sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Lucerna

Rafael Bluteau, num preâmbulo à renovação da Academia dos Generosos, em 1717, diz o seguinte:
Maravilhosas, mas tristes, inúteis, e sempre fúnebres foram as tão celebradas lâmpadas ou lucernas inextinguíveis dos Egípcios. Que maior maravilha, do que luz perene de uma incombustível matéria, sempre ardendo e sempre luzindo, sem socorro de novo alimento, porque sem consumo do primeiro?
De que lâmpadas fala Bluteau, que seriam inextinguíveis?


Quando olhamos para estas representações podemos não querer ver as ampolas, e percebe-se que até ao Séc.XX, antes da generalização das lâmpadas, ninguém visse nada de especial. Porém, quando vemos cabos ligados à extremidade fica difícil não fazer a associação. Mas de onde viria a energia eléctrica? Essa resposta já foi mencionada aqui, foram encontradas as Pilhas de Bagdad, com mais de 2 mil anos, descobertas em 1936, que funcionavam como baterias eléctricas primitivas:

Juntando o registo de Bluteau a estas representações e descobertas arqueológicas, torna-se plausível a hipótese de que os antigos egípcios, sumérios, conheciam a electricidade e faziam uso dela semelhante ao uso corrente - por exemplo, iluminação.
A principal diferença face aos tempos actuais seria que tal tecnologia seria do estrito conhecimento da elite dominante, e por isso de uso e acesso muito restrito, tendo-se mantido assim durante milénios.

Outra prova deste avanço civilizacional, de que se perdeu registo, ou melhor, cujo registo não é publicado ou publicitado, é o caso da Máquina de Anticítera (assunto já abordado por JM no blog Portugalliae)
Vestígios do mecanismo encontrado em Anticítera.
A complexidade do mecanismo foi estudada, por Raio-X, em vários artigos científicos,
concluindo tratar-se de um relógio astronómico, similar em complexidade aos do Séc. XVIII,
modelando os movimentos da Lua, Mercúrio, Vénus, Marte, Júpiter e Saturno.

Este achado arqueológico do Séc I a.C, recolhido de um navio naufragado, em 1901, confirma outras referências em textos antigos sobre mecanismos deste género (p.ex. Cícero). Está aí gravado o nome ΙΣΠΑΝΙΑ que seria a primeira referência ao nome Hispania (os gregos usavam a designação IBEPIA : Iberia). Outros mecanismos como os de Al-Jazari (1205) podem ter seguido alguma tradição árabe recuperada deste legado perdido dos gregos.

É claro que da literatura árabe chegou-nos ainda a fábula de Aladino e o génio da lâmpada
e estas histórias acabam sempre por revelar um outro significado.
Como um novo olhar para o mesmo quadro...
Afinal, há um mago que persuade Aladino a entregar-lhe o génio escondido na lâmpada. 
O segredo escondido na lâmpada revelou um Génio eléctrico que permitiu um progresso tecnológico sem precedentes. Estará na altura do mago reclamar de Aladino a lâmpada, e voltar a encerrar o nosso génio?

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