Alvor-Silves

quarta-feira, 5 de agosto de 2015

dos Comentários (15) - Tempo de Tomar a Nuremberga

Observando um quadro de um homem, pintando por Van Oostsanen em 1518, reparamos que segura um pequeno objecto:
Retrato de J. Gerritz, por J. Van Oostsanen (1518) [daqui]
Esse objecto é visto em várias pinturas medievais e renascentistas, e foi bastante usado pela realeza à época da dinastia Tudor. Trata-se de um dispositivo com perfume, conhecido como "pomander", uma concatenação francesa de "pomme-de-ambre" (pomo de âmbar, mais laranja que maçã), que servia para se substituir aos maus cheiros de uma época em que cuidados de higiene não abundavam.

 
Occitane Vanilla Pomander (à esquerda), e simples pomander artesanal, feito de laranja com cravos (à direita)


Fez o José Manuel referência ao Pomander de Nuremberga, considerado o primeiro relógio (não fixo), construído por Peter Henlein em 1505 em Nuremberga.
Relógio Pomander de 1505, feito por Peter Henlein.
... ver o link ...
http://quillandpad.com/2014/12/15/the-worlds-oldest-watch-a-peter-henlein-mystery-from-1505-solved/
Antes de entrar em detalhes sobre este relógio, convirá notar que não se tratava de caso único, sendo conhecidos "Ovo de Nuremberga" e o "Melanchthon" - havendo uma página dedicada ao assunto
onde aparecem outros dois, com os nomes Qatar 1 e Qatar 2.
Isto interessa porque os perfumes vinham do Oriente, neste tipo de recepientes, para serem consumidos na Europa. Como já abordámos aqui a tradição árabe em produzir mecanismos:
nomeadamente os mecanismos de Al Muradi (Séc. X), que incluíam relógios complexos, e esquecendo por instantes o caso do mecanismo mais antigo de Antícitera (Séc. I)... poderemos suspeitar que estes Meca-nismos viessem inicialmente das paragens de Meca. 
Uns poderiam comprá-los como simples recipientes caros para perfumes, mas outros, num grupo mais restrito, teriam o faro mais apurado, e receberiam preciosos mecanismos de relojoaria. Sem inspecção mais cuidada, seriam semelhantes para o observador exterior. O fabrico deste pomander parece ser, no entanto, alemão, como veremos.

Vem isto a propósito da menção do José Manuel ao mecanismo do relógio do Convento de Cristo, em Tomar.., que serve de contraponto gigantesco, quando comparado com os relógios Pomander, sendo ambos atribuídos ao Séc. XVI.
Mecanismo de relógio no Convento de Cristo em Tomar (foto JM)
Os relógios associados às igrejas tinham esta grande dimensão, e de certa forma este não será muito diferente do relógio existente na Catedral de Salisbury... com a diferença de que este mecanismo faria mais sentido ser datado para o Séc. XIV e não XVI.


Microprecisão
Voltando ao pomander de Henlein, criado em 1505, o que acabou por se revelar surpreendente foi a sua inspecção ao microscópio! Se produzir peças para um relógio tão pequeno já é um prodígio na Renascença, mais surpreendente foram as inscrições encontradas nas suas peças, com as inicias PH remetidas ao criador Peter Henlein, mas com dimensões muito inferiores a 1 mm.

Comparado com um fósforo aparece a peça (1ª figura) onde foram encontradas inscrições PH (2ª figura)
Ver vídeo sobre o assunto aqui:
https://www.youtube.com/watch?t=68&v=Sivfd7jdn7U
Como se não bastasse, e a menos que consideremos um caso de pareidolia, de sugestão de face numa forma natural, diz-se que o microscópio revelou também rostos, entre os quais este:
Rosto encontrado ao microscópio, segundo o site Quill & Pad.
E assim, se já era questionável a capacidade de fazer uma inscrição numa peça com menos de 1mm de espessura, a presença de um rosto quase fotográfico, quando comparado com os toscos desenhos que decoravam a caixa, poderia requerer a presença de um "teórico dos deuses-astronautas" a falar de ETs, a menos que seja uma notável coincidência num caso de pareidolia.

No entanto, convém não esquecer o caso do minúsculo relógio encontrado num túmulo Ming fechado durante 400 anos, caso que já tinhamos referido:

... mas que assim se torna mais verosímil de cair na hipótese de construção do Séc. XVII, ao contrário do que se julgava possível.

Se o Ovo de Nuremberga tinha a surpresa lá dentro, só vem na linha de confirmar a ocultação sistemática de uma maior tecnologia a toda a população, e só acessível a um "clube restrito".
Ainda dentro dessa linha dos "ovos com surpresa", não tanto ao estilo dos "ovos Kinder", e mais ao estilo dos "ovos Fabergé", perceberemos como a Páscoa de uns foi razoavelmente diferente da Páscoa dos outros.
Não é preciso ir buscar nenhuns ET's para explicar isto, basta compreender a perversidade de certa natureza, mais ou menos humana, e admitir que a humanidade não acordou para a tecnologia só nos últimos 150 anos, quando decidiu passar das carroças para os foguetões. Esta capacidade esteve presente há muitos milénios, mas não foi dada como presente por via de um passado condicionador do futuro. O ligeiro detalhe que não estava escrito em nenhum ovo, é que os presentes do passado teriam essa conta passada escrita no futuro... e sobre isso, não haverá volta a dar-lhe, é pena.

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