sábado, 7 de novembro de 2020

Trump show

Uma das mais famosas imagens acerca das eleições presidenciais americanas ocorreu em 1948, quando jornais se apressaram a declarar como vencedor o candidato Thomas Dewey, contra o presidente Harry Truman. No dia seguinte, vemos Truman sorrindo com o erro do Chicago Daily Tribune:


O erro do Chicago Tribune foi natural, avançando uma previsão baseada em sondagens e nos primeiros resultados, para a edição da manhã sair já com um vencedor declarado. Comprometeu definitivamente a credibilidade do jornal, que comemorava um século de história.

Para a posterioridade, Truman quis deixar registado esse erro, de falar antes do tempo!

A fotografia é extremamente curiosa pois o nome Truman aparece cortado neste plano, e vê-se apenas TRUM, o que poderia dar agora igualmente para Trump, mudando as 5 letras de Dewey para Biden.

Não é a imprensa que declara o vencedor, podendo fazer tudo para condicioná-lo. 
Haverá certamente pupilos do sistema prontos a apressar-se na mesma congratulação, sentindo-se no dever de respeitar a ordem internacional. Assim, não será pequena a lista dos interessados em dar o seu apoio a um Biden eleito pela imprensa:
e é claro que a União Europeia seria a primeira da fila.
Mas também há Bolsonaro, Kim Jong Un e Vladimir Putin, e não será por esses darem os parabéns, a quem quer que seja, que isso faz o dito cujo eleito.

O que se segue é uma prevista batalha judicial, onde os juízes do Supremo Tribunal contam já com uma pressão acima do normal, para deliberarem acerca do recorde de 100 milhões de votos por correspondência, na sua maioria atribuídos a Biden.
O dobro da votação por correspondência (em 2016 foram "apenas" cerca de 50 milhões), teve uma justificação conveniente - a Covid. Nada mais natural, portanto.

Porém, ainda que sejamos todos instruídos que as "teorias da conspiração" são todas fantasia, porque como é natural, nunca existiram conspirações no mundo, há algumas coisas que esses juízes vão ter que avaliar... e, mesmo atendendo à pressão descomunal, que vai ser exercida, neste momento, eu olho para o jornal que Truman exibe.

E se muitos de nós lembram o Truman Show, será de considerar a sofisticação do sistema em optar por revelar ou esconder o seu Trump Show. Caso contrário, estaremos no ground zero do desplante despótico. De Biden todos esperam o óbvio - que nem sequer esboce a ideia de que governa, ainda que a sua governação aparente possa ser muito efectivamente assustadora.

1 comentário:

  1. "As the Trump show is cancelled, what next for Fox News?"
    Nov 14th 2020 edition - The Economist

    https://www.economist.com/united-states/2020/11/14/as-the-trump-show-is-cancelled-what-next-for-fox-news

    With florida in the bag, at 11.20pm on election night the party at the White House was in full swing. Then Fox News, playing on large television screens around the building, punctured the mood, calling Arizona for the Democrats—the first time a network had projected a Republican state to flip. Despite a complaint from the White House to Rupert Murdoch, Fox’s boss and one-time friend of the president, the Fox decision desk did not budge.

    Fox has been the most reliable mainstream-media ally of Donald Trump’s administration. Its hosts have given the president unchallenged airtime and amplified pro-Trump conspiracy theories from the internet. The relationship has been mutually beneficial: since 2015 the network’s ratings have risen by one-third (see chart), and in the latest financial year Fox News and Business generated 80% of Fox Corp’s gross operating profit. Now, with the credits ready to roll on the Trump show, the network must figure out how to deal with the exit—and wrath—of its star.

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