sábado, 17 de janeiro de 2015

Reino do Terror

Após a "Revolução Francesa" seguiu-se um período denominado "Reino do Terror" que nos introduziu à França contemporânea. A Idade Contemporânea é, por ajustamento de agulhas à obstinação francesa, marcada pela tomada da Bastilha - uma prisão onde basicamente não havia presos. O acontecimento foi marcado por alguns actos sangrentos subsequentes, mas não foi esse o principal problema.
"É assim que punimos os traidores" (Panfleto de 1789)

Passados quatro anos de instabilidade política, os Jacobinos liderados por Robespierre, vão elevar a violência do Estado contra os cidadãos, a níveis que não eram lembrados.
Como as caricaturas não são de hoje, mas ilustram bem o problema, a que se segue dá conta de Robespierre a guilhotinar o carrasco, depois de ter mandado cortar todas as cabeças francesas.
Após cortar todas as cabeças francesas,
Robespierre guilhotina o carrasco.
Tempos de fanatismo e desespero, levam a esta frase icónica de Robespierre (1794): 
"O governo revolucionário é o despotismo da liberdade contra a tirania"
A contradição de noções, é o que permite a um déspota ser contra os déspotas, é o que permite ser paladino da liberdade prendendo os outros.

O que justifica o terror senão o terror?
Contra os "terroristas" que ameaçavam o seu governo revolucionário, aplicavam-se as leis "anti-terroristas" habituais - ou seja, legalizava-se o terror estatal.
É claro que, mesmo quando a ameaça terrorista não existe, querendo impor terror, inventam-se terroristas... e se os desgraçados nem têm sucesso, facilitam-se as coisas.
O Dr. Guillotin ficou eternamente famoso pela guilhotina revolucionária, e a Robespierre só faltaria juntar toda a França numa única cabeça, para a decapitar, conforme se entende da caricatura.

As execuções eram cumpridas na estrita observância da lei.
Os 16 mil guilhotinados em menos de 1 ano, mostram a eficácia de uma justiça célere.
Os processos não se arrastavam por anos, tudo era decidido eficazmente em poucos minutos, apesar do veredicto raramente diferir da guilhotina.
Portanto, sobre Terror, a França ensinou-nos da eficácia da justiça no cumprimento da legalidade.

O terror que as populações sentem por acção de grupos fora-da-lei é sempre muitíssimo menor do que o terror imposto pelo próprio Estado. Quando se é alvo de uma acção de banditismo, recorre-se ou espera-se pela acção da polícia. Porém, se o Estado usa a polícia, a quem se recorre quando o terror tem origem no próprio Estado?
Foi esse sentimento de impotência que os cidadãos franceses sentiram, quando passaram a vítimas do terror estatal de Robespierre, homem que lutava ardentemente contra o terror aristocrata. Qualquer frase inadequada ou mal interpretada, qualquer denúncia arbitrária, poderia levar um inocente para uma justiça rápida, de desfecho legal quase certo - a guilhotina.

Houve portugueses adeptos da Revolução Francesa, que receberam de braços abertos as tropas napoleónicas - uma versão mais branda desse terror estatal. Nem todos puderam fugir para o Brasil, e muitos "foram parar ao Maneta". O "maneta" era o General Loison, conhecido não só por pilhagens, como também por actos violentos que vitimaram os portugueses... de tal forma que a frase ainda hoje é usada como aviso de tempos antigos.

Na Europa, estas tendências têm tendência a propagar-se rapidamente, e não podemos considerar que estamos numa bolha isolados. As mais escandalosas violações de liberdade, em nome de um terror que se chama "anti-terror", levam à justiça, pela lei do terror legalizado.

Cada vez mais pela integração e subordinação a leis europeias, contaminadas por paranóias alheias, de novos Robespierres, estamos sempre com o risco de novo de ir parar ao Maneta.

Há novas vítimas de um terrorismo estatal que, embandeirando na liberdade de expressão, ataca a liberdade de expressão. 
Nada pior para uma mente fechada do que uma boca aberta.
Não há apenas os casos conhecidos, há casos mais parvos, que reflectem bem a loucura que tomou hoje conta de estados que não estão lá longe... não são regimes despóticos lá nas arábias ou nas coreias, estão bem metidos dentro da nossa porta e até se pretendem vestir com "as cores da liberdade".

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Excerto da notícia em thelocal.fr (13/01/2015)
In Orleans a young man was handed a six month jail sentence for shouting "Long live the Kalashnikov" at a group of police officers in the city.
He was also ordered to pay €200 in compensation to each of the four police officers. He claimed he was drunk at the time, admitting that it was a stupid thing to say.
Robespierre parece reencarnado, vejamos a legalidade:
“We can’t back down an inch,” public prosecutor Patrice Michel told AFP.
“It’s the first time we’ve applied the law of 14 of November 2014 in our fight against terrorism.”
Dubbed the “French Patriot Act” by its opponents, the bill received the support of a majority of lawmakers in the Senate but was deemed “anti-democratic” by civil rights groups and some political parties who were wary of the extended powers it granted the government.
Parece haver esperança - há quem esteja contra! Será?
All this criticism came before the worst terror attacks France has seen in more than 50 years, so opinions and doubts over the divisive legislation have more than likely been silenced, at least for now.
Ah! O acto terrorista silenciou a oposição à lei que vinha de ser aprovada. Só dá razão a todos os Robespierres, avisados por Nostradamus, do eventual atentado, que veio mesmo a ocorrer! Coincidências complicadas.
Vejamos o que diz um advogado de defesa:
"There are 40,000 tweets out there expressing support for the terrorists," he told AFP. "What are we going to do with all these people? Are the French prisons ready to take in 40,000 people, because they made a bad joke on Twitter?"
Quarenta mil pessoas com mau sentido de humor? 
Isso não impediria Robespierre de lhes tirar o riso.
O que parece interessar é educar o humor... Más piadas - prisão com elas!

A loucura só termina quando a loucura sai da cabeça. 
Robespierre, antes de guilhotinar toda a França, foi guilhotinado.
De qualquer forma, acabando com todos os inimigos, perceberia que o único inimigo que restava era afinal a sua cabeça. Não haveria pois outro remédio.
A sua morte não apagou os seus crimes, nem os dos patrocinadores ou complacentes com a loucura jacobina... mas esse assunto recorrente é remetido para outras esferas. Para esferas onde o único inimigo que resta é o próprio, porque ao pé de si já não consegue prender ninguém. E o pior... é que já nem a própria cabeça terá, para cortar o mal.

11 comentários:

  1. Robespierre reencarnado...Olhe da Maia, que até parece...

    Reencarnado e clonado, inúmeras vezes, tal é a quantidade de esquizofrénicos que anda à solta ultimamente.
    Subjugar Povos inteiros pelo Terror, aliado a uma certa dose de secretismo de 5ª, tem-se visto ser uma receita eficaz.

    Tão eficaz, que em pleno século XXI, duas dúzias de chacais, desfilaram ostensivamente em Paris, para recordar ao Mundo, que está obrigado a acatar as suas mentiras e que o seu regime de terror alicerçado nas falsas bandeiras, podres e esfarrapadas, do Califado, continuará a florescer.

    Tão eficaz, que chegamos ao século XXI, sem saber quem financiou e até integrou os "Partisans" de Robespierre, que espalharam a confusão e o pânico durante o reinado da alienada criatura, hábilmente colocada no poder, e eficazmente retirada, quando desnecessária.

    Tão eficaz, que chegamos ao século XXI, mais ignorantes que os Medievais de Quatrocentos.
    É que esses, face à epidemia de Peste Negra, que se espalhou pelos os arruinados europeus, miseráveis, cansados e esfomeados, e portanto vulneráveis a qualquer bactéria, disseram de imediato, que a culpa fora dos Banqueiros Judeus, que tinham organizado o Grande Crash de 1340.

    Nós em pleno século XXI, e após sucessivas repetições da mesma metodologia, ainda não limpámos o olho esquerdo!

    Abraços

    Maria da Fonte

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    1. Complicado, Maria da Fonte, está a ficar complicado para esta malta.
      Ora quando as coisas se complicam, ao estilo nó górdio, é preferido o processo alexandrino - sacar da espada e cortar o nó. Quando se começa a ver pouca subtileza nos processos, é porque a cabeça não chega para a complexidade que chega.
      Custa-me a crer que ainda hoje se use o velho estratagema de inventar terrorismo para lançar terrorismo, excepto se forem deixadas as lideranças fantoche em rédea solta - o que já aconteceu antes.
      O problema das lideranças fantoche é que são inerentemente cegas, pois só aprenderam a ver com os olhos dos outros. Sabem as respostas a dar, tratando-se das perguntas dadas... fora disso pouco vêem, porque nunca se habituaram a procurar no escuro. Só se dão conta do problema maior quando já não há volta a dar, e já arrastaram consigo milhares ou milhões de vítimas.

      Tenho que ver melhor a história de Itália. Mea culpa, na adolescência só me interessei pela de França e Inglaterra, e durante este período deixei escapar esses detalhes... porque a Itália dividida em inúmeras cidades estados foi uma confusão enorme.
      Preguiça minha... mas tendo visto o filme que me interessava ao longe, não me estava a apetecer entrar pelos labirintos da intriga e ilusão carnavalesca italiana. Sei bem que vou cair em esparrelas...
      Para tirar alguma conclusão minimamente decente nesse sentido, vou ter que andar a apalpar no escuro mais uns tempos... muito obrigado pelas informações que aqui deixou.

      Abraços.

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    2. Caro da Maia

      Eu também não vi a Sereníssima República de Veneza, que passou discretamente, por entre os pingos de chuva.
      Não vi, porque só vi um lado: O Vaticano e Espanha.
      Mas Espanha estava falida, Não podia ser o centro do Poder.
      E os Emergentes...ainda não tinha emergido.

      Só vi Veneza, quando ouvi uma palestra do Estulin, sobre a 4ª Cruzada.
      Depois, a propósito de um comentário meu, enviaram-me o estudo do Instituto Schiller sobre o Grande Crash de 1340, e tudo ficou claro.

      Um dos meus defeitos de visão, tem sido o antagonismo que sinto desde a adolescência pelo Império Romano.
      Foi isso que me impossibilitou fazer a ligação entre a Gilda de Comerciantes, a que os Gregos chamavam Fenícia, mas as Tábuas de Amarna designam por Kenaani ou Kinaani ou seja Cananita, os Vikings, que usavam barcos Fenícios, invadiram o Al-Andalus, e chegaram a Reis de Taifas, e os Normandos, que por coincidência também usavam o Dragão Fenício.
      O navio "Moro" que Matilde da Flandres, oferece ao marido, Guilherme Duque da Normandia e posteriorente Rei de Inglaterra, é por demais evidente.

      Mas eu, entre Roma e Cartago, só vi Roma...
      E só há pouco meses percebi, que Júlio César, foi mandado assassinar porque retirara aos especuladores, aquilo que lhes é mais caro: O poder de cunhar moeda!

      Foi como Kennedy e a Ordem Executiva 11110.

      E no entanto, bastava-me ter seguido as pistas:

      Shakespeare e o Mercador de Veneza.
      Shakespeare e Otélo, O Mouro de Veneza., passado em Chipre, sob o domínio Veneziano.

      Verdi e Nabucodonossor
      Verdi e Otélo.

      Diz-se que Shakespeare, se terá inspirado no principal secretário de Ahmed al-Mansur, (o Vitorioso), da Batalha de Alcácer-Quibir: Abd-el-Ouahed ben Messaoud, que foi mais tarde, Embaixador de Marrocos em Inglaterra, e o grande obreiro da Aliança entre Marrocos e Inglaterra, que conduziu, ao mais do que merecido afundamento da Invencível Armada.

      Messaoud...de Marrocos.
      Segundo alguns Historiadores brasileiros, entre os quais Gustavo Barroso, D. Manuel concerdera aos Judeus, aos "expulsos", o Monopólio da Exploração das Novas Terras, nomeadamente o Brasil, e do Tráfico de Escravos, por eles inventado, com dupla finalidade:
      Por um lado, forneciam aos colonos endividados, e incapazes de pagar os juros, mão de obra barata, por outro lado, lucravam o preço da venda.
      Simples!
      E antigo!

      Toda a intriga era clara, mas eu também não vi.

      Isto de se chamar Mouros aos da Barbária ou Berbéria, acaba condicionando o raciocínio.

      Afinal, tudo se centralizou ali no Norte de Africa, na faixa que pertenceu a Cartago, aos Vikings e aos Normandos.

      Nunca perderam o gosto pela pilhagem, nem pelo tráfico nem pela escravatura.
      Nem pelos sacrifícios de crianças a Baal!

      Quem diria que os Ratos do Deserto, expulsos pelo Faraó Amosis, continuariam a infernizar-nos por milénios...

      Abraços

      Maria da Fonte

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    3. Como lhe disse, Maria da Fonte, essa linha que está a explorar, está a parecer-me que faz bastante sentido. Como sabe, eu não digo as coisas por dizer, o que significa que se levanto críticas que podem ser mal entendidas, por outro lado significa também que não elogio por elogiar.
      Interessa-me bastante, mas de momento estou sem tempo para analisar o alguns detalhes, e o mais importante, como cola com tudo o resto - que é essa visão geral que me interessa.
      Por falar na "sereníssima", creio que o sentido latino é também o de "esclarecidíssima", isto porque o lema de D. Sebastião - Serena Celsa Favent - parece querer dizer (ainda não vi nenhuma tradução) - "a serenidade/esclarecimento favorece o alto/excelente".

      Quanto a Cartago, convém notar que os romanos lhe impuseram, após a 2ª guerra púnica, sanções económicas semelhantes às que a França pôs à Alemanha após a 1ª Grande Guerra. De forma que a 3ª guerra púnica foi basicamente uma chacina, até porque os romanos queriam catar-se daquele problema, e a cada intervenção no senado romano, sobre qualquer assunto, Catão rematava ironicamente - "e além disso, Cartago deve ser arrasada". Até que foi mesmo.

      Há um outro detalhe que pode interessar - "cart" é palavra fenícia para cidade. Por exemplo, é natural que Cartagena fosse "Cart Egina", e poderá ser Cartago "Cart Egeu"... e esta mera especulação resulta ainda de Egeu e Egina serem mitologicamente "semi-caprinos".

      Abraços.

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  2. Olá,

    É difícil seja nas "democracias" ou ditaduras ocidentais das pessoas conseguirem discernir entre mentira e verdade, acabei agora de ver na TV Planète+ um documentário La face cachée de Hiroshima onde documentos que ao fim de 50 anos saíram do segredo de estado provam bem a prisão em que vive a humanidade, onde nenhum estado está isento de culpas, e mais caro Alvor é inútil o esforço de quem se empenha a relembrar questionar as inúmeras atrocidades de que foram são e será esta espécie humana.

    O despertar dos magos só pode quem o for sem saber, e são poucos, um dos pais do ADN humano muito criticado por declarar a existência do gene da burrice e ter a convicção que um dia seria tratada a doença foi rapidamente abafado.

    Cpts.
    José Manuel CH-GE

    P. S.
    Peine de mort : Lisbonne provoque la polémique
    http://www.observatoiredeleurope.com/Peine-de-mort-Lisbonne-provoque-la-polemique_a1241.html

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    1. Certo, José Manuel,
      mas foi pela ocultação, "o culto do oculto", que se criou o clima de desconfiança, de segregação, que alimentou tantas guerras e genocídios. Por isso, ao divulgar, ao relembrar, invertemos essa tendência, ainda que o efeito individual seja aparentemente diminuto.
      E podemos estar errados, mas aqui convém lembrar a célebre frase de Séneca:
      - "Errar é humano..."
      frase que é amplamente conhecida, sendo menos conhecido, ou até omitido, o restante da frase:
      - "... mas persistir no erro é diabólico".
      Isto diz muito da disposição com que foi transmitida - persiste-se no erro de só citar a primeira parte, e esse erro persistente, ou propositado, terá a sua intenção mostrada pela segunda parte.

      Portanto, desde que saibamos reconhecer os erros, só intenções diabólicas podem ter intuito de insistir neles.

      Estas disposições recentes, conforme mostrou no seu link, são disposições que vêm de mais longe, da farsa apadrinhada pelo farsante socrático em Lisboa. E essa vontade de criar de novo um estado totalitário, repressivo, é um erro que, de tão repetido, só pode ser visto como diabólico.

      Não sei se há um gene de burrice, sempre acreditei muito mais numa educação para a burrice. No entanto, fui forçado a concluir que pode não ser assim. Ou seja, a natureza sabe bem que as aparências iludem, e sabe simular sob formas iguais seres diferentes. Só que alinhar nessa distrinça, é algo tão perigoso que só poderá ser pensado com a melhor das intenções. A última coisa que se poderia ter seria que uns se aproveitassem dos outros, e que voltássemos a antigas práticas de trabalho escravo.
      No entanto, é verdade que os comportamentos automáticos, com eficácia de máquina, que se pretendem para melhorar produção e exaltar a obediência, nada têm de humano... porque justamente podem ser substituídos por máquinas. Quando se fala em "máquina de guerra", é justamente porque se valoriza o aspecto mecânico no comportamento de exércitos, na linha da obediência cega e inquestionável.
      Na valorização exagerada desses atributos mecânicos podiam ter-se criado máquinas humanas, mas creio que não.
      Estou ainda firmemente convencido que é um problema de educação, de uma educação social, para uma sociedade de formigas ou abelhinhas, visando um comportamento funcional mecânico.
      Confunde-se a racionalidade humana a um mecanismo computadorizado, e isso é um mito já desmascarado, mas que não dá jeito reconhecer aos interesses instalados na sociedade actual, a quem daria jeito fazer robots dos humanos.

      Talvez tenham havido hominídeos ou humanóides que possuíram essa ausência de auto-reflexão, e talvez tenham sido vítimas de alguma extinção que nos pareceria cruel, se soubéssemos.
      No entanto, e a propósito desta deriva de religiosidade insana, convém ponderar no seguinte:
      - Se os espanhóis não têm aniquilado a cultura e religião Azteca, será que não teríamos hoje no México uns sacerdotes a exercerem antigas práticas religiosas? Ou seja, tal como há hoje quem pretenda seguir à letra os textos antigos da sua religião, cortando pés e mãos como castigo, será que essa tolerância para com a cultura azteca não nos obrigaria a ver hoje sacrifícios humanos em cima de pirâmides?
      Por isso, nem sempre é claro saber se um mal antigo não evitou piores males.

      Abraços.

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  3. Desculpe lamento mas já deixei de acreditar que todos os seres humanos nascem iguais e são o resultado de boa ou má educação, isso para mim era antes de se saber o que é o genoma humano, a instrução escolar e religiosa faz das pessoas "bons indivíduos" quem não assimilar é marginal, exemplos são aos milhares pais que dão a melhor das educações nas mais evoluídas sociedades e o resultado é o predestinado se sobrepor ao querido, sim os problemas congénitos existem mas é tabu dizer ou de se querer eliminar um feto que tenha tal gene disto ou daquilo (psicopata, burro, esquizo etc.), eu sinceramente estou-me nas tintas para os dois tipos de modelos sociáveis, não resolvem os problemas, nenhuma civilização o conseguiu, quanto aos aztecas a história dos sacrifícios humanos está mal contada pelos agentes do Vaticano, destruíram todos os seu escritos, actualmente basta se ler nos arquivos das índias os relatos dos homens de Cortés e do guardador de porcos Pizarro (casado a uma filha dum rei índio que fazia oposição ao imperador Inca) para se ver que todos eram mais pacíficos tolerantes do que somos actualmente.

    Re: "Se os espanhóis não têm aniquilado a cultura e religião Azteca, será que não teríamos hoje no México uns sacerdotes a exercerem antigas práticas religiosas?"

    Teriam eles, porque não nos viriam procurar, uma melhor vida que a nossa actualmente, é a minha convicção.

    Cpts.
    José Manuel CH-GE

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    1. Bom, o assunto "sacrifícios humanos" dá para um bom tópico, e já andava a pensar fazê-lo.
      Mais recentemente, por razão do "homem de vime", mas também pela razão do significado das palavras:
      - hecatombe - sacrifício de 100, creio que apontado por Estrabão aos "Lusitanos".
      - dizimar - castigo romano contra desertores/refractários em batalha, matando 1 em cada 10.

      Também ficou famoso o registo do sacrifício de crianças pelos fenícios/cartagineses, mas há quem pense não haver suficientes provas disso, sendo mais pretexto romano posterior.

      Portanto, é claro que podemos ser facilmente levados por tradições e registos históricos que nos induzem numa certa propaganda (por exemplo, lembro-me da piada lançada sobre "os comunistas comerem criancinhas").

      Eu peguei no exemplo Azteca porque me pareceu ser o mais consensual sobre as suas práticas sacrificiais. Agora, o que é consensual nem sempre é o correcto, mas neste caso tendo sido lançadas dúvidas sobre o assunto, pensando na propaganda espanhola, parece que efectivamente têm sido encontrados múltiplos registos de sacríficios. No caso Azteca aponta-se mesmo para 80 mil num só ano. Os códices podem não servir, porque são posteriores à invasão, e o registo dos padres pode ser considerado orquestrado, mas parecem ter-se recolhidas provas forenses mais recentemente, e tudo aponta para essa prática antes documentada.
      Quantos aos Incas, a situação seria razoavelmente diferente (nem faziam pirâmides), e creio que aí poderá ser mais uma extrapolação espanhola conveniente.

      A descrição de Cortés aponta justamente para ser um festival, onde se iriam realizar sacrifícios humanos, o motivo para o conflito completo
      http://en.wikipedia.org/wiki/Fall_of_Tenochtitlan#Massacre_at_the_festival_of_T.C3.B3xcatl

      Agora, eu não conheço outros relatos onde seja dito que não havia essas práticas religiosas - pelos Aztecas. Creio que os Maias também não se escapam dessa associação, e onde me parece mais artificial foi realmente no caso Inca, onde foi apenas uma maneira de justificar o massacre espanhol.
      De qualquer forma, e a menos que tenhamos que duvidar de quase tudo o que é dito... as práticas sacrificiais de guerreiros das tribos derrotadas eram comuns em toda a América, central e do sul, onde os registos de canibalismo chegaram até ao Séc. XX.

      Agora, a prova de que a genética tem pouco a ver com os comportamentos éticos, é dada na atitude perfeitamente pacífica dos descendentes de escravos trazidos da costa do Golfo da Guiné, que em nada de substancial difere dos europeus colocados nas mesmas condições sociais, por exemplo, nos EUA ou no Brasil. Em contraponto, nessas paragens de origem, é fomentada e educada uma violência primária, que atinge as maiores atrocidades ainda hoje.

      Por isso, basta ver como descambou a Guerra Civil espanhola, para perceber que a distância que nos separa entre a cortesia e a barbárie depende muito do contexto criado. Más lideranças criam pessoas más. Mas, tal como "há bons em épocas más", também "há maus em épocas boas"... mas será sempre mais notável ver a réstia de bondade, porque foi essa que nos livrou de extinções completas em épocas anteriores.

      Abraços.

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  4. Então cá ficamos a aguardar esse tópico, sobre sacrifícios humanos! Até é actual pois ainda o pratica o tal "Estado Islâmico" EI...

    Sobre "registos de canibalismo" pessoalmente não dou crédito aos castelhanos, só há pouco tempo leram o que não lhes convinha nos das índias em Espanha, alimentavam galgos com carne humana dos índios em Cuba, queimaram todos os escritos das várias civilizações que aniquilaram na América, sim todo o relato oficial é tendencioso, sempre foi, os britânicos na nova Inglaterra deram como pretexto dos índios não puderem possuir títulos de propriedade por não possuírem escrita própria, algo assim, hoje soubesse que a tinham, escreviam e liam a sua própria língua, antes os franceses invadem o Canada dizendo que ninguém lá tinha desembarcado e reivindicado a terra, quanto a isto nem comento, ladrão que rouba a ladrão tem cem anos de perdão, tá tudo perdoado e onde houver canibais aí vamos nós ocidentais os pacificar, lamento mas já há muito tempo que deixei de acreditar no os estados escrevem.

    Os castelhanos chegam, melhor chega lá primeiro um português, em plena guerra civil nos Andes, digam isso que não fica mal, e digam também que não são sacrifícios humanos tribais mas sim actos de barbaridade em guerra, ainda hoje se praticam, essa desculpa de "bárbaros fazerem sacrifícios humanos" já vem pelo menos dos romanos como desculpa para exterminarem a civilização dos druidas no ocidente...

    Os USA há cerca de 50 anos injectaram civis em hospitais com plutónio para verem o resultado se isto não é idêntico ao canibalismo não sei quem é santo nem quem é diabo.

    Cpts.
    José Manuel CH-GE

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    1. Caro José Manuel

      Lembra-se da polémica sobre ADN e ADN, que o Paulo, em tempos, aqui levantou?

      Um dia....ainda lá chegaremos.
      Só espero que não seja demasiado tarde.

      Abraços

      Maria da Fonte

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    2. Sim, José Manuel, sem dúvida que houve uma grande confusão na noção de "sacrifício".
      Do ponto de vista militar, é expectável que o destino dos derrotados não fosse propriamente brando. A mentalidade dominante seria que a honra para um soldado era a morte em batalha, pelo que os que fugiam a esse destino, esperava-os um destino que poderia ser pior.
      No entanto, houve também a estratégia de não ser implacável com os derrotados, porque caso contrário estes lutariam até à morte. Fazer propaganda da intolerância intolerância inimiga teve assim um duplo aspecto, tanto poderia causar pânico, como provocar ousadia sem limite.
      É claro que do ponto de vista dos generais, há a estratégia de pintar o inimigo como cruel e impiedoso, mas não ao ponto de ter as tropas a fugir - e por isso "dizimavam" os próprios refractários. A proporção de 1 em 10 parecia ser dissuasora de fugas da batalha.

      Mas, conforme salienta, as crueldades foram transversais, quer no local, quer na época. Os próprios autos-de-fé podem ser encarados como sacrifícios humanos sob pretexto religioso. A diferença seria sobre a "culpa da vítima", algo que não é averiguável nuns casos (p.ex. sob a lei Azteca), e noutros casos (inquisitórios) é sabido que a inocência foi consumida por muitos fogos, e ainda será por outros meios tortuosos e menos públicos.

      Abraços.

      Maria da Fonte: qual era a polémica do ADN?

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