Alvor-Silves

domingo, 20 de janeiro de 2019

Sob o signo de Aquário

Começamos este signo de Aquário com o primeiro eclipse lunar que presenciei, por completo, e por mero acaso. Estava simplesmente na varanda, e a Lua começou a ser comida pela penumbra da Terra... é um fenómeno engraçado, vale a pena ser visto uma vez, mas não justifica ficar acordado.

Tinha começado este postal antes, e por isso o eclipse veio a propósito.
Basicamente tinha recolhido uma série de imagens de horóscopos, que remontam a tempos romanos, e que não tiveram praticamente nenhuma alteração, desde então.

Horóscopo com Apolo e a quadriga solar (Bonn RLM 67)

Se até aqui não falei sobre esta tradição astrológica, não é porque não lhe ache interesse, é apenas porque não retirei nenhuma conclusão que seja minimamente objectiva.
Como é óbvio, o nome das constelações nada tem a ver com o aspecto que as estrelas tomam no céu... no máximo isso poderia ser aplicável à Ursa Maior que é também conhecida como "Caçarola", e esse é o desenho mais significativo que pode ser visto por essas 6 estrelas brilhantes.

Assim, os nomes dos signos, que também se ligam a essas constelações, também nada têm a ver com qualquer desenho estelar. No entanto, como é claro, há uma tradição milenar que não deve ser negligenciada. A sua origem mais remota é colocada em 18 signos da Babilónia, a partir do compêndio MUL.APIN, que também começaria com o equinócio da Primavera, mas ao que parece, na Idade do Bronze, isso corresponderia ao nascimento das Pleiades no horizonte, ou seja, o primeiro signo seria Touro e não Aries. É previsto que esta mudança do signo do equinócio demore mais de 2 mil anos, pelo que a "era de Aquário", tão popular nos Anos 60, pela comunidade hippie, ou pelas suas remniscências New Age, falta-lhe muito para chegar!

Tratando-se essencialmente de um fenómeno social, definido por antigos astrólogos, e passado religiosamente aos seguintes, há aí um ponto comum de tradição ancestral que poderia significar algo. Mas o quê? Concretamente, há alguma razão significativa para a escolha de umas noções, ou palavras, e não de outras? Se pode fazer algum sentido a sequência Aquário-Peixes, já parece mais esquisita seguir com Carneiro e Touro, ou depois com Gémeos e Caranguejo... as noções são suficientemente díspares, para reterem algum espanto se quisermos dar a isso algum sentido racional, que parecem não ter.

Ainda pensei ver nesta lista uma lista de possíveis perigos humanitários, ou ciclos históricos que teriam ocorrido. No entanto, tudo parece demasiado frágil para se poder suster com alguma clareza e nexo. Deixo o exemplo de perigos, para que se entenda:

(i) Aquário - o perigo seria construir, ou isolar-se uma comunidade, por completo.
(ii) Peixes - neste caso, seria entendível o perigo de morder o anzol, para fora de pé.
(iii) Carneiro - mais ligado aos arietes, uma obstinação numa ideia até partir a cabeça.
(iv) Touro - uma investida em alvos de curta distância, perdendo visão do redor.
(v) Gémeos - tudo o que pode ser feito por um grupo, pode ser replicado por outro.
(vi) Caranguejo - a regressão, um caminho que sob aparência de avançar, remete a erros passados.
(vii) Leão - a ilusão de um domínio aparente, imposto sob medo.
(viii) Virgem - uma pretensa virtude impoluta, que pode ser também estagnação.
(ix) Balança - de novo o perigo de monotonia por excessiva tentativa de equilíbrio.
(x) Escorpião - o óbvio perigo do veneno que pode resultar de pisar indiscriminadamente.
(xi) Sagitário - pretender almejar alvos em movimento, deixa-nos colados à montada.
(xii) Capricórnio - outro perigo híbrido, entre uma virtude e uma obstinação.

Por outro lado, esta sequência poderia ainda representar épocas humanas, ou épocas mitológicas, correspondentes a períodos históricos bem específicos, mas isso torna ainda mais complicado fazer uma associação que não seja meramente uma especulação arbitrária. De facto, não consegui dos signos astrológicos retirar nada de muito concreto ou meramente assinalável.

Sem comentários:

Enviar um comentário