Alvor-Silves

sexta-feira, 7 de novembro de 2014

dos Comentários (12) - Crux

Em comentário da Maria da Fonte, somos informados do desaparecimento de Joaquim Paulo Cruz.

Quem era Paulo Cruz? - O link com que nos visitava, constante do Google+ apresentava uma imagem diferente da que fomos agora encontrar no seu facebook.
Nunca conheci o Joaquim, conheci apenas o Paulo Cruz que assinava com o bonequinho azul. Como arriscamos a que as imagens desapareçam, com eventual fecho das contas, ficam aqui para memória.
Paulo Cruz fez parte da história deste blog, por exemplo esta série "dos comentários" começou com um comentário seu:

Há um ano atrás (19 de Outubro) o Paulo Cruz começou uma série de muitos comentários que aqui deixou. Repito aqui aquilo que deixei em comentário:
A participação de Paulo Cruz neste blog teve aspectos provocatórios, fortemente contraditórios, entre outros qualificativos que dispenso. Apesar disso, foi sempre recebido com tolerância e até com bastante amizade. Isso não impediu que tivesse recebido fortes críticas, e até tivéssemos duvidado se seria pessoa ou personagem inventado. A dúvida entre saber, se era um jovem perturbado, ou um perturbador jovem, era legítima, mas sempre foi tratado com o benefício da dúvida.
Porquê? Porque era mais importante salvaguardar a compreensão a um jovem perturbado do que a resposta devida a um perturbador jovial. Foi por isso mesmo que despendi algum tempo com ele, e tive paciência de santo para muitas das suas insistências, nomeadamente em inundar os comentários com inúmeros links de filmes de horas e horas, que queria que víssemos e comentássemos.
Por isso, ainda que tivesse fortes aspectos de brincadeira, preferi entender a figura de Paulo Cruz como adaptando-se a um jovem perturbado pelas múltiplas informações onde se perdia. Nesse sentido dei-lhe inúmeras coisas para ele ler que ele nunca leu ou fez menção disso. Interessava-lhe mais que o lêssemos, que lhe déssemos razão, do que procurar ler o que escrevíamos ou respondíamos. E é claro que, por uma simples questão de honestidade, creio ser claro que não dou razão a ninguém só para "fazer um jeito". Não vejo na desonestidade simpática solução para coisa alguma.
Se este era um lado do Paulo, outro era este:
Já alguns dias que não passo por cá. Já estou com saudades vossas, de si, do José Manuel e do Sid. Peço desculpa a todos de algo que possa ter dito... Eu não sou estúpido e tenho cabeça para pensar, ando farto de trafulhices e primo pela clareza. Ao longo da minha vida tenho procurado a verdade e já estive mais longe dela do que estou actualmente. (...)
A sociedade é ensinada e treinada a ignorar e desconfiar de pessoas como o Paulo. 
Numa sociedade farsante, tudo pode ser simples farsa, e não é fácil distinguir o genuíno da fraude, especialmente num espaço tão anónimo como a internet, onde cada um pode assumir várias identidades, fazendo-as aparecer ou desaparecer a seu belo prazer.
Por isso, era fácil tomar o Paulo apenas como aquilo que ele foi para nós - um conjunto de comentários, mais ou menos caóticos. Porém, mesmo em circunstâncias tão dúbias, temos uma capacidade de empatia, e é difícil deixar de considerar a hipótese de haver uma pessoa assim, capaz de tantas instabilidades e incoerências. Foi nesse sentido que, apesar das desconfianças naturais, nunca deixei de considerar a hipótese de haver um Joaquim atrás do Paulo Cruz... e era muito mais fácil proceder de outra forma, olhando apenas para o seu bonequinho azul.

Em ambas as páginas que consultei, o Paulo deixava uma ligação à sobrinha, que certamente muito estimava, e daí julgo ter percebido que estaria bastante doente já em Setembro. 
O "Crux" que coloquei está nessa ligação familiar, e não sei se o Paulo sabia ou não que "crux" é literariamente um termo de ambiguidade, difícil ou impossível de determinar. 

No texto Inevitabilidade (1) fui encontrar este comentário dele:
Caríssimo e amigo José, fico-lhe agradecido pelas diversas advertências. Vocês não me conhecem e, acreditem ou não, eu não tenho medo da morte. "A vida é um momento de férias que a morte nos concede"... todo o homem/mulher esta morto logo a nascença, cabe-nos procurar as coisas dos céus, o Cristo, e se ele tiver misericórdia concede-nos a vida eterna. Com isto termino, se vos aparecerem e ao mundo, não tenham medo deles, eles são os anjos que as pinturas, que para ai andam, mostram que tem asinhas...essa é a fraude, juntamente com a fraude milenar... Eu e vós, penso, somos os Atlantes!
... e como as coincidências são o que são, a Maria da Fonte colocou esta notícia no último texto, que era referente a um comentário do José sobre a Atlântida.

Como aqui não estamos no mundo do facebook, onde só existe o presente e os presentes, e como Paulo Cruz já não está connosco neste presente, estas palavras da Maria da Fonte surgem como as mais apropriadas:
Os miúdos como o Paulo, não deviam morrer assim, tão novos.
É demasiado injusto.
Tenho tanta pena... 
Até um dia destes, meu caro Paulo!

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