domingo, 31 de março de 2019

Ventos Rugidores a 40º Sul

De entre os ventos que ajudavam a navagação, mas que ao mesmo tempo podiam ser assombrosos, ganharam fama os ventos que sopravam de oeste para leste, a 40º ou 50º de latitude sul.

Quarenta Rugientes, ou Rugidores Quarenta, é uma tradução do inglês Roaring Forties
Esta expressão inclui os ventos que começam a 40ºS, mas pode incluir latitudes mais próximas do pólo sul, mas nesse caso fala-se ainda de "furiosos cinquenta" ou "gritantes sessenta" (furious fifties, screaming sixties)

Os principais ventos na Terra, com foco na variação das monções em Janeiro e Julho, 
e nos constantes roaring forties.     (após mapa em J. Malhão Pereira, Ac. Ciências, 2017)


No século XIX, após o desencobrimento da Austrália, a rota usada pela nau S. Paulo (e que depois foi chamada rota de Brouwer) foi-se tornando popular, especialmente usada pelos navios clippers, que faziam o transporte do chá, ou de lã australiana, pela rota oriental, até começarem a perder utilidade com a abertura do Canal do Suez.

Cutty Sark, o último navio clipper, no seu ano de construção: 1869.

Entre esses navios clippers, um deles tornou-se razoavelmente famoso - o Cutty Sark, que passou até por ser propriedade portuguesa. Vendido em 1895 à firma Ferreira, manteve-se em operação até que em 1922 era o último navio clipper do mundo. Ainda se chamou Maria do Amparo, e enquanto último sobrevivente dos clippers, regressou a Inglaterra, acabando por regressar ao nome original, e dar assim inspiração à famosa marca de whisky.

Um dos casos típicos de tormenta, era a passagem do Cabo Horn, ilustrada aqui nestas impressionantes fotos, com mais de um século.
 
Esq: Foto de Idriess, no cabo Horn. Dir: O navio Garthsnaid numa tempestade nos mares do sul (c.1920).

Mas a questão que se pode levantar é muito simples.
Estes ventos definiam autênticas autoestradas marítimas.
Por isso, a mais provável primeira viagem de circumnavegação do globo, é muito mais natural que tenha ocorrido, pela rota da nau São Paulo, cruzando a Austrália, e depois caindo no Cabo Horn, pelo lado oposto. 
Esta terá sido uma rota frequente ao tempo de D. João II, só muito depois se terá pensado na que Magalhães seguiu...

Sem comentários:

Enviar um comentário