sexta-feira, 5 de março de 2021

Costas de Portugal


Há costas e costas...

Por alguma razão, temos dois significados:
  • as costas da zona costeira
  • as costas do corpo humano 
e isto é particular da língua portuguesa! 

Se há uma certa ligação latina no termo "costa", que é aplicada à zona costeira, depois no que diz respeito às costas do corpo humano, mesmo os espanhóis usam "espalda", os italianos "spalla, schiena", os franceses "dos", os ingleses "back"... ou seja não há propriamente uma tentativa de ligar a costa às costas!
No entanto, essa primitiva ligação às costas ficou-lhes nas costas... por exemplo, quando se referem a costela, os espanhóis dizem "costilla, chuleta", os italianos dizem "costola", os franceses dizem "côte", e só os ingleses vão buscar "rib". O mesmo se passa com "costoletas", onde espanhóis, italianos e franceses também vão usar termos semelhantes e só em inglês é diferente (o alemão usa também "kotelet", talvez por influência francesa).

Portanto, parece-me que há alguma evidência que o termo "costas" aplicado às "costas" tem um sentido mais antigo, já que as línguas derivadas vão buscar a essa designação primeira, para as variantes de costelas e costeletas, mas só o português manteve a ligação à costas do corpo humano. 
Porquê?

Creio que é mais ou menos claro olhando para o mapa onde se fala português, e que se pode estender bem até à Galiza, e olhando para o aspecto das costas, neste caso ilustrei com a espinha, que está virada para a frente, mas poderia ser igualmente feito com o perfil das costas de alguém, nesse caso virado de costas para o mar.

Acontece que aparece muitas vezes, com um significado algo arbitrário, ligado a um esoterismo rosacruxiano, a comparação que Fernando Pessoa invocou, dizendo que Portugal era o rosto da Europa:
A Europa jaz, posta nos cotovelos 
(...)
O rosto com que fita é Portugal.

Noutros casos aparece como cabeça, e talvez o caso mais conhecido é este mapa atribuído a Heinrich Bunting (Séc. XVI) "Europa Prima Pars Terrae in Forma Virginis":



Quando escrevi os textos Tarso e depois Carpo, fiz notar que as designações não pareciam surgir literalmente do "pé para a mão", e que havia uma possível associação das partes geográficas às particularidades do corpo humano. 

Neste caso, isto parece ainda mais evidente no caso das Costas, já que o perfil da costa portuguesa, aparece como se fossem as costas de uma figura humana. Em particular a espinha iria corresponde à região entre Tejo e Douro, que foi onde se decidiram instalar os Turdúlos Velhos, o povo mais antigo de que há menção em Portugal. Essa seriam as costas que levariam até um sacro na Roca, e que terminavam sem cabeça na Cale, a Gaia do Porto. A cabeça seria o correspondente Minho... ou noutra versão mais antiga, o corte da cabeça seria feito pelo Minho para a Galiza, e não pelo Douro.

Isto é apenas uma observação fortuita, que não significa nada de especial, excepto que este exemplo junta-se a dezenas de outros que fui aqui mencionando, que parecem mostrar que a língua portuguesa poderá preceder as restantes, ditas de origem "latina"... ´

19 comentários:

  1. Interessante as "costoletas" e costeletas.
    Frequentemente aparece nas ementas dos restaurantes e na tabela de preços dos talhos: "costoletas de porco".
    Duma vez até chamei à atenção 'sr. Manel, afinal são das costelas ou das costolas do animal?'
    O sr. Manel ficou a pensar no que teria aprendido na formação de cozinheiro com um chefe francês, não sei se o talhante teria tido formação com algum butcher em terras inglesas.

    Cumprimentos
    Valdemar Silva

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    1. Bom, talvez eu não devesse ter atirado esta posta de forma precipitada.

      Quanto a "costoleta" não deveria existir, porque a forma corrente é "costeleta":
      https://pt.wiktionary.org/wiki/costeleta

      Tem razão, o resto são variantes, que como vírus vão contagiando "chefs", antes chamados cozinheiros, que gostam de ir buscar nomes, normalmente ao francês, nesse caso deve ser ao italiano, dado que os italianos usam "costola" e "costoletta".

      Nestas coisas de etimologia é quase tudo especulativo, e apenas quis fazer notar que em português se mantinha essa ligação às costas e costados, enquanto nos outros casos se tinha perdido.

      Diz-se que em latim "costa" seria "costela", e daí teria partido para o significado marítimo, ou geográfico (como em "encosta"), e os outros se teriam perdido.


      A minha abordagem é mais literal.

      Por exemplo, temos duas palavras parecidas: "contar" e "constar".
      Na minha opinião, surgem as duas da mesma coisa: "com" + "estar".

      Ainda hoje usamos o "contar" com alguém, como em "conto contigo".
      A parte numérica, é coisa posterior.
      A modificação do verbo "tar" para "estar" foi uma latinização da palavra.

      Tar é a forma correcta, ainda que os putos apanhem nas orelhas se o escreverem...
      Curiosamente, "tá" nos nossos genes conjugarmos "tar" e não "estar"...

      Formalmente, o "contar" é mais antigo e menos burocrático que o romano "constar".

      Os romanos usavam "computar" para contar (o que é entendivel, era com-putos, porque eles começavam a dar números aos filhos "Quintus"-Quinto, "Sixtus"(Sisto)-Sexto, "Septimus"-Sétimo, "Octavius"(Otávio)-Oitavo", "Nonius"(Nuno)-Nono, etc.)

      No português, creio que foram postos acrescentos que não existiam.

      Por exemplo, a partícula "igo" deveria ser só "i" (o "g" não se deveria pronunciar):

      Amigo - A mi (alguém que é "a mim")
      Comigo - Comi (com mim)
      Contigo - Conti (com ti)
      Consigo - Consi (com si) - e não com "ele" - ele seria adversário, inimigo.
      Connosco - Conós (com nós)
      Convosco - Convós (com vós)

      Quanto a "costa" parece-me muito próximo de "co-está", como num guarda-costas.
      Quando se "encosta", em costa, não há lugar de fuga nas traseiras (excepto o mar).

      Depois o próprio "custar" parece-me ser mais um "costar", porque muitas vezes era pago com açoites nas costas... que "costavam" muito.
      Enfim, é toda uma economia de mercado que se perdeu, mas está na língua.

      Como já disse aqui, o "haver" é "a ver", e o crédito, é que "crê dito".

      https://odemaia.blogspot.com/2015/09/gramas.html

      Cumprimentos.

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  2. Creio que em Português a Costa está ligada ás costas por um facto muito simples:

    As invasões vêm de Leste.
    Mesmo quando vêm do Sul, vêm de Leste.
    Assim, os povos da faixa Ocidental da Península combatem com as costas viradas para a Costa.
    Porque a Costa está segura, fica para trás, não temos de nos preocupar com as costas ou a Costa.

    Foi uma ideia que eu tive...

    Cumprimentos,
    IRF

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    1. Essa é uma observação que tem sentido.
      Obrigado.

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    2. Caro Alvor e IRF,

      Permitam-me discordar, pois a costa continental portuguesa só se torna +/- "segura" depois do século 17.
      Até lá a faixa costeira era dos sitios, menos seguros para se viver, por conta dos raides piratas constantes.

      Cumprimentos,
      Djorge

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    3. Bom, aqui estava a falar de tempos mais antigos... de tempos de constituição da língua, que julgo terem sido bastante anteriores a romanos ou até celtas.

      Mesmo assim, ainda que se proclame que a costa foi fustigada à época Viking, não sei bem o que há de muito concreto sobre isso... para além das runas da Póvoa de Varzim:

      https://alvor-silves.blogspot.com/2018/03/estado-da-arte-12.html?showComment=1526356127025#c6227625774076108901

      Cumprimentos.

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    4. Estava a falar também em tempos anteriores aos "Vikings".

      Se falámos, já noutros posts, sobre as odisseias que deram a volta à "europa", entre outros temas, então não faz sentido nenhum estar a considerar que o mar era lugar seguro para povoações "costeiras" (que a meu entender, tinham as costas viradas não para o mar, mas para terra).

      O IRF menciona ataques vindos do interior, isso demoraria, meses para não dizer anos a acontecer, a movimentação de grandes forças armadas, nunca passaria despercebida, dando tempo a povoações costeiras de fugirem para outras paragens, se conseguissem.

      O meu comentario foi à ligação de "costas para o mar", que discordo, quem vive do mar, não se vira de costas para ele, até porque sabemos que não é de confiança e que nunca devemos virar-lhe as costas.

      No minha opinião, creio que foi para o tronar seguro que os povos desta região se voltaram para ele, de "costas" "amparadas", viradas para as "encostas".

      Um abraço,
      Djorge

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    5. Sim, entendo.
      É melhor considerar ambas as possibilidades.
      A espinha do esqueleto até está virada de frente para o mar, mas em termos de configuração de umas costas, fazia sentido que de perfil as costas fossem definidas pela linha costeira.

      Em tempos mais antigos, e refiro-me em concreto ao Calcolítico, campaniforme, Bell-Beaker

      https://alvor-silves.blogspot.com/2018/04/sicano-e-beltano.html

      onde se poderá ver que o mar Atlântico era uma área de grande influência dessa cultura, que não teria rival... ou seja, poderia ter pouco opositor via marítima.

      E a esse propósito deixo esta conversa que agora encontrei

      https://alvor-silves.blogspot.com/2014/03/haplogrupo-e-ha-pelo-grupo.html?showComment=1395081676523#c6184034889119564094

      que mostra como há 7 anos atrás já falávamos dos temas actuais!

      Abraço.

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    6. Caro Djorge,

      " a costa continental portuguesa só se torna +/- "segura" depois do século 17."

      Sim, concordo... diria até mesmo só depois de meados no século XIX quando os Americanos destróem os piratas mouros e os Franceses começam a colonizar a Argélia.

      Mas eu referia-me a tempos mais remotos... até por ventura antes da chegada dos Romanos à Peninsula.
      Nesses tempos, os povos primitivos combateriam outros povos primitivos e aqueles que seriam mais costeiros teriam a vantagem de ter a "costa livre" porque eles controlavam afinal a costa... que era o fim do mundo.

      Assim, se a tribo não costeira teria de se preocupar com as suas costas, a tribo costeira teria as costas seguras pela costa...

      Cumprimentos,
      IRF

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  3. Engraçado este tema. Se se puxar para baixo, o sacro chega ao território do promontório sacro e cabo cinético da terra dos cónios (sagres, cabo de São Vicente e Algarve)
    gmr

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    1. Sim, caro GMR, foi mesmo mais por causa do Sacro que coloquei as designações ósseas.

      https://alvor-silves.blogspot.com/2011/05/linha-que-divide-terra-o-mar-e-os-ceus.html

      e acerca dos ginetes, cynetes, cunetes e cónios...

      https://alvor-silves.blogspot.com/2011/07/o-espirito-da-letra.html

      Obrigado.
      Cumprimentos.

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    2. Caro Alvor,

      Num ultimo comentário, e para finalizar o meu ponto de vista, sobre este assunto, sugiro uma alteração na sua imagem de referencia deste post, a de "satelite", para um mapa que mais se assemelhe à época que refere.

      Como exemplo deixo este link: https://www.rijksmuseum.nl/en/my/collections/2028510--remco-van-den-brink/meesterstuk/objecten#/BK-17007,2

      Não apenas pela data atribuida pelo museu 1553 (que poderá ser verdadeira para a peça, mas não para o "retrato" da peninsula, havia nesta altura mapas bem mais precisos da costa Portuguesa sem as ilhas ao largo), não pelo facto de ter sido roubado pelos Nazis e ters sido oferecido ao Fuhrer, nem pelo facto do museu não apresentar informação da proveniencia anterior a "collection Dr Fritz Mannheimer (1890-1939), Amsterdam and Paris" (o que levar a crer que pode ter sido levado durante as primeiras invasões, de Portugal ou de Espanha), mas pela conformidade Ptolomeica (levando a representação a "outros tempos" mais antigos), e em especial pelo detalhe do anel de ilhas ao largo da "costa de prata", que para mim, se não forem os arquipelagos da Madeira e Açores, não serão mito mas sim um relato anterior de ilhas que existiram noutros tempos com outros niveis de mar, tal como vemos no modelo de terreno digital no Google onde hoje temos mar.

      Para navegar para essas ilhas, viziveis a olho nu a partir de terra firme, ter-se-ia de assumir que o conhecimento de navegação seria no mínimo ao nível dos egipcios, e é ai que isto liga com outra historia.
      A cavidade de entrada na costa de prata, poderia colocar o mar bem perto de coimbra.
      Ou seja, ao tempo dos Romanos, Conimbriga poderia ter tido porto, em tempos anteriores os cónios teriam provavelmente utilizado o "castro" com porto ao meso jeito que o Castro do Zambujal foi utilizado.

      Se assim for, não podemos dizer que estes povos se sentiam seguros virados para o mar, aliás qualquer investida por água seria sempre mais rápida e furtuosa que por terra, podemos sim dizer que tinham tudo a ganhar com o comercio maritimo, o que nos leva mais uma vez para o "facto" que esse comercio era abundante, contrariamente à imagem do povo que aqui habitava e cuja atividade se resumia a pastoreio de gado.

      Sou da opinião convicta de que todos os Castros em Portugal Continental, tinham ligações maritimo-fluvial.

      Seria muito arriscado transportar bens por terra.

      Cumprimentos,
      Djorge




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    3. DJorge, não duvide do que diz. Ainda em 1117 ou 1118 Montemor-o-Velho sofre um ataque naval das forças do emir Ali ibn Yusuf que depois seguiram para Coimbra. Não está claro se seguiram via naval para Coimbra mas tendo em conta a orografia da época, a curca distância até Coimbra- cerca de 30 km - e a estrada fluvial que as une, o rio Mondego, será fácil de supor que sim.


      https://www.wook.pt/livro/1147-a-conquista-de-lisboa-na-rota-da-segunda-cruzada-miguel-gomes-martins/19843572


      Ab.

      JR

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    4. Este comentário foi removido por um gestor do blogue.

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    5. (((o comentário seguinte levou um polimento de cortesia)))

      Anónimo
      19 de março de 2021 às 09:35

      "DJorge, não duvide do que diz. Ainda em 1117 ou 1118 Montemor-o-Velho sofre um ataque naval das forças do emir Ali ibn Yusuf que depois seguiram para Coimbra."

      XXXX suprimido XXXX

      Gostava mesmo de saber mais sobre isso...

      Cumprimentos,
      IRF

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    6. Caro Djorge (e João),
      obrigado pela referência ao mapa de 1535.

      Ainda bem que notou nessa questão da costa ter aumentado/baixado de nível, porque esse foi um ponto que abordei há dez anos atrás:

      https://alvor-silves.blogspot.com/2011/02/porto-de-mos-e-dom-fuas.html

      Devemos ter em atenção essas mudanças, mas como foram em ambos os sentidos, não me parece que condicionem por completo que possa ter havido pelo meio um aspecto similar ao actual.

      Cumprimentos.

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    7. PARTE 1

      Caro Alvor,

      De facto duvido, pois para sermos precisos, todas as simulações científicas que vemos para a descida/subida do mar ao longo dos tempos, têm, na maioria dos casos, como base a topo batimetria atual.
      Esquecemo-nos que por muito invulgares que pareçam os registos de sondagens geológicas, com resultados diferentes para o mesmo local, não devem ser descartadas como erros, é sim um erro assumir que os processos geológicos e os próprios polos magnéticos do planeta, podem ficar de fora nestas simulações.
      No entanto, utilizemos o que nos é dado para ir um pouco mais profundo numa análise especulativa.
      Proponho então analisarmos o mapa de 1535?!, (o ponto de interrogação e exclamação, pelo facto de, a meu entender, a imagem não descrever o registo dessa data mas sim outra época muito anterior) com base cientifica e de acordo com o que nos é "pregado" pelos cientistas hoje:

      Usando este link: https://calculatedearth.com/earth/4800x1200

      Podemos ver a que nível deveria estar o mar, para termos ilhas em frente da "costa de prata". É bem simples, basta seguir pela escala e ver que bastariam 25m para isolar um conjunto de ilhas, e 50m seriam suficientes para que essas ilhas ganhassem uma disposição semelhante à do mapa.
      Desde já um alerta, o facto de estarmos a descer uma escala, é contraditório ao facto de estarmos a aumentar o nível do mar.
      Falamos então em aumentar no máximo +50m.
      Ou seja, para que as ilhas existissem, teria de haver um período com mar mais elevado em 50m em relação ao nível atual, que com base na informação que temos desde o último grande evento glacial, seria impossível.
      Estamos a falar de um período de pelo menos 22 mil anos.
      Logo é norma entre peritos em cartografia, falar-se de ilhas míticas, fantasiosas, falta de ética na representação. Pergunto se hoje em dia será muito mais diferente?
      Adiante, assume-se pois que não haveria conhecimento anterior a 22 mil anos para se desenhar um mapa e muito menos para o referenciar graficamente, eu não sei, não estava lá, e como não tenho preconceitos neste tema, aceito tudo o que seja logicamente antropologicamente científico.
      Para correlacionar esta subida do mar com um período temporal, e comprovar o que aprendemos na escola, utilizei esta hiperligação:
      https://en.wikipedia.org/wiki/Past_sea_level#/media/File:Post-Glacial_Sea_Level.png
      Podemos aqui comprovar / constar que, antes de 22 mil anos, não há registo de um período onde o mar estivesse estado mais elevado (média global) que o que está hoje (o hoje é relativo à data do estudo).
      Então encaro, 3 hipóteses para explicar a representação do mapa:

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  4. PARTE 2

    A. Trata-se de uma representação errada, mal referenciada, ou fantasiosa?
    Temos centenas de livros, estudos de cartografia, etc. para provar que as cartas eram mal feitas, por falta de conhecimento, (estou a excluir as que obviamente tinham codificações inatas).
    B. Trata-se de uma cópia de um registo com mais de 22 mil anos?
    Impossível provar, embora existam inúmeros estudos que com provas, bem argumentadas com objetos, palpáveis e evidencias de eventos que denotam mais inteligência em povos anteriores a 20 mil anos. Não sai da gaveta das teorias, porque seriamos nós os burros (em Inglês soa melhor, “Asnos”) hoje, porque levamos esse tempo todo para chegar ao mesmo nível de conhecimento científico.
    Isso é hoje completamente inimaginável, reconhecer o erro.
    C. Resta a 3ª das hipóteses que encontrei.
    Tratar-se-á de um registo em que o nível do mar desceu e não subiu, revelando uma costa mais a oeste e eventuais ilhas resultantes de afloramentos atualmente submersos.
    (o que falei lá em cima neste seu postal)

    A questão é que a mesma ferramenta (https://calculatedearth.com/) que mostra a subida do mar, também pode mostrar a descida.
    Assumindo obviamente um erro de cálculo por não ser esse o objetivo do site.
    Se no ecrã principal, colocarmos -25m ou -50m onde está por defeito 100m, e depois clicarmos no quadrante da península hibérnica, é possível ver uma mancha azul escura de mar (resultante da imagem de satélite) que representa a parte terrestre que ficaria após um recuo do mar.
    Nessa imagem dá inclusive para ver que os pilares de Hercules seriam mais uma parede de Hercules ou cascata de Hercules que propriamente uns pilares (como os conhecemos hoje).
    Relembro o erro de cálculo, pois sei que já colocou aqui um postal com um estudo seu que necessitaria -100 a -120m para fechar o mediterrâneo.
    A parte interessante é exatamente essa, o resultado seria uma clausura do mediterrâneo, tornando impossível a passagem marítima para OESTE para o OCE SANO vindos do OCE “não-SANO” (dada o aumento da salinidade por ser um mar fechado Link: https://www.livescience.com/42115-giant-salt-crisis-explained.html Nota: Ler o texto todo antes de comentar que o estudo é contraditório ao que estou a dizer) e dando aos povos da Península uma vantagem sobre os do mar interior.
    Pode ser esse o limitador das navegações, não a dificuldade em navegar num oceano extenso, mas a dificuldade física em fazer passar uma embarcação para fora do mar interno.
    Correlacionando esta descida do mar com um espaço temporal aceite cientificamente podemos usar o tal gráfico da imagem da página da wikipedia que coloquei lá em cima para verificar que uma descida de -25m a -50m teria ocorrido, segundo o gráfico, entre 9 a 10 mil anos atrás a meio da última grande subida, que ocorreu de -60m para -20m e que durou 3 mil anos, uns míseros 13mm por ano, impercetíveis para muitas civilizações.
    Estamos anualmente mais longe do continente norte-americano que esta subida do mar.
    Isto tudo para deixar as questões que cada um deve responder:
    1. Em 3000 anos seria possível um povo pouco letrado, evoluir para ter conhecimento sobre navegação e cartografia?
    2. Notar-se-ia uma migração costeira com o avanço do mar a 13mm por ano?
    3. Existirão provas de civilizações desde período temporal com conhecimento avançado?
    Obviamente que isto é tudo especulativo, quando as fontes são usadas para outros fins que não os quais para qual foram desenhados, mas tende a fazer sentido e deixar perguntas no ar onde a resposta afirmativa pode levar-nos a questionar tudo.
    Se olharmos para os mapas mais antigos, Romanos por exemplo, ou os escritos mais tardios, latinos, que denotam a impossibilidade (legal? ou física?) de ir além dos pilares como chegaria esta informação aos autores dos documentos, por vias de facto? Por recontar o que se “leu” num documento ancestral?

    Cumprimentos,
    Djorge

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    1. Caro Djorge,
      já escrevi sobre a questão da variação do nível do mar, que no sentido ascendente, quer descendente.

      Tenho diversos textos sobre isso, com mapas por exemplo:

      https://alvor-silves.blogspot.com/2011/06/iberia-estrabica.html
      https://alvor-silves.blogspot.com/2011/03/lago-tritonis.html
      https://alvor-silves.blogspot.com/2011/02/porto-de-mos-e-dom-fuas.html
      https://alvor-silves.blogspot.com/2014/02/lemuria.html

      https://alvor-silves.blogspot.com/2020/07/a-massa-da-maca-que-amassa-e-maca-2.html
      https://alvor-silves.blogspot.com/2019/08/mito-atlante-de-minos-ao-minus.html
      https://alvor-silves.blogspot.com/2016/01/estoria-alternativa-4.html
      https://alvor-silves.blogspot.com/2016/01/descobrimentos-em-diversos-anos-e_16.html

      Não estou a pedir para ler aqueles 8 links, mas pode ver os mapas que lá estão.

      Esses mapas que fiz são fáceis de fazer, desde que se tenha uma coloração por altura.
      Enganam também, porque com uma pequena variação passa de terra a mar, e muitos factores que actuam junto à costa.
      No entanto, dão uma boa ideia do que se poderá ter passado.

      Por exemplo, relativamente à ilha Calex, que Galvão dá conta, aconselho:

      https://alvor-silves.blogspot.com/2016/01/descobrimentos-em-diversos-anos-e_16.html
      https://alvor-silves.blogspot.com/2014/09/colcha-2.html

      Isto para dizer que relativamente ao mapa que indicou:

      https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/b/b0/Map_of_the_Iberian_Peninsula_-_Rijksmuseum.jpg

      Sim, é possível que reporte ilhas para um nível do mar inferior ao actual, em tempos glaciais.

      Tem aqui uma possível estória adaptada a esse dilúvio anunciado:

      https://alvor-silves.blogspot.com/2020/07/a-massa-da-maca-que-amassa-e-maca-2.html
      https://alvor-silves.blogspot.com/2020/07/a-massa-da-maca-que-amassa-e-maca-3.html

      Cumprimentos.

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