sexta-feira, 12 de setembro de 2014

Colcha (2)

Continuamos pela cobertura da Colcha.
Um mapa de 1706 (de Ch. Cellarius) aponta designações romanas da região caucasiana, onde podemos ver - Colchi, Iberia, e Albania.

No mapa assinalei outras "atracções turísticas" no contexto, destacando as "Colunas de Alexandre".
Já aqui havíamos falado das Portas Cáspias, que se associam a portas ou muralhas de Alexandre Magno. Serviriam como uma espécie de Muralha da China ocidental, para evitar as incursões dos bárbaros - no caso chinês, os mongóis; no caso alexandrino, os Citas, entendidos como os míticos gigantes biblícos, Gog e Magog.

Outra curiosidade, é que a região caucasiana apresenta uma grande quantidade de nomes que encontramos noutras paragens, e não apenas neste mapa.
Podemos referir Qabala, um nome muito cabalístico para a antiga capital da Albânia caucasiana, ponto de passagem das chamadas "Rotas da Seda". 
Coraxi é um nome de rio assinalado no mapa, nome não distante de Corasan, vizinha região persa, ou talvez nome mais próximo de Carachi, cidade às margens do Indo (ainda mais a ocidente, no mapa, está nomeada Sindi).
A isto associa-se Ganja, cidade e rio caucasiano, cujo nome se assemelha ao Ganges, por um lado, e por outro Ganja é palavra do sânscrito que significa canabis. Talvez o termo granja ou granjear seja apropriado a esta cultura de grageas. Porém, o som local é mais Gança ou Gandza, sendo claro que no português a ligação do sânscrito de canabis é literalmente o popular termo Ganza, enquanto que na variante gansa iríamos para outras visões mitológicas de patos.

Sem esforço adicional, vemos nomes como Asturcani, Lazi, Harmorica, que nos lembram directamente as Astúrias, a Lácio e a gaulesa Armorica. Se juntarmos a estes nomes, as já referidas Iberia e Albania, vemos que pouco falta para termos no Cáucaso a maioria dos nomes antigos de diferentes regiões europeias. Acrescem ainda neste mapa os rios Serbi e Olonda, e noutros mapas não é difícil encontrar nomes também com sonoridade conhecida (Telavi, Baghdati, Java, Andi, Mousa, etc.)

Alanos e Lugus 
Um outro nome identificado no mapa é o dos Alanos. Tal como Vândalos e Suevos, foram um dos povos que se lembraram de invadir o Império Romano na mesma data, atravessando o Reno em 31 de Dezembro de 406. Uma notável coordenação de tribos tão distintas, aceite oficialmente a data no livro de Próspero da Aquitânia. Se Júlio César tinha estabelecido pelas Pontes do Reno, a fronteira do Império Romano, na noite de passagem de ano em 406, terá havido uma vontade de mudar de vida em povos de paragens distintas, rumando todos com o mesmo destino - a Hispania. 
Aponta-se a pressão dos Hunos como causa deste "saltar o Reno", já antes feito pelos Visigodos de Alarico. Isto justificaria o agrupamento naquele dia de tribos que iam da Germania dos Suevos ao Cáucaso dos Alanos, e que na sua rota ibérica iriam passar pelos visigodos instalados na Aquitânia, e dividir a Hispania entre si - Suevos a norte (Galiza e Cantábria), Alanos ao centro (da Lusitânia até à Catalunha), e Vândalos ao sul (na Andaluzia, que empresta o nome - Andalus ~ vAndalus). 

Convirá aqui lembrar que os Vândalos seriam originários do Sul da Polónia, de uma zona próxima da Galicia polaca-ucraniana, e a migração para paragens da Galiza, merece uma coincidência no nome, tal como o nome do povo Lugii identificados hoje aos Vândalos. Este nome Lugii parecendo declinação latina, não se deverá desligar de Lugh ou Lugus, divindade celta.
A tripla cabeça de Lugus, talvez por isso divindade 
associada a Mercúrio ou Hermes, Trimegisto.

Ora, o que se lê sobre a etimologia de Lugh é uma eventual ligação a uma raiz indo-europeia "leuk" (branco em grego), significando Luz
Por isso, é admitido que o nome Lusitania se ligue a Lugh, e não é incorrecto ligar também a Luz em Luz-itania, atendendo a que a raiz de Lugh seria Luz (aliás será mais uma questão de pronunciar bem o som "gh" como o "ch" do "z" final). Pela mesma razão em Andaluz temos o sufixo "luz", e poderá ser lido na razão de identificação entre Vândalos e Lugii, entendendo "van-da-luz" como um certo "vem-da-Lugii". Ou seja, indo por um caminho, ou por outro, parecem guiar-se por uma "Luz" comum.

Minho e Caminho a Caminha
Acresce a isto, o registado interesse de Augusto em fazer o "primeiro caminho da luz", na direcção de Lugus Augusta. Recuperando aqui um comentário de Bartolomeu Lança
Codex Calixtinus. Escrito em Cluny no sec XII, Bernard de Clairvaux (Clara Vallis), Cistercenses, foi a ordem de marcha para a iniciação do Calix.
A anterior mudança foi o Callix Ianus, iniciado por Augustus, um Príncipe ou um novo Eneas ou Rómulo, que funda um novo centro a partir do qual se repete a cosmogonia. O Sacramentum por vontade de Augusto é alcançar a convivência da paz entre Roma e os Indios do Ocidente.
... e sobre este Codex endereçado ao Caminho de Santiago, e atribuído ao Papa Calisto II, pode encontrar-se mais informação (aqui e aqui, por exemplo).

Ora, apesar de me afastar frequentemente da linha inicial do texto, estas diversas direcções vão aparecendo, umas atrás das outras, e dificilmente consigo escrever todas.
Não gostaria de deixar de notar que o "g" pode aparecer por vezes para denotar uma aspiração como num "h", e nesse sentido Lugus soaria Luhus, literalmente Luz (mantemos uma palavra semelhante "Lugar" que lida como "Luhar" mostra o Luar, um sítio onde há luz, um "Lume"; e "local" deve ser lido como "lucal" onde acresce o caminho da "cale", ou o branco da cal, que veremos).

Se esta parte é claramente especulativa, deixa de ser tanto, quando entendemos que o Callix Ianus de Augusto, tem as duas cabeças de Iano, ou Janus, numa representação semelhante à de Lugus. 
Porém, devemos reparar que relativamente a Lugh, falta uma cabeça...
Assim, adicionadas às duas cabeças de Iano, ficaria outra no Caminho de Iago - Sant'Iago, apóstolo decapitado, que passaria a ser a referência do novo Caminho...
Este "caminho" não seria exactamente no rio Minho, ainda que Caminha esteja na sua foz - e por manifesta coincidência, o Minho passa pela cidade de Lugo.
Lugo seria o fim do caminho Callix Ianus, mas continuando o caminho pelo Minho, para quem mais caminha, tinha Caminha. (Tal como depois, na nova compustura de Compostelo, muitos peregrinos continuavam até ao mar, até Finisterra).
Haveria mais a contar nesta Cale, ou neste Callix, de cálice, ou cale-se, mas passamos a outra parte.  

Tanas
O Tanas é a outra componente Luz-i-Tana. Porque, o sufixo "Tana" ou "tânia", aplicou-se a territórios ocidentais - Lusitânia, Mauritânia, Turdetânia, Aquitânia, Britânia.
Acontece que há uma outra divindade celta - a deusa Dana, ou Ana e a deusa fenícia Tano, ou Tanit.
Se Dana, na variante fonética Danu, se associa ao Danúbio, numa espécie de Danu-rio, é muito provável que na sua forma Ana, se associe ao Guadiana, na Antiguidade chamado apenas Ana.
Este assunto tem mais variantes associando Ana à Diana celebrada em Évora.

Assim, a palavra Lusitana parece-me poder ser ligada ao par de divindades celtas: Lugh e Dana, as mais importantes divindades do panteão antigo, a luz solar e a fertilidade da terra. E sem nenhuma pesquisa deste tipo, quem entende Lusitânia como "luz-terra", chega por caminho diferente a significado análogo.
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Cal
No mito de Jasão, aparecem os Calcotauros (Khalkotauroi), onde este prefixo "calco" é suposto referir-se à característica de serem de bronze, ainda que khalkos se refira primitivamente a cobre, sendo diferente do kolkhos referente à Cólquida.
Acontece, especialmente pelo lado latino, que este "calco" também referia pedras, e em particular ao calcário branco que servia para cal. 
Temos assim juntas várias peças para o caldo no caldeirão de onde saía a cal por via do calor.

Seguindo a observação de A. Meakin que nos sítios da Cítia a palavra cauca significaria branco, notamos a semelhança fonética com calca, especialmente numa pronúncia brasileira do português que dá sentido à noção de cal associada também ao branco. Por isso, para além da ligação de Cauca a Coca feita antes (sobre a cidade, e não tanto o pó branco), esta pintura de Cal ganha ainda sentido na própria designação Calaica, de Cale. Mais uma vez, podemos unir os caminhos dos calhaus, porque o branco do leite é em grego "Gala", e nota-se a ênfase no Caminho de Santiago designar a Via Láctea, marcando assim a direcção ocidental, da Cale Lactea, numa redundância em Galactea (Galáxia). O acordar para esse caminho solar, que à noite era pintado pelo branco da Via Láctea, era dado pelos galos.

Assim, parece-nos uma especulação interessante entender o Cáucaso também como Calcaso.
Desta forma, os Calcotauros tanto poderiam ser touros do Cáucaso, como touros brancos.
A noção de "Touro Branco" não é estranha à mitologia grega, pois o rapto de Europa por Zeus, é feito sob o disfarce de Zeus enquanto touro branco.
Rapto de Europa por Zeus, disfarçado de touro branco

Repara-se que se a Ibéria é conhecida pelos seus touros negros, fomos aqui encontrar a noção de touro branco associado à outra Ibéria, caucasiana, vizinha da Albania - designação que remete a albino, ou alvo, também com o significado de branco. A menção taurina pode não referir o animal, mas sim a cultura ou uma divindade taurina (Thor, Tur - Turdulos, Turdetanos), tendo em atenção que entre os mamíferos, homem e primatas se distinguem pela visão tricolor, ao contrário de outros mamíferos, essencialmente daltónicos, onde o touro é um caso conhecido.

Como se conjugam as diferentes pedras neste caldo?
O ponto principal será o calor, que permite a cal, mas que também esteve na primeira cerâmica e metalurgia, nomeadamente no cobre. Por isso, o mesmo calor levava à cal branca, no "calco" do calcário, e à produção de "calco", o cobre (em grego). Uma simples evolução do sentido comum das palavras, em grego o branco passou a estar associado à luz em "leuko", e o cobre/bronze associado ao calor em "khalko" (acresce que "kaió", som próximo do nosso "caiou", significa arder), poderá estar na origem do mito do touro de bronze, depois decorado condicentemente.

Portanto, a colcha de "Colchis" aparece aqui numa cobertura do cobre, do "Chalcos".
Convém ponderar sobre a evolução da nossa terminologia.
Há trinta anos atrás, "ver um rato" remeter-se-ia para o animal... hoje para o adereço de computador. No futuro, desconhecendo a época exacta do texto, a palavra "rato" poderá aparecer como ambígua - e até poderá servir para especular que já haviam "ratos" antes dos computadores.

Col
Ligada à gente da Cólquida, antes da Sarmácia, aparece no mapa a designação latina Colica Gens.
A declinação cólica deriva de cólon do grego kólon, e é diferente do kolkhos da Cólquida.

Parecendo um pouco lateral a este assunto, nota-se que este "cólon" pode ser uma tripa, ou um membro (observação que Manuel Rosa costuma fazer sobre Cristobal Cólon assinar com ":").
Sem grande esforço imaginativo, podemos ligar as tripas. Porque "cólon" aparece no sentido de membro de um texto, de um poema, onde o símbolo ":" (colon) serviria a cola, a ligação. Ora o nosso percurso de escrita, assemelha-se ao enrolar de uma tripa - limitado pelas margens, vai descendo, ziguezagueante. O sentido de "cola" como membro colado nota-se ainda o sufixo latino, por exemplo, "agrícola" cola com agricultura, "vinícola" cola com vinha,  "piscícola" cola com peixe... ou cola pelo menos com piscis.
Para além deste cólon intestinal, surge a "cola" como parte final, como cauda. Já mencionámos isto a propósito da Cola do Dragão, ou Draco-Cola, sendo símbolo da Ordem do Dragão a cauda que prendia ao pescoço. Esta ordem de cavalaria juntava, por exemplo, o Infante D. Pedro e Vlad III Dracula.
No sentido de membro, a palavra "colon" derivou em "colónia", uma parte territorial que se colava ao território original. Ter Colombo com uma missão de colono é mais um aspecto de ser Cólon de uma Ordem que poderia ir dos ovinos da Cólquida, no Tosão de Ouro, até ao Dragão da Cauca-Cola.

Finalmente, o cólon termina como uma postura vertical na forma de coluna. As colunas tanto podem ser encaradas como parte do texto, quando o sentido é de "cólon" membro, como podem exibir essa verticalidade... não deixando uma coluna de ser membro de uma estrutura arquitectónica maior, até mesmo quando aparece isolada.


Colunas de Alexandre
Não é muito fácil encontrar algo escrito sobre a localização destas Colunas de Alexandre, que definiam um limite ao "mundo civilizado". 
A única descrição que encontrei foi a de Don Juan Van Halen (um nome que parece brincadeira) no livro

Long before arriving at Tchamkhor is seen a column, at the foot of which is the Russian redoubt bearing that name, and forming a kind of square. Opposite to this place, and on a steep acclivity over which the road passes, are the remains of a bridge of three arches, against which rush the rapid waters of the river Tchamkhor.
The base of the column is fourteen feet square and of equal height, and the columnv itself is extremely lofty, and resembles, though built of brick, that of the Place Vendéme, at Paris. I ascended tothe top of it by an interior staircase, which, though in a very dilapidated state, shows that it has been several times repaired to serve as an observatory in time of war. On some of the stones of the entablature, on which there appears to have been an exterior gallery, are seen some Arabic inscriptions, Which seem to be of a more modern date than the column. Some persons are of opinion that it was built in the time of Pompey, and others in that of Alexander the Great. Be this as it may, the number of ruins that are scattered about this spot seem to establish the conjecture, that this column was once the ornament of a considerable city, now inhabited by a few Cossacks.
An Armenian merchant, whom we met at Tchamkhor, ‘sold to me for five roubles a silver medal bearing the profile of Alexander the Great, which he assured me had been found among the ruins of Tchamkhor. 
Procurei Tchamkhor sem sucesso, e os nomes Tíflis e Elizabethpol, passaram entretanto a Tbilissi e Ganja (de que já aqui falámos).

Algo que se poderia assemelhar a Colunas de Alexandre, naquela região, são as ruínas de grandes portas de entrada de Qabala, considerada a mais antiga cidade do Azerbeijão.

No entanto, haverá melhores candidatos. Atribuindo-se as colunas a Alexandre Magno, seria sempre de esperar algo de grandioso... tanto mais que se pretendiam comparar às de Hércules, no outro limite bárbaro. Porém, como a grandiosidade também torna o alvo mais visível, é natural que a principal razão para o desaparecimento sem rasto, pudesse ser justamente a pretensa grandiosidade.

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13.09.2014

3 comentários:

  1. Convirá ainda notar que o grupo de montanhas que se estendia abaixo, pela península turca, eram designados como Montes Taurus.
    Por isso, uma outra interpretação possível é este CalcoTaurus ou CaucoTaurus se referir a Montes Taurus Brancos, dando ênfase às neves permanentes nestas montanhas. Posteriormente o nome teria passado do branco Caucas, a Caucaso.

    Convirá ainda notar que pela sua posição privilegiada estas montanhas caucasianas surgiam como vigilantes sobre os reinos da Mesopotâmia. Uma descida de cavaleiros dessas paragens, encontraria uma passagem aberta pelos terrenos aplanados pelos rios Tigre e Eufrates.

    Há um rio nomeado como Cyrus, e que poderá traçar anterior limite, relativamente às Colunas de Alexandre.
    Já aqui lembrámos o episódio de Ciro ter acabado morto por uma rainha Amazona, lembrando essa ameaça dos Citas, para além do Cáucaso.

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  2. Li em algum lado que os vários povos da Lusitânia foram federados por um muito poderoso vindo da Anatólia, esqueci o nome e de quem é a tese, mas ao ver ontem um programa na TV sobre animais fiquei surpreendido com as semelhanças entre o cão da Anatólia com o da Serra da Estrela em Portugal... sobre as duas Lusitânias já me tinha questionado o porquê antes de ler este bom artigo aqui, fico sem saber qual é a mais antiga, avancei em outros meus comentários à Maria Fonte que a quebra do istmo do mar negro poderá ter sido a causa da migração deste povo que esqueci o nome (lígures ou conios ?) foi agora ver na Wiki e encontrei um artigo que não existia na época em que discuti sobre este assunto (penso no geneall) depois de ver um programa sobre as pesquisas submarinas a este mar:
    Dilúvio do Mar Negro
    http://pt.wikipedia.org/wiki/Dil%C3%BAvio_do_Mar_Negro

    Mas é estranho duas lusitanas e duas galácias, aparentemente segundo os romanos a da Anatólia é a mais antiga e a da Ibéria também:
    http://pt.wikipedia.org/wiki/Gal%C3%A1cia_%28prov%C3%ADncia_romana%29

    Cpts.
    José Manuel CH-GE

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    1. Obrigado por lembrar isso, José Manuel.

      Quando falei dos Alanos, era para ter mencionado o cão Alano (Alaunt):
      https://pt.wikipedia.org/wiki/Alenquer_(Portugal)#Hist.C3.B3ria
      https://pt.wikipedia.org/wiki/Alano_espa%C3%B1ol
      https://en.wikipedia.org/wiki/Alaunt

      A ligação dos Alanos a Alenquer tem sido bastante reportada, e o béu-béu está ainda no brasão da vila.
      Acerca disto era para repetir a questão dos Lencastre serem designados Alancastro, notando ainda que o mesmo brasão da vila está cheio de rosas vermelhas - as rosas dos Lencastre.
      Alenquer era uma das vilas das rainhas, tal como Odivelas, Óbidos, etc... e provavelmente a explicação das rosas está ligada à Rainha D. Isabel - não sei, não fui ver.
      Tem sido mais fácil baralhar, dizendo que tudo o que começa com "AL" é árabe, melhor seria dizer "álabe", tanto é o desplante.

      Pois foi, essa era uma das linhas por onde o texto poderia ter seguido, mas estava com uma meia-dúzia delas, e acabei por deixar rolar noutra direcção.

      A domesticação começou com as cabras... disso parece não haver grande dúvida, mas isso é uma história complicada, porque estão a tentar colocar a origem no sítio habitual - Pérsia, mas parece que o Muflão original segundo o ADN é mesmo o corso.
      Por isso, este Carnaval com ou sem Corso da Córsega, parece ir apontando para o sítio do costume - vizinhanças ibéricas.

      Os cães seguiram-se, e nunca faltaram lobos nestas paragens ibéricas...
      Mas isso remete-nos, de facto, a uma questão muitissimo interessante - a diversidade canina conseguida em poucos milhares de anos. Ou seja, a intervenção humana na domesticação animal foi muito forte logo de início.
      Isso só seria possível com uma grande organização.

      A invasão mítica que houve na Ibéria foi a de Hércules, para destronar o Gerião. Segundo consta, os ibéricos aceitaram Hércules, mas expulsaram o exército de Medos, Persas, etc... que ficaram na Mauritânia e Numídia. Poderá ter sido também Sargão - se não é que são o mesmo! Depois, parece que Nabucodonosor tentou sem sucesso... e a seguir é o conhecido.

      O mapa que mostra do Mar Negro, bem como este
      http://geology.gsapubs.org/content/36/10/775/F1.large.jpg

      ... evidenciam claramente que não houve nenhuma entrada abrupta de águas. Se as águas irrompessem, seria uma paisagem completamente diferente - não tão drástica quanto a força de Hércules para abrir as colunas em Gibraltar, mas perto disso.

      Aliás se reparar na paisagem circundante tudo se assemelha a um canal.
      Sim, a um canal, mandado fazer provavelmente por Dardanus... se atendermos a um nome, ou pelos Bosporos, se atendermos a outro.
      Afinal, nunca faltou vontade para grandes obras (canal do Suez egípcio), e a ligação ao Mediterrâneo daria muito jeito aos Bosporos e não só...

      A versão de Dardanos é melhor, porque remete a ser neto de Atlas... e com ascendência nas Hespérides.
      Dardanos é remetido ainda a uma fundação de Troia.

      E tu, nobre Lisboa, que no mundo
      facilmente das outras és princesa,
      que edificada foste do facundo
      por cujo engano foi Dardânia acesa;


      Abraço.

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