Em 1640, no chamado Palácio da Independência, o Conde de Avranches, D. Antão de Almada, reunia os conjurados que no dia 1 de Dezembro terminaram com os 60 anos de jugo madrileno:
Palácio da Independência, no Rossio.
A construção que está ao lado do Teatro D. Maria II, no Rossio, teve essa particularidade notável de resistir incólume à devastação do Terramoto de 1755. Isto, é claro, apesar de estar praticamente no centro dos acontecimentos, ou seja, no centro dos múltiplos incêndios que consumiram quase toda a Baixa, e convém não esquecer... nem sequer foi alagado pelo alegado maremoto!
Como já mencionámos noutra ocasião, esteve longe de ser casa única, ou caso único.
A construção tinha uma particularidade anti-sísmica importante - era um monumento histórico, era o Palácio da Restauração, que tinha servido as reuniões para a proclamação da Dinastia Bragantina. Isso praticamente tornou-o invulnerável a incêndios, sismos ou inundações maçónicas, em 1755.
Esquecendo, o triste episódio do rei e do marquês psicopata, cujas estátuas ainda ofendem a capital, foram também eles que perderam a primeira guerra com os espanhóis após a restauração (a Guerra Fantástica). Seja como for, basicamente a única coisa positiva que a dinastia bragantina trouxe ao país foi a restauração da independência, fora do jugo madrileno, chegando ao ponto até das tropas portuguesas invadirem Madrid em 1706.
Sorte diferente, tiveram os catalães, que continuam até hoje sem se conseguirem libertar do matrimónio castelhano, apesar de várias tentativas goradas.
Agora, como se não fosse suficiente a violência doméstica que Madrid exerce sobre Barcelona, o PP da Catalunha apresenta um cartaz elucidativo contra o divórcio da região.
A forma como a Espanha agarra o catalão hesitante pelo pescoço, é elucidativa da alegoria. A inquisição constitucional espanhola não admite o divórcio regional, e os catalães têm que ficar sob jugo castelhano, quer queiram ou não queiram. Ao mesmo tempo que começa a campanha para as eleições regionais, mantêm-se as prisões dos líderes independentistas.
É claro que há um razoável número de residentes na Catalunha que não tem qualquer empatia à independência da região. Não será de estranhar que os líderes regionais do PP e Ciudadanos, ou seja, Xavier Albiol (filho de andaluzes), e Inés Arrimadas (andaluza, residente há 10 anos), queiram ver a Catalunha como parte integrante de Espanha.
Também não nos espantaria que um filho de um espanhol, ou uma espanhola aqui residente há 10 anos, achassem bem que Portugal fizesse parte da Espanha. Tanto pior, quando há cá um razoável número de energúmenos adeptos da ideia, especialmente se vislumbrarem vantagem pessoal.
Entretanto, esta deriva psicopata espanhola, terá um desfecho parcial em 21 de Dezembro, onde só uma convocatória adicional de residentes externos à Catalunha, parece poder alterar o desfecho eleitoral que se avizinha. Um resultado fabricado será a forma mais tentadora de apagar a chama independentista, mas terá um custo tão elevado, que esta Espanha psicopata germinará os ingredientes para se tornar num estado completamente disfuncional, a breve prazo.
Conheço mal uma Espanha que atravessei quatro vezes à uns tinta anos de automóvel e estes dois últimos anos, agora prefiro a sensação de liberdade de viajar por estrada, e conduzir um automóvel, aos controlos nos aeroportos, antes tinha-se receio de passar pelo país Basco por causa da ETA, e ia por Madrid, pena não ter conhecido mais cedo o norte pois é uma outra Espanha não tem nada a ver com a Estremadura desértica árida…
ResponderEliminarestes dois últimos anos pernoitei na bela baia de Hendaia país Basco do lado francês, notasse quem é francês e basco, o ocupante francês fala altivamente e o basco humildemente em francês e em basco entre eles e entre dentes… este ano a minha mulher queria ir conhecer Madrid e Barcelona mas decidi-me outra vez de ir pelas Astúrias pois era o dia seguinte às eleições na Catalunha, pernoitamos na “Capital” do pais Basco (sede das suas instituições) Vitoria-Gasteiz, abaixo de Bilbao, e gostei muito, cidade ladeada de montanhas com neve recebeu o European Green Capital Award, a cidade está rodeada duns sete parques naturais a juntar aos Pireneus bem perto visíveis, aqui também se nota quem é o ocupante… o castelhano, arrogante espalha brasas, em contraste
com a suavidade do basco,
como nunca foi à Catalunha não sei se notaria a presença do ocupante castelhano pelo trato, só conheço a magnifica autopista que Madrid lhes ofereceu quando dos Jogos Olímpicos de 92, rolei nela antes dos ditos para passar por Zaragoza, Espanha é uma manta de retalhos, isto tudo e pouco para vos dizer que acredito pouco na viabilidade dum Estado independente da Catalunha em comparação do Basco que existe de facto por si mesmo, embora não reconhecido, nem precisa! pois têm ADN próprio coisa que o catalão não tem,
o português continua independente da Galiza para que a grande Espanha imperial não faça sombra aos reinos protestantes europeus, porque ao contrário de Portugal uma Galiza independente não quereria os Algarves com capital em Lisboa onde se falava e escrevia em árabe ainda em 1400…
Como a Espanha não admitirá nem a França uma Catalunha independente virada para o mundo islâmico, donde geograficamente é próxima, o que lhe resta é um idioma a fundir-se com o dominador castelhano, coisa impossível de acontecer aos bascos.
Cumprimentos
José Manuel
P.S.
Sou a favor das Cidades Estados, auto-suficientes e fortificadas, modelo da antiguidade actualmente já existente,
a crise que aí vem só este sistema sobreviverá, bom natal boas festas ao caro Alvor e seus leitores.
Caro José Manuel,
Eliminarestou muito de acordo com o que aqui escreveu, excepto em poucos pontos...
Também percorri a Espanha várias vezes há 20, 25 anos, mas dos contactos que tive com catalães, sempre me pareceram muito determinados na sua diferença com os castelhanos. É verdade que nessa altura, eram mais os bascos que estavam envolvidos na questão independentista, por via da ETA. Só que ao contrário, não me lembro de haver um grande suporte independentista com expressão eleitoral. Essa foi a grande diferença agora na Catalunha. E será essa diferença que não será fácil a Madrid de ignorar, sob pena de caírem no erro crasso de ignorar os catalães.
Obrigado também pelos votos de boas festas, que igualmente manifesto.