Há 4 anos atrás, no início de 2014, escrevi aqui três textos que fizeram sentido para estabelecer uma eventual "Estória Alternativa":
não publiquei o quarto texto, ou antes, acabei por publicar uma outra versão dele em 2016:
Fica aqui o rascunho que comecei, para o que iria ser o quarto texto, mas que nunca acabei por publicar, simplesmente porque a tarefa ficou demasiado complicada, para não ser apenas uma "estória"...
Escritas
O nexo histórico só começa a ser escrito consistentemente no 1º milénio antes de Cristo. Antes disso há as referências mesopotâmicas e egípcias, mas são interpretações por tradução conveniente feita no Séc. XIX.
É preciso notar que o registo egípcio e mesopotâmico estava praticamente perdido até essa altura, e nem tão pouco havia mitos reportados no ocidente (o movimento anti-Beroso-Viterbo tinha desacreditado muitas teorias não bíblicas). Como vimos, as primeiras imagens das pirâmides são feitas por viajantes isolados, apresentando contrastes face ao depois reportado por Napoleão.
Para além dos disparos contra a esfinge, e um desbaratar de achados transportados para França, é nessa expedição que a Pedra de Roseta leva à tradução de textos egípcios. Pouco depois, pelo lado inglês, é feita a tradução de inscrições cuneiformes sumérias.
Em poucos anos, no início do Séc.XIX, já se começa a fazer nova história com traduções de hieróglifos e inscrições cuneiformes. A tradução egípcia foi proeza exaltada, e no entanto a solução foi quase imediata ao problema, consensual. Mas, vejamos diversas formas de escrever Set (o deus que se opôs a Hórus)
Portanto, temos aqui três conjuntos, completamente diferentes, supostamente representando o mesmo nome (com a posterior identificação a Tot, juntam-se pelo menos mais dois). A isto, acresce uma certa compressão evitando as vogais, que veio a acontecer em muitas escritas (por exemplo, hebraico, abreviaturas romanas).
É habitual ver dúvidas sobre interpretações de textos em latim e grego, onde muita gente conhece as línguas, e é muito menos frequente ver dúvidas sobre textos sumérios ou egípcios... onde a incerteza seria enorme.
Como dizia Disraeli, acrescia haver mais que uma interpretação sobre os hieróglifos. Uma do conhecimento da escassa população letrada, outra apenas do conhecimento sacerdotal.
Qual tem sido traduzida? O que concluir?
Devemos continuar a usar primordialmente a tradição vinda pelos textos greco-romanos.
A outra sofre do método educacional. Quem ensina, condiciona a interpretação. Se há dúvidas remete-se sempre para o topo, onde prevalece a hierarquia... o antigo aluno raramente questiona os mestres.
Depois, tratam-se de profissões, onde ninguém quer ser desacreditado ou ridicularizado pela comunidade, logo é melhor concordar do que discordar. Tudo razões para não tomar "demasiado à letra" o que resulta dessas traduções modernas... e que trouxeram reinos perdidos pela história, como os Hititas.
Portanto, não se trata de duvidar por duvidar, porque certamente um nexo de tradução foi encontrado.
Só que o nexo encontrado foi também o que se quis encontrar, o que se ajustou a muitos factores, uns mais subjectivos que objectivos. O amador quando encontra uma inscrição envia para tradução, raramente arrisca traduzir juntando os hieróglifos. Porém, se repararmos nas traduções que são feitas, podemos ver que dificilmente se trata de uma ciência muito exacta...
Não falamos do registo chinês, supostamente bem mais antigo e bem melhor guardado, mas igualmente envolto em incerteza e secretismo.
O Egipto, sendo a grande referência do mundo antigo, merece alguma atenção especial.
Preferia não entrar em detalhes, alguns já mencionados, mas podemos olhar para este caso especial, indo de novo à época do dilúvio. Este dilúvio é também chamado de Ogyges, o que é um nome grego para Oceano, mas também se liga a um rei mítico de Tebas.
Surge aqui uma das confusões entre a Tebas grega e a egípcia, até porque o início faraónico começa na zona de Tebas, em Abidos.
A versão oficial aponta para um faraó Ro (ou Iry Hor), denominado companheiro de Horus, sendo que na mitologia ibérica Horus correspondia a Hércules Líbico... que depõe os Geriões. Nessa versão, este Hércules tinha sido antecedido por Júpiter, a que os egípcios chamariam Osíris, cujo filho seria Hórus, que irá eliminar Seth, tal como o correspondente Hércules eliminaria o Gerião.
Há assim analogias não negligenciáveis nesta parte inicial, também com Tot e Mayat, cujo nome não se deixa de associar a Maia, mãe de Hermes, explicitamente associado a Tot em Hermopolis. O culto de Tot associado a Hermes Trimegisto será intenso no período ptolomaico, de fusão cultural.
Há ainda uma história egípcia com Ka e com o mítico Rei Escorpião...
A queda de Tróia poderá ter sido o equivalente à queda de Roma.
Após o período destabilizador com os povos do mar, semelhante às invasões bárbaras, a zona mediterrânica e europeia terá entrado num longo equilíbrio, semelhante a uma Idade Média.
- https://alvor-silves.blogspot.pt/2014/01/estoria-alternativa-1.html
- https://alvor-silves.blogspot.pt/2014/01/estoria-alternativa-2.html
- https://alvor-silves.blogspot.pt/2014/01/estoria-alternativa-3.html
não publiquei o quarto texto, ou antes, acabei por publicar uma outra versão dele em 2016:
Fica aqui o rascunho que comecei, para o que iria ser o quarto texto, mas que nunca acabei por publicar, simplesmente porque a tarefa ficou demasiado complicada, para não ser apenas uma "estória"...
_________________ 19 de Janeiro de 2014 ________________
Escritas
O nexo histórico só começa a ser escrito consistentemente no 1º milénio antes de Cristo. Antes disso há as referências mesopotâmicas e egípcias, mas são interpretações por tradução conveniente feita no Séc. XIX.
É preciso notar que o registo egípcio e mesopotâmico estava praticamente perdido até essa altura, e nem tão pouco havia mitos reportados no ocidente (o movimento anti-Beroso-Viterbo tinha desacreditado muitas teorias não bíblicas). Como vimos, as primeiras imagens das pirâmides são feitas por viajantes isolados, apresentando contrastes face ao depois reportado por Napoleão.
Para além dos disparos contra a esfinge, e um desbaratar de achados transportados para França, é nessa expedição que a Pedra de Roseta leva à tradução de textos egípcios. Pouco depois, pelo lado inglês, é feita a tradução de inscrições cuneiformes sumérias.
Em poucos anos, no início do Séc.XIX, já se começa a fazer nova história com traduções de hieróglifos e inscrições cuneiformes. A tradução egípcia foi proeza exaltada, e no entanto a solução foi quase imediata ao problema, consensual. Mas, vejamos diversas formas de escrever Set (o deus que se opôs a Hórus)
Set (3 hieróglifos, segundo wikipedia)
É habitual ver dúvidas sobre interpretações de textos em latim e grego, onde muita gente conhece as línguas, e é muito menos frequente ver dúvidas sobre textos sumérios ou egípcios... onde a incerteza seria enorme.
Como dizia Disraeli, acrescia haver mais que uma interpretação sobre os hieróglifos. Uma do conhecimento da escassa população letrada, outra apenas do conhecimento sacerdotal.
Qual tem sido traduzida? O que concluir?
Devemos continuar a usar primordialmente a tradição vinda pelos textos greco-romanos.
A outra sofre do método educacional. Quem ensina, condiciona a interpretação. Se há dúvidas remete-se sempre para o topo, onde prevalece a hierarquia... o antigo aluno raramente questiona os mestres.
Depois, tratam-se de profissões, onde ninguém quer ser desacreditado ou ridicularizado pela comunidade, logo é melhor concordar do que discordar. Tudo razões para não tomar "demasiado à letra" o que resulta dessas traduções modernas... e que trouxeram reinos perdidos pela história, como os Hititas.
O reino hitita, apesar da enorme influência hoje atribuída, só foi "desenterrado" no Séc. XIX.
Portanto, não se trata de duvidar por duvidar, porque certamente um nexo de tradução foi encontrado.
Só que o nexo encontrado foi também o que se quis encontrar, o que se ajustou a muitos factores, uns mais subjectivos que objectivos. O amador quando encontra uma inscrição envia para tradução, raramente arrisca traduzir juntando os hieróglifos. Porém, se repararmos nas traduções que são feitas, podemos ver que dificilmente se trata de uma ciência muito exacta...
O Egipto, sendo a grande referência do mundo antigo, merece alguma atenção especial.
Preferia não entrar em detalhes, alguns já mencionados, mas podemos olhar para este caso especial, indo de novo à época do dilúvio. Este dilúvio é também chamado de Ogyges, o que é um nome grego para Oceano, mas também se liga a um rei mítico de Tebas.
Surge aqui uma das confusões entre a Tebas grega e a egípcia, até porque o início faraónico começa na zona de Tebas, em Abidos.
A versão oficial aponta para um faraó Ro (ou Iry Hor), denominado companheiro de Horus, sendo que na mitologia ibérica Horus correspondia a Hércules Líbico... que depõe os Geriões. Nessa versão, este Hércules tinha sido antecedido por Júpiter, a que os egípcios chamariam Osíris, cujo filho seria Hórus, que irá eliminar Seth, tal como o correspondente Hércules eliminaria o Gerião.
Há assim analogias não negligenciáveis nesta parte inicial, também com Tot e Mayat, cujo nome não se deixa de associar a Maia, mãe de Hermes, explicitamente associado a Tot em Hermopolis. O culto de Tot associado a Hermes Trimegisto será intenso no período ptolomaico, de fusão cultural.
Há ainda uma história egípcia com Ka e com o mítico Rei Escorpião...
A queda de Tróia poderá ter sido o equivalente à queda de Roma.
Após o período destabilizador com os povos do mar, semelhante às invasões bárbaras, a zona mediterrânica e europeia terá entrado num longo equilíbrio, semelhante a uma Idade Média.
Nessa época o foco religioso foi o Egipto, especialmente Heliópolis, que faria o papel de controlo papal, semelhante ao que se fez em Roma depois. Continuava o poder militar na Mesopotâmia, sempre pronta a intervir e a invadir até mesmo o Egipto.
A situação geográfica seria praticamente a mesma antes e depois da Guerra de Tróia, mas com novos acordos de paz, mais estáveis, entre as elites sacerdotais. A Europa continuaria raptada, com controlo pelas cidades e reinos da Ásia Menor, havendo alguma liberdade de navegação em Tarsis, e por extensão com os fenícios do Líbano, que se encarregariam de navegações purpurinas, para além das colunas de Hércules. Autorização semelhante conseguiria Salomão e os hebreus, também com um entreposto na Ibéria. Os gregos, apesar da sua vitória, saíriam menos bem, ficando espalhados pela costa e ilhas do Mediterrâneo. A aliança de Agamémnon desvanecer-se-ia após o fim de Tróia.
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Boa tarde,
ResponderEliminarSobre o diluvio, deixo aqui um link com mais uma prova "cientifica", mas em local onde, por norma, é muito raro ser publicado algo que conteste a "estória" que conhecemos.
https://indiancountrymedianetwork.com/history/genealogy/archaeologists-discover-13800-year-old-underwater-site-at-haida-gwaii/
Cumprimentos,
Djorge
Obrigado.
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