Alvor-Silves

domingo, 18 de fevereiro de 2018

do Sótão (10) «Ré vista (5) ...»

Disse há pouco tempo, num comentário, que a linguagem servia para a compreensão e entendimento humano, e não para o contrário.
- No entanto, como conjugamos isso com todo o desentendimento que se propaga por sua via?
... e falamos de conflitos, que muitas vezes passam de guerras de palavras a guerras efectivas!

Surge este assunto a propósito de um texto que seria o 5º da série "Ré vista", e que não concluí.
Aliás, nunca mais escrevi nenhum texto para essa série, e esta foi só uma razão parcial para isso.

O propósito da série era rever, ou seja "re-ver", ver a ré, ver de novo o que tinha ficado escrito atrás.
O último texto tinha sido o Ré vista (4) escrito no mês anterior, onde tinha ficado no 19º tópico aqui publicado em 2010 (... e ainda bem que não prossegui porque já está a chegar aos 500 textos)!

Bom, e conforme é fácil ler no que se segue, ao rever o 20º texto, um comentário de Maria da Fonte, fez-me coincidir referências a "Cruz", com a notícia da morte de Paulo Cruz, alguém que aqui comentara extensivamente.
Essa coincidência fez-me parar, e ali parei a série "Ré vista".

Também se pode notar que o texto se inicia com uma referência ao ex-primeiro ministro que acabara então de ser detido e constituído arguido... mas esse é um detalhe insignificante.

Coloco aqui ainda outro texto, que não tinha título, e ficou igualmente pendurado nessa altura. Seria o início de uma abordagem genérica a "muros e barreiras", numa perspectiva meio ética e filosófica. Não me lembro se na altura já se falava dos muros que a Hungria veio a construir em 2015, para evitar o acesso dos refugiados. Mas não era nada de novo... a imperial Espanha há muito que os erguera para proteger os seus dois resquícios africanos, e assim não se sentir humilhada pela posse de Gibraltar, pela imperial Inglaterra.

___________________  26 de Novembro de 2014  ________________

Dado o assunto do momento, o título apropriado por esta altura seria mais do género "Réu visto" e não tanto o feminino "Ré vista". Porém aqui a ré é da rectaguarda, no sentido da ré que te aguarda, ou da ré que te a guarda.

(020) West fall é capaz de ser o primeiro dos textos "complicados". Porquê? 
Para perceber isso, veja-se o comentário da Maria da Fonte que ali está:
E se a Cruz tiver outro significado?
Se for o símbolo de uma Herança Ancestral.
Nefer, era representado com um Coração estilizado em coração de cordeiro, cravado numa Cruz, colocado sobre a Traqueia.
Se a Cruz for o símbolo da Voz, do som das ideias? (...)
O significado que tinha na altura fica agora diferente, depois da passagem tempestiva do Paulo Cruz por este blog. Repito que as coincidências são o que são, estamos educados para não lhes dar importância, mas por vezes elas aparecem, desafiantes.


___________________  10 de Novembro de 2014  ________________

Um muro evidente em Melilla (foto de J. Palaizon)

A postura local leva rapidamente a um erguer de muro.
O muro protege o adquirido, mas não deixa de ser um simples muro.
O muro pode ser físico, herança de um arremesso hispânico à costa marroquina, onde o Duque de Medina-Sidónia quis imitar os portugueses na Seta africana.
Porém Melilla não era Ceuta, e por isso esta Seta era a verdadeira Cepta.

Barreira
Qualquer barreira entre corpos, ou é indetectável, e a sua existência é desconhecida, ou é detectada, e a sua existência é questionada.
- Há a ilusão habitual de que o questionar barreiras arbitrárias pode ser evitado.
- Não pode.

A perspectiva local é intrinsecamente ignorante do contexto global. É uma visão exacerbada do "eu" que, ainda que preze o "tu", despreza o "ele". Respeita os segundos, para definir terceiros.

Só que esta visão de grandeza é tão pequenina, tão pequenina, que mete dó... porque os terceiros são sempre a parte monstruosamente maior, aliada de todo o caos universal.

A redução, ou controlo, dos efeitos caóticos é um rotundo nada, porque ou seca a fonte caótica, e congela toda a inspiração, ou a deixa solta, e nesse caso é incapaz de controlar o caos.
É algo triste ver a mediocridade reinante, tão presa à visão pequena do seu enorme umbigo.

Definida uma barreira, a questão universal inevitável é - quem fica de um lado e quem fica do outro?
A arbitrariedade da escolha é a arbitrariedade da barreira, e carece de fundamento.
Não há herança, só há errança, num acaso e espasmo temporal.
A existência de semelhantes, invoca um princípio de reflexão inevitável:
- Colocados uns no lugar de outros, o que fariam esses de diferente face a estes?
Fariam pior... sim, talvez o mesmo.

A lógica que preside à construção da barreira actua com a mesma arbitrariedade na sua destruição.

Interessa avaliar a sua estrutura moral, ou seja, até que ponto resiste à tensão dos desequilíbrios que traz consigo. Trata-se de uma simples questão física, onde a temperatura financeira aparece quase em razão inversa da temperatura climática. Os pontos mais quentes estão localizados nos centros financeiros, e os pontos gélidos estão dispersos pela restante parte subdesenvolvida.
Assim, a termodinâmica financeira, acentuadas as diferenças, exerce um fluxo natural dificilmente separável por um simples muro.
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