Maastricht será mais conhecida pelo Tratado que definiu a União Europeia... a escolha da cidade nada indicaria de especial, a menos que se conheçam as Caves do Monte de St. Pietersberg, sobre as quais Buffon diz:
On connoit des carrières qui sont d'une étendue très-considérable; celle de Mastricht, par exemple, où l'on dit que 50 mille personnes peuvent se réfugier, et qui est soutenue par plus de mille pilliers, qui ont 20 ou 24 pieds de hauteur;
e depois de falar das minas de sal na Polónia, remata: "d'ailleurs, les ouvrages des hommes, quelque grands qu'ils puissent être, ne tiendront jamais qu'une bien petite place dans l'histoire de la Nature". Neste caso, as caves de Maastricht têm de facto um lugar pouco conhecido na História da Natureza, ainda que tenha sido lá que se encontrou o primeiro fóssil de grande réptil, o Mososauro:
Ilustração da descoberta do Mososauro em 1764, Maastricht.
Ora, convenientemente, houve artistas que decidiram aí representar nas paredes um mundo pré-histórico.
Ilustrações nas paredes das caves de Maastricht
Há normalmente um aviso colado às ilustrações, dizendo que as pinturas são recentes... não vá o povo pensar que algum homem pré-histórico tinha feito pinturas de carvão naquelas paredes.
A este propósito, aproveito para colocar uma imagem de uma das muitas locomotivas abandonadas no Salar de Uyuni, na Bolívia
Salar de Uyuni, Bolívia - "Asi es la vida"
Qualquer um dirá que esta locomotiva resulta de uma exploração de sal, que depois teve um fim, deixando abandonadas uma imensa quantidade de locomotivas (aparentemente nem o muito ferro abandonado foi considerado valioso). Há situações semelhantes na Austrália, no meio do deserto, ou na América... Nada a dizer, excepto que há uma outra hipótese mais interessante, ficcional é claro: - a confusão passado/presente!
O que fazer com múltiplos registos inconvenientes, espalhados pelo globo?
- Uma hipótese é ocultar, proibir as viagens, as visitas... isso terá sido seguido durante uns séculos.
- Uma outra hipótese é favorecer uma rápida evolução, copiando a evolução anterior, de forma que os registos de milénios se confundam com abandonos recentes. Se alguém no Século XX encontrasse uma locomotiva abandonada num deserto boliviano nunca iria pensar tratar-se doutra coisa que não fosse uma locomotiva com menos de 100 anos... nada de ter ideias para coisas de civilizações passadas. Em jeito de piada, basta reparar no design dos carros americanos dos anos 50, para pensar que foram inspirados em coisas de sáurios!
Com as pinturas inconvenientes será a mesma coisa... tivessem os espanhóis do Século XIX convocado um concurso de pintura nas grutas de Altamira, e os registos de caça agora atribuídos ao homem pré-histórico, passavam por terem sido desenhados por crianças na altura. É difícil conter a informação, as populações saberiam, etc... Será? Será que não demos já exemplos suficientes que mostram que a informação não se propaga da forma que se pretende, a menos que haja patrocínio, ou que não haja restrição?
As caves do monte de Maastricht são explicadas como resultado de exploração, como mina de pedra para as construções circundantes. Apesar de completamente esburacada, só em 1764 vão dar com o esqueleto do dinossauro, e em jeito de brincadeira vão usar as mesmas paredes para fazer uma pintura bastante realista do que seria o ambiente pré-histórico. É bastante provável que tenha sido assim, mas não se pode deixar de pensar noutras hipóteses...
A Holanda, tal como a Suiça, depois de sofrer sob domínio Habsburgo, irá ter uma história de independência e sucesso, que só diminuirá justamente na altura da divulgação da descoberta do mososauro, que depois foi parar ao Museu de História Natural de Paris.
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