Alvor-Silves

segunda-feira, 28 de julho de 2014

Cem anos

As razões para a 1ª Grande Guerra são normalmente ligadas ao assassinato do herdeiro do trono Austro-Húngaro, Franz Ferdinand(*) por um nacionalista sérvio, mas a guerra que se iria travar entre a Sérvia e a Áustria, em 28 de Julho de 1914, dificilmente teria consequências globais apenas por isso. 
Uns dias depois a Rússia, aliada Sérvia, declara guerra, a que responde a Alemanha, e em menos de uma semana, estão envolvidas a França e a Inglaterra, por alianças declaradas.

Encontrar uma causa ou dizer que se trata de uma soma de vários factores, é só parcialmente informativo.

A ideia de uma causa estruturada, e que basicamente se resume à disputa de hegemonia entre Alemanha e Inglaterra, é mal vista, e até nalguns casos, alargando-se o seu âmbito, passa por "teoria da conspiração". Prefere-se assim algo mais politicamente correcto - distribuir culpas por diversas causas, respeitando as razões dos vencedores fora de um plano hegemónico global de longa data e extensão até ao presente. 
No entanto, convém lembrar o nexo estabelecido por Engdahl em "A Century of War", que neste ponto aponta para o abastecimento petrolífero alemão, pela via férrea Berlim-Istambul-Bagdade.
A via começou a ser construída em 1903, e em 1904 a França e a Inglaterra estabeleciam a Cordiale Entente, como oposição ao crescimento alemão.

Assim, se podemos ver a crise começar na vontade independentista da Sérvia face à Áustria, com a chamada "Guerra dos Porcos"... um problema de tentativa de independência económica sérvia, apoiada pelos franceses (1906-08), a crise dos Balcãs seria apenas um dos vários pontos de tensão, tal como o foram as crises marroquinas, pelo apoio alemão à independência de Marrocos face à França.

Desde a vitória de Waterloo, em 1815, a França abdicara de combater a única potência de cariz global - a Inglaterra... mas da reunificação alemã-prussiana surgira outro pretendente a essa hegemonia mundial - a Alemanha de Bismarck, que infligira em 1870 uma pesada derrota à França.

A 1ª Guerra seria o conflito europeu global que sucedia quase 100 anos após o término do outro - levado por Napoleão. A diferença de posições é que a Alemanha que se substituía à França. Do outro lado, estavam ainda a Rússia e a Inglaterra, como aliadas... situação que se vai repetir na 2ª Guerra.

Portanto, o poderio inglês foi desafiado primeiro pela França de Napoleão, e cem anos depois pela Alemanha, em duas guerras mundiais. Ora, desde a Guerra dos Cem Anos que a França era rival de eleição da Inglaterra, e só perdeu esse estatuto com a derrota napoleónica, entrando-se num período de paz relativa, cimentada por vários tratados de partilha das colónias.

No entanto, este equilíbrio do Séc. XIX parecia algo instável, e foi desafiado no Séc. XX, com o renascer de movimentos nacionalistas. O nacionalismo foi sempre visto como a maior ameaça ao imperalismo. O imperialismo é uma conformação à pax imperial, e o nacionalismo é visto como motivação imediata para disputas territoriais, e um constante confronto das nações.
Porém, ou a pax imperial satisfaz as nações, ou estas irão gerar movimentos que a questionarão.

A 1ª Guerra Mundial é ainda a primeira guerra tecnológica, e isso é importante.
Ou seja, de alguma forma poderia ser questionado se um domínio maior da técnica criaria uma vantagem tal que esmagasse os adversários rapidamente. Antes as guerras viviam mais de estratégia com armas algo convencionais. 
É na 1ª Guerra Mundial que passam à acção todo o tipo de invenções:
- submarinos, aviões, tanques, guerra química, etc...
Curiosamente, se um lado aparecia com uma invenção, ela nunca era suficientemente decisiva, e o opositor tinha tempo de desenvolver algo semelhante, ou mais eficaz.

O tempo de interlúdio dos anos 1930 foi algo diferente, porque o secretismo nazi permitiu sofisticar o armamento, e aparecer logo em vantagem na Blitzkrieg da 2ª Guerra Mundial.

Assim, a 1ª Guerra Mundial é caracterizada por um estranho equilíbrio, que se saldava num número incontável de mortes, numa frente de batalha que mal mexia. O equilíbrio é tal que os EUA só entram na Guerra em Abril de 1917 para compensar a saída da Rússia em Março de 1917. Uma entrada antecipada dos EUA teria decidido o evento mais rapidamente, quando o afundamento do Lusitania em 1915 teria servido o pretexto, na morte de civis americanos.
Lusitania - afundado por um submarino alemão em 1915

Curiosamente, o Lusitania será ainda usado como pretexto de entrada em guerra pelos EUA, mas com dois anos de atraso...

No uso da guerra química, podemos ver uma característica típica dos beligerantes.
Havia tratados que impediam o uso de armas químicas, na forma de projéctil. A Alemanha para não ser acusada de quebrar o acordo, decide mesmo assim libertar químicos, mas aproveitando os ventos... 
A certa altura, quebrada a restrição dos químicos, já se enviavam mesmo os projécteis.
A atitude é muito diferente, porque no lado anglo-saxónico deu-se valor ao espírito da lei, enquanto o lado alemão foi-se à sua letra... isto é recorrente, em várias circunstâncias.

Interessa talvez mais notar que o grande resultado da 1ª Guerra Mundial foi ver que a tecnologia não seria exclusivo de uma parte, e não iria alterar tão dramaticamente o resultado do confronto.
Agora, é claro que após as duas Guerras Mundiais, a paz obtida foi ainda assim intermitente, mantêm-se questões insanáveis, prontas a servir de desculpa para novas aventuras. De um lado, porque não se quer ficar inferior, do outro lado porque não se quer perder a superioridade... e esse medo é o principal rastilho para criar razões de "ataques preventivos".

_____________
(*)... que curiosamente, é também nome de banda.

13 comentários:

  1. E sobre a participação de Portugal nesta guerra e respectivas consequências (onde muitos dos nossos antepassados recentes morreram) parece ser ainda um tema tabu ou pelo menos ainda é algo pouco falado e discutido. E eu diria até que esse tabu se repercute em relação a todo o período da I República...
    E agora que já passaram 100 anos lá vão aparecendo obras e artigos com uma visão mais imparcial.. (digamos assim)
    Deixo aqui um link do Jornal Público..
    http://www.publico.pt/primeira-grande-guerra
    E quanto às causas deste grande conflito, deixo aqui outro link que me parece ser interessante... e de leitura rápida
    http://espectadorinteressado.blogspot.pt/2014/07/a-grande-guerra-1914-1918-actualidade.html#more


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    1. Obrigado, Amélia.
      A divisão colonial era um assunto que preocupava Portugal... a Espanha, por exemplo, já estava só reduzida à Guiné Equatorial !
      Assim, com o problema de manter grandes territórios, dadas as pretensões de Bismarck, é Portugal que pede a Conferência de Berlim:
      https://en.wikipedia.org/wiki/Berlin_Conference
      ... porque a Alemanha crescia e tendo ficado fora do bolo colonial, iria desafiar quem tinha - Portugal quis resolver isso diplomaticamente, e apanhou depois com a negação ao seu mapa cor-de-rosa, porque os ingleses não acharam piada à investida diplomática, e tinham os seus próprios planos.

      Assim, a entrada portuguesa é simbólica, para não ver a parte ultramarina desprotegida a ataque pela Alemanha, ou ainda porque não saberia como iria ser a divisão inglesa e francesa, se ficasse de fora.
      Tudo uma questão de interesses na partilha de África... a maioria do território africano estava sob controlo inglês e francês, e os alemães conseguiram alguma parte, mas acabaram por ceder outra.
      Por exemplo, deram o controlo sobre o Quénia, para recuperar Heligoland, uma pequena ilha que os ingleses detinham na sua costa, e que servia um controlo da marinha alemã.
      Assim, os alemães ficaram reduzidos aos Camarões e à Namíbia - e pelo desinteressante deserto da Namíbia ameaçavam Angola.

      Sobre o texto de Doug Bandow, tem razão no aspecto em que a instabilidade tinha passado para territórios diferentes, e a estabilidade geral parecia jogar-se no aguentar da pressão dessa instabilidade local. Mas o problema sérvio foi mais um pretexto.
      O assassino de Franz Ferdinand foi a borboleta que lançou o caos, ou o gatilho que disparou a arma, mas a instabilidade resultava da disputa de hegemonias globais.

      Vi uma versão segundo a qual a Inglaterra tinha-se abstido de deixar a França ser invadida pela Prússia em 1870, porque houve uma manobra subtil de Bismarck... Ou seja, Bismarck teria inquirido a França sobre uma resposta às pretensões alemãs de anexar a Áustria. A resposta francesa teria sido - "ok, mas nesse caso nós anexamos a Bélgica". Ora, a Rainha Vitória tinha ligações familiares aos reis belgas, e assim bastou a Bismarck revelar a resposta francesa, para que Vitória não tivesse movido uma palha.

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  2. Esta questão (assim como outras) tem pano para milhentas mangas... A entrada "simbólica" de Portugal neste conflito custou a vida a milhares de portugueses que mal preparados serviram literalmente de carne para canhão... nomeadamente em África e mais concretamente em Moçambique cujo rescaldo serviu para alimentar posteriormente os movimentos independentistas. Não esquecer igualmente que em Portugal o regime republicano estava a dar os seus primeiros passos e que existia a extrema necessidade de justificar o dito regime (que neste período foi tudo menos calmo e pacifico)...
    Espero que agora passados 100 anos seja possível ter um novo "olhar" sobre este período... principalmente em relação a Portugal.

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    1. Sim, tem razão, havia a Tanzania alemã que ameaçava a parte norte de Moçambique, pela fronteira do Niassa.
      O artigo do Público está muito bom.
      Lá está, seguindo o seu ídolo Marquês de Pombal, também Afonso Costa, reduziu o exército à penúria... porque tirando poder aos militares havia menos meios para as costumeiras guerras civis que assolaram a 1ª República.

      Curioso, e que não fazia ideia, é que mesmo assim, à época, Portugal tinha 3 submarinos... mais do que hoje!

      A diferença no resultado pode ser vista em termos do que restou da presença alemã na Tanzania, Namíbia, e Camarões... praticamente nada!
      Como salientei (numa resposta ao seu comentário - texto anterior), a influência cultural portuguesa em África é maioritariamente um legado do regime de Salazar. Antes disso, os "brancos" estavam-se nas tintas para os "pretos", e apenas estavam interessados na sua exploração e dos seus recursos... fazia parte da lógica colonial. E só mudou mais com o Estado Novo após a 2ª Guerra, devido ao novo paradigma internacional, onde emergiam novos estados independentes. Se não tivesse sido assim, o que teria hoje em Angola ou Moçambique seria talvez uma pequena comunidade que falava português, como em Malaca.
      Por isso, essa defesa do território não se pode dizer que tenha sido em vão culturalmente, como os alemães sabem.

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    2. Re: " A entrada "simbólica" de Portugal neste conflito custou a vida a milhares de portugueses que mal preparados serviram literalmente de carne para canhão..."

      Falso, foram equipados e treinados pelos britânicos e combateram ao seu lado com o mesmo mérito!

      Essa dos "militares portugueses mal preparados" na 1ª guerra mundial baladada pelo establishment maçónico sumiço à francesada já me enjoa, sempre houve a dita tropa macaca e a de elite e a portuguesa é melhor que a britânica, podia dar-lhe aqui provas com referências, mas não vale a pena, eu fiz tropa no BC5 em Lisboa e tive um cunhado ranger nos comandos sei o que é o exército, sff informasse melhor antes de menosprezar os militares portugueses!

      Um oficial português foi elogiado pelos alemães na 1ª guerra mundial pelo seu heroísmo em combate, conseguindo com a sua "má preparação" travar a ofensiva alemã dando tempo para as tropas aliadas recuarem, salvando assim milhares de vidas dos "bem preparados britânicos e franceses" !.

      Os caçadores especiais do BC5 não serviram de carne para canhão em África! os USA elogiaram o patrulhamento feito pelo exercito português com fracos recursos durante a guerra de independência em África, a recente vitória do MPLA sobre a UNITA só foi possível com logística e planificação dos militares portugueses.

      Recentemente um dos velhos submarinos portugueses "afundou" o porta-aviões navio almirante dos USA numa manobra da NATO, chegamos a ter 13 a operar...

      Se conseguimos ser independentes da Espanha não foi nem com a ajuda da "nossa senhora de qualquer coisa" nem com a dos ingleses, mas houve momentos em que perdemos batalhas porque queiramos ser outra coisa que portugueses, traidores sempre os houve, renegados.

      Também os há em todos os países, os tais " mal preparados serviram literalmente de carne para canhão...", só que são qualificados como heróis que deram a vida pelas suas pátrias... mesmo quando desertam:

      Qual o mistério guardado pelo submarino alemão U-963 afundado no final da 2ª Guerra Mundial ao largo da Nazaré? http://nazare-portugal.blogspot.ch/2008/06/qual-o-mistrio-guardado-pelo-submarino.html

      Cpts.
      José Manuel CH-GE

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    3. Caro José Manuel CH-GE ... em relação à I Grande Guerra (e não refiro-me às seguintes), agradeço então as suas referências, pois conheço quem estude em particular esse período e do que me deu a entender a preparação não foi efectivamente das melhores. Em relação aos homenageados, é famoso o caso do Soldado Milhões.
      Quanto à Maçonaria, relembro o contexto politico da altura - implantação recente da República - para a qual "o establishment maçónico sumiço à francesada" (e, já agora acrescento eu, inglesa) contribui muito activamente para esta modificação de regime.
      E não, não se trata de menosprezo nenhum, apenas comentei tendo como base a bibliografia existente (que não é muita no caso português quando comparada com as dos outros países onde inclusive até já se fala num certo revisionismo – por exemplo no caso da participação inglesa).

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    4. Foram 50 mil alemães contra 20 tugas em La Lys, não estavam mal preparados mas sim em fim de comissão em tempo de serem rendidos... os alemães sempre dispuseram de melhor e mais modernos equipamento que os restantes, sem a CEP (1) o "império português" teria sido desmantelado como foram o Otomano, Alemão e Austro-Húngaro, até o Brasil esteve para ser dividido por exigência alemã, foi contra vontade britânica que os portugueses entraram na guerra e a pedido da França. No Atlântico Norte houve batalha naval heróica contra submarino alemão um pequeno barco de pesca português armado em draga minas salvou a vida de 250 pessoas que iam para os Açores em navio mercante português, a participação portuguesa na primeira guerra mundial não se resume a La Lys como pode ler no "Corpo Expedicionário Português" na Wiki, e em outras fontes na net bem escondidas para que os portugueses continuem "pequenos pobres e mal preparados" eternamente!.

      Essa do "herói milhões" para mim é patética, o oficial que referi esse é de fonte alemã, heróico.

      Portugal em 74 mudou de loja maçónica, a francesa de estilo Gainsbourg - Je T'aime... Moi Non Plus atraía mais a mentalidade latina dos tugas, Lisboa passou a ser francesa no plano politico, popularmente afro brasileira.

      ( 1 ) http://pt.wikipedia.org/wiki/Corpo_Expedicion%C3%A1rio_Portugu%C3%AAs

      Cpts.
      José Manuel CH-GE


      " O objectivo do general Ludendorff no sector português consistia em atacar fortemente nos flancos do CEP, consciente que nesse caso os flancos das linhas portuguesa e britânica vizinha recuariam para o interior das suas zonas defensivas respectivas em vez de manterem uma frente coerente, abrindo assim uma larga passagem por onde a infantaria alemã se pudesse lançar. Coerente com essa táctica e para assegurar que os flancos do movimento alemão não ficassem desprotegidos, os estrategas alemães decidiram-se a simplesmente arrasar o sector português com a sua esmagadora superioridade em capacidade de fogo artilheiro (uma especialidade alemã), e deslocando para a ofensiva um grande número de efectivos como se explica acima, (nas palavras dos próprios: "Vamos abrir aqui um buraco e depois logo se vê!", o que também indicia o estado de espírito já desesperado do planeamento da ofensiva). Nestas condições, não surpreende a derrocada do CEP, que apesar de tudo resistiu como pôde atrasando o movimento alemão o suficiente para as reservas aliadas serem mobilizadas para tapar a brecha.
      Esta resistência é geralmente pouco valorizada em face da derrota, mas caso esta não se tivesse verificado a frente aliada na zona poderia ter sido envolvida por um movimento de cerco em ambos os flancos pelo exército alemão, o que levaria ao seu colapso. Trata-se de uma batalha com muitos mitos em volta a distorcerem a percepção do realmente passado nesse dia 9 de Abril de 1916."

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  3. Só mais uma achega aos 100 anos da Grande Guerra...
    Deixo aqui uma serie inglesa (dividida em 10 episódios) sobre os antecedentes que precipitaram este conflito.. A Queda da Casa de Habsburgo

    https://www.youtube.com/watch?v=lgiP15M-jZM&list=PL3FW6GnG58zAoo2R-2d22H8Hr16zx78h1

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    1. Um bom documentário, e já bem antigo, mais vendo o lado Austríaco.
      É sempre instrutivo ver as coisas uma perspectiva diferente, porque normalmente colocamos o contexto no ângulo por onde vemos, e não no contexto adversário... múltiplo e desconhecido.

      Por exemplo, no documentário aparece a importante Batalha de Solferino, que levou à criação da Cruz Vermelha, mas dificilmente veria o Franz Joseph a escrever cartas de amor à mulher, enquanto dirigia o exército na Itália.

      Raramente temos uma visão de contexto da história integral dos outros países, e isso torna limitada a própria interpretação da história de um. É muito fácil ouvir falar da história de Portugal, mas na maioria dos casos, até mesmo em licenciados, as pessoas não fazem quase nenhuma ideia do contexto em que estavam envolvidos os outros países. É fácil falar dos mouros como um todo, esquecendo as múltiplas divisões em reinos, igualmente rivais. Seria quase como se os árabes fizessem a história da Europa só falando em cristãos, como um todo.

      A questão dos Habsburgos foi bastante importante na história europeia, mas o seu fim de influência, e de império, foi mais consequência da vitória napoleónica em Austerlitz. Ainda que Metternich tenha procurado reavivar o império na Áustria, já não era o mesmo império, herdeiro do sacro-império.
      É interessante a observação de que o centro da língua germânica era Viena... hoje só pensamos em Berlim, de tal forma foi eficaz a reunificação de Bismarck.

      Porém, creio que os Habsburgos detiveram apenas um poder aparente. O poder mais alargado foi com Carlos V, mas de forma algo misteriosa ele foi forçado a dividir o império, e a abdicar na prática.
      A réstia de Habsburgos foi empurrada para a Áustria, e afastada da Europa ocidental. Em 1914 termina a última chama dessa dinastia, mas parece-me que já era uma chama muito pouco intensa.

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  4. O segredo do Lancastria
    Acabei de ver na TV que ainda está muita coisa debaixo de segredo sobre esta guerra mundial, este até 2040!: RMS Lancastria http://en.wikipedia.org/wiki/RMS_Lancastria

    Aparentemente só um navio português foi afundado:
    List of shipwrecks in 1940
    15 July
    Alpha (Portugal): World War II: The coaster was bombed and sunk in the Atlantic Ocean south west of Cornwall, United Kingdom (48°51′N 6°43′W) by Luftwaffe aircraft. All crew were rescued by HMS Bedouin, HMS Mashona and HMS Tartar (all Royal Navy)

    É impressionante o número de navios da Noruega e França perdidos só em 1940, os portugueses nem parecem ser uma"nação de marinheiros" pois navios depois da derrota da "armada invencível" dos Filipes poucos voltaram a ter.

    Cpts.
    José Manuel CH-GE

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    1. Obrigado pela referência, José Manuel.
      Fiz um texto a propósito do RMS Lancastria
      http://odemaia.blogspot.pt/2014/09/pelo-mesmo-prisma.html
      que pode dar uma pista para algum abafamento desse caso.

      Quanto à marinha portuguesa, estamos de acordo... é estranho que quem tenha construído o navio Botafogo:
      http://alvor-silves.blogspot.pt/2013/06/fernao-de-oliveira.html
      tenha depois decidido não apresentar mais nenhuma novidade tão poderosa em termos navais.

      Agora, quanto ao registo de navios portugueses em 1940, seria estranho haver algum afundado, porque Portugal manteve a neutralidade na 2ª Guerra, algo que foi respeitado por ambos os lados - eixo e aliados. Talvez com excepção mais notória de uma incursão ofensiva japonesa em Timor.

      Quanto à derrota da Armada Invencível, foi mais um perder-se pelo caminho... algo que não poderemos talvez excluir de influência, o facto de ter partido de Lisboa, de uma Lisboa com muitos pilotos a quem não agradaria o comando espanhol. Afinal, no ano seguinte, viria a armada de Drake-Norris com a intenção de recolocar D. António no trono português:
      https://en.wikipedia.org/wiki/English_Armada
      ... mas se uma não teve sucesso, a outra também não!

      O domínio naval português não durou, nem o holandês... porque os dados da Laranja mecânica tinham sido colocados em Londres, e o nosso Marquês, sabendo ou não, ajudou muito a essa festa.

      Abraços.

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  5. Ora viva....

    Ainda sobre o caso Lusitânia... conhece este livro?

    http://www.amazon.com/Lusitania-Colin-Simpson/dp/B000ICO0YM/ref=sr_1_1?ie=UTF8&qid=1411999644&sr=8-1&keywords=the+lusitania+colin+simpson

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    1. Não, não conheço, mas vi este apontamento:

      Colin Simpson, a British journalist, published "The Lusitania" in 1972. The book was also excerpted in "Life" magazine in the United States, and received a great deal of publicity. Simpson condemned both British and United States policy. He alleged that LUSITANIA carried a large cargo of munitions that was the ultimate cause of her demise. Most sensationally, he postulated that the Admiralty, and in particular First Lord Winston Churchill, had deliberately put LUSITANIA in harm's way to encourage an incident that might bring the United States into the war.


      A maior novidade das guerras no Séc. XX foi o total despudor com que passaram a usar os civis como instrumento de guerra. Convém notar que as guerras eram essencialmente assunto militar, ainda que as populações fossem vítimas do decorrer e do resultado final do confronto de tropas. Isso era código de honra de cavalaria medieval, e até ao Séc. XIX raramente se vêem episódios de destruir civis com o objectivo de ganhar o confronto militar - como foi por exemplo o caso dos bombardeamentos nucleares no Japão, ou o arrasar das cidades alemãs no final da 2ª Guerra.

      Assim, a utilização de navios civis para transporte de armamento é algo que não espantará na lógica da guerra sem códigos de honra, que se instalou no Séc. XX. Ter sido Churchill um dos promotores dessa lógica, também não será propriamente novidade, se analisarmos o comportamento inglês no decurso da 2ª Guerra, nomeadamente:
      https://pt.wikipedia.org/wiki/Fome_de_1943_em_Bengala

      Quando se entra num esquema de guerra total, sem considerar rendição ou armistício para a paz, as convenções de guerra deixam de fazer sentido, e tudo acaba por ser permitido, porque ninguém admite ser julgado pelo resultado.

      Abraços.

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