Alvor-Silves

quarta-feira, 25 de outubro de 2017

Entre Tancos e Punhete

João Bautista de Castro, refere no seu "Mappa de Portugal, Antigo e Moderno" (Volume III, de 1763) que:
"Entre Tancos e Punhete passa o rio Zêzere que tem barca sempre de verão e de inverno."

Em 1836, com a vitória de D. Maria II nas guerras liberais, a notável vila de Punhete muda de nome, ao que consta a pedido dos habitantes, por ordem da rainha e Passos Manuel, pugnando como novo nome "Constância". Aliás João Bautista de Castro ainda acrescenta sobre o rio Zêzere.
Vai finalmente acabar em Punhete, mergulhando-se no Tejo com tanto impeto , que na distancia de mil e quinhentos passos ainda conserva a mesma cor azul , e sabor doce das suas águas, como bem advertem Resende, e outros.

Em 2003, quando as "armas de destruição em massa" estavam no ponto, a ferver, com suspeitas de que Saddam quisesse volatilizar o mundo com uma panela de pressão (panela ironicamente epitetada como "arma de destruição em massa", no atentado da maratona de Boston em 2013), havia quem estivesse a favor da invasão do Iraque (por exemplo, Pacheco Pereira), mas também havia quem estivesse contra...
Um desses comentadores era Azeredo Lopes, de que podemos ainda ler uma entrevista ao Público (31/03/2003):

... e este título resulta desta afirmação que Azeredo Lopes, agora Ministro da Defesa, fez à época:
«É enfim o que chamo de forma um pouco irónica uma espécie de intervenção baseada na bola de cristal. Isto é, os EUA decidiram, pela sua análise, que algures no futuro, não sabem quando, é inevitável que o regime iraquiano venha a conspirar contra o Ocidente e a servir-se ou transmitir as suas armas de destruição em massa a grupos que depois vão exercer acções contra o Ocidente. »
Independentemente de outros canhões que Saddam Hussein pudesse querer apontar aos céus, com o seu Projecto Babilónia, baseado num projecto HARP (e não HAARP) de Gerald Bull, só quem se cegue, seguia credulamente a manipulação da CIA, que permitiu a G. W. Bush invadir o Iraque, e a Durão Barroso, passar de garçon do chá nos Açores, para garçon de Bruxelas, seguindo a máxima - "que se segue, quem se cegue".

Como não soube de nenhuma conversão de Azeredo Lopes ao completo "ceguidismo", foi surpresa ser chamado pela geringonça para Ministro da Defesa, mas digamos que já não será surpresa que se pretenda arranjar uma panela de pressão, para que saia.
Essa pressão foi mais veemente com o roubo de armas em Tancos, ocorrido em 27 de Junho, quando a polícia se apressou a concluir, na semana seguinte, que as armas estariam já fora do país. Essa previsão sofreu uma pequena dificuldade na narrativa idealizada, quando na semana passada, em 18 de Outubro, as armas apareceram num terreno da Chamusca, não muito longe de Tancos.
Como o desaparecimento ocorre no rescaldo do incêndio em Pedrogão a 18 de Junho, e o aparecimento poucos dias depois dos incêndios de 15 de Outubro, ainda por cima na Chamusca, concelho que tinha reeleito Paulo Queimado como autarca, surgiram comentários sobre o humor negro da "coincidência" funesta.


No entanto, as armas surgiram por denúncia anónima, e não por investigação policial, que as já dera como perdidas no estrangeiro. Portanto, um completo sucesso policial, como se vê, enquanto o ministro padeceu do gozo cortês de ter admitido, por absurdo, que as armas nem tivessem sido roubadas.


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