terça-feira, 20 de outubro de 2020

Fernão de Magalhães (3) pouco viral

Em 21 de Outubro de 1520, passam 500 anos, Fernão de Magalhães avistou a entrada no Estreito.
Conforme temos referido, não se passa nada, o que interessa são contas virais, soma e segue...

Demorou 3 dias, do Porto de Santa Cruz, onde estivera a invernar desde que saiu do Porto de S. Julião, a 23 de Agosto, a um ou dois dias de viagem. Ficou 2 meses parado, mas caso tivessem feito aquele percurso pela praia a pé, nem teriam demorado uma semana.

Ao cabo que define a entrada do estreito chamou das "Cabo das onze mil virgens", e ao estreito que ficou com o seu nome chamou "Estreito de Todos os Santos"... nomes apropriados, porque houve certamente muitos santos e virgens que por ali deixaram o seu suor e sangue, sem rasto histórico ter ficado da sua passagem.

Uma saída natural do estreito seria seguir para sul, pelo canal Magdalena, algo que encarregou a Estevão Gomes de fazer, ao que este achou por bem desertar e regressar a Espanha, conforme já mencionámos.

Durante um mês esteve provavelmente a procurar saídas viáveis, a cartografar, bom, creio que não se saberá muito bem, mas é depois suposto ter tomado a rota mais natural que lhe permitiu sair daquele labirinto de ilhas e entrar no Oceano Pacífico. Ficam aqui algumas das imagens do que poderá ter vislumbrado durante esse percurso... e pouco terá mudado:

Imagem do farol em Punta Dungeness - o Cabo das 11 Mil Virgens.

Em baixo, diversas imagens dentro do Estreito de Magalhães no Google Maps:



Há 10 anos atrás, disse e continuo a achar plausível, que Magalhães poderia também estar numa missão para apagar vestígios de presença portuguesa, ou outra, naquelas paragens. Ainda que se justifique a paragem à beira do Estreito, chegaram a Porto de São Julião a 31 de Março, portanto estão mais de 6 meses à boca do estreito, quase sem se mexerem. Quando saem de São Julião vão para o Porto de Santa Cruz que está a pouca distância, a um ou dois dias de navegação.

Tudo indica que Magalhães sabia que o Estreito era ali, conforme Pigaffeta diz, tinha isso assinalado em mapa, mas chegou justamente na pior altura, do inverno sul-americano. 

Creio que esses 6 meses em terra tiveram outro propósito, e levava portugueses suficientes para o fazerem. Esse propósito seria eliminar eventuais traços deixados, como padrões ou outras decorações, que aí tivessem ficado, de viagens portuguesas, ou ainda anteriores. 

Foi ainda durante este tempo que Magalhães teve contacto com os "Patagões", que dariam nome à Patagónia. Estes gigantes que Buffon dizia não se poder duvidar que existissem, desapareceram, para que também ninguém pudesse acreditar que tinham existido.

Mas toda esta situação, repetida incessantemente na História, tem levado a resultados nulos, ou perto disso, porque a população é completamente afastada de qualquer dúvida, porque quem determina o controlo está apostado em mostrar que não pode ser doutra forma. 

Dou um exemplo... em 30 de Junho de 2014 fiz um aditamento à Wikipedia inglesa onde juntei o seguinte no Estreito de Magalhães (também juntei na Wikipedia portuguesa, onde não houve alterações):

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Accounts before Magellan

It was reported by António Galvão in 1563 that the position of the Strait of Magellan was previously mentioned in old charts as Dragon's Tail (Draco Cola):[1]

... he (Pedro) brought a map which had all the circuit of the world described. The Strait of Magellan was called the Dragon's Tail; and there were also the Cape of Good Hope and the coast of Africa. ... Francisco de Sousa Tavares told me that in the year 1528, the Infant D. Fernando showed him a map which had been found in the Cartorio of Alcobaça, which had been made more than 120 years before, the which contained all the navigation of India with the Cape of Good Hope. - Galvano - | Discovery of the World, sub ann. 1428.

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Esse aditamento foi entretanto modificado (sublinho a amarelo)... mas vá lá, ficou a parte principal. Vejamos como está agora:

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Accounts before Magellan

There is no historical evidence of the knowledge of the strait prior to the Spanish expedition of Ferdinand Magellan [14]. In 1563, António Galvão reported that the position of the strait was previously mentioned in old charts as Dragon's Tail (Draco Cola):[a]

[Peter, Duke of Coimbra] brought a map which had all the circuit of the world described. The Strait of Magellan was called the Dragon's Tail; and there were also the Cape of Good Hope and the coast of Africa. ... Francisco de Sousa Tavares told me that in the year 1528, the Infant D. Fernando showed him a map which had been found in the Cartorio of Alcobaça, which had been made more than 120 years before, the which contained all the navigation of India with the Cape of Good Hope. [16]

Although this would suggest that the strait was mentioned in maps before the Americas were discovered by Europeans, the claim has been considered dubious.[14][b]

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As referências a [14] trata-se de um artigo "South America on Maps before Columbus? Martellus's ‘Dragon's Tail’ Peninsula" de William A. R. Richardson (2003), que visa apenas um mapa de Martellus e só o nome "Dragon's Tail" tem em comum com a referência de Galvão. Deixo o resumo do artigo:

Abstract: Henricus Martellus's four world maps of c.1489 show a non‐existent Asian peninsula east of the Aurea Chersonesus (the Malay peninsula). For some decades a group of scholars in Latin America has been claiming that this so‐called ‘Dragon's Tail’ peninsula is really a pre‐Columbian map of South America. In this paper, the cartographical and place‐name evidence is examined, showing that the identification has not been proved, and that perceived similarities between the river and coastal outlines on this ‘Dragon's Tail’ peninsula and those of South America are fortuitous. Ptolemy's depiction of an enclosed Indian Ocean was invalidated when Bartolomeu Dias rounded the Cape of Good Hope. Consequently, a year or two later, Martellus adapted the east Asian section of Ptolemy's world map, providing China with an east coast and turning the southward extension of Asia into a peninsula. The non‐Ptolemaic place‐names on these maps were derived from Marco Polo's writings.

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Vou fazer o quê?
Vou-me chatear pelo facto de alguém querer manter as aparências da versão oficial?
Claro que não...  Porquê?

- Porque um mundo em que a mentira e contradição se sobreponham à verdade e consistência, tem os dias contados. Mesmo que todos os dias provem que não, que é possível manipular todos até à exaustão, o que interessa a opinião de parasitas virais, face ao universo em que se inserem? 
Sim, os vírus parasitam o hospedeiro, mas o seu maior sucesso não é na morte dele que levará à morte dos próprios, o seu maior sucesso é reduzirem-se a uma certa insignificância, que garantirá a sobrevivência de ambos... e de preferência, sem que o hospedeiro perceba que está a ser parasitado.

5 comentários:

  1. Boa tarde caro Da Maia,

    Assim á primeira não pode ser o mapa de Martellus de 1480 o mapa a que António Galvão se refere pois esse teria de ser pelo menos de 1408 se não anterior (1528-120). Só à martelada poderão atribui o do Martellus. De qualquer forma se esse não for evidencia suficiente com certeza outros o comprovarão e lembro-me assim de repente que de mapas percebe o DJorge...
    Ainda assim a glória da viagem de Magalhães a bem ou mal cabe em grande parte a Portugal. O melhor navegador que Castela tinha... era português, temos pena! :)

    Ab.

    JR

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    1. Pois, de facto foi mesmo à martelada, que aquela referência ali surgiu.

      Alguém achou que aquilo não podia ficar assim, e parece-me que fez pior, para quem tiver sentido crítico, como é o caso do João.
      No entanto, a maioria das pessoas nem sequer clica nas referências, por isso serve apenas o despiste.

      Bom, e como se esperava, pouco mais do que breves notícias de jornal.
      O Expresso dedica duas:

      https://expresso.pt/sociedade/2020-10-21-A-pandemia-travou-a-festa-do-V-Centenario-da-viagem-de-Magalhaes.-Mas-o-navio-Elcano-ja-esta-no-estreito-com-o-nome-do-navegador-portugues

      A pandemia travou a festa do V Centenário da viagem de Magalhães. Mas o navio Elcano já está no estreito com o nome do navegador português
      Se não houvesse pandemia Marcelo Rebelo de Sousa e Felipe VI poderiam estar em Punta Arenas a celebrar os 500 anos do achamento e travessia do estreito que liga o oceano Atlântico ao Pacífico. O Navio Escola Sagres estaria de certeza presente nesta homenagem à grande epopeia do navegador português Fernão de Magalhães, cumprindo assim uma das etapas mais importantes da volta ao mundo que festejava a aventura começada por Magalhães, e terminada por Juan Elcano, que transformou o mundo num lugar mais global. Da mesma forma imprevista que Fernão de Magalhães foi morto a meio da grande viagem, o coronavírus mudou as nossas vidas e as celebração desta epopeia. A Marinha espanhola não quis faltar à festa, e Magalhães será mais uma vez recordado como Magallanes. Apesar de tudo há um português a bordo do navio Elcano. Chama-se Diogo Morgado e é primeiro-tenente da Marinha portuguesa

      Ora, pois lá está! A culpa é do vírus... e não sendo em Punta Arenas, não se pode comemorar em mais lugar nenhum, porque a Srª da DGS não deixa!

      Mas quando eu iria dizer que se procurarem "Magalhães" e "Marcelo Rebelo de Sousa", quem vos aparece é Júlio Magalhães, o apresentador da TVI, eis que a Presidência da República deixou esta nota interessante:

      «Cauda do Dragão», assim lhe chamavam as antigas crónicas portuguesas.
      Há 500 anos, na esteira de João de Lisboa, o português Fernão de Magalhães foi o primeiro europeu a atravessar o Estreito que, originalmente designado «de Todos os Santos», passou a ostentar o seu nome.
      Graças ele, ao «agravado lusitano», como lhe chama Camões n'Os Lusíadas, e graças à sua pioneira viagem de circum-navegação, uniram-se dois oceanos, numa aliança geográfica mas, acima de tudo, cultural e humana.
      Este feito de projecção universal é património de toda a Humanidade - e assim deve ser celebrado como marco de universalismo e sinal de aproximação e de diálogo entre os povos.
      Marcelo Rebelo de Sousa


      http://www.presidencia.pt/?idc=18&idi=180209

      Ficamos a saber que Marcelo pelo menos referiu a "Cauda do Dragão" em "antigas crónicas portuguesas" e até "João de Lisboa"!
      Esperemos que não tenha sido só por consulta à Wikipedia, porque apesar de ter sido eu a escrever, espero que um dia me diga que "antigas crónicas portuguesas" são essas, e que não seja só António Galvão, que isso também lá está!

      Bom, mas pelo menos houve um presidente que se deslocou lá, foi o do Chile:

      https://expresso.pt/coronavirus/2020-10-21-Covid-19.-Chile-registou-1.152-novas-infecoes-e-17-mortes-nas-ultimas-24-horas

      O Presidente do Chile, Sebastián Piñera, visitou esta manhã a capital da região sul, Punta Arenas, para acompanhar o combate ao avanço da pandemia e também para comemorar os 500 anos de expedição de Fernão de Magalhães pelo estreito.

      Aproveitou, e fez dois em um...

      No meio de tudo isto, começo a pensar se os "viras" não vêm de outros "virus".
      Tenho que analisar melhor a coreografia da dança para estudar o assunto... eh eh!

      O problema é que depois também aparece o "corridinho", quanto à "chula" e ao "fandango", já temos alguma experiência.

      Abç

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    2. Pois, após uma análise cuidada aos "viras", que não são só de uma estirpe, temos:

      https://www.youtube.com/watch?v=q0hypSHnR_A

      https://www.youtube.com/watch?v=UjkpMdvI9No

      Característica comum:
      - mudança de par (transmissão do vira)
      - algum distanciamento
      - braços levantados (não tocar em nada)
      - muito rodopio, ora é num sentido, ora é no outro (máscara não, mascara sim)
      - etc

      Está bem explicado.

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    3. Caro JR,

      Só me vem à ideia a Carta Hazine 1825, que na minha opinião é anterior à data que lhe é atribuida de 1519.

      Cumprimentos,
      Djorge

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    4. Acabei de juntar um novo postal a esse propósito:

      https://alvor-silves.blogspot.com/2020/10/dos-comentarios-72-magalhaes-e-carta.html

      Obrigado a ambos.

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