dos navios), é perfeitamente compatível com o nosso termo Reis.

      Abç

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    4. Obrigado pela simpatia caro Da Maia.

      Ab

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  11. Se buscar a descrição física de D. Sebastião, verá que todos dizem ter sido ele meão ou mesmo um disse "de estatura medíocre", e é a impressão que passam os retratos. O especialista do elmo afirma que a armadura tinha 1,80m de altura, o que não é meão hoje, nem portanto muito menos naquela época. Num livro, cujo autor não me vem, mas que posso encontrar, diz-se que trocou de cavalo três vezes. De cavalo, não de armadura. Gostaria de conhecer a fonta do especialista, pois esclareceria. Não seria estranho se alguém se passasse pelo rei, usando armadura com as insígnias reais, a fim distrair inimigos internos e externos.

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  12. Caríssimos, não tenho disponibilidade para assistir aos vídeos... Mas tive o privilégio de assistir a 2 "palestras" do historiador Rainer sobre o elmo.
    Ele defende que houve uma tentativa de assassinato sim, até levou uma arma semelhante à que o teria atingido.
    Levou também muitos outros objectos ;)
    O que queria aqui partilhar é as reflexões sobre quem teria sido o mandante do assassinato... Lembro-me que ele enumerou vários, com as respectivas razões, mas de quem ele suspeitava mesmo era de Henrique III e de como este tinha fundado a ordem do Espírito Santo em 1978. Segundo Rainer D.Sebastião tinha planos para fundar uma ordem com esse nome.

    Cumprimentos,
    Gualdim

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  13. Bom, é dito que:
    «- Rainer Daehnhardt admite a hipótese de ser já um escudeiro a lutar com a armadura do rei»
    ... e se os detalhes analisados cientificamente podem esclarecer muito, também não esclarecem nada, e só confundem mais, não havendo garantias sobre a autenticidade.

    De todo este assunto, estou muito mais inclinado para a ideia de que houve alguma traição nas tropas que acompanhavam o rei.

    O "relato do cativo" que apenas encontrei manuscrito, e nunca publicado em letra de imprensa, parece-me bastante fidedigno:
    https://alvor-silves.blogspot.pt/2015/08/pela-mao-de-sebastiao-2.html

    ... apesar de cativo, e dar conta do insucesso da expedição, o dito prisioneiro é suficientemente ambíguo para terminar dizendo que D. Sebastião «viu o campo já tão desbaratado que se retirou» e que «durou a batalha quatro horas sem se declarar a vitória.»

    Ou seja, dá claramente a ideia de que tudo correu mal, estava mal preparado, mas também que D. Sebastião teria tido oportunidade de se retirar. A questão é que se pelo lado português as coisas estavam perdidas, pelo lado mouro, também o Moluco estava morto, e não havia liderança, nem de um lado, nem do outro.

    Convirá não excluir uma versão menos heróica, em que D. Sebastião tenha simplesmente abandonado o campo de batalha, deixando o exército rodeado de mouros. E que essa tentativa de retirada estratégica, possa não ter corrido bem...

    Que os franceses de Henrique III eram apoiantes dos turcos, e portanto facilmente teriam fornecido logística ao Moluco contra os portugueses, pois isso também não parece nada difícil de acontecer.

    É bem vista a questão da "Ordem do Espírito Santo", que também já fora aqui comentada:

    https://alvor-silves.blogspot.pt/2015/08/pela-mao-de-sebastiao-2.html#c2429885248506714500

    ... e ainda ligada a uma possível sepultura do rei numa capela de Limoges!

    Obrigado a ambos.

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  14. O culto do Espírito Santo existe em Portugal desde o tempo da Rainha Santa D.Isabel. Essa foi a forma de cristianismo que Portugal adoptou face ao catolicismo romano. Foi esse cristianismo que intentámos levar para os Descobrimentos até que o Vaticano consegue matar todos os filhos de D. João III e eventualmente a Casa de Avis e assim substituir o Culto do Espírito Santo aqui e além fronteiras pelo catolicismo romano. Assim tornámos-nos apenas em mais um meio de expansão do império romano.

    Um vídeo sobre o Colégio do Espírito Santo em Évora criado pelo Cardeal D. Henrique.

    https://www.youtube.com/watch?v=3qmPF4Zv3V8

    Cumpts,

    JR

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    1. Caro João, este comentário foi apanhado no spam...
      De facto, a geração de D. João III foi completamente trucidada, e acho que o problema era bem mais interno do que externo. Os ducados de Coimbra e Viseu-Beja foram anulados, a ponto de só resistir Bragança.
      Seria uma investigação interessante saber se houve alguma linha com sucessores que não tivesse tido cruzamento com a casa de Bragança... se houve, era a linha dos Lancastre - Távoras, que acabou no processo do Marquês de 1758.

      A questão do Colégio do Espírito Santo também é bastante pertinente, e também termina com o processo do Marquês contra os jesuítas!

      Abç

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  15. Bom dia,

    O problema dos Távoras foi precisamente o cruzamento com a Casa de Bragança.

    O Wikipédia é explícito sobre o assunto:

    https://pt.wikipedia.org/wiki/Casa_dos_T%C3%A1voras

    “Os Marqueses de Távora tornaram-se figuras mais relevantes do Reino, pois alianças matrimoniais da família os uniram aos Condes de Atouguia, os Marquêses de Alorna, os Condes da Ribeira Grande, os Condes de Vila Nova, os Duques de Aveiro e os Duques do Cadaval.”

    https://pt.wikipedia.org/wiki/Duque_de_Cadaval

    "A Casa de Cadaval tem a mesma varonia que a Casa Real de Bragança, já que descende da Casa de Bragança por D. Álvaro de Bragança, 4º filho de D. Fernando I, 2º Duque de Bragança, e de sua mulher, a Duquesa D. Joana de Castro, filha de D. João de Castro, 2º Senhor do Cadaval. O Senhorio do Cadaval foi criado a 30 de Abril de 1388.”

    https://pt.wikipedia.org/wiki/Duque_de_Aveiro

    “Até 1640 era a Casa de Aveiro a segunda Casa Nobre do Reino, rivalizando em grandeza e riquezas apenas com a Casa de Bragança. Após a ascensão desta à Coroa tornou-se na primeira Casa Nobre de Portugal.”

    Resumindo, a sua importância no reino ombreava com a própria coroa.

    Ab

    JR

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    1. Creio que o assunto deve ser entendido da mesma forma que havia casamentos com rainhas estrangeiras, e isso não colocava em questão de que lado estavam, em caso de guerra com o país de origem... pu pelo menos não deveria colocar.

      No caso das casas ducais, creio que se passaria algo muito semelhante.
      Apesar de alguns casamentos de conveniência, para apaziguar disputas e animosidades, creio que a rivalidade entre a Casa de Bragança e a Casa de Aveiro, foi sempre mantida, ainda que em tom moderado.
      A Casa de Aveiro tinha a sua descendência pelo lado de D. Jorge, filho bastardo de D. João II, que ficou como Duque de Coimbra, e foi forçado a mudar o nome do ducado, por ordem de D. Manuel, que extinguiu definitivamente a referência a Coimbra.
      Terão havido casamentos entre as casas, mas nada de suficientemente significativo, e o então Duque de Aveiro não se via propriamente ligado aos Braganças. Ainda mais, neste caso D. José de Mascarenhas foi primeiro Marquês de Gouveia e só foi Duque de Aveiro, porque o descendendente directo, era um primo afastado, que morreu sem descendência.
      Também houve necessárias confusões devido ao período filipino, de forma que foi criado um ducado de Aveyro (com y), que foi restabelecido e ainda tem titular em Espanha!

      Abç

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