Alvor-Silves

quinta-feira, 20 de junho de 2019

Moedas (3) moedas portuguesas

Continuando o assunto de "moedas ibéricas"  interrompido há dois meses atrás... e ao invés de regressar às moedas anteriores à administração romana, vou aqui colocar algumas moedas da monarquia portuguesa, de D. Afonso Henriques a D. Sebastião. 

Serve especialmente para notar que só houve uma grande diferença qualitativa com D. João III.
Antes disso, a cunhagem das moedas era tosca, e mesmo no período dos descobrimentos não se pode considerar que fosse de grande qualidade.

Isso é razoavelmente importante, porque significa que a técnica que esteve presente em Portugal, mesmo durante o período áureo, não foi uma técnica que seria de esperar tendo em conta a exigência de outras experiências - como a exigência da navegação.

As moedas aqui colocadas estão acessíveis pela página do Museu da Casa da Moeda, que fornece uma extensa lista de moedas, reinado a reinado.

1ª Dinastia. Começamos pelas moedas da primeira dinastia, onde não há propriamente grandes surpresas, e onde parecem ser escassas as moedas restantes, com desenhos quase infantis, mal definidos, próprios de uma cunhagem deficiente e pouco cuidada. As moedas típicas mais simples são os dinheiros (bolhão), havendo também tornês de prata com D. Dinis, e dobras ou morabitinos de ouro.
  • D. Afonso Henriques
     
    Morabitino de ouro (esq.) e dinheiro [bolhão] (dir.) com pentagrama!
  • D. Sancho I até D. Afonso III
    Morabitino de ouro de Sancho I (esq.) e dinheiro [bolhão] (dir.) de D. Afonso III.
  • D. Dinis até D. Pedro I
    Tornês de prata de D. Dinis (esq.) e conto (dir.) de D. Afonso IV.

D. Fernando a D. João I. Uma significativa diferença parece ocorrer no reinado de D. Fernando com a presença de um maior número de moedas - forte, real, grave, barbuda, pilarte, isto para além do dinheiro, do tornês, e ainda das dobras de ouro.

Diferentes moedas do reinado de D. Fernando.

Dobra de ouro de D. Fernando (esq.) e real de 10 soldos (dir.) de D. João I.

Curiosamente, no decurso do reinado de D. João I não parece haver uma produção numismática comparável.
A produção parece ser assinalável no curso do reinado de D. Fernando, onde convém lembrar que se fez uma das mais importantes obras medievais em Lisboa - o cerco da Muralha Fernandina. 
No entanto, aqui será de ponderar que o comércio implementado por D. Fernando poderia já estar ligado às primeiras explorações portuguesas do continente americano e africano, feitas ainda sem qualquer autorização papal... É importante aqui notar que o papado estava deslocado para Avinhão, o que correspondia quase a uma delegação no reino de França.

D. Duarte a D. Afonso V. Tal como no reinado de D. João I, também no reinado de D. Duarte, a produção numismática parece ser bastante escassa, merecendo apenas destaque a introdução do "leal" - uma designação cara a D. Duarte. 
Significativa diferença ocorrerá de seguida com D. Afonso V, só semelhante à ocorrida antes com D. Fernando. Nota-se aqui uma nova produção de moedas, com diferentes designações. 

Leal de D. Duarte (esq.) e  meio escudo de ouro (dir.) de D. Afonso V.

Diferentes moedas do reinado de D. Afonso V.

De entre os novos nomes de moedas que estão presentes no reinado de D. Afonso V, destacam-se o ceitil, o cruzado, o espadim, o cotrim, o chinfrão, ou o real grosso, para além do escudo de ouro. O ceitil, tal como o vintém ou o tostão, serão moedas populares no curso dos descobrimentos.

D. João II a D. Manuel
A produção numismática não parece sofrer grande diferença no reinado de D. João II, talvez apenas com a introdução do justo de ouro, ou do vintém. As moedas anteriores, do reinado do pai, são praticamente mantidas, com pequenas alterações.
Justo de ouro de D. João II.

Moedas no reinado de D. João II: espadim, cinquinho, cruzado, vintém, ceitil.

Já no reinado de D. Manuel parece haver de novo uma grande abundância de novas moedas, e novas designações... começando por uma moeda com o seu próprio nome - manuel.
Manuel de ouro de D. Manuel, com a esfera armilar.
Moedas no reinado de D. Manuel: bazaruco, tostão, português, vintém, ceitil, cruzado, bastardo, soldo.


D. João III a D. Sebastião
É apenas no reinado de D. João III que vemos moedas já com uma qualidade bastante razoável, que depois só será melhorada no reinado de D. João V. Deixamos aqui como ilustrativo o caso do "S. Vicente" de ouro, vendo-se o santo segurando um navio, e ladeado por duas estrelas.
S. Vicente de ouro de D. João III, onde notamos uma maior qualidade na escrita e desenho.

Com D. Sebastião não há propriamente uma grande diferença face ao anterior. Um tema que se tornava recorrente era a designação "In Hoc Signo Vinces", ou seja, "com este sinal vencerás", que está presente na moeda que trazemos aqui enquanto ilustrativa:

Engenhoso de ouro de D. Sebastião com a inscrição "in hoc signo vinces" e a data 1562..


Nota adicional: Ver ainda

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