Alvor-Silves

quinta-feira, 25 de outubro de 2018

Rodízio afonsino (2) - Rodízio de vaca

Na sequência do anterior postal Rodízio afonsino em Arzila, José Manuel Oliveira e David Jorge apresentaram nos comentários outras versões possíveis para explicar o rodízio afonsino que, recordo, trata-se deste símbolo de roda motriz:
 

Rodízio de vacas
Pela restauração (alimentar) sabemos de um rodízio associado à carne de vaca... porém, do que não estava mesmo à espera era de encontrar esta imagem, indicada pelo David Jorge, em que o rodízio está acoplado a um barco movido pela acção rotativa... de vacas:


"XVth century miniature of an ox-powered paddle wheel boat from the 
4th century Roman military treatise De Rebus Bellicis by Anonymous."
Cópia da Bodleian Library - Cosmographia Scoti

A imagem é de um livro de 1436, e recordamos que D. Afonso V é declarado rei herdeiro em 1438.
Esse livro será uma transcrição de um original romano De Rebus Bellicis, publicado mais de mil anos antes.

Ora, a questão principal aqui é que a Idade Média não acabou porque acabasse, foi decidido que iria acabar, que o génio seria libertado, e enfim... o Mundo voltaria a ter acesso, pelo menos parcial, ao conhecimento antigo.
Quando o Séc. XV avança, são cada vez mais as cópias que vemos publicadas dos trabalhos romanos e gregos, muitos deles pensados perdidos no incêndio da Biblioteca de Alexandria.

No final do Séc. XV é Leonardo da Vinci que está a replicar trabalhos de Vitrúvio. Muito ficará ligado mais a si do que ao autor original, como acontecerá depois em tantos outros casos (por exemplo, a La Fontaine que copia literalmente as fábulas de Esopo).

Curiosamente, está nos trabalhos de Vitrúvio o uso do rodízio também como odómetro, ou seja, como um "conta-quilómetros", activado pela passagem de água no curso de um navio - ora, isso foi o que também sugeri como possibilidade.

No entanto, terá havido efectivamente contribuições originais.
A principal proibição que foi levantada não foi o acesso ao material antigo, a principal proibição que foi levantada foi deixar o génio humano à solta, ou pelo menos com rédea mais larga.

Blasco de Garay
Deixei este espaço final para recordar o postal sobre de Blasco de Garay:
(ou ainda o seguinte) onde se relata invenção em 1543 de um barco a vapor, o Trindade, que terá feito uma navegação experimental em Barcelona nesse ano.
Ilustração feita em 1913 na revista Nuevo Mundo (nº 1015).

Como os documentos invocados em 1823, do Arquivo de Simancas, parece que se "perderam"... há quem argumente no sentido oposto, no sentido que seriam apenas homens a mover as pás propulsoras... é claro que no rodízio romano do De Rebus Bellicis também poderiam ser homens e não vacas a efectuar a rotação propulsora. Para o caso do rodízio é indiferente, a engrenagem funcionaria num ou noutro caso, se tivesse em vista substituir as velas pelas pás. É claro que para efeitos de eficiência, o vapor aportaria muito mais potência, conforme se veria nos barcos a vapor desde os primeiros (onde as pás eram visíveis), aos mais sofisticados (como o Titanic, que tinha todo o mecan).
Aliás no caso de Blasco de Garay, como se justificaria o medo de Ravago que a caldeira explodisse, se afinal era apenas a força dos homens a rodar as pás?

Interessava aqui referenciar que a ideia de um rodízio para a locomoção de navios era uma ideia presente nos séculos XV e XVI, e não deve ser dissociada de uma nação que apostava justamente na eficácia da sua marinha para se impor na sua expansão mundial.

Santa Catarina
Convém aqui notar ainda que o brasão de Goa, no tempo da Índia portuguesa, tinha uma roda ou rodízio, com alguma semelhança com o de D. Afonso V:
Brazão da Cidade Portuguesa de Goa.

Invoca-se habitualmente a roda de Santa Catarina para justificar este brasão, tal como é também feito com o rodízio de D. Afonso V, conforme o José Manuel mencionou.
Ainda que haja essa menção na heráldica, e um desenho explícito no Livro de Horas de D. Duarte possa sugerir que o seu culto estava bastante difundido em Portugal, faltaria justificar a associação das gotas, que sugerem um fluxo de água.
Livro de Horas de D. Duarte  (...0037.tif) - ilustração da Roda de Santa Catarina
(com a menção "Sponsa Christi Vere")

É mais natural pensar que a roda de Goa estivesse associada ao símbolo do Dharma budista, disfarçada como roda de Santa Catarina. Além disso, por que não considerar a roda de Goa associada mesmo ao símbolo de D. Afonso V?
A outra hipótese, do símbolo de D. Afonso V se associar já na ligação de Santa Catarina ao Dharma indiano, remeteria já a sua empresa com vista à Índia, e não vou considerá-la sem outros argumentos.

Em suma, o rodízio de D. Afonso V parece-me muito mais ligado a um símbolo de técnica relacionado com a água, e uma sua associação a meras azenhas parece insuficiente explicação, já que a empresa marítima portuguesa, de que D. Afonso V era portador, não era uma empresa de padaria... conforme salientou o José Manuel Oliveira.
______
27.10.2018

18 comentários:

  1. Olá bom dia, este rodízio aqui no Alvor dava para tese de doutoramento, aproveitem os leitores que aqui apareçam enviados pelo Google!

    No Notitia dignitatum - Codex Spirensis aparece imagem duma Lusitania
    https://bildsuche.digitale-sammlungen.de/templates/segment.php?bandnummer=bsb00005863&pimage=00299&einzelsegment=1

    seria do Itinerário de Antonino ? pois não vou ter tempo para ler… se alguém souber agradeço

    Cumprimentos de Genebra
    José Manuel

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    1. Por acaso, aparece também no link da

      Cosmographia Scoti

      uma imagem muito semelhante da Lusitania, também rodeada de uma Betica e Gallecia (ou seja Andaluzia e Galiza), mas onde a palavra "LUSITANIA" mal se vê, à conta da cor de fundo escura... aliás, parece mesmo que está riscado.

      Não me parece que o Google já chegue aqui, porque se colocar
      "De Rebus Bellicis" "Rodízio" "da Vinci"
      que são três palavras que aparecem só nesta página, e hoje ainda não dá nada.
      Talvez amanhã...
      Pelo menos agora já não faz dessas brincadeiras com páginas antigas. Durante anos a procura era mesmo censurada. Só aparecia se especificasse para procurar no blog.
      Felizmente agora é só remetida para últimos resultados.

      Abç

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    2. Caro da Maia,

      Sobre a Cosmographia Scoti, não entendo nem nunca vou entender a ideia da Bodleian em digitalizar uma obra de pelo menos 435 páginas e apenas publicar perto de 140. Sendo que dessas 140 nem todas estão expostas na integra.
      Será que o mundo não beneficiaria com o texto anexo às imagens em detalhe que reproduzem? Ou ainda, a totalidade do manuscrito?

      O único sitio com uma cópia quinhentista, digital e integral, de uma tradução desse "manual militar" "romano", existe na Biblioteca Estadual da Baviera, que permite baixar (para fins não comerciais) uma cópia integral do manuscrito mediante uma exposição dos fins a que se destina.

      Link para o estado do meu pedido para aceder ao documento na integra, está neste link:
      https://dafo.digitale-sammlungen.de/dafomain.php?zc=2daeaea04b6167fb12a0c5f8ca0dd0e4&sprache=1

      À data da publicação deste comentário, existem ainda 3 documentos à frente do meu pedido para serem compilados e enviados.

      Logo que tenha, envio link.

      Cumprimentos,
      Djorge

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    3. Pois.
      Felicito-o pela sua iniciativa de procurar o documento na sua totalidade.
      Não faço ideia da razão pela qual há apenas uma versão parcial disponível, e muito menos dessa necessidade de pedido por vias formais.

      No tempo em que as grandes bibliotecas e museus decidiram açambarcar tudo a que deitavam mão, era com o pretexto de salvaguardarem os documentos, e permitirem um acesso facilitado aos estudiosos.

      Com a chegada da internet, vemos que só em raríssimos casos isso tem algum correspondente com qualquer realidade.
      Qualquer grupo de voluntários competentes faria melhor trabalho de graça, que todas essas instituições altamente financiadas fazem.

      As "grandes iniciativas", como a Biblioteca Digital Mundial:
      https://www.wdl.org
      são inicialmente muito publicitadas, mas depois pouco mais têm que meia dúzia de coisas dispersas.

      Poderia dizer-se que há negócio directo envolvido, mas é tão residual e limitado, que o que se esconde é pelas mesmas razões que se escondia na Idade Média:
      - limitação e controlo do conhecimento dado à população...
      ... tudo o resto são desculpas esfarrapadas.

      Mesmo assim, como sabemos que poderia ser sempre pior, já consideramos ser uma sorte haver bastante coisa disponível, e os responsáveis podem sempre argumentar que há muita palha que os burros poderiam comer se quisessem.

      A limitação com identificação da consulta, é um pequeno devaneio, uma vez que tudo está controlado... é só para a pessoa reconhecer que está a ser controlada naquela consulta. Se calhar há lá planos para armas artesanais com potencial terrorista... enfim, tudo serve como desculpa!

      Com o que está disponível já tenho tido muito com que me entreter, e por isso nem sequer ligo a isso. O que queria perceber, já percebi, e o resto vai ficando mesmo só como hobby...

      É claro que poderia beneficiar se tivesse um acesso muito mais alargado, a mais documentação, mas o prejuízo não é meu. Como há mesmo interesse de ocultação, o prejuízo é de quem oculta e de quem favorece essa ocultação.
      Espero que saibam justificá-lo daqui a mil anos, ou daqui a um milhão de anos.
      Eles não contam viver tanto tempo, mas nem todos têm essa sorte.

      Abraço.

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  2. Já agora, esqueci-me de mencionar que, apesar da página com a figura do barco e das vacas estar cortada, notamos as palavras "In mar Liburna" ou "Expositio Liburne".

    Liburna era uma região da Croácia, que dava também o nome de um tipo de navios usados pelos romanos, especialmente em combate:

    https://en.wikipedia.org/wiki/Liburna

    Ao que parece o que estaria escrito ali seria isto:

    Expositio Liburne. LIBURNAM navalibus idoneam bellis , quam pro magnitudine sui virorum exerceri manibus quodammodo imbecillitas humana prohibebat, quocumque utilitas vocet ad facilitatem cursus, ingenii ope subnixa animalium virtus impellit.
    In cujus alveo velcapacitate bin boves machinis adjuncti adhaerentes rotas navis lateribus volvunt: quarum supra ambitum vel rotunditatem extantes radii, currentibus hisdem rotis, in modum remorum aquam conatibus elidentes, miro quodam artis effectu operantur, impetu parturiente discursum. Haec eadem tamen Liburnae promole sui, proque machinis in semet operantibus tanto virium fremitu pugnam capessit, ut omnes adversarias Liburmas, cominus venientes facili attritu comminuat.


    Depois é questão de usar o Google translate, de Latim para Inglês, e ir tirando umas pelas outras.

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  3. Caro Alvor,

    Encontrei uma figura que pela curiosidade, vale a pena consultar.
    Encontrei-a no Planisfero de Desceliers datado de 1550.
    O pormenor no link: https://www.dropbox.com/s/zxy0sf2r1oxrgw9/1550%20Desceliers%2C%20Pierre%20-%20Planisphere.png
    Encontra-se na "Australia" diga-se "Java Maior", a Sul do R. Grande.

    As figuras são de homens (não aborigenes) com barba e um rodizio, muito parecido com rodizio Afonsino.

    Cumprimentos,
    Djorge

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    1. Caro Djorge,
      já agora deixo aqui outro link (da British Library) onde se vê o mapa todo e que tem uma boa resolução, com zoom:

      http://www.bl.uk/manuscripts/Viewer.aspx?ref=add_ms_24065_f001r

      Sim, é interessante, e já agora o quadro sobre JAVA diz:

      Java est une grande ysle en laquelle y a 5 roys et sont ydolatres
      et n'ont pas tous une mesme coustume car les ungz adorent le Soleil
      Les autres la Lune, les autres les boeufs, les autres le diable, les
      autres au quilz hencorrent le primer an marin. Ont ??? ???, guardent
      droict et inscrite, n'ont imlz canons. Y sent arcz et flesches
      ensiemmees. Ont or, crain, esmeraldes les plus belles du monde,
      poivre, noys muscade, spiti galanse. Ils ont telle costume comme
      dict Ludovicº Roman patricius, que quand parents sont vieilz les
      vendent a nug peuple nomme Antropofagi, les quels les tient et les
      mangent.


      ou seja, em particular refere a descrição de um autor romano Ludovico, que reportara que estes povos venderiam os seus velhos para alimento aos antropofagos.

      Com efeito o estandarte que leva o último homem barbudo parece-se bastante com a figura do rodízio afonsino. Ou ainda, não sendo isso, também não percebo o que possa ser.
      É curioso ainda a estátua que está ao pé da suposta figuração do Sol, que parece ter um animal parecido com um canguru.

      Obrigado pela observação pertinente.

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    2. Essa observação da estátua é muito pertinente.
      Eu associei ao texto, ao simbolismo da vaca como entidade religiosa, mas agora que mencionou o canguru, tambem estou de acordo que poderá ser a visão Desceliers de um canguru.
      Quanto ao rodízio, se o for, só alarga o mistério. O que faz um rodízio em Java? E o que era ou para que era utilizado?

      Abs,
      Djorge

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    3. Com efeito não consigo descortinar qual o propósito do carrego do último indivíduo, que parece levar um mastro com duas rodas, a de cima mais pequena que a de baixo.
      As rodas não têm 4 raios, como teriam as de Afonso V, mas parecem usar no interior exactamente as gotas que estavam no exterior. Daí a grande semelhança.
      Qual seria o propósito de tal coisa?
      Uma espécie de andor?
      Seria uma sombrinha?
      https://www.tofugu.com/japan/umbrellas-in-japan/
      Afinal, as sombrinhas não existiam na Europa.
      São uma invenção chinesa ou oriental, e poderiam ter espantado os ocidentais pela sua simplicidade.
      Não consigo concluir nada. Mas tem razão que se trata de um detalhe interessante.
      Seria muito importante, caso se ligasse ao rodízio afonsino - porque isso seria uma prova implícita de que haveria já no reinado de Afonso V contactos com o Extremo Oriente.
      Tenho a sensação que já vi aquilo nalgum lado, mas não sei onde!
      Abraço.

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    4. Fui investigar a sua dica!
      Seria isto?
      https://www.google.pt/search?q=fire+umbrella&client=opera&hs=On8&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ved=0ahUKEwjruvvpmM3iAhUJDGMBHQrGBicQ_AUIECgB&cshid=1559560862002699&biw=1560&bih=1090

      Uma sombrinha de fogo [Fire Umbrella], usada pelos que seguem o deus sol?

      As danças com o fogo, supostamente têm origem Azteca.
      O Dragonstaff é mais parecido com o rodizio, os "salpicos" seria óleo em chama a voar do centro? uma arma?

      Abs,
      Djorge

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    5. Caro Djorge, não tinha pensado nisso, e isso ajusta-se bastante bem, até talvez melhor!
      Não sei se esse "Dragonstaff", ou o "Fire Umbrella" têm algum paralelo numa arma incendiária, mas se existiu e foi usado, poderia muito bem corresponder ao descrito no rodízio afonsino.
      Para cerco a cidades, como foi o caso de Arzila, poderia ter um efeito psicológico bastante perturbador, além de poder ser eficaz (contanto que fosse colocado sobre a cidade, e não corresse o risco de dirigir o óleo ou petróleo para o próprio exército).
      É um hipótese bastante boa, e que faz algum sentido!
      Obrigado.

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    6. Eis uma tese mais filosófica e mais bem documentada que a minha:
      https://lusophia.wordpress.com/2015/08/02/tratado-alquimico-de-d-afonso-v-rei-de-portugal-a-respeito-da-pedra-filosofal-introducao-e-ordenacao-documental-por-vitor-manuel-adriao/

      Abs,
      Djorge

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  4. Olá caro Da Maia e Djorge,

    Por acaso já tinha dado de caras com esse blog no passado. Achei a coisa demasiado "demasiado". Mas ver a roda como símbolo de engenho/indústria logo progresso parece-me uma interpretação simples e quiçá a que corresponda à verdade. A roda também está ligada à navegação. Aliás se vermos a roda como símbolo do mundo e as lágrimas como símbolo da água (ou ondas) entendemos o desejo da casa real portuguesa de correr o mundo.

    Ab

    JR

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  5. E se olharmos apenas para o centro do rodízio assemelha-se-nos com uma versão inicial da esfera armilar.

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  6. Caros Djorge e João, creio que o Vitor Adrião fez uma consideração lateral sobre o rodízio afonsino, porque me parece que o propósito principal era mostrar que o livro era de D. Afonso V, e que este rei seria um adepto esotérico, dedicado ao culto hermético.
    Não tive tempo ainda de ler com atenção o livro atribuído a Afonso V, mas quanto às deambulações de que seria um "fogo de roda" com "lágrimas", pois tem um nexo qualquer, mas não estou fã dessa hipótese.

    Dou mais crédito à relação que estabelece do Jamais com o J'aimais - "Eu amava" (ainda que não seja exactamente esta que ele refere, mas esta parece-me mais próxima).

    A ideia de ser um símbolo de técnica, ou melhor, um percursor da esfera armilar, que depois fez parte do escudo nacional, são também boas ideias.

    Abraços.

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  7. Caro Alvor,

    No seguimento da utilização do Rodízio como um qualquer tipo de arma, que até ao momento desconheço, segue mais um documento Português com um Rodízio no meio de uma guarnição de artilharia por detrás de muralhas.

    A ficha do mapa é a seguinte:
    Material: Mapa
    Título: Malaca [Cartográfico]
    Ano: 1568
    Assuntos: Guerras - Malaca (Malásia) - Obras anteriores a 1800
    HTM: http://objdigital.bn.br/acervo_digital/div_cartografia/cart531967/cart531967.html
    JPG: http://objdigital.bn.br/acervo_digital/div_cartografia/cart531967/cart531967.jpg

    Para identificar o rodízio, temos de olhar a pequena guarnição no centro da imagem que dispara para Norte, sendo que Sul é para cima.
    Parece-me ter uma bandeira, e 3 rodízios, seria uma peça “especial” de artilharia?

    Notas deste mapa:
    1. Não conheço outro mapa, que tenha sobrevivido, com uma dedicatória a D. Sebastião, que tenha sido feito durante o seu reinado.
    2. A dedicatória refere que o Vice-Rei da India era à época Dom Antão de Noronha [wikipedia: https://pt.wikipedia.org/wiki/Antão_de_Noronha].
    3. É também referido o capitão “heroico” que defendeu o cerco, D. Leonis Pereira, o mesmo a quem foi dedicado o seguinte poema por “Camoens”.
    {wikisource: https://pt.wikisource.org/wiki/Despois_que_Magalhães_teve_tecida}

    Como sempre, um abraço!
    Djorge

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    1. Em adenda, ficam aqui as coordenadas aproximadas onde a suposta nau que D. Leonis Pereira meteu no fundo "com toda a fazenda", deveria estar, se ainda existir algum vestígio.

      Latitude: 2° 7'0.78"N
      Longitude: 102°19'6.08"E

      Também aproveito para corrigir, onde digo que o Sul é para cima, de facto não o é, o S serve então para enganar quem lê o mapa, o Norte é para cima, pois o mar fica para Sul.

      Abraço,
      Djorge

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    2. Obrigado pelo link, que é de facto bastante interessante.
      Vou fazer um postal com o tópico.
      Além disso:
      - Por um lado, relembrou-me de ir procurar à Biblioteca Brasileira, coisa que já não faço há vários anos.
      - Por outro, dei com a referência à obra "De Re Militar" de Vegetius:

      https://en.wikipedia.org/wiki/De_re_militari

      que merece um tratamento dedicado, quase por si própria.

      Abraço,
      da Maia

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