terça-feira, 10 de dezembro de 2019

Descoberto e Encoberto (1)

Passam agora 10 anos sobre a publicação do primeiro material na internet, na altura no knol da Google. Houve muita coisa que simplesmente não publiquei, ou acabou por ficar esquecida. 
Raramente repito a publicação de textos, mas vou pegar num PDF resumo publicado há quase dez anos e fazer quatro postais.

Para quem já leu será uma repetição, mas é sempre interessante ir revisitando o que foi escrito antes, mesmo se em alguns detalhes (poucos) já não voltássemos a escrever o mesmo, ou da mesma forma.


O Encoberto e o Descoberto
Aspectos da História dos Descobrimentos

(versão de apresentação baseada na Tese de Alvor-Silves) 

[30 de Janeiro de 2010]

Introdução
Sempre me pareceram inverosímeis as descrições das navegações portuguesas com grandes delongas, que mais demorariam a chegar ao ponto anterior de descoberta, do que a descobrir novas terras. Todo esse processo é descrito de forma razoavelmente coerente, invocando medos, erros, e tantos outros perigos que dificultariam a progressão das descobertas portuguesas, até 1495, ano da morte de Dom João II. Depois, subitamente no reinado de D. Manuel, e num espaço de 3 anos, os portugueses descobrem e cartografam paragens tão distintas quanto a Índia (1498), Brasil (1500) e Gronelândia (1500).
Até aqui estamos apenas naquela suspeição subjacente, mas sem outros dados, apenas levamos connosco a nossa dúvida sobre o conhecimento português no Tratado de Tordesilhas, sobre a identidade de Colombo, etc. Porém, ao juntar diversas fontes será possível formar uma outra estória igualmente, ou até mais coerente. Aquilo que D. Manuel fez poderá ter sido apenas a decisão política de declarar explorações prévias, por todo o globo, reivindicando rapidamente o hemisfério que lhe era atribuído pelo Tratado de Tordesilhas.
Aqui é apenas apresentada uma parte que concerna a cartografia e descrições de viagens.
Sobre este assunto, poderá enviar o seu comentário para o email: alvorsilves@gmail.com

Encoberto
"o Encoberto" enquanto oposto "ao Descoberto"

Colombo pôs a descoberto a América à Europa. No entanto, des-cobrir não teria o mesmo significado que lhe damos hoje. Quando Colombo chegou, foi por onde os portugueses tinham carreiras regulares... esse foi o perigo da sua viagem – efectuá-la sem ser Descoberto no caminho pelos Portugueses! Mesmo assim não conseguiu... as rotas estavam bem controladas!

1. Mapas - sem erros, mas com segredos
Examinando a Carta Portulana de Pedro Reinel de 1484-85, conforme figura em baixo, imediatamente reconhecemos parte da Europa e África!
No entanto, ao rodar esse mapa, notamos outras semelhanças:

Será coincidência esta semelhança com a costa mexicana que a linha artificial permite?
Pedro Nunes avisa-nos sobre outras informações nas cartas de marear:
"O outro género de informações é dos que notaram algumas alturas. Mas isto somente fizeram, nos lugares que estavam num mesmo paralelo, e isto também aproveitava pouco. O terceiro género é o dos mareantes: os quais diz que não sabiam mais que as distâncias dos lugares, que a eles lhes parecia estarem norte-sul donde partiam; e os que estavam leste-oeste sabiam muito mal porque isto era outrossim muito incerto (...)"
Pedro Nunes - Tratado em Defensam da Carta de Marear (1537)
(publicado depois de Carlos V de Espanha mandar queimar todas as Cartas Náuticas)

A capacidade náutica portuguesa poderá ter sido menosprezada.
A coincidência da representação com a Costa Mexicana não significa nada por si só. Com a rotação
de norte-sul para leste-oeste, há coisas que parecem estar mal na coincidência com a costa mexicana... mas, para melhorar teriamos que retirar a Península Ibérica, tirar o contorno de Tunis, etc... e isso não faria sentido!

Assim, há bandeiras que podem servir para delimitar a zona de validade do contorno, para além de permitir uma datação... a bandeira moura em Espanha permite datar o mapa como anterior a 1492 - seguramente, e até como anterior a 1485 - data da conquista de Marbella (1485 é aliás a datação constante dos Arquivos de Bordéus, onde foi encontrada).

A múltipla informação nos mapas não deve ser encarada apenas como decorativa, ou fruto de erro, deve ser compreendida. A informação nos mapas, não é apenas a que está a descoberto... há tanto, ou muito mais que está encoberto, e que já na época era tomado por erro - é aliás isso que Pedro Nunes tenta explicar!

Havendo tal secretismo, como foi possível a Pedro Nunes passar informação, sob olhares inquisitores minuciosos? - Primeiro é notado que os textos mais sensíveis são em português, depois Pedro Nunes tem a protecção do esclarecido Infante D. Luís, irmão de D. João III, mas mais tarde acabará por ter mesmo que sair da Corte e de Lisboa! Regressa, num pequeno período áureo, sob protecção de Dom Sebastião e, já velho, morre em 1578, logo após a partida de Dom Sebastião (ver "Batalha de Alcazar na Barbária" denominação para a Batalha de Alcácer-Quibir, numa peça teatral anónima inglesa, atribuída a George Peele).

Convém notar que o escrutínio inquisitório não seria necessariamente religioso, a maioria das inquirições não proibiam textos com referências pagãs, como acontece nos Lusíadas, mas muito mais procuravam evitar revelar informações de estado, em obras científicas ou artísticas.

Há outros mapas interessantes na Torre do Tombo. Por exemplo na Biblioteca Nacional Digital é possível encontrar mapas do Livro de Marinharia, atribuídos a João de Lisboa, a quem são reportadas viagens até 1506, e morte em 1525. Pelas designações constantes dos vários mapas, é de colocar a hipótese desses mapas terem sido realizados entre 1520 e 1525.

Iremos analisar alguns desses mapas.

 (1) Representação polar semi-clássica
Nesta representação planar do globo há um quadrante vazio, na parte superior... havendo claras indicações para a união nos 270º restantes. Notamos que há nomes repetidos que coincidem de ambos os lados (p.ex. Japão).
Ignorando o quadrante vazio, este globo é muito próximo do que conhecemos hoje!

Ora, de acordo com as datações oficiais, haverá uma inconsistência ou há uma nova coincidência.
Se João de Lisboa morre em 1525, como o Japão só foi oficialmente descoberto em 1543, ou há um bom palpite, um problema de datação do mapa e do autor, ou há um conhecimento prévio à descoberta oficial. Não há apenas coincidência na representação do Japão, toda a costa americana aparece bem definida, exceptuando as partes polares do Canadá e Alasca.
Fica por justificar o espaço em branco de 90º, que só torna mais difícil executar o mapa. Talvez esse detalhe queira significar que ainda ficava por marcar no globo 1/4 do restante conhecimento...

E qual seria o conhecimento que já se tinha à época?
Deixamos Pedro Nunes falar por nós, pois não saberíamos fazer melhor.
Começa o Tratado em Defesa da Carta de Marear assim:
Eu fiz senhor tempo há um pequeno tratado sobre certas dúvidas que trouxe Martim Afonso de Sousa, quando veio do Brasil. (...)
Mas queira Deus suceder-me isto de sorte, que não seja necessário outro comento a este comento.
Não já para Vossa Alteza [Infante Luís] a quem é tudo claro e tão notório (...)
Não há dúvida que as navegações deste reino, de 100 anos a esta parte são as maiores, mais maravilhosas, de mais altas e discretas conjecturas que as de nenhuma outra gente no mundo.
Os Portugueses ousaram cometer o grande mar Oceano. Entraram por ele sem nenhum receio. Descobriram novas ilhas, novas terras, novos mares, novos povos e o que mais é novo céu e novas estrelas.
E perderam-lhe tanto o medo que nem há grande quentura da torrada zona, nem o descompassado frio da extrema parte do sul, com que os antigos escritores nos ameaçavam lhes poder estorvar, que, perdendo a estrela norte e tornando-a a cobrar, descobrindo e passando o temeroso Cabo da Boa Esperança, o mar de Ethiopia, de Arabia, de Persia, puderam chegar à India. Passaram o rio Ganges tão nomeado, a grande Trapobana, e as ilhas mais orientais. Tiraram-nos muitas ignorâncias e amostraram-nos ser a terra maior que o mar, e haver aí Antípodas, que até os Santos duvidaram, e não  há região, que nem por quente nem por fria se deixe de habitar. E que num mesmo clima e igual
distância da equinocial: há homens brancos e pretos e de muitas diferentes qualidades.
E fizeram o mar tão chão que não há hoje quem ouse dizer que achasse novamente alguma pequena ilha, alguns baixos, ou se quer algum penedo, que por nossas navegações não seja já descoberto.
Ora manifesto é que estes descobrimentos de coisas, não se fizeram indo acertar, mas partiam os nossos mareantes muito ensinados e providos de instrumentos e regras de astrologia e geometria, que são coisas que os cosmógrafos hão-de andar apercebidos, segundo diz Ptolomeu no primeiro livro da sua Geografia. Levavam cartas mui particularmente rumadas e não já as que os antigos usavam, que não tinham mais figurados que doze ventos e navegam sem agulha.
(in Tratado em Defensam da Carta de Marear, 1537)
... a transcrição foi baseada na Revista de Engenharia Militar – 1911 (F. M. Esteves Pereira) 

Foram destacadas algumas passagens:
  • (i) Passados muitos anos... "Deus deu-nos a sorte" do comento ter resistido até hoje! Mesmo assim note-se que Pedro Nunes não escreve livremente e, como já referimos, está sob escrutínio inquisitório. O Infante Luís só o protegerá até onde possível, e será difícil saber quem teria controlo sobre o problema... por um lado o Rei Dom João III, mas também o imperador Carlos V, e toda uma política internacional
  • (ii) Dificilmente se poderá dizer que há um descompassado frio na extrema parte sul de África, mas o mesmo não se poderá dizer da extrema parte sul da América... onde está o Cabo Horn.
  • (iii) Depois, Pedro Nunes, em 1537, reclama um descobrimento absoluto... de toda a Terra, antes desconhecida. Estamos em 1537... e de facto, não é fácil encontrar "grandes descobridores" nomeados e honrados por isso no Séc. XVI. A questão colocou-se principalmente depois... Os territórios não explicitamente declarados, seriam considerados "encobertos", e assim poderiam ser "descobertos". Demorou algum tempo... Seguindo os registos até Cook, no final do séc. XVIII ainda havia territórios por descobrir, e devemos excluir as viagens polares, já no séc. XIX. Terá demorado 300 anos a declarar o que de acordo com Pedro Nunes (... nem me atreveria a tanto!), teria sido explorado pelos portugueses em 100 anos. Não havendo razões para não acreditar em Pedro Nunes, essa memória essa perdeu-se... e é preciso reencontrá-la, para definir novo caminho na História.
  • (iv) Finalmente, Pedro Nunes desmistifica a ideia propagandeada de que se descobriam coisas acidentalmente. Não houve descobertas acidentais! Menciona mesmo cartas da antiguidade que teriam ajudado na exploração dos novos territórios. 
Estranhamente, este tratado nunca teve divulgação adequada.
Foi publicado oficialmente numa Revista Militar de 1911... mas até hoje não parece ter tido a divulgação merecida, ao contrário da restante obra de Pedro Nunes. Para além disso, a figura de Pedro Nunes não parece ter merecido o devido reconhecimento internacional.

(2) Representação da América Central
Ainda, no Livro de Marinharia, encontramos outro mapa interessante. 

Este mapa da América Central é antigo, ao ponto de assinalar possessões nacionais, com bandeiras em castelos na Colômbia e no Perú, junto à zona atribuída ao Império Inca!
A marcação parece ainda mais estranha, pois não há qualquer registo de contactos com essas civilizações.
No entanto, se acreditarmos na afirmação de Pedro Nunes – se em 1537 os portugueses tinham descoberto todas as ilhas ou penedos na Terra – então seria natural existirem contactos muito antigos com as civilizações incas, aztecas e maias.
Para dar crédito a esta Tese, teremos que admitir uma versão bastante diferente dos descobrimentos portugueses. Para isso, começamos com uma referência que aponta para viagens ainda anteriores, ainda antes da independência portuguesa.

Tratado da Ilhas Novas (Francisco de Souza, 1570)
Num pequeno tempo de luzes, sob reinado de D. Sebastião, apareceu um Tratado escrito por Francisco de Souza, que pode ser encontrado aqui (foi publicado nos Açores, em 1877).

Coloco aqui um extracto do texto de 1570 (com alguns sublinhados):
No tempo que se perderam as Espanhas, que reinava El-Rei Dom Rodrigo, que vai para quatro centos annos[1] que com as sêcas se despovoaram as gentes, e pereceram com a grande esterilidade e da entrada dos Mouros, como mais largamente se trata nas Escripturas antigas, por a qual causa do Porto de Portugal os mareantes e homens Fidalgos tendo noticia que para o Ponente havia terra que até então não fora descoberta, sómente pelas informações dos antigos e dos Espiritos tinham d'ella informação, determinarão de se embarcarem em sete náos com toda sua familia, e de hirem correndo ao Ponente confiados na misericordia de Nosso Senhor navegarão; e pela altura do Porto que está em 41 gráos correrão tanto que forão por barla-vento das Ilhas dos Açores, que inda não erão descobertas, e forão aportar na Ilha de S. Francisco que está pela dita altura, onde dizem as informações que tenho, que foram n'ella dar: e eu por rasão da nevegação acho ser sua derrota assim; queira Nosso Senhor permittir se descubra esta Ilha como atraz fica dito onde ella demora; e por irem em sete náos disem as informações que cada capitão com sua náo, tanto que aportarão, se repartirão cada um em sua parte da Ilha, e os antigos lhe chamão a esta Ilha as sete Cidades; mas outros por via de França lhe chamão a Ilha de S. Francisco, o qual, por quem é, queira rogar a nosso Senhor dêmos com ella para valermos á salvação da gente que n'ella está, pois procede de Christãos: e achei mais que é terra de boa habitação por ser grande e de muito proveito; e por rasão da virtude dos climas acho está situada no 5.o clima, que dado que seja mais frio que as Ilhas dos Açores não o é tanto como França, Inglaterra, porque é Ilha do mar a que o mar aquenta, e mais, que nas faces do sul é habitavel os dois terços d'ella debaixo de boas zonas.
[1] - Nota: Há um aparente erro na datação da invasão árabe,
mas que é reforçada pela citação do Rei Visigodo D. Rodrigo,
e é aparente pois annos (escrito com dois "n") pode referir 2 anos.

Este extracto do texto revela-nos um relato quinhentista da ida, no séc VIII, de Portugueses/Galegos para o Canadá... até mesmo antes da invasão moura (ou seja, uma migração sueva/visigoda antes de 711). Essa população foi depois reencontrada, no tempo da expansão portuguesa e depois voltou a ser abandonada por causa dos tratados internacionais e da nova ordem mundial. O pedido feito a Dom Sebastião é de reencontrar esta gente, que estaria para ficar sob domínio francês ou inglês... de facto, o rei reclama o território, e provavelmente granjeia novas inimizades (Jacques Cartier já havia desembarcado no Canadá em 1534, e os franceses reclamaram esse território... os ingleses haviam aportado simbolicamente em 1498, no Labrador, com G. Cabotto).
A denominada Ilha de S. Francisco, ou das Sete Cidades, poderia ser a Ilha da Terra Nova. Essa terra seria habitada por cristãos. Este segredo ficou por isso durante gerações e gerações, tal como provavelmente já poderia acontecer antes (antes... no período obscuro do Reino Suevo, mesmo antes no tempo dos romanos, no tempo do porto cale do rio d’ouro).

Observação: Convém notar que este texto tem outras menções que se podem considerar hoje em dia bizarras, como a presença de uma “Ilha de Santa Cruz dos Reis Magos” a 65 ou 70 léguas a oeste da Madeira. Há menções a Santa Cruz noutros mapas, onde pode associar-se a uma possível referência ao Brasil, conforme veremos na carta “Pedro Reinel a fez”.

Assim, o registo de navegações atlânticas na antiguidade, mencionado por vezes nas navegações fenícias de Hanno, pela rota do cabo Arsinário (arsinário ~ de cor dourada, cabo identificado ao actual Cabo Verde), é verosímel, bem como navegações costeiras que não se resumiam a contornar a Europa. Mais facilmente, as navegações costeiras acompanhariam a costa africana, e não serão de estranhar as referências que Duarte Pacheco Pereira faz (no Esmeraldo de Situ Orbis) a essas navegações de contorno da costa africana, atribuídas ao fenício Hanno e ao grego Eudoxo.

São Jorge da Mina
Encontram-se dois registos para a Mina.
Por um lado temos o Castelo de São Jorge da Mina, e por outro lado temos a Fortaleza da Mina.
A Fortaleza da Mina seria em África, mas poderia servir de entreposto, para um correspondente comercial na América, na Colômbia, à mesma latitude. Seria aí o Castelo de São Jorge da Mina, assinalado no mapa do Livro de Marinharia?
Esta hipótese poderá parecer estranha, mas a sua negação também tem alguns problemas.
Para além de múltiplas interrogações, que parecem tornar pouco consistente a chegada do ouro por comércio em África, a que se torna mais evidente é a decadência desse abastecimento aurífero, após o reinado de D. Manuel. O início do período de ouro espanhol é quase simultâneo com o fim do período de ouro português, quando aparentemente as descobertas declaradas teriam sido disjuntas.

Coloca-se uma hipótese do Tratado de Tordesilhas ter uma cláusula de transição, que só favoreceu Dom Manuel, até 1520... Nesta hipótese os portugueses abandonariam as suas possessões no hemisfério ocidental aos espanhóis, já preparados para reivindicar os territórios nessa data. Todo este secretismo ibérico e quebra de anteriores acordos secretos europeus acabaria por legitimar as figuras de corsários de outras potências europeias (por exemplo, ingleses e franceses).

Nota sobre a Carta de Reinel
É ainda importante notar que na Carta “Pedro Reinel me fez”, a linha artificial, que foi usada para mostrar a semelhança com a Costa Mexicana, permite também fazer um prolongamento da Costa Africana, começando na Feitoria da Mina e terminando no Rio Zaire. É esse prolongamento por simples translação que associa a carta às descobertas de Diogo Cão, até ao Congo, ficando bem situada na datação 1484-85. No entanto, essa associação parece perder também algum sentido ao colocar bandeiras “mouras” em território próximo do Congo.
Convém referir que é possível fazer muitas associações com simples pedaços de curvas. Por isso, não deixo de referir uma outra reconstrução, usando o contorno delimitado pelas bandeiras que vão de Ceuta a Tunis.

Com isto, não se pretende mostrar que Pedro Reinel pretenderia usar as semelhanças de contorno até à exaustão. Não deixa de ser notável a semelhança neste caso.
Muito pelo contrário, o excesso destas coincidências, e possíveis associações, permite não só a especulação num sentido, mas torna mais fácil usar especulação como argumento no sentido conservador. Por isso, o foco da semelhança de contornos foi primeiramente restrito à associação de rodar o mapa, já que tal é mencionado por Pedro Nunes, no seu Tratado (ou até na obra setecentista de António José da Silva, “Guerras de Alecrim e Manjerona”).
A associação habitual, prolongando só o contorno para completar a costa africana da Mina até ao Congo, parece também arbitrária, ainda que ela faça todo o sentido.

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