Alvor-Silves

domingo, 12 de dezembro de 2010

Os dois Reis Magnos

Alexandre Magno e Carlos Magno tornaram-se figuras incontornáveis na historiografia internacional, tendo sido executores de impérios que se prolongaram na memória até hoje. Em ambos os casos, os grandes impérios que instauraram terminaram após a sua morte, subdividindo-se em vários estados que, apesar dessa divisão, mantiveram o legado civilizacional que transportavam. 
Batalha de Poitiers (732), Carlos Martel derrota a invasão muçulmana,
o seu neto, Carlos Magno será o primeiro Sacro Imperador.

De Alexandre segue uma herança cultural grega a que os próprios romanos se submeteram, e a partir de Carlos Magno, o primeiro imperador do Sacro Império Romano, a Europa definiu-se como uma grande aliança cultural de estados, independentemente das guerras internas entre os reinos independentes. 
A designação "Magno" envolve duas revoluções que mais do que conquistas territoriais, foram revoluções educacionais, formadoras de carácter e mentalidades. Nenhum é fundador dinástico... são antes filhos de conquistadores - Alexandre III é filho de Filipe II da Macedónia, Carlos é filho de Pepino o Breve e neto de Carlos Martel.
A influência de Carlos Magno é tal sobre a nobreza, que as genealogias procuravam (procuram, ainda hoje...) estabelecer a ramificação sanguínea que levava apenas e só até Carlos Magno.
As cortes europeias transformaram-se no resultado da grande prole de Charlemagne... cujo maior feito teria sido conseguido submeter a Saxónia, que tinha escapado aos imperadores romanos, como Augusto ou Marco Aurélio.

O final desta hegemonia singular da aristocracia acaba por definir-se no Tratado de Vestfália, na Deutsche Welle, que pulverizará a Alemanha em centenas de pequenos estados/principados. O Sacro Império Germânico dissolve-se e a França emerge como grande potência europeia, numa altura em que a Inglaterra estava submersa na sua guerra civil interna (e posta à parte da realeza, com a "república" de Cromwell).
Triunfo da paz (Vestfália, 1648)

A derrota dos Habsburgos, para a qual foi decisivo o empenho de Richelieu, e de Gustavo II da Suécia, estabeleceu o fim da influência papal, e a derrota da supremacia espanhola.
Morte de Gustavo II na batalha de Lutzen

É já no contexto de uma Europa de estados-nação, ligados para além da consaguinidade da realeza, que Napoleão surge como uma ameaça a Vestfália... surgindo notícias da coligação de Vestfália contra o Corso. É neste contexto que a Vestfália do Cardeal Richelieu perdurará e será solidificada, sem que a França sofra pela audácia do "corso". A Inglaterra emergirá como potência singular, e caberá à Rainha Victoria levar a glória concedida no Victoria's Secret (que talvez incluisse o genocídio dos "aborígenes" da Tasmânia).

Uma Europa mais forte sobreviverá a Napoleão, tal como uma Roma mais forte sobreviveu a César...
Apesar de serem honrados como generais, nenhum foi Magno... nenhum foi definido como promotor de uma revolução cultural. A ambivalência europeia conviveu posteriormente entre a linha absolutista de Metternich e a contaminação liberal que se propagara nos ideais da revolução francesa, mas a cumplicidade já estava definida para estabelecer uma ordem mundial no Congresso de Viena... impassível mesmo perante o breve ressurgimento de Napoleão no palco europeu.
Congresso de Viena (1815). Wellington sairá para derrotar Napoleão em Waterloo... uma formalidade!

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