Alvor-Silves

quinta-feira, 28 de julho de 2011

Cavalaria e Cavalos Lusitanos

Colocamos aqui uma importante contribuição de Calisto sobre a cavalaria e os cavalos lusitanos, recebida por email, na sequência da discussão sobre o Cavaleiro do Corvo.



--------------------- email de Calisto Barbuda ------------------------

Concordo sobre quem seriam os cavaleiros Lusitanos. 
A maior referência que encontrei estavam associados aos Coni, por outro lado a melhor zona de criação de cavalos é a Andaluzia incluindo o território a Sul de Portugal, é claro que esta questão é um pouco melindrosa, visto que há quem diga que, quem defende esta ideia é Iberista. O cavalo na Andaluzia famoso no séc XV a XVII, poderá ser descendente do de Portugal, e até concordo com as razões apontadas:
- Platão coloca na Andaluzia, mais concretamente na Bética a criação de cabras e carneiros.
- Do lado do Tejo Português temos planícies fabulosas para a criação de cavalos.
- Por outro lado (e em tempos mais recentes) repare-se que os reinos Árabes foram sendo empurrados para Sul e já não se podia escolher as terras entre o Tejo e Guadalquivir para continuar a selecionar e melhorar cavalos, já não havia Santarém (cf. [1]).
Posto isto, a faixa geográfica com que ficamos presumo que seja a dos Cónios.
"(...) Além destas referências ao modo de combater peculiar aos povos ibéricos e seus cavalos, que demonstram uma ininterrupta sequência milenária, existem outras que o designam como único. São elas as descrições do emprego de cavaleiros ibéricos na Itália ou Norte da África em que se diz que aqueles tinham que levar seus cavalos e quando era impossível o seu transporte, tinham pelo menos que levar os seus arreios, demonstrando assim que lhes eram peculiares e únicos." (cf. [2])
Uma coisa curiosa é o seguinte detalhe, os cavaleiros Ibéricos eram conhecidos com 'frenati', conduzidos com um freio (cf. [2]), ou seja o freio em vez do bridão (utilizados por todos os outros povos, salvo o erro) permite uma condução com uma só mão (poderia lhe dar o exemplo das touradas, mas infelizmente hoje já não há ninguém que utilize uma só mão para conduzir o seu cavalo perante qualquer situação), e para completar deixo-lhe um texto que encontrei na internet: 
"Em nenhum outro local existem evidências da existência de cavalos montados há tanto tempo. Embora noutras paragens, como na Grécia ou no Egipto, também já se utilizasse o cavalo na guerra, essa utilização era sempre feita como animal de tiro, puxando os carros de combate. Isto permite-nos colocar a hipótese da origem ibérica da própria equitação. A confirmar-se, o cavalo Peninsular seria, então, o primeiro cavalo de sela conhecido.
Os cavaleiros ibéricos evoluíam nos campos de batalha de uma forma característica. Tirando enorme partido da obediência e agilidade das suas montadas, movimentavam-se com rápidas transições e bruscas mudanças de direcção, o que dificultava em muito as manobras dos seus inimigos. Esta equitação peculiar, foi dada a conhecer ao mundo pelos Cynetes, quando esta tribo do sudoeste da Península combateu na Grécia contra os Atenienses, auxiliando a vitória dos Espartanos na guerra do Peloponeso (séc. IV a.C.). Tal facto justifica a origem do termo “gineta”, ainda hoje utilizado para classificar esta forma de montar.
Seleccionado, durante séculos, como suporte de uma técnica específica de combater, o cavalo Peninsular vai surpreendendo, pelas suas invulgares capacidades, todos os que contra ele se batem. É o caso de Romanos e Mouros, que o vieram encontrar na Península e prontamente reconheceram as suas inegáveis qualidades." (cf. [3])
Rapidamente se percebe que os ataques de cavalaria, na minha opinião, seriam quase actos "individuais", e não através de uma estrutura de combate sólida e coesa.
E isto tem uma ligação curiosa com a Guerra de Tróia, uma vez que a estrutura militar muda depois da dita guerra.

Sobre o cavalo Ibérico eu sabia alguma coisa, tal como sobre equitação do séc XVIII/XIX (nomeadamente Francesa), mas sobre a cavalaria na Antiguidade é que não sabia quase nada.
Antes da idade do Bronze o papel da cavalaria era essencialmente desempenhado por carros ligeiros puxados por cavalos.

Quando os Persas foram derrotados por Alexandre o Grande, o carro de combate puxado por cavalos já era obsoleto, no entanto continuaram a ser usados, por exemplo, pelos povos do sul da Grã-Bretanha quando da Invasão Romana comandada por Júlio César (55,54 a.C.), por essa altura, os carros já eram usados praticamente em cerimónias ou em corridas.
Xenofonte (430-355 a.c.) escreveu o mais antigo tratado conhecido de equitação ( há um mais antigo escrito por Simão/Simião, mas não se conhece o seu conteúdo), é interessante encontrar lá coisas que ainda hoje em dia fazemos, no entanto a ideia com que fiquei foi que ele preconizava uma cavalaria montada e não atrelada, uma força de cavalaria pequena mas bem treinada.
Xenofonte

O que de seguida transcrevo já não me lembro qual foi a fonte:
"Para os gregos montar a cavalo é um hábito que vem depois do cavalo atrelado. Mesmo com Homero as passagens são mal interpretadas pois todo o tom da poesia épica prova que a condução era a prática comum. Os heróis combatem em carros de combate, a maior parte do exército a pé, mesmo em viagens sobre montanhas eram feitas com carros de cavalos" 
Esta questão da viagens é curiosa, é que para a deslocação com carros de cavalos a rede viária Grega deveria rivalizar com a Romana.
Continuando: 
"Não se sabe quando, mas ao longo dos séculos houve uma mudança. Facto: jogos Olímpicos (776 a.C) em que originalmente a única prova era corrida de carros, só na 33º Olimpíada (648 a.C) aparece corrida de cavalos.
Em batalha o carro de cavalos desaparece antes das guerras persas (499-448 a.C), mas o seu lugar não foi preenchido até depois delas. Na guerra de maratona (guerra greco-persa 490 a.C) os atenienses não tinham cavalaria. Havia criação de cavalos provavelmente para corridas. Sem duvida foi o contacto com a cavalaria persa que levou à organização de um corpo de cavalaria ateniense. Os gregos nunca conseguiram a revolução na arte militar que deu à cavalaria um papel decisivo. Isto estava reservado para os Macedónios."
Um aparte, talvez para perceber a influência Persa é que Xenofonte em 401 alistou-se no exército de Ciro irmão de Artaxerxes II na luta contra este, juntou-se depois aos espartanos e lutou contra Atenas e Tebas na batalha de Coronea 394 a.C.
Continuando: 
"A cavalaria Grega era usada para assediar um exército em marcha ou completar uma vitória já garantida. Só os ricos serviam na cavalaria. O solo e morfologia grega não se adptavam/adaptam à criação de cavalos ao contrário dos tessalianos. Já eram reconhecidos desde os primeiros tempos, mas para o carro e não para cavaleiro. Encontram-se raças descritas nas éguas do rei Diomedes (trabalhos hercules), que comiam carne humana, os cavalos de Rhesus (rei tarcio que combateu ao lado dos troianos), Aquiles e Orestes nas corridas descritas por Sophocles “Electra”- finalmente da mitologia para a história, Bucephalo de Alexandre. Outras raças eram Argive, Acarnanian, Arcadian, e Epidaurian."
Sobre a Peninsula Ibérica nunca encontrei nada sobre carros de cavalos, tudo o que encontrei referia-se a cavalos montados, e isto deixa-me baralhado...
Da outra vez eu referi que foram levados cavaleiros Ibéricos por Dionísio tirano de Siracusa nas guerras do Peloponeso (369 a.C.), a forma de combater e montar em nada era semelhante à forma Grega de então. Também referi que : 
"(...) cavaleiros ibéricos na Itália ou Norte da África em que se diz que aqueles tinham que levar seus cavalos e quando era impossível o seu transporte, tinham pelo menos que levar os seus arreios, demonstrando assim que lhes eram peculiares e únicos."  (cf. [2]) 
ou seja teríamos mais uma vez a vantagem tecnológica do nosso lado.

Disse também (desta vez um pouco mais completo) que:
"(...) outros narram muitos combates singulares de cavaleiros íberos com Cartagineses e Romanos por onde se infere não só a superioridade ibérica neste género de combates, como ainda que ele era um apanágio ibérico. O mesmo se pode verificar mais tarde das crónicas moiras do século XI, de Abu Bakr al Tartusi, autor de Sirg al Muluk, em que cita um combate de um cristão com moiros das hostes de Al Nansur Ibn Amin, em que o Cristão venceu sucessivamente três adversários antes de ser vencido. No final, frisa-se que o vencedor era um homem da fronteira, habituado às lutas com Cristãos e diz-se que como aquele guerreiro nas hostes árabes não havia ‘- nem mil, nem quinhentos, nem cem, nem cinquenta, nem vinte, nem dez’."  (cf.[2]) 
por aqui consegue-se visualizar como seria a forma de combater Ibérica (apesar de se referir ao séc XI presumo que podemos transportar o mesmo para os anteriores).

Continuando com os Gregos: 
"Alguns séculos depois da guerra de Tróia, os tempos mudaram na Hélade e muitos costumes locais foram substituídos. Os gregos já não podiam mais viver sob aquele tipo de sociedade, na qual monarcas mandavam com poderes irrestritos, e isso demandava alterações radicais. Contudo, vale lembrar que Ílion não foi o único reino destruído naquela época. Segundo o historiador Robert Drews, da Universidade de Vanderbilt (Estados Unidos), inúmeros palácios caíram naquele período, causando o fim da Idade do Bronze. Tebas, Micenas, Tirinto e Canaã tiveram o mesmo destino da cidade de Príamo. 
Um dos motivos foi a mudança na estrutura militar. No caso da Hélade, os gregos abriram mão das eficientes cavalarias e, com isso, desenvolveram um novo tipo de estratégia bélica para fortalecer as infantarias. O problema é que, até então, os carros de guerra eram as armas mais eficazes de combate: um condutor bem treinado guiava a biga enquanto "passageiros" atiravam lanças e flechas nos inimigos. Os novos exércitos foram obrigados a encontrar formas de combater essas máquinas militares de forma mais eficiente. 
Com isso, as batalhas envolvendo cavalarias e bigas foram substituídas por pelejas entre homens a pé, os cidadãos-soldados: pessoas que passavam a fazer parte da sociedade de forma mais incisiva e, além disso, vivenciavam a rotina do exército e da polis. 
Assim, os clãs foram extintos, para que todos os homens fossem agrupados em uma mesma cidade, onde poderiam treinar em conjunto por mais tempo para se preparar melhor para a guerra. Isso fez que não tivessem apenas relações familiares, mas sim com os pares, criando um sentimento de cidadania colectiva. Era uma forma de despertar conceitos cívicos nas pessoas. Além disso, os heróis também se transformaram em figuras ultrapassadas. Não havia mais espaço para guerreiros como Aquiles e Heitor, que deixavam os companheiros para trás a fim de ir de encontro ao adversário para obter glórias individuais. Tudo passa a girar em torno da sobrevivência da cidade: os soldados deveriam permanecer unidos no campo de batalha para minimizar os riscos de derrota e, desta forma, resguardar a polis.  
O herói homérico, o bom condutor de carros, podia ainda sobreviver na pessoa do hippeis; já não tem muita coisa em comum com o hoplita, esse soldado-cidadão. O que contava no primeiro era a façanha individual, a proeza feita em combate singular", explica o helenista Jean-Pierre Vernant em seu clássico As origens do pensamento grego. "Mas o hoplita não conhece o combate singular; deve recusar, se lhe oferecer, a tentação de uma proeza puramente individual. É o homem da batalha de braço a braço, da luta ombro a ombro. Foi treinado em manter a posição, marchar em ordem, lançar-se com passos iguais contra o inimigo, cuidar, no meio da peleja, de não deixar sem posto. 
Nesse novo conceito de exército, as infantarias dependiam muito da força do conjunto e da unidade, portanto, todos os homens deveriam se unir como um só bloco para vencer as batalhas. Surgem aí as temíveis falanges, em que os guerreiros passavam a vida toda treinando para desenvolver uma "dependência" de um para com o outro. Deste modo, os generais formavam unidades de combate sólidas e coesas - como ocorreu com a eficiente infantaria de Esparta, que de tão competente foi apelidada de "usina de cadáveres" durante a Segunda Guerra Médica.  
Com a mudança, os monarcas também perderam seu espaço, afinal, os homens já viviam em conjunto para o bem comum da polis, então, sentiam-se capazes de decidir os rumos políticos da cidade-estado. O cidadão passa a se confundir com o soldado, pois a partir do momento em que ganha direitos, também assume seus deveres com a defesa da pátria. Os reis espartanos foram reduzidos a meros generais, sem desempenhar funções administrativas, mas apenas militares. Em seu lugar, quem passou a tomar as decisões políticas foram os conselhos criados pelo legislador Licurgo, que na verdade são os primeiros focos de instituições democráticas no Mundo Antigo. 
O período da grande batalha de Tróia e das memoráveis aretéias entre heróis lendários chegava ao fim porque os homens, treinados para ficar unidos nas guerras, passaram a querer lutar juntos para decidir os rumos da comunidade, de forma coletiva. Caem os reis e, no lugar, ergue-se a imponente democracia."A formação do exército no período clássico carrega elementos das relações sociais, tanto no caso dos espartanos como dos atenienses", explica Álvaro Allegrette, da PUC. "Com as mudanças sociais, as pessoas passaram a viver em comunidade e, assim, as relações entre os cidadãos fica mais evidente." 
A polis, explica Werner Jaeger, representa um princípio novo para os helenos, com reflexos importantes para a vida nas cidades, e surge também a definição de Estado, criado em Esparta: essa instituição pública representa, pela primeira vez, o agente educador do povo. 
Hesíodo, outro poeta grego da Antiguidade, dizia que o heroísmo não surge apenas nos combates. Segundo ele, em O Trabalho e os Dias, o verdadeiro herói mítico e exemplar é forjado em qualquer situação nas quais a disciplina é necessária para enaltecer as qualidades humanas. Um desses momentos era o acto de erguer-se na ágora e, dotado de um senso cidadão apurado, incitar o povo a votar por mudanças importantes para a vida colectiva. Isso reforça a idéia de que era fundamental aprimorar a erudição do povo. A educação seria, portanto, uma forma de obter mais condições de tomar decisões coletivas corretas. Surgem, assim, os políticos (a própria palavra deriva de polis)." 
(ver referência [4])
A cavalaria (penso eu) é boa para partir formações de infantaria (coisa que os cavaleiros Ibéricos eram exímios), a nova estrutura militar Grega parece uma forma de combater a cavalaria, digo eu...
Continuando: 
"a Tessália era, amplamente, conhecida por produzir exímios cavaleiros e experiências posteriores em guerras, tanto com como contra o Império Persa ensinaram aos Gregos o elevado valor da cavalaria em ações de perseguição e em escaramuças.
Em contrapartida, a Macedónia, ao norte, desenvolveu uma forte cavalaria pesada que culminou nos hetaroi (cavalaria dos Companheiros) de Filipe II e de Alexandre o Grande. Além desta cavalaria pesada, o exército de armas combinadas macedónio também empregou soldados de cavalaria ligeira, chamados "prodromoi, em missões de exploração e de cobertura. Foram também empregues os ippiko, soldados de cavalaria média, armados com lança e espada, protegidos com uma couraça de pele, cota de malha e chapéu, usados como exploradores e caçadores a cavalo. Esta cavalaria era usada em conjunto com a infantaria ligeira e a famosa falange macedónica. A eficiência do sistema de armas combinadas foi demonstrado nas conquistas asiáticas de Alexandre o Grande."  (cf. [5])
Sobre esta cavalaria média, armados com lança e espada, fez-me lembrar a lança contrapesada dos Ibéros. Encontra um texto interessante aqui: 
A maioria (se não toda) da informação sobre o cavalo Ibérico encontra com Sommer d'Andrade.

Posto isto continuo sem perceber o que levou a cavalaria Ibérica evoluir da forma que evoluiu, talvez a equitação tenha começado aqui na Península.

Referências:
[1] Arsénio Raposo Cordeiro: Cavalo Lusitano. O filho do vento. Edições INAPA, 1989.
[2] Fernando D'Andrade: O cavalo Lusitano. Lisboa, 10 Março 1986.

10 comentários:

  1. Encontrei este interessante site:
    http://www.aicsorraia.com/raca_sorraia.html
    onde na linha dos Sommer d'Andrade se procura manter essa tradição dos cavalos ibéricos antigos, neste caso pela raça Sorraia.

    Achei especialmente curioso falar-se na relação/semelhança com os Mustang!
    O Calisto sabe alguma coisa sobre isso?

    Mais uma informação que encontrei foi este achado:
    http://decadas.wordpress.com/2009/08/27/achado-arqueologico-na-alemanha/

    que é suposto ser uma cabeça de cavalo pertencente a um estátua do imperador Augusto!
    Como tem um grande detalhe, o Calisto acha que poderia ser um cavalo lusitano?

    Obrigado!

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  2. Caro Da Maia,
    “A propósito recordarei o que se passou quando Colombo recrutou o núcleo hípico que levou para a Hispaníola e do qual derivaram os cavalos de S. Domingos, de Cuba e, mais tarde, os da Flórida e do México, por um lado, os do Perú, do Chile, da Argentina, do Paraguai, etc., por outro.
    Colombo tinha adquirido cavalos andaluzes de marca e bom quilate para levar para a Amércia; mais ainda, tinha-os examinado antes de os embarcarem, mas no último momento trocaram-lhos por outros mais pequenos oriundos das marismas do Guadalquivir, com o que muito se arreliou o Almirante. Contudo, em vez de prejuízo, foi um bem esta troca, porque foram assim levados para a América cavalos muito mais rústicos e resistentes e mais adequados para se desenvolveram no completo abandono em que aí ficaram.” (O cavalo do Sorraia, Ruy D’Andrade, separata do Boletim Pecuário, XIII, 3,Lx. 1945).
    Existem estudos recentes que comprovam a ligação entre as duas raças. Presumo que venha daqui a relação com o Mustang (e outras raças),referidas no artigo que mencionou.

    A segunda questão, não lhe posso responder. Apesar de não ser nunhum especialista na matéria, compreenderá que existem um conjunto de características físicas que podem ajudar a identificar o cavalo penínsular (forma da cabeça, pescoço, inserção do pescoço, tamanho, etc) e na fotografia do artigo é difícil afirmar se o cavalo é ou não Ibérico (provavelmente sim).

    Com os melhores cumprimentos,

    Calisto

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  3. Do SOrraia e do Lusitano encontram-se genes em quase todos os outros, no inverso genético não se encontra nenhum outro (pelo menos até agora aferido). O que deixa uma hipótese no ar.
    O Cão d'Água Português também é interessante de estudar, e, é semelhante ao cavalo pelo menos em que todos os cães de água no mundo têm genes do Português, mas o inverso não se verifica.

    Dos mais globais viajantes é rápido entender como se moveram mesmo não tendo pernas, árvores e plantas foram/são transportadas pelas aves ou insectos e daí existirem nos sítios mais recônditos e inusitados, agora um cavalo ou um cão só dá para irem de barco e não é por acaso que não existem elefantes na América (até ver).

    abcs e boas cavalgadas
    B

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    1. Ora aí está um ponto muito importante, e que eu desconhecia.
      É uma boa hipótese, pensar que de entre os diversos tipos de cavalos, aqueles que mais se adaptavam à montada pudessem ser os lusitanos... e daí terem sido sucessivamente transportados e cruzados para outras partes do mundo.
      Isso implicaria uma influência que se estenderia na Eurásia partindo de um centro ibérico.
      É uma hipótese interessante, e que de alguma forma segue também na linha do que aqui vi sobre as cabras domésticas.
      O haplogrupo caprino também parece poder ter origem na zona ibérica.

      Esses estudos genéticos de migrações sobre os animais domésticos - cães, gatos, cavalos, cabras, burros, etc... podem bem ter muito que revelar, mas para isso era bom que os resultados pudessem ser publicados sem terem que verificar a história oficial. Actualmente é muito difícil publicar algo que contradiga a versão oficial dos acontecimentos. Se falhar, admite-se que é o estudo que tem erro, e nunca que é a história que está mal contada - como é claro!

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    2. Ainda há um outro cavalo nacional também ele 'misterioso', o Garrano, mas ainda não se descodificou de onde surgiu.
      O Cão de Água Português, conserva a sua genética, é infalível, mais nenhum outro cão tem barbatanas nem um sistema de respiração que lhe permita nadar ou mergulhar sem 'meter' água.

      abcs
      B

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    3. Sempre achei piada a termos o B.O., como cão de água, na Casa Branca... sendo as iniciais de Barack Obama - não sei é se o personagem acha piada ao papel que lhe deram para representar.

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    4. Está tudo bem guardado :-)
      O BO não tem o perfil do típico CdP, embora seja mais fashion.
      O CdP é o único que não causa alergias, daí ter sido o escolhido pela família da Casa Branca...lol

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  4. Isto de quererem dar ovos de Colombo como explicação para tudo o que originalmente veio ou foi para a América é como a do estória do papai Noel, vão ver o ADN do cão selvagem da Austrália e podem ter surpresas...
    e se querem pôr um americano em ponto de caramelo é dizerem-lhe que os cavalos selvagens da ilha da areia do Canada não são nada parecidos com os do Colombo!

    O desenho mais antigo do Lusitano está digitalizado e disponível no arquivo da torre do tombo, pena para quem quer união ibérica tem que ir buscar outro argumento pois o cavalo Lusitano é originário das planícies circundantes de Castelo de Vide mas do lado português.

    Já haviam cavalos na América do Norte antes de Colombo !!!
    E carrinhos com 2 eixos e 4 rodas para as crianças brincarem !!! Estão nos museus e os cavalos ainda andam à solta na Ilha Sable / Nova Escócia:
    “Na ilha existem cerca de 250 cavalos ferais, de raça pequena tipo garrano, resultantes, ao que parece, de cavalos de origem do Norte de Portugal, região da qual o seu primeiro descobridor europeu fazia parte”

    José Manuel CH-GE

    P. S.

    O cão leão, cão de água português, veio das estepes siberianas para o Algarve na retro migração dos celtas do ocidente, o ADN aponta para esta hipótese, bem pode ter partido com eles e voltado, afinal os celtas não são originários da Suíça mas sim de Portugal.

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    1. Caro José Manuel,
      sobre os cavalos do Sorraia, reparei agora num texto sobre Matusarém, que seria Ponte de Sor, onde haveria uma gigantesca ponte romana no caminho para Mérida.
      http://alvor-silves.blogspot.pt/2010/10/matusalem-e-santarem.html

      Ao que parece ainda havia vestígios da ponte no tempo de Francisco de Holanda, que também fala de vestígios de uma ponte sobre o Tejo próximo de Abrantes. Tudo isso desapareceu, como é habitual.

      Bom, mas interessa que a região do Sorraia - que resulta da junção da ribeira de Sor com a ribeira de Raia - Sorraia = Sor+Raia, remete para um caminho romano frequentado, invocando um nome bastante antigo, e esses cavalos autóctones certamente que não lhes teriam passado despercebidos.

      Quanto aos cavalos da Ilha do Sable, fui ver o artigo a que remete a wikipedia, afirmando que não se tratam de cavalos hispânicos.
      ... were introduced by 16th-century Portuguese explorers, this is not supported by historical or genetic evidence.
      http://jhered.oxfordjournals.org/content/98/6/594.full

      Este é o típico artigo enviesado... pegaram nalgumas raças de cavalos - todas espanholas, nenhuma portuguesa - e disseram que os cavalos que lá estavam não tinham esses traços de DNA. Portanto, apesar de no estudo usarem apenas 5 dos 18 tipos de cavalos ibéricos, concluem alegremente que "não há evidência genética".

      É claro que há toda a intenção de distorcer as coisas, e evitar admitir a presença portuguesa no Canadá, que era óbvia, bem antes de Colombo... e Colombo nem sequer pôs os pés, nem os cavalos, na América do Norte.

      Abraços.

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  5. Sobre o cavalo lusitano:

    https://www.rtp.pt/programa/tv/p33911/e22

    https://www.rtp.pt/play/p3373/e315633/visita-guiada

    Ab

    JR

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