Alvor-Silves

sexta-feira, 23 de fevereiro de 2018

Almadraba de Cadiz

Numa gravura do Séc. XVI, de Georgius Houfnaglius, podemos ver as "Torres de Hércules":

"La muy noble y muy leal ciudas de Cadiz" por Georgius Houfnaglius (Séc. XVI), com as duas Torres de Hércules.

Legenda: 1- Mar Oceano, 2 - Sant Sebastiano, 3- Santa Catherina, 4- Torres de Guardia, 5- Yglesia Maior, 6 - Castillo;
7- Puerta del Muro, 8- Camino para la ysla, 9- Puntal, 10- Goertas de Safia, 11- Arenas, 12- Torres de Hercules;
13- Stanca, 14- La Baija, 15- Los puercos, 16- Tierra firma d'España, 17- Punta de Sant Lucar, 18- Scipiona;
19- Rotta, 20- Sant Catalina, 21- Pa barra, 22- Puerto Sta Maria, 23- Mar Oceano, 24- La Ysola.

As torres não exibem nenhuma dimensão impressionante, e aparecem aqui a enquadrar ou limitar uma "almadrava", técnica da pesca de atuns. Usamos também a expressão "armação" como em "Armação de Pêra", para designar essa pesca com rede, que redunda numa matança dos animais encurralados.

Relevam para este assunto, textos aqui publicados:
mas esta gravura é curiosa por englobar dois aspectos de tradição antiquíssima - por um lado, a almadrava enquanto armação para "pesca em massa"; e por outro lado as Torres de Hércules.

Conforme já referimos nesses textos anteriores, não restam vestígios ou sinais de quaisquer Torres de Hércules em Cádis. No "maremoto" cultural que ocorreu com o Terramoto de 1755, o que restou de vestígios da primeira torre, passou a ser designado como "Torregorda", e ainda assim encontramos apenas esse nome numa praia.

Mapa de Cádis com o local onde se erguia uma das torres, notando que a paisagem, 
que vemos na gravura acima, estaria orientada para a cidade de Cádis, seguindo o istmo de terra.

Na gravura, a presença de homens em ambas as torres parece indicar uma altura que estaria entre os 10 e 20 metros, e a utilidade das torres parecia aqui muito ligada a esta pesca de atum, ainda que possa não ter sido esse o propósito inicial da sua construção. E também não é nada claro que estas duas torres fossem ou não as chamadas Colunas de Hércules.

O nome Torregorda liga-se a Montegordo, pelo sufixo "gordo", e devido à história dos pescadores de atum que viram as suas cabanas incendiadas pelo Marquês de Pombal, que os queria empurrar para a nova Vila Real de St. António.

Nota: Ainda procurei alguma referência a um "Monte Hércules", sem sucesso... mas curiosamente em 1873, devido a uma descrição falsa de um capitão J. A. Lawson, sobre a Nova Guiné (ver pág. 22), acreditou-se existir aí uma montanha com quase 10 Km de altura, e assim maior que o Everest. Só passadas uma década tal pretensão foi declarada falsa.


Adenda - Dolmen de Poitiers
Ainda do mesmo autor, G. Houfnaglius, não deixa de ser curiosa uma figura que traz de um antigo dólmen às portas de Poitiers (França), onde se vêem vários sujeitos a deixarem marca da sua passagem:

Actualmente este dólmen "pierre levée" ainda sobrevive, junto a uma estrada de Poitiers, mas apresenta a pedra superior partida (ver megalithic.co.uk)

1 comentário:

  1. Dólmen de Menga
    As descobertas, publicadas na revista Science Advances, sugerem que os construtores do dólmen de Menga, no sul de Espanha, possuíam conhecimentos avançados de engenharia para além do que se entendia anteriormente. Isto desafia a visão tradicional de que as técnicas de construção empregues no Neolítico, também conhecida como Nova Idade da Pedra, eram de natureza “primitiva”. Em vez disso, o estudo aponta para uma compreensão relativamente sofisticada da física, da geologia, dos princípios arquitetónicos e das técnicas de engenharia há quase 6.000 anos.
    https://www.newsweek.com/archaeology-giant-prehistoric-monument-sophisticated-early-science-study-1942901

    Cumprimentos
    José Oliveira
    Genève-Suisse

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