Alvor-Silves

segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Adamastor (26/12/2009)

Quinto texto da série "Tese de Alvor-Silves", publicado em 26/12/2009. Aqui, nalguns pontos, a interpretação "artística" vogou na corrente, e sobrepôs-se à necessária objectividade. Passados alguns dias, vendo isso, decidi concatenar a parte factual dos mapas (deste, e do texto anterior), suprimindo o restante. Por isso, o texto que aqui recoloco deve ser visto mais como uma obra de ficção com base nalguma documentação objectiva, por mais sentido que possa fazer.

Entretanto já percebera que o sistema estava completamente minado, não apenas pelas instituições formais, mas até nas informais. Por isso, a abordagem mais informal, mais polémica, acabou por ser menos eficaz do que tinha previsto. Antes, fruto de educação e informação distorcida, pensara erradamente que o sistema poderia reagir bottom-up, mas as mudanças conhecidas, mesmo aparentando a forma revolucionária, tiveram quase sempre uma génese top-down

A partir daí, tudo ficou mais fácil... não me tinha dado conta de que não precisava fazer quase nada, de que tudo se desenrolaria naturalmente, como uma evidência submersa que pela sua leveza terá forçosamente que emergir.

Segue-se o texto:





Adamastor

em Camões... aos veros Caolhos, náufragos do Manicongo.

São inconstantes os amores em Camões, ou é o seu amor pátrio a única constância?
Até que ponto é possível escrever duas Estórias, deixando-nos caolhos a uma delas, e analisando minuciosamente a outra? Num momento, a todos os heróis é exigido o limite, Camões escreveu-o!

Tese de ALVOR SILVES - Parte 5 de 7
26 de Dezembro de 2009

Caolhos
Há um caolho direito bem conhecido, Camões... mas na mesma época, em Espanha surge uma princesa igualmente famosa, muito ligada a Portugal, e também caolha direita:
Luís Vaz de Camões (1524-80)

Ana Mendoza de la Cerda (1540-92), 
Princesa de Eboli

Ana Mendoza de la Cerda, espanhola, é uma personagem pouco conhecida em Portugal, no entanto ela foi casada (muito jovem) com Rui Gomes da Silva, conselheiro de Filipe II de Espanha.



Rui Gomes da Silva (1516-73), 

Príncipe de Eboli


Rui Gomes da Silva era um português, de tal forma influente em Filipe II, que foi designado "Rey Gomez", e foi-lhe dado o título de Príncipe de Eboli.
A certa altura houve uma luta de poder pela influência junto de Filipe II, entre o chamado Partido Ebolista - de cariz pacifista, e o Partido Albista (do Duque de Alba, que veio a invadir Portugal em 1580) - de cariz bélico. Em 1569, antes da fundação de Manila, Rui Gomez abandona a Corte Espanhola, e pouco depois morre.
À morte de Rui Gomes, sucedeu-lhe com igual ou maior vigor a Princesa de Eboli, que acabou presa em 1579, morrendo no cativeiro, sob a acusação de trair "segredos de estado", um ano antes da invasão de Portugal, por Espanha.
A ligação de Ana de Mendoza não termina aqui... o seu filho será Diego da Silva y Mendoza, que foi Vice-Rei de Portugal, sob domínio espanhol, entre 1605 e 1622, altura em que é destituído pelo Conde de Olivares. Este filho, Diego da Silva y Mendoza, será também um grande poeta... A filha mais velha, Ana da Silva y Mendoza, será a avó de Luísa de Gusmão, a duquesa de Bragança, que disse preferir ser "rainha por um dia, do que duquesa toda a vida", em 1640, e foi!
Não é apenas isso... através da família Eboli - Guzmán, Duques de Medina-Sidonia, surgirá por volta de 1640 uma rebelião generalizada contra Filipe IV de Espanha... na Catalunha, na Andaluzia, e em Portugal.

É mais uma pequena estória mal conhecida na história de Portugal... e que honra um lado positivo da colaboração entre portugueses e espanhóis. Todavia, ambos os lados foram derrotados pela História, em Portugal e em Espanha.
E depois podemos seguir as curiosidades da heráldica... reparar que o brasão do Duque de Loulé, é quase uma cópia de Eboli, ver que Rui Gomez está associado ao leão, leão virado a ocidente, ainda presente símbolo da Chamusca onde nasceu, e claro o mesmo símbolo do Infante Dom Pedro (que aparece como brasão de Coimbra, contra um dragão virado a Oriente... e a meio o que poderá ser o cálice sagrado - 
o G'aal... ou então como uma fonte dos amores, quiçá perto de um Ulme, de uma árvore).

Há um problema de visão que parece também ter afectado o Prof. Costa Pimpão em 1972... (e deverá ter sido recorrente em alguns veros camonianos!)
Sugiro a consulta do texto disponível neste link do Instituto Camões.

Bibliografia interessante, relacionada com os descobrimentos, foi publicada recentemente num livro da Duquesa de Medina-Sidónia, nascida na Ericeira, e descendente da família de Ana Mendoza.

[Informação recebida por JMdeO em 29/12/2009]

Uma só obra, a união de duas visões
Há duas versões dos "Lusíadas", pelo menos... uma diferença está nas orientações oriental/ocidental do Pelicano no topo da capa, sendo uma atribuída a 1572, e outra posterior a 1580. A original será a que tem a mesma orientação do Pelicano de João II, e é claro que foram ambas alvo de censura... mas será pouco importante!
Tal como a Bíblia, o que importa é a mensagem geral, e não tanto o seu detalhe.

Dom Sebastião apenas queria a publicação da obra, Camões e Pedro Nunes também.
Queriam uma obra imortal, e por isso teria que passar o teste da Inquisição do Cardeal D. Henrique.
Dom Sebastião previa já um funesto destino, e a obra não poderia ser alvo de destruição.
Os Lusíadas elogiavam de tal forma o lado Oriental, que a versão poderia ser aceite, por ambos os lados. O Cardeal deverá ter estranhado, e por isso surgiu quase uma proibição de interpretar doutra forma. A publicação da edição posterior "princeps" poderá ser uma versão antes de censura, mas poderá também ter o objectivo de identificar quem estaria disposto a comprar essa versão. Isso poderá ter sido quase letal no período de domínio filipino.
A presença do Pelicano na capa não é acidental... porém o destaque a D. João II não parece acentuado! Onde está? Estará em Vasco da Gama?

Vestido o Gama vem ao modo Hispano,
Mas Francesa era a roupa que vestia,
De cetim da Adriática Veneza
Carmesi, cor que a gente tanto preza...
[Lusíadas - Canto II, 97]

não parece! 

Ora, Adamastor é um Gigante... maior que todos os outros personagens!
Quem é Adamastor?
Para quem só olhar externamente Camões, verá o Oriente, e não verá o Ocidente:
- É um monstro temível, mas que chora os seus fados de navegação.

Para quem se coloca nos olhos de Camões, oculta-se o Oriente, e verá o Ocidente:
- É um Rei Gigante traído que se opõe à cruzada Oriental - D. João II.

"Os Lusíadas" é uma obra magnífica por permitir a dupla interpretação. Ambos os lados são contemplados, depende da predisposição do leitor para aceitar metade da história, e contentar-se com metade da glória... ou querer assumir todo o fruto, e a pesada herança!

Claramente, a nossa opção tem sido ficar-mo-nos pela metade! Sábia prudência cuidada por gerações e gerações de orientações que respeitam o mito de Pandora, ou de Eva. Porém, nessa fábula, nenhum Deus deixou a caixa, ou a maçã, pronta a ser descoberta... ao contrário, neste caso, deixaram um caminho com estrelas brilhantes bem assinaladas no firmamento das nossas referências culturais:
- Gil Vicente e Garcia de Resende, João de Barros e Damião de Góis, - Pedro Nunes, Camões, 
- Frei Luís de Sousa e Padre António Vieira, António José da Silva...

... e mesmo assim, não fomos capazes de o entender? Ou sempre que o entendemos, há múltiplos processos, desenvolvidos ao longo de séculos, que permitem apagar esse registo?

De Frei Luís de Sousa só tive acesso a um documento... um exemplo perfeito de como se pode passar informação. Criticando alguns detalhes, transmite informação útil, aparentemente irrelevante para o caso, mas que doutra forma se teria perdido.


O Madrasto Gigante

Todos lemos Camões... será que sim?
Ou será que na altura em que nos é proposto, fazemos tudo o que um jovem faz, menos perder tempo com um poema de quase 500 anos... uma difusão controlada, pode ser melhor que a ocultação!

Como se pode identificar um "monstro" a um gigante tão louvado na nossa história?


Qual é a Estória Sinistra no Canto V? (sinistra em italiano... esquerda... o lado virado a Ocidente)
Na estrofe 51, Adamastor apresenta-se como conquistador das ondas do Oceano, capitão do mar... em tudo semelhante aos navegadores portugueses. Depois, fala dos amores pela ninfa (Tétis), que determina por razão de "armas" a tomar, e temos a resposta, e a mensagem sublime:

"Qual será o amor bastante de Ninfa que sustente o dum Gigante? Contudo, por livrarmos o Oceano de tanta guerra, eu buscarei maneira, com que, com minha honra escuse o dano." 


(Canto V, §53 e §54)

-- Dóris, mãe da formosa Tétis, é quem coloca o peso do mundo no seu sobrinho, Atlas.

-- Beatriz, mãe da formosa e não segura Leonor, coloca o peso do mundo no seu sobrinho, D. João II.

Dóris amedontra Tétis, sobre as intenções de Adamastor, e a resposta que recebe pela mensageira de Tétis ilude a boa esperança do Gigante, que apenas pretende livrar o Oceano de tanta guerra, ou seja, apenas quer um Oceano Pacífico

Desistindo dessa guerra, tem prometido por Dóris, o gesto lindo de Tétis, mas afinal tem um "penedo". 
Os dois amantes, ficam afinal Colossos de Pedra. Apercebe-se do seu engano, vê os "irmãos vencidos e em miséria extrema postos", mas é impotente perante o castigo celestial, os seus ossos transformam-se em penedos... e por mais "dobradas mágoas" terá "Tétis cercando-o dessas águas" (Canto V, §59).

Nesta leitura, D. João II não pretende, conforme já afirmámos várias vezes, a guerra no Oriente, e a sua guerra é mesmo contra Júpiter "o que vibra os raios de Vulcano"... o Papado de Alexandre VI, em Roma, e os reinos acólitos. 

Devemos realçar, de novo, que D. João II é apoiado por Bispos com uma visão evangelizadora. Estamos no prelúdio das Cisões das Igrejas Anglicanas e Protestantes, face ao Papado, poucas décadas depois. Aos futuros réis europeus, Portugal servirá de exemplo.
A opinião de D. João II é dada antes (Canto V, 40-48), quando Adamastor avisa os marinheiros, por exemplo, quando diz: "Se é verdade o que o meu juízo alcança, naufrágios, perdições de toda sorte, que o menor mal de todos seja a morte".

Camões viu males piores que a morte com a Inquisição, e repete muitas vezes explicitamente esta opinião contrária ao lado Oriental.É contrária ao lado de Dom Manuel, é a opinião do seu Padrasto por adopção, D. João II, ou será melhor dizer MADRASTO >> ADAMSTOR

Também muito conhecido é o caso do Velho do Restelo (Canto IV, 94-97), que nos avisa da "vã glória de mandar"... ao qual tem sido atribuído um significado Conservador!

Ora, essa opinião é correcta - deveríamos ser mais conservadores... quando falamos de coisas que nem tampouco estamos dispostos a compreender. 
O Velho de "Aspecto Venerando"... deverá representar a opinião do Infante Dom Pedro, e é a opinião que o neto D. João II, o Atlas Perfeito, prossegue, carregando com o peso do mundo!


Infantes
Camões coloca de forma subtil a sua opinião sobre os irmãos Henrique e Pedro (Canto VIII, 37):

Olha cá dois infantes, Pedro e Henrique, Progénie generosa de Joane:
Aquele faz que fama ilustre fique Dele em Germânia, com que a morte engane;
Este, que ela nos mares o publique Por seu descobridor, e desengane
De Ceita a Maura túmida vaidade, Primeiro entrando as portas da cidade.


Celebrando Henrique, é possível ler a estrofe, mas é muito mais fácil ler celebrando Pedro:


Henrique faz com que a fama ilustre do irmão fique na Alemanha, e a morte o enganará;
Pedro, que a fama nos mares o publique como seu descobridor, e desengane
a maura inchada vaidade do que foi o primeiro a entrar as portas de Ceuta - Henrique.


Que outra referência temos, em Camões, de Henrique, navegador?... mais nenhuma significativa!
Não é estranho? 
Não é estranho Gil Vicente colocar o Infante na Barca do Inferno??
O acto de "irresponsabilidade e vaidade" de Henrique, ao entrar em Ceuta intempestivamente, é criticado em Fernão Lopes. Sobre essa Crónica, Henrique já nada poderá fazer... pedirá outra versão, a Zurara, seu escrivão!


D. João II não fará nada para denegrir o "tio Henrique", apenas promoverá o avô Pedro, mas a versão honrosa, mais apagada, de um "Infante das Sete Partidas" é quase definitiva, posteriormente. 
O esquecimento é acentuado com o período Bragança, talvez nunca esquecendo as guerras na Candosa e o destino que queriam ver enterrado em Alverca.

No período pós-D. Manuel, a Coimbra do ducado de Pedro, terá de João III a universidade (que Pedro tanto queria desenvolver e descentralizar), de Sebastião a cidade ganhará um magnífico aqueduto (para um rei que morreu jovem, nada mal!), e de Camões as ninfas do Mondego, e é claro: 
- a fonte dos amores...

Inês de Castro
Conforme já dissémos, de Inês de Castro há também duas estórias para leitura:

- a da linda moça Policena, e de um povo com falsas e ferozes razões...
- a da traidora Polixena, e de um povo que tem razões para falsas e ferozes...
E é claro, para a primeira versão só salvando a beleza para a comparação... pois o papel de Polixena (Canto III, §131) é mesmo associado a Aquiles, que regressado em espírito exige a morte dela.
Não é para menos, foi ela que revelou o seu segredo - "o calcanhar de Aquiles", que levou à sua morte. Por isso, para que as naus dos Aqueus possam navegar saindo de Tróia, ela tem que morrer!
Há alguma Tróia em Portugal?
Por coincidência, mais uma das coincidências... a estória e a comparação ajustam-se na perfeição ao perigo que Afonso IV sabia que haveria se os segredos das navegações passassem, pela sua influência próximo do filho D. Pedro I, o Cru.

A estória de Inês, de Garcia de Resende.
O episódio de Inês de Castro é relatado de forma também engenhosa por Garcia de Resende, que usa a estrutura do conto, que se divide em 3 partes... 


[1]
Senhoras, s'algum senhor vos quiser bem ou servir, quem tomar tal servidor, eu lhe quero descobrir o galardam do amor. Por Sua Mercê saber o que deve de fazer vej'o que fez esta dama, que de si vos dará fama, s'estas trovas quereis ler.
[2] 
Fala D. Inês 
........ [ etc., etc... ] 
........ [ etc., etc... ]
Fim

[3]

Dous cavaleiros irosos, que tais palavras lh'ouviram,
mui crus e não piedosos, perversos, desamorosos,
contra mim rijo se viram; com as espadas na mão
m'atravessam o coração, a confissão me tolheram:
este é o galardão que meus amores me deram.


Garcia de Resende, Cancioneiro Geral, V, 357-364

Garcia de Resende destaca mesmo "Fala D. Inês" e separa com "Fim".
Por isso... a última fala [3], em nada se relaciona com Inês! 
Muito pelo contrário, é a confissão doutro alguém, que será morto.
Ora quem mata são "dois cavaleiros" que são "mui crus" e não piedosos, associando-se ao episódio cruel da morte dos executores de Inês, a quem lhes é arrancado o coração, por Pedro I, o Cru.

E é claro que quem confessa poderá ser Pêro Coelho (o Coelho de outra parti... do Canto 7, §77), ou então Álvaro Gonçalves, já que o rei Pedro I reabilita Inês e não reconhecerá o amor que estes servidores lhe tinham, ao livrarem-no do destino de Aquiles. 
Será esse o galardão que foi dado também à memória desses homens - e cumpre dizer: até hoje!...
Diogo Pacheco consegue fugir com a família, só regressam com D. João I, e será antepassado de Duarte Pacheco Pereira.

Juntas estas estórias, é claro que a fonte dos amores não celebra Inês, celebrará Pedro... basta reler a bela estrofe, pensando no Infante Dom Pedro (Canto III, §137):


As filhas do Mondego a morte escura 
Longo tempo chorando memoraram,
E, por memória eterna, em fonte pura 

As lágrimas choradas transformaram;
O nome lhe puseram, que inda dura, 

Dos amores de Inês que ali passaram. [ou seja o nome da Fonte é de Pedro]
Vede que fresca fonte rega as flores, 

Que lágrimas são a água, e o nome amores.
O lugar da fonte "indeterminado" poderá ser o actual, ligado à Quinta das Lágrimas, mas não é ainda de excluir uma associação à Rua da Fonte (de São Pedro), em São Martinho da Árvore (perto de Tentúgal, Coimbra)... uma árvore, talvez um ulmeiro.

As Barcas de Gil Vicente
No "Auto da Barca do Inferno" de Gil Vicente, outro daqueles contos que bem conhecemos, desde bem jovens, aparece-nos um "parvo Joane"... olhando a estória anterior, será que estamos da mesma forma perante uma alusão a D. João II? 

De facto, salva-se esse parvo, pois aquilo que faz, ainda que mal, faz por bem... e é parvo nesse sentido! É parvo no sentido em que é envolvido numa rede política, da qual o camaroeiro é um bom exemplo! Assim, só esse personagem, Joane (João II) tem lugar na Barca do Paraíso, bem como os Cavaleiros Cruzados, que julgam lutar por uma causa divina, e desconhecem a rede que os manipula, com um fim distinto.... e por isso nem tampouco falam!
O Joane não tem pruridos em nomear como morreu... invocando um envenenamento de forma jocosa, invocando o seu avô (Infante D. Pedro) e associando os tripulantes da Barca do Inferno ao "Sapateiro" da Candosa, "Rachador" de Alverca... justamente dois sítios onde o Infante Dom Pedro combateu o meio-irmão bastardo Afonso, Conde de Barcelos (na sua própria regência feito Duque de Bragança)!
Convém notar que, em Alfarrobeira (Alverca), morrem dois titulares da Ordem da Jarreteira: o Infante Dom Pedro e o célebre Conde de Avranches - D. Álvaro Vaz de Almada, que tinha sido notabilizado na Guerra dos Cem Anos, ao lado dos Ingleses, e que em reconhecimento cedem-lhe o condado de Avranches, na Normandia.
Convém notar que, no seu périplo pelas Sete Partidas, o Infante D. Pedro, consegue passar o título de varão Infante para um título de Príncipe. O primeiro português a usufruir desse privilégio papal é justamente o sobrinho D. Afonso V, casado com a filha de Dom Pedro, e que mesmo assim o vai matar na batalha e o deixar sem sepultura durante dias. Será repreendido até pelo Papa, por esse acto!

Estamos a falar neste nível de rede, e estamos a falar de estórias de pessoas "mesmo boas", em que o único erro detectável é serem mesmo bons, perdoando indistintamente... Isso causa traumas na sociedade portuguesa? Sim, sem dúvida... até hoje!

É compreensível que quando D. Afonso V se apercebeu bem da situação, tenha depois apoiado incondicionalmente o filho D. João II - que iria seguir o caminho do avô Pedro. Por isso, nos painéis, todos os que contribuíram para isso, aparecem em trajos religiosos, no 1º painel - os reis, no 2º painel - Nun'Álvares. Por isso o Désir de Pedro, se transforma na personificação do Desejado, para o povo. 

A sucessão seria feita, na vontade de D. João II por D. Jorge... que ficou Duque de Coimbra e depois foi obrigado a mudar o nome para Duque de Aveiro, para que não houvesse mais associação a Pedro. Ficou a associação à irmã de D. João II, Santa Joana Princesa, que tanto o influenciou, e que vivia reclusa num convento em Aveiro. Talvez seja menos conhecido que ela foi regente, enquanto Afonso V e João II saíam em batalha juntos.

Convém ainda notar que a participação real portuguesa na Ordem da Jarreteira é interrompida com Dom Manuel, que não toma posse; que o Infante D. Henrique aparece no tempo de D. Pedro, mas apenas 3 anos como membro. Os monarcas portugueses só voltam a ser associados à Ordem da Jarrateira, após D. João VI, com as batalhas napoleónicas.

Uma Ordem tão antiga, ligada aos templários, teve Arthur Balfour como membro... estamos a falar da pessoa que redigiu a Declaração de Balfour, consagrando o destino da Palestina e de Jerusalém (finalmente em posse do Império Britânico, em 1917).
Estamos a falar de ligações que têm séculos de existência... e cuja memória só alguns perderam!

Pado e Lampetusa
Camões deu-nos também informações geográficas importantes, habitualmente negligenciadas...
Quando diz (Lusiadas, Canto VIII, 72)


De África os moradores derradeiros Austrais, que nunca as sete flamas viram,
Foram vistos de nós, atrás deixando Quantos estão os Trópicos queimando.

As Sete Flamas são as Pleiades, que não podem ser vistas no Cabo Horn... no Cabo da Boa Esperança podem! O que dizem os comentários?... que as sete flamas são da Ursa Maior. Terá isso ficado escrito na justificação que ele deu à Inquisição?! Noutra parte podemos ler um possível início da descrição de contactos com aborígenes na Austrália (Canto V, 21++, note-se que Semicapro refere-se ao Trópico de Capricórnio):

"Achamos ter de todo já passado Do Semicapro peixe a grande meta,
Estando entre ele e o círculo gelado Austral, parte do mundo mais secreta 
(etc...)

Entre tantas, escolhemos outra parte dos Lusíadas - Canto I (§46), que envolve uma história mitológica relacionada com Phaeton (filho do Sol), já que há referências geográficas que passam despercebidas:

As embarcações eram, na maneira, Mui veloces, estreitas e compridas:
As velas, com que, vêm, eram de esteira Dumas folhas de palma, bem tecidas;
A gente da cor era verdadeira,
Que Faeton, nas terras acendidas, Ao mundo deu, de ousado, o não prudente:
O Pado o sabe, o Lampetusa o sente.


Começo por colocar a Carta "Pedro Reinel a fez"... atribuída a Pedro Reinel (com a nossa história nunca se sabe o que é possível dizer... mesmo estando lá o nome)! Notamos uma representação do Rio Pó (Pado) com uma bandeira, e da Ilha Lampedusa, perto de um centro "encoberto" de meridianos, junto à Sicília:
Carta "Pedro Reinel a fez" (1504???)

Depois... tal como no caso do outro mapa de Reinel, é preciso virar a cabeça (ou o mapa) e olhar de novo... agora para a Europa sem a península ibérica! Há umas correcções com mais uns centros para a distorção polar, mas evita o contorno adicional do anterior mapa de Reinel que já vimos (este é posterior).
Ao mesmo tempo, será altura de falar no "Planisfério" de Cantino:


Cópia de Alberto Cantino (1502) - espião do Duque de Ferrara


A Carta de Reinel é muito menos detalhada que a Cópia de Cantino... e julgo que isso se deverá a uma pequena bandeira, diferente de todas as outras - o primeiro território espanhol em África - Melilla, conquistado em 1497.
- O que faria Reinel dois anos depois publicar uma Carta de inferior qualidade?... se não houvesse informação escondida importante?
- Conhecendo-se a Gronelândia, muito provavelmente em expedições conjuntas em 1472 com os Dinamarqueses, no reinado de Afonso V, conforme a tese de Sofus Larsen (apresentada em 1925). No mapa do espião Cantino (aceite oficialmente), e depois de novas viagens pelos Corte-Real em 1500, temos este contorno para a Gronelândia (só tem um centro interno - há menor distorção):


Detalhe da Gronelândia, no mapa de Cantino e no Google...

Agora, que sentido faz Reinel piorar a sua carta do "Atlântico Norte" em 1504?
Não faz sentido nenhum!

Ora, o que julgo que se passou foi o seguinte:- Esta carta foi a "carta de trabalho" para o Tratado das Tordesilhas... toda a ênfase está colocada no(s) meridiano(s), e assim essa datação é a mais provável. Este formato é tão correcto, que há uma repetição posterior de Lopo Homem em 1550, que inclui maior conhecimento...
- Como explicar a bandeira adicional em Melilla? 

É uma cópia do próprio Reinel, posterior a 1497.
Por isso ele escreve "a fez" (passado) e não "me fez" (presente).
O original, foi escondido... nem o próprio D. Manuel saberia onde estava, e terá pedido então a nova cópia, provavelmente em 1497-98, ou talvez mesmo em 1504... mas a carta não se reporta a essas datas.
- Qual a razão da datação "oficial"?... como a Carta será de 1493-94, isso leva a problemas de consistência com outras bandeiras, e o menos mal parece ter sido 1504. No entanto, se retirarmos essa bandeira (mal desenhada...), a datação 1493-94 é consistente.

Detalhes nos Mapas
Esta Carta de Reinel é pessoalmente a mais importante, pois foi com ela que percebi que era absurda a História dos Descobrimentos, e não passava de uma estória... a que se contrapõe esta Estória.
- Começou pela datação - 1504, mas aparece uma Ilha Brasil... ainda? Que sentido faria isto?

- Depois há pormenores minuciosos, aparentemente correctos... e erros grosseiros, na Europa e não só, mesmo na zona do Labrador!
- A explicação para os dois meridianos - ao estilo de deformação para projecção Mercator, não fazia nenhum sentido como justificação... - Múltiplos sinais de "ilhas artificiais" e "pontilhados artificiais"... que permanecem noutras cartas posteriores.
- Um detalhe do Labrador, mas porquê saltar a Terra Nova, por onde se deveria passar ao largo antes de chegar ao Labrador? ... É credível ir até à Noruega e não encontrar a Inglaterra? Pois... neste caso é semelhante!
- Havia nomes escritos para leitura norte-sul, mas também sul-norte, etc... 
- Uma Dinamarca como ilha?... Estamos a falar de Pedro Reinel, considerado o maior cosmógrafo do seu tempo, que recebeu uma proposta milionária de Carlos V (provavelmente antes do imperador mandar incendiar todas as cartas).
E era claro que as "terras verdes" no canto superior ocidental cumpriam outro propósito!Foi daqui que parti para toda esta Estória... estranho, não é? 

Depois tudo se foi colando, naturalmente, como se sempre estivesse estado lá para ser visto...
De facto, rodando a carta, obtemos como detalhe:

Detalhe da Carta de Reinel, após inversão e rotação, comparação com detalhe no Mapa de Cantino.
(Zona da Bacia Amazónica, assinalada de forma semelhante - baía com ilhas internas)

Ou seja, é preciso inverter o mapa, para ver o Brasil, e não falo da Ilha Brasil... O importante nas Tordesilhas seria ver o que cortava o meridiano. Coloquei na imagem um quadrado com a parte do Brasil em Cantino, e com a parte do Brasil em Reinel. De uma carta para a outra, houve um ajustamento do Meridiano, mas de resto continua semelhante... foi uma Carta semelhante que o espião Cantino viu.
Depois assinalei a Verde, uma outra perspectiva do mapa, com base no outro meridiano mais pequeno... esse meridiano tem no topo uma "Ilha Santa Cruz"... que só existe para designar as Terras de Santa Cruz, ou seja, a América do Sul. A outra ilha, a mítica "Ilha Verde" passa a designar, em posição correcta, face à América, o Cabo Verde:



Após rotação do mapa de Reinel (norte-sul acertando o meridiano de Tordesilhas):
à esquerda: inclinação das "Antilhas" em ambos os mapas, Cantino e Reinel;
à direita: posição relativa de Cabo Verde no mapa Google, face à ilha Verde de Reinel.

Ou seja, as Ilhas Míticas - nunca encontradas, não passavam de marcações em mapas!
Para não aborrecer, com tanto detalhe, basta notar que a cópia de Cantino tem inclinação próxima da de Reinel para as Antilhas... porque Reinel coloca as Antilhas, coladas ao "Labrador".

A escolha do meridiano nota-se ainda com os Açores, pois com o meridiano principal algumas ilhas ficariam sob território espanhol... No mapa de Cantino isso está já corrigido, e um "Labrador" e toda a Gronelândia aparecem do lado Português, conforme convinha!
Pedro Nunes explica muito melhor os problemas e vantagens das cartas (não necessariamente estas):

(...) a carta não é nenhum planisfério; que nos faça quanto a vista aquela imagem e semelhança do mundo, que fazem os de Ptolomeu e outros que aí há, nos quais há somente paralelos e meridianos. Porque se bem olharmos, que releva a quem navega para saber por onde andou, ou onde está, que uma ilha ou terra firme esteja pintada mais larga do que é, se os graus forem tantos quantos devem ser de leste a oeste. Porque a mim, que faço a conta, me fica resguardado : saber que esses graus são na verdade menores do que a carta por ser quadrada amostra, e ver quanto menos léguas contém, e isto por tábuas de números ou instrumento, como é o quadrante que para isto costumo fazer. De forma que quero concluir: que mais proveito temos da carta por serem os rumos equidistantes, do que prejuízo, porque sendo assim fique quadrada, e quem por isto a repreende não sabe o que diz (...)

Ilha Brasil
Falta dizer o que faz a Ilha Brasil junto à Irlanda, e já agora as Ilhas Maydas...
Começamos por apresentar uma Carta Catalã (da "escola judaica" de Maiorca) de 1439:




Carta catalã de Gabriel Valseca (1439), com ênfase na rotação.

Isto serve apenas para enfatizar que já nessa "escola judaica", de onde Cresques é suposto ter chegado a Portugal no final do Séc. XIV, havia a ideia de esconder toda informação numa carta, através das suas várias possibilidades de rotação, conforme é explícito na Carta de Valseca. Ou seja, em grande medida só algumas coisas na Carta de Marear serão uma originalidade portuguesa, como aliás Pedro Nunes reconhece.
Neste mapa de Valseca aparece também a Ilha Brasil - um círculo junto à Irlanda.

Vejamos o que acontece com o Portulano de Pizigano, 1424, muito salientado por Armando Cortesão:



Portulano português, de Pizzigano (1424), ao serviço do Infante D. Henrique.

As marcações artificiais são colocadas também no mapa seguinte.


As inclusões dos pontos de referência no Google Maps, mostram as
direcções correspondentes no continente americano.

A primeira figura tem link para um site do Dr. Manuel da Silva, um daqueles bravos "molucos" (no bom sentido é claro), que nunca se rendeu à versão oficial... tal como tantos outros, que espero poder mencionar ainda. 
A versão dele está (na minha opinião) 50% certa... ou seja a parte de cima, a azul corresponde às ilhas da Terra Nova e Nova Escócia, e são chamadas Satanazes. Mas, por outro lado, a parte vermelha corresponde às Antilhas, e têm esse mesmo nome. 
Isto é possível, mais uma vez usando o esquema polar que Pedro Nunes explica, com centro em Madrid. 
A escolha do centro não é justificável... mas é interessante corresponder a Madrid (pelas posições relativas face à Costa da Gasconha (ou Guiné) e posição das Ilhas Baleares. Ainda que aqui a coincidência seja essencialmente geográfica...

Neste caso é muito mais fácil de ler a Carta mais antiga... De facto, o que interessava aos navegadores era saber a direcção a tomar, e depois seria só tentar seguir o rumo até encontrar terra!Da mesma forma acontece com a ilha do Brasil, situada ao largo da Irlanda... seguindo o rumo vamos ter à bacia Amazónica. E a ilha Maydas... ou Ymana (>> maYan) corresponderia a território Maia.


Isto coloca-nos a datação para a descoberta portuguesa destes territórios americanos, pelo menos antes de 1424... Mas é claro, conforme já dito, foi muito antes, e muito provavelmente nem sequer foi portuguesa! Só depois, após Gil Eanes, e com o Infante Dom Pedro, houve uma boa cartografia, um verdadeiro comércio com estes povos, usando as caravelas, etc...



Tratado da Ilhas Novas (Francisco de Souza, 1570)
Pode persistir-se em olhar para o lado, e fazer de conta que nada de novo se sabe... mas depois vão-se encontrando registos... 

No pequeno tempo de luzes, de D. Sebastião, apareceu um Tratado escrito por Francisco de Souza, que pode ser encontrado aqui (foi publicado nos Açores, em 1877). Coloco aqui um extracto, com alguns sublinhados, o texto de 1570:
No tempo que se perderam as Espanhas, que reinava El-Rei Dom Rodrigo, que vai para quatro centos annos[1] que com as sêcas se despovoaram as gentes, e pereceram com a grande esterilidade e da entrada dos Mouros, como mais largamente se trata nas Escripturas antigas, por a qual causa do Porto de Portugal os mareantes e homens Fidalgos tendo noticia que para o Ponente havia terra que até então não fora descoberta, sómente pelas informações dos antigos e dos Espiritos tinham d'ella informação, determinarão de se embarcarem em sete náos com toda sua familia, e de hirem correndo ao Ponente confiados na misericordia de Nosso Senhor navegarão; e pela altura do Porto que está em 41 gráos correrão tanto que forão por barla-vento das Ilhas dos Açores, que inda não erão descobertas, e forão aportar na Ilha de S. Francisco que está pela dita altura, onde dizem as informações que tenho, que foram n'ella dar: e eu por rasão da nevegação acho ser sua derrota assim; queira Nosso Senhor permittir se descubra esta Ilha como atraz fica dito onde ella demora; e por irem em sete náos disem as informações que cada capitão com sua náo, tanto que aportarão, se repartirão cada um em sua parte da Ilha, e os antigos lhe chamão a esta Ilha as sete Cidades; mas outros por via de França lhe chamão a Ilha de S. Francisco, o qual, por quem é, queira rogar a nosso Senhor dêmos com ella para valermos á salvação da gente que n'ella está, pois procede de Christãos: e achei mais que é terra de boa habitação por ser grande e de muito proveito; e por rasão da virtude dos climas acho está situada no 5º clima, que dado que seja mais frio que as Ilhas dos Açores não o é tanto como França, Inglaterra, porque é Ilha do mar a que o mar aquenta, e mais, que nas faces do sul é habitavel os dois terços d'ella debaixo de boas zonas. 
[1] - Nota: Há uma aparente erro na datação da invasão árabe, mas que é reforçada pela citação do Rei Visigodo D. Rodrigo, e é aparente pois annos (escrito com dois "n") pode até referir 2 anos.
Ou seja, há relatos da ida de Portugueses/Galegos para o Canadá... até antes da invasão moura (ou seja, uma migração sueva antes de 711). Essa população foi depois reencontrada, e depois voltou a ser abandonada por causa dos tratados!
O pedido feito a Dom Sebastião é de reencontrar esta gente, que estaria para ficar sob domínio francês ou inglês... de facto, o rei reclama o território, e provavelmente granjeia novas inimizades (Jacques Cartier já havia desembarcado em 1534, e os franceses reclamavam esse território... mesmo que o ingleses tivessem aportado simbolicamente em 1498, no Labrador, com Caboto).

O Naufrágio no Mae Nam Cong (Manicongo)
Parece não haver registo de nenhum naufrágio no rio Mekong, à data em que Camões salva a sua obra!Ora, aproveito então para notar mais uma coincidência com uma "ligeira" semelhança, entre a designação vietnamita do rio Mae Nam Cong... e a necessária confusão entre: 
o Zaire (África), o Congo (América?), e o Manicongo (Ásia?).

Assim que acabou a colonização, o Congo passou a Zaire, pois era absurda a designação imposta pelos portugueses... e do Manicongo nunca mais se falou? 
- Passou a Conchichina ou a Sião?
Há ocorrências acidentais? Certamente... mas vão tendo tendência a acumular-se!

Não virá a propósito, mas é preciso não dramatizar... como se chamaria o Rei do Congo, em inglês? - King Kong?
É natural fazer esta associação, pois o grande reino africano de que os portugueses falavam, afinal não existia. Era apenas um monstro lendário na selva africana! Tal como as Ilhas Míticas no Atlântico...

Análise versus Síntese...
Há um artigo de mais de 20 páginas sobre um verso dos Lusíadas (Canto IX, 78.8):



Tra la spica & la man, qual muro he messo


É necessário dizer isto, para ver o nível de análise a que a obra já foi sujeita.
Há todo um enquadramento que liga este verso a Petrarca...
De facto, este verso está escrito em italiano nos Lusíadas... e aí é atribuído a um soldado, de nome curioso: Leonardo! Alguém procurou enquadrar isso na obra?... Ou será um acidente, Camões gostou do nome!
A spica... e não é importa se é spiga, o que interessa saber é se é espiga, espiga de alecrim, de Pedro!
Não é fácil! Vejamos... por causa de uma inocente obra, "Guerras de Alecrim e Manjerona", houve quem tivesse sido acusado de judaísmo, e morto na fogueira... foi António José da Silva, no Séc. XVIII, e Bernardo Santareno escreveu sobre ele.
Sendo menos trágico (ou talvez não...), conheceriam os Boney M. a obra de Camões, ou era também Camões um judeu que falava de Sião, do Salmo 137? 
Mas que Sião perdido, em que Babilónia?

Salmo 137 
By the rivers of Babylon, where he sat down. And there he wept, when we remembered Zion.



Camões

Sôbolos rios que vão por Babilónia, me achei, 

Onde sentado chorei as lembranças de Sião e quanto nela passei. 

Ali, o rio corrente de meus olhos foi manado, e, tudo bem comparado, 
Babilónia ao mal presente, Sião ao tempo passado.

Haverá algo mais para descobrir em Camões? Sim... tudo! - Tudo o que está encoberto!
Será tempo de curvar a majestade, e olhar as bases que a sustentam... honrar o espírito de cavalaria medieval, que afinal o Renascimento só vilipendiou reduzindo-o a uma época de trevas. Não me quero alongar mais... pois o texto já vai longo, e o "enredo" torna-se mais complicado!
Faço notar alguma coisa - há alguma honra de cavalaria? Parece-me bem que sim...
Os Estados Unidos cumpriram o Tratado de Alcáçovas. Será mais uma maluquice? Certamente!
Vejam a fronteira sul dos Estados Unidos, e verifiquem que segue o paralelo acima das Canárias (excepto uma parte do Texas)... mas claro, será só mais uma coincidência!

Seria Camões "zarolho"?
... ou fomos nós, que apenas vimos o Oriente na sua obra, enquanto ele mostrava o Ocidente?
Ou melhor... quando ele nos oferecia até uma conjugação dos dois lados, de forma harmoniosa, que não desonrava nenhuma visão? - Porquê manter esta cegueira?



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