sábado, 4 de janeiro de 2020

A imprensa em 2020 - aquém e além

A informação sempre foi uma componente principal de qualquer forma de poder.
A forma como é distribuída e manipulada pode ter um efeito crucial na acção alheia. As ideias são usadas como meio simples de aquisição e imposição de vontades, com propósito díspar do original.

Pertencemos às gerações que sobrevalorizaram o poder da imprensa centralizada, por jornais. rádio e televisão, enquanto forma quase única de informação fidedigna. O sistema foi de certa forma poderoso e teve o seu apogeu no final do Séc. XX. 
Porém, com a entrada do Séc. XXI e o aparecimento das "redes sociais", poderá questionar-se a evolução do sistema informativo... em que aplicações como Facebook, Twitter, Youtube, Whatsapp, Instagram, ou mais recentemente o Tik Tok, começaram a definir outros interesses e outras direcções.

Facebook, Instagram, Youtube, TikTok,
Twitter, Google+ (desaparecido), Blogger, Whatsapp,
Televisão, Rádio, Jornais

Há alguma diferença?
Claro que há alguma, mas... para o que interessa, não haverá nenhuma diferença.

Os mais jovens entretêm-se com a moda... o Tik Tok estará agora mais na moda do que o Instagram, e dizem que o Facebook é só para velhos. Enquanto isto, cria-se a ideia nos petizes de que a informação é mais dirigida aos seus interesses... sendo claro que os seus interesses são assim dirigidos.
Aparecem os típicos fantasmas - o Tik Tok tem propriedade chinesa, e haverá quem alerte para o perigo da China querer monitorizar as preferências da juventude ocidental (claro que se forem os EUA não parece haver problema).

Ora, convém notar que todo este mundo informativo tem um aspecto real e um aspecto imaginado.
Real, porque por estes canais passam efectivamente importantes factos ocorridos. 
Imaginado, porque a nossa capacidade de distinguir a realidade da ficção será cada vez mais ténue.

Mais importante que isso, tem o aspecto dirigido, de forma mais ou menos subtil com aquilo a que se chamam agora os influencers - ou seja, a malta gira que vai colocando a palhaçada de que o circo necessita para sobreviver.

É assustador ver que a geração mais nova está de tal forma dirigida que parece praticamente incapaz de procurar, por sua iniciativa, o que quer que seja... Tendo praticamente acesso a tudo com um simples clique, os cliques que fazem são os cliques da moda na partilha pelos amigos.

Controlo da informação
Se poderíamos considerar que os meios de comunicação tradicionais - televisão, rádio e jornais, estavam fortemente condicionados na sua liberdade pelo controlo estatal - que restringiu o número de canais ou jornais existentes... a ideia de permitir acesso global em diversas plataformas foi uma pseudo-abertura. Para captar a atenção das pessoas seriam necessários os processos clássicos de publicidade. Mas o principal instrumento de controlo foi o próprio convencimento da população de que poderia escolher apenas o que lhe "interessava".

Como sabem hoje os jovens das notícias? 
Por exemplo, o assassinato do general iraniano pelos drones americanos (ocorrido ontem), terá sido recebido em grande medida através de notícias que chegaram via Tik Tok, Instagram, ou Facebook.
Para os grandes agentes de informação ou desinformação internacional é razoavelmente indiferente se o jovem vê televisão na sala com os pais, ou no telemóvel enquanto conversa com os amigos. 
Interessa apenas dar destaque ao assunto.
Não são os grupos de amigos que definem os tópicos de conversa, exceptuando as conversas de café que ocorrem nas redes sociais, e que antes ocorriam mesmo nos cafés.

A actualidade, os focos de interesse, vão continuar a ser dirigidos como foram antes. Ou seja, através das grandes organizações noticiosas que definem o que é ou não é para ser noticiado. Já era assim com os jornais de grande tiragem, com as rádios ou televisões nacionais, e não vai ser diferente com a existência das novas plataformas de comunicação.
A maior crítica virá como já era hábito através da sátira. Se no tempo anterior ao 25 de Abril havia tímidas críticas por via dos espectáculos de revista do Parque Mayer, no tempo posterior são raros os casos de crítica satírica que se consigam manter de forma mais ou menos contínua.
O controlo da informação continuou de boa saúde.

Aquém
A novidade que a sociedade judaico-maçónica nos foi trazendo, e terá sido uma revolução de costumes e procedimentos, foi um controlo de informação que não passava por atacar e hostilizar quem procurava manifestar-se contra o sistema. A dissidência foi aceite e os fogos reais passaram a fogos verbais, sendo a receita consumida pela sociedade sem perdas consideráveis para a classe dominante, e com um incomensurável rendimento de maior produtividade.
Assim, a partir dos séculos XVIII e XIX os jornais foram-se tornando num instrumento crucial de controlo de opinião, permitindo ao mesmo tempo uma explosão de ideias. No Séc. XX o papel dos jornais, das rádios, do cinema e depois das televisões, acabou por ser tão importante que basicamente as acções militares já não poderiam ser desencadeadas sem se pensar na guerra da informação. 

No entanto, durante o Séc. XX vemos uma ideia absolutista, uma certa ideia de verdade universal, que conviria ser preservada e transmitida pelos órgãos de informação. A imprensa internacional foi sendo estabelecida e solidificada de forma a aquecer ou arrefecer ânimos da opinião pública, mas sempre com a preocupação do público na verdade.

Além
Aquilo que passámos a ver neste início do Séc. XXI foi a introdução da ideia relativista de verdade, em que a verdade pode interessar ou não... O jovem não sente necessidade de ler jornais ou assistir ao telejornal, porque tudo vai bem no país das maravilhas. Segue apenas os seus interesses mundanos, e eventualmente poderá interessar-se por algum tema da moda - "alterações climáticas", "migração dos refugiados", ou "terrorismo internacional". Há já grupos bem definidos para orientar a opinião nestes assuntos, e se no final de contas restarem 5% dos jovens que tem interesses mais complicados, pois com essa percentagem o sistema aguentaria bem, e aguenta ainda melhor porque nem esses números se verificam. 

Assim, ao contrário do que se poderia iludir, se a internet permite uma certa liberdade de agremiar conjuntos de pessoas com ideias comuns, as redes sociais acabam apenas por ser uma forma de alienação da realidade, sempre controladas a um nível superior, que as torna ineficazes ou incapazes de revelarem qualquer alternativa. Certamente que se poderá usar os exemplos da primavera árabe, ou dos protestos de Hong Kong, para mostrar como as redes sociais podem ser eficazes... mas nesse caso estamos a falar concretamente de movimentos dirigidos pelo exterior, provável ou certamente por via da CIA ou MI6.

Na prática e até que a temperatura se torne insuportável, a cozedura em lume brando não provoca a mesma reacção de repulsa do que a ebulição.

4 comentários:

  1. Não concordo que os jovens de hoje sejam ou estejam mais tapadinhos no que toca à informação que os de antes.
    Bem pelo contrário.
    Hoje é muito mais fácil aceder a informação - todo o tipo de informação - especialmente àquela informação que "as classes dominantes" não querem que tenhamos acesso.

    O problema é que apenas uma minoria muito reduzida optará por "consumir" tal informação.
    Mas isto é como sempre foi. As elites não se reduzem ás classes dominantes.

    Espaços como este próprio blogue não existiam há 30 anos atrás.
    Era impossível criar algo como este blogue há 30 anos atrás e oferecer a possibilidade a um número enorme de pessoas de ver a informação aqui reunida e decidir por si próprios.
    Claro que isto é multiplicado por todos os blogues e isso... claro que isto abre aso a uma maior facilidade de "manipular" uma parte importante da população.
    Mas a própria dinâmica da coisa torna mais difícil manipular toda a população de forma igual, ao mesmo tempo que se torna mais fácil manipular MAIS fatias diversas da população, também essas fatias correspondem a MAIS fatias do que antes... há uma certa balcanização.

    E isto enquanto o grosso da carneirada apática e indifrente se mantém nas maõs da "classe dominante", sempre disposta - no entanto - a ser manipulada em massa por quem "prometer mais" (ou assim) de uma assentada só, algo que antes era mais difícil.

    A "sociedade judaica-maçónica".
    Está a ruir. Em parte por causa desta abertura de possibilidades.
    E bem sei que vão tentar instaurar uma espécie de pensamento único; mas estão já condenados pois uma grande parte do que é "popular" hoje e mais especialmente amanhã serão sem dúvida canais mais seguros e livres e anónimos.

    Judaico-Maçónica também me parece um equívoco - se bem que entendo o que quer dizer.
    A mim parece-me que o que emergiu aqui há uns séculos, e muito especialmente após a Revolução Francesa foi sim uma ordem Protestante-Liberal.
    Acontece que tanto o Protestantismo como o Liberalismo estão envenenados, não são nada.
    São "coisas" vazias, do conra...
    Protestantismo, ou a balcanização dos Cristãos reduzindo a fé a uma espécie de direito de escolha à-la-carte, beneficiará sempre - e muito - aqueles que tem uma solidez étnica e uma orientação ética diferente do que é tido como "comum" e mais elástica.
    Protestantismo descambará sempre para o Judaismo ou a Judaízação da sociedade em questão.
    O Liberalismo, por sua vez, oferecerá sempre e pelos mesmos motivos o espaço a quem mais se organiza, mais segue a sua fé com fervor religioso, quem não olha a meios para atingir o fim, e quem promete mais mesmo que não o possa realizar: Ou seja, o Liberalismo, alicerçado que está na ideia do "vive e deixa viver" dará sempre azo ao socialismo ou a algo que se assemelhe.

    Portanto, esta ordem Protestante-Liberal deu origem a uma ordem Judaico-Socialista.
    "Oficialmente" desde 1917 ou desde algures em 1960 no Ocidente.
    A Maçonaria é apenas um veículo preferido de transmissão.
    A maçonaria é um meio; não tem um fim em si próprio.

    Os meus cumprimentos, meu caro.
    IRF

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    1. Caro IRF,
      estou de acordo com o seu desacordo... talvez tenha exagerado na pretensa ilusão de que antes seria razoavelmente diferente do que hoje. Parece-me ver uma sociedade bastante mais domesticada do que existia antes.
      O principal problema - uma certa repetição e falta de qualquer objectivo de futuro começa a deixar a sociedade num enjoo, de que parece ter dificuldade em sair.
      No final dos anos 70 já se estudava no ciclo os efeitos da Barragem do Assuão, enquanto parte dos efeitos negativos do Homem na natureza, para além do problema da poluição com os CFC. Os putos estavam chateados com a paragem das idas à Lua. Hoje, passados 50 anos, os putos parecem conformados, e preocupam-se mais com o emprego que devem arranjar...
      Sim, terá razão em que a Maçonaria será mais um meio do que um fim, mas seja essa faceta Protestante-Liberal vai dar no mesmo... é apenas outro nome para a mesma coisa mal definida, que agregará alguma elite.
      Aquilo que noto, da minha parte, é um crescente enfado.
      Cumprimentos e bom 2020.

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  2. Creio que sim, que tem razao, que a sociedade de hoje está mais domesticada.
    Mas penso que isso se deva à relativa prosperidade em que vivemos. Até os pobres vivem bem comparando com há relativamente pouco tempo.

    Mas existe uma certa revolta e um certo desprezo pelo "sistema" ou "as elites dominantes" em grande parte proporcionado por esta nova abertura da internet e da dissiminação da informação.

    Os putos não querem saber da lua.
    Já os facebooks e instigrams... E o fama show da sic!

    Os putos, ontem como hoje, seguirão largamente a narrativa da elite.
    Se hoje preferem o fama show à exploração espacial creio que isso se deve mais à pobreza e baixeza da "nossa" elite (aqui e lá fora) que a outra coisa.

    Mas Portugal é um caso mais assustador e notório. É só olhar para as criaturas que constituem o governo, por exemplo.

    Bom ano,
    IRF

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    1. Pois... estão com a cabeça na Lua e assim não pensam nela!
      Abraço.

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