Alvor-Silves

quarta-feira, 25 de junho de 2014

Mau tempo no Canal das Histórias

O History Channel decidiu promover uma charada, numa mistura de Wells e Welles.
Digamos, entre a "Guerra dos Mundos" de H. G. Wells (1898) e a "Guerra dos Mundos" de Orson Welles (1938).

Well, Wells, Welles.
Chamaram-lhe a "Grande Guerra Marciana", e segundo a descrição que apresentam:
No seu 100º aniversário, "A Grande Guerra Marciana" narra a história de acontecimentos catastróficos e horrores inimagináveis de 1913-17, quando a Humanidade teve de lutar contra uma invasão de selvagens alienígenas. Com fortes e detalhados paralelismos à Primeira Guerra Mundial, a Grande Guerra Marciana funde ficção científica com uma realidade factual histórica muito específica, para explorar as tragédias do mundo real e horror único da Primeira Guerra Mundial.
Numa suposta comemoração da 1ª Guerra Mundial (1914-18),
 aparece a charada dos 100(!!) anos da Guerra Marciana (1913-17).

O enredo escolhido da história é praticamente irrelevante.
O que interessa?
Interessa que há licença para brincar com as histórias... mas nem sempre!

Implicitamente, poderíamos considerar que os alemães foram aqui retratados como "selvagens alienígenas", já que tudo se passa na clássica frente de batalha em França, com aliados de um lado... e pois, al-iens ou al-emães, do outro lado. 
Que engraçado!
Antes de ficarmos deslumbrados com tal imaginação, vejamos por que razão não foi escolhida a 2ª Guerra Mundial? 
Ah! Já sabemos, é ainda crime duvidar do "holocausto judeu"... e portanto, os produtores podem brincar com a 1ª Guerra, porque os milhões de mortos aí não se importam, mas já se for com a memória das vítimas judaicas... Ui, ui, ui! Com isso, não se brinca.
Pois, o mau gosto é selectivo.

É claro que a realização foi razoavelmente cuidada, e com a técnica actual podem fazer-se boas inclusões realistas em cenários antigos. Tal coisa dá ainda para alimentar um público que o History Channel tem procurado cativar - o público obcecado por conspirações extra-terrestres.
Porquê? Porque segue na linha de que poderiam então ser usadas novas tecnologias capturadas aos marcianos, algo que é habitualmente invocado para justificar avanços tecnológicos mais recentes.
Enfim, só faltou dizer que as aparições de Fátima foram a última palavra dos marcianos antes de se irem embora.

Tudo o que se segue é um perfeito disparate, sem mais comentários.

Porquê? Porque a invasão em causa veio de Vénus e não de Marte.
Esse é o engano sistemático que tem causado o controlo dos homens. Sim, porque o controlo é feito através das mulheres. A primeira forma religiosa era no feminino, com grandes deusas, que os homens aprenderam a adorar. Com o controlo no feminino, a sociedade passou a ser matriarcal... e assim as sociedades que se desenvolveram mais rapidamente foram essas. Numa variante, desenvolveram-se poderosas Amazonas que, quando necessário, competiam na violência com os homens. É conhecido o caso da Rainha Tomiris que exige a cabeça de Ciro.
A rainha amazona Tomiris recebe a cabeça de Ciro, o Grande.

Ciro tinha acabado de "devolver" os escravos judeus às paragens israelitas, onde se iriam encontrar com outros escravos deslocados, os hebreus. Ora, este poder hierárquico no feminino teve sempre grande importância nos bastidores. Os reis eram facilmente seduzidos por belas moçoilas, e acabavam por ser muito influenciáveis. Convém não esquecer o caso da Guerra de Tróia, tudo por causa de Helena.
Em termos de ardis, intrigas, esquemas, e arte de sedução, ninguém igualava as cortesãs... e os homens são fáceis presas perante a beleza feminina. 

É claro que tinha sido fácil às mulheres tomarem conta da sociedade, porque basicamente eram elas que definiam a escolha reprodutiva, e a educação das crianças. Desde o momento em que o líder não tinha que ser escolhido como o mais valoroso em combate, tudo se resumia a saber quantos obedeciam a quem... mais importante do que o poder físico, era o poder mental.
Só que isto não era um ponto consensual entre todas as mulheres, e muitas acabaram por ter pena dos homens serem tratados como bonecos. Assim, houve uma divisão entre as mulheres... umas decidiram tentar desenvolver uma sociedade aceitando o domínio masculino, e outras foram desenvolver uma sociedade com domínio no feminino. No entanto, estas últimas, mais poderosas, nunca deixariam que a a sociedade masculina as ameaçasse, e trataram de inventar esquemas de controlo. Usariam os homens mais cegos ao seu poder para criar uma civilização evoluída, e perturbariam a masculina com incessantes guerras. Para isso bastaria colocar umas "irmãs" nas cortes, em sacrifício de causa.

À distância, em paragens americanas, as Amazonas controlariam os destinos do velho mundo, vendo à distância se alguma civilização no masculino seria capaz de evoluir ao ponto de respeitá-las como iguais. Algo difícil, como se calcula... Como elas bem sabiam, desde o momento em que foram adoradas como deusas de fertilidade, a religião seria a maneira mais fácil de controlar o assunto, e colocarem enormes exércitos a lutar por si. Por outro lado, os homens começaram a exigir uma abstinência sexual para efeitos religiosos. Assim, as grandes religiões começaram a evitar as mulheres na sua hierarquia. Porém, a grande diferença tecnológica já estava marcada com milénios de distância.

É fácil perceber que o valor do ouro e das pedras preciosas, não foi decidido por nenhum homem voluntariamente. Um homem pouco liga a essas coisas, sem ser pelo seu efeito na troca. Quem definiu esse valor foram obviamente as mulheres, que não resistem aos adornos.
A filosofia, o budismo e o cristianismo, é claro, marcou uma grande inflexão. As mulheres começaram a ver nos homens alguma sensibilidade, para além dos trogloditas que tinham que suportar, e isso começou a baralhar as contas. A sociedade medieval no masculino estagnara, mas seria mais pela interferência externa, que levara os religiosos a definirem restrições cada vez maiores no comportamento perante "forças sobrenaturais".

A porta dos descobrimentos vai ser aberta por influência de duas mulheres, do lado espanhol Isabel, a Católica, e do lado português, por Dona Leonor, ou ainda mais, pela tia e mãe, D. Beatriz, também mãe de D. Manuel. Começa o culto alargado no feminino, a Nossa Senhora.
Porém, a sociedade no masculino continua a inspirar pouca confiança, e a concessão é muito limitada, só alguns territórios são cedidos à exploração, porque interessa apagar vestígios anteriores. Até que se ganhe maior confiança, guarda-se ainda o reduto australiano. Importa mesmo haver uma mulher a comandar os destinos seguintes, e a Rainha Isabel inglesa, servirá essa tarefa. Outros factos começam a ganhar relevo, porque uma maior liberdade na sociedade masculina permitia criações não antes vistas na sociedade amazona. Assim, subitamente, há duas tendências - a tendência inquisitorial de restringir a sua divulgação, mas também uma tendência de permitir abertura, para novas criações. Não conviria é que se continuasse a passar nos estados ibéricos, que entretanto já sabiam demais, e tinham que ser mantidos sob controlo estrito. A transferência será cuidadosamente feita por Luísa de Gusmão, que casa a filha Catarina com o rei inglês. Começa por essa via o desenvolvimento do poder inglês, por via das suas lojas... maçónicas, mas é bem sabido que as mulheres adoram lojas.
Passa a haver até novas máquinas voadoras, e isso dá uma segurança não apenas terrestre, às amazonas mais cépticas... sempre hipnotisadas pelo planeta Vénus. Assim, feita a limpeza principal, quando chega ao tempo da Rainha Vitória, é dada permissão às lojas maçónicas, e aos sempre fiéis judeus, para o conhecimento total do globo terrestre. É claro que já tinha sido conhecido pelos portugueses, mas Sebastião, com a sua permanente recusa em aceitar a tentação no feminino, tinha estragado tudo.

Ainda assim, a sociedade masculina, apesar de evidenciar criatividade suplementar, continuava com o obstinado poder dos homens sobre as mulheres. As tentativas de emancipação eram pouco claras. Foi isso que levou pois à 1ª Guerra Mundial, que pode ser vista como uma guerra entre Marte e Vénus. A vitória foi venusiana, no sentido em que se seguiram os "anos loucos", em que as mulheres se viam finalmente emancipadas na sociedade masculina. Porém, era óbvio que o bichinho do poder masculino estava ainda latente, na forma da reprodução preferenciada - uma forma amazona de seleccionar os rebentos. A 2ª Guerra Mundial foi já mais brutal, porque se tratou de uma dissidência entre facções amazonas. Uma das quais já considerava que bastava manter os homens seduzidos, numa grande ilusão, enquanto outra pretendia controlar todo o processo reprodutivo, como na velha sociedade matriarcal.

Pronto, é mais ou menos assim a história amazónica, e se algum homem achar que faz mais sentido do que a história da grande guerra marciana, prepare-se para ter problemas em casa - afinal os homens são todos iguais!
Agora coloca-se a decisão sobre ir a Marte, que é uma espécie de "ir amar-te" sob signo de Vênus, que é como quem diz "vê-nos", ou "vê nus".

quarta-feira, 18 de junho de 2014

Ré vista (3)

(009) Os mapas Theatrum Mundi conferiram à época mais uma confirmação da ocultação propositada e consciente. Neste caso, o que era perfeitamente claro dos mapas era o conhecimento do Estreito de Bering, muito antes de Bering sequer ter nascido. Já era evidente dos mapas de João de Lisboa, mas quer o mapa de Lavanha-Teixeira, quer o mapa de Ortelius deixavam claro o nome desse estreito:

Como novidade ao assunto, citamos o notável ensaio de Sebastião Francisco de Mendo Trigozo:
Memórias da Literatura Portugueza - Academia Real das Sciencias (1814) Tomo VIII pág. 305

Trigozo, ao contrário de outros vai tentar sustentar cautelosamente uma posição menos oficial. Numa tentativa de salvar o corpo e a alma, não quer deixar de referir o seguinte (pág. 325):
Se déssemos crédito a alguns Authores, seriam os Portuguezes os que achassem esta nova Pedra Filosofal, do caminho às Índias pelo Norte da América(1), em que tanto trabalharam até nossos dias as Nações Marítimas da Europa (...)
... assim, para salvar o corpo não dá o crédito, mas para salvaguardar a alma deixa a nota de rodapé:
(1) Referiremos (ainda que sem lhe dar credito) o que dizem dois modernos Escritores a respeito deste nosso pretendido descobrimento. He o primeiro o Duque de Almodovar em a Historia Politica de los Establecimentos Ultramarinos de las Naciones Europeas Tom. IV. pag. 584, onde conta que Lourenço Ferrer Maldonado, Hespanhol de origem, se embarcara em 1588 no Porto de Lisboa, em hum navio de que era Piloto João Martins, natural do Algarve; e dirigindo o seu rumo pelo Nordeste á Terra do Lavrador, passando o Estreito de Davis, desembocou pelos 75 gráos de Latitude em o Mar glacial: depois navegando ao Oeste quarta de Sudueste, se achou em o Estreito de Anian, que dista de Hespanha 1750 legoas, segundo a sua derrota, e desembocou no Mar do Sul pelos 60º. Na ida atravessou o Estreito em Fevereiro, e saiho da sua boca em Março, pelo que padeceo muitíssimo frio, e escuridade: vio grande quantidade de gelo em as margens, porém nunca achou o mar gelado. Na sua volta, que foi em Junho e Julho, teve sempre muito bom tempo, e desde que cortou o Circulo Artico em os 66° 30' até que o tornou a cortar no meio do Estreito de Lavrador , jamais lhe desappareceo o Sol do Orisonte, e sempre sentio bastante calma. O Author que dá esta noticia, diz que se conserva o Roteiro manuscrito donde ella foi extrahida, escrito mui circunstanciadamente, com as correspondentes relações das correntes, marés, e sondas, com as vistas das Costas da Ásia, e dos rumos, e Costas da America &c.
O segundo lugar he tirado de Debrosses na sua Historia da Navegação às Terras Austraes Tom. I, pag. 73. Tratando da passagem da Índia á Europa pelos mares do Norte: 
« Não he fora de propósito (diz elle) accrescentar .... o contheudo n' huma Carta escrita a hum Ministro d' huma Corte, que tomava informações sobre hum semelhante facto. Os novos descobrimentos (diz a Carta) que eu fiz sobre a passagem á China pelo Norte da Europa , e de que me pedis a relação, vem a ser, de que hum navio chamado o Padre Eterno, commandado pelo Capitão David Melguer, Portuguez, partio do Japão a 14 de Março de 1660; e navegando ao longo da Costa da Tartaria, correo ao Norte até 84º de latitude; donde continuou a viajem entre Spitzeberg, e a velha Groenlândia, e passando pelo Oeste da Escossia e da Irlanda, chegou á Cidade do Porto; aonde hum Marinheiro do Havre de Grace diz ter visto haverá 28 annos este Navio o Padre Eterno, e o Capitão Melguer que morreo neste tempo, e cujo enterro o Marinheiro prezenceou. Já fiz escrever para Portugal a fim de obter, se for possível, o Jornal desta navegação. &c. »
Trigozo refugia-se em Almodovar e Debrosses, autores estrangeiros, e assim não deixa de relatar os pormenores de duas viagens.
- viagem de Ferrer Maldonado e João Martins, em 1588, que fazem a Passagem Noroeste.
- viagem de David Melgueiro, no navio Padre Eterno, que em 1660 faz a Passagem Nordeste.

Estes relatos apenas se acrescentam à evidência dos mapas Theatrum Mundi, que tinham já os contornos dessas Passagens bem evidenciados... muito para além do que depois vieram a apresentar os mapas fantasiosos do século seguinte, e até à viagem de Cook. A preocupação teatral fantasiosa nos Theatrum Mundi era só o hemisfério sul, da parte australiana, então proibida.
A parte das passagens árcticas, noroeste e nordeste, foi só causada pela mudança climática que congelou os mares e anulou a repetição da proeza até ao Séc. XX.

Esta não é a primeira vez que falo de Melgueiro, é claro, mas creio que o nome do navio e a data exacta não tinha sido referenciada. Quanto à viagem de Ferrer Maldonado creio ser a primeira vez que aqui é mencionada (ver por exemplo: uma pequena biografia canadiana ou a menção na wiki-espanhola Paso del Noroeste). A existência de documentação detalhada não redundou em nada, pois o relato do historiador espanhol, o Duque de Almodovar, em 1788, foi só tomado a sério à época, e passadas umas décadas foi decidido serem tudo falsificações... Quando se está sob alçada de uma Quádrupla Aliança as opiniões tendem a ser muito unânimes. Nem é preciso o efeito de prebendas e ameaças, basta cuidar que as vozes sejam isoladas para parecerem malucas face ao consenso. 

Lendo estes textos antigos e as caixas dos comentários, acabo por notar que aqueles primeiros meses foram de facto significativos, pois basicamente andei nos anos seguintes a relatar as mesmas conclusões que já estavam ali presentes, e de alguma forma esquecidas. Um caso bem visível é já estar neste texto a observação de que o golfo da Califórnia era chamado Mar Vermelho.

(010) Bom, mas tudo isto é quase redundante face à prova brutal do Teatro nos Descobrimentos

Não vou negar que depois da afirmação de Pedro Nunes de 1538, clamando a total descoberta, até dos penedos e bancos de areia, ficava a curiosidade de saber como seria um mapa dessa altura, com toda a informação. Não teria resistido nenhum?
Pois bem, por momentos pensei que poderia ser aquele. Aquele que estava exposto no Museu da Marinha, à vista de todos, mas em que a simples menção "Executado pelo pessoal técnico do Museu da Marinha. Maio de 1970" destruía a convicção de ser o original.

Assim, havia só uma frágil convicção, de "poder ser"...
Essa convicção passou a ser muito maior quando os "pinguins" desenhados na Gronelândia faziam sentido, dada a extinção das "grandes alcas". Portanto, não era só toda a consistência do mapa relativa às inscrições, bandeiras, e tudo o resto... até a colocação aparentemente errada dos pinguins estava certa. E estava tão certa que depois foi ocultada no Museu da Marinha, pintando-lhe um iceberg por cima. 
Ainda assim, era claramente insuficiente como prova... apenas aumentava a convicção.
A prova final surgiu da forma mais estranha - autêntica obra do Caos.
Um simples quadradinho num artigo de Steve Strong sobre aborígenes
mapa antigo no artigo de Steve Strong
... e como não me falhou a memória visual, constatei que aquele mapa da Austrália já o tinha visto - era o mapa do Museu da Marinha. Não tinha inscrições, tal como acontecia estranhamente no caso do mapa do museu, estava descolorido, e mal se viam os cangurus. Ora como tinha Steve Strong aquele mapa? Ainda hoje não sei, que não me respondeu... nem sei se chegou a ler a pergunta.
É irrelevante. 
Interessa só que apesar de idênticos ao olhar, um não sai do outro por simples descoloração ou por efeitos automáticos tipo Photoshop. Para algo desse género ficaria assim:
alteração "photoshop" do mapa do museu da Marinha
... ou parecido.
Qual é a grande diferença?
A grande diferença está no facto de uma parte da costa estar mais carregada que outra, e todo o mapa não tem equilíbrios resultantes de algo automático. Se era para dar um efeito antigo, bastava fazer isso. A única outra hipótese seria andar a escurecer manualmente todo o mapa, salientando umas partes e outras não... basicamente a pintá-lo de novo. 
Qual o interesse de fazer isso casualmente, a partir de um mapa recente do Museu da Marinha? Nenhum!
Não. Tem aspecto antigo, porque vem de um mapa antigo.
Há um limite para acreditar em coincidências. 
Depois das suspeitas anteriores, já existentes, passados 3 anos estava ali a prova, irrefutável.
Claro que é irrefutável para mim. 
Outros podem ser iludidos no que quiserem, porque há inúmeras histórias sempre prontas para inventar. A imaginação desta malta já se viu que entra em acção facilmente. Só que o Caos que dá é o Caos que tira... e nesse processo de dar e tirar, só a racionalidade fica. Senão, é só o Caos que impera.

Depois desta prova, o assunto das descobertas fica arrumado até à época de D. Sebastião, circa 1570, que é a datação muito provável do mapa. 
Obrigado a Marcelo Caetano ou ao responsável pelo atrevimento, pela coragem de 1970... pode parecer pouco, mas a guerra do ultramar poderia ser muito mais que uma obstinação por terras. Poderia ser uma luta pela verdade, em nome das gerações seguintes.



sábado, 14 de junho de 2014

Porque sim

Dicionários
Quando temos um dicionário podemos fazer o teste de seguir as definições.
Uma palavra é descrita por outras, vamos à procura das outras, e reparamos logo que nada está definido... é tudo um novelo circular, porque não se pretende assumir que há noções base, indiscutíveis.

Por exemplo, seguindo um dicionário online:
    Tempo: Série ininterrupta e eterna de instantes.
    Instante: O mais pequeno espaço apreciável de tempo.

Vemos que tempo remete para instante, e depois instante remete para tempo.
Isto irritava-me na adolescência, e cheguei a pegar numas tantas noções base e começar a definir todas as palavras a partir dessas noções base.
Hoje já não me irrita, porque vejo esta dança mal definida, e algo primitiva, como uma forma de conhecimento que não se pretende fechada. Não me irrita que "instante" esteja mal definido, porque percebo o que o autor quis dizer.
Na realidade há uma série de palavras que aprendemos e que dispensariam qualquer dicionário, mas há também muita ambiguidade no uso das palavras e não é pior procurar ligá-las a outras.

Ex-isto
Ex-isto aponta para fora disto...
O conhecimento que temos assenta assim sobre palavras, que são noções que temos seguras, que ficaram tão seguras quanto o respirar. Sabemos o que significam para nós, e julgamos que o seu significado não será diferente, ou muito diferente, para os outros. 
Porém isto nem sempre é assim... e por vezes em conversas mais profundas somos confrontados com dúvidas que pensávamos nem existirem. Aconteceu-me com uma pessoa bastante inteligente, com a devida formação académica, que sinceramente disse não saber definir o que era "existir".

Ora, ninguém está à espera de ter que explicar o que é "existir"...
Neste simples exemplo cai a ideia de se fazer um dicionário a partir de noções indiscutíveis... porque todas as noções são discutíveis, quando saem do ambiente corriqueiro.
Qual era a dúvida?
A dúvida surgiu porque em contraponto à evidência científica, que basicamente afirma só a existência ligada ao mundo físico, eu argumentei que as palavras tinham existência para além da matéria física. Ia acrescentando que a matéria física pode ser destruída, mas as palavras não... ninguém pode aniquilar a noção associada a uma palavra. Assim, as palavras têm uma existência para além da matéria.
Ora, como essa é uma existência que normalmente é desconsiderada, mas que é inegável, a pessoa em causa ficou algo baralhada, e teve que refazer conceitos, começando pela existência. 
Nisso apanhou-me de surpresa, porque não estava à espera de ter que explicar essa noção fundamental.

A existência física está ligada ao contexto físico, e no contexto físico as coisas aparecem e desaparecem.
Quando aparecem assinalamos a sua existência, até constatarmos o seu desaparecimento... tudo isto é feito através dos sentidos. Como a ciência só admite a informação vinda pelos sentidos, para a ciência a existência é essa ligação à presença física adquirida pelos sentidos. Esse é o olho que só vê para fora...

Visão Interna
Falta admitir o olho que vê para dentro.
O olho que vê para dentro é recusado pela ciência... porque a ciência recusa o pensamento
Tenta remetê-lo a umas ligações cerebrais por neurónios... mas, na melhor das hipóteses, isso seria sempre o pensamento dos outros, e nunca o pensamento do próprio. Portanto é até ridícula nessa pretensão.

É verdade... a ciência usa o pensamento, mas recusa a sua existência.
A observação dos neurónios não mostra nenhum pensamento.
Já se conseguem fazer telecomandos "guiados pelo pensamento", pelos impulsos eléctricos dos neurónios.
Isso leva ao erro de se pensar que se está a ler o pensamento... não está! 
Não há nenhuma diferença entre isso e a pessoa pegar no telecomando e carregar no botão. A diferença é usar os dedos ou não. Fisicamente, os neurónios justificam a associação entre uma disposição e os dedos, tal como podem justificar outra associação similar que evite os dedos, se tiverem outra interface. 
Tudo o resto são pretensões ignotas que resultam de manias e megalomanias.

O olho que vê para dentro, para o qual a ciência persiste em ser cega, é o olho directo ao nosso pensamento sem passar pelo cérebro ou os seus neurónios. É o olho puramente filosófico.
É nessa visão interior que encontramos as palavras (associadas a noções intemporais).
Nesse mundo interior o que vemos ou deixamos de ver não precisa de sentidos, é determinado pela visão do nosso pensamento no instante e pela memória.
Ou seja, é um mundo onde também desaparecem coisas, pelo esquecimento. A existência não é assim garantida ad eternum no pensamento individual. 
Para o pensamento a ciência disponível é a da manipulação... ou seja, levar as pessoas a associarem certas ideias a outras. Levar a pessoa a associar o Pai Natal à Coca-Cola, Einstein a inteligência, ou algo semelhante, que vai do mero marketing comercial ao marketing político.
O resto é demasiado caótico, porque o pensamento são é saudavelmente caótico.
O que não é atitude sã é transformar qualquer pensamento caótico em acção.
O que não é atitude sã é não procurar perceber a razão pela qual pensamos assim e não assado...
Toda a manipulação de domesticar o pensamento - de evitar "maus pensamentos", tão frequente na moral religiosa, resulta dessa incapacidade de distinguir a vontade de dar um chuto da acção concretizada de dar o chuto. É uma castração inútil evitar o pensamento, porque ele é latente e imprevisível. O que é útil é aceitar o pensamento e perceber as consequências da sua concretização... mas isso implica uma visão interior alargada e não um simples transporte da visão exterior para o interior.

Regras internas
O nosso mundo interior tem regras, tal como tem o exterior.
Pretende-se que não, porque se considera que o pensamento pode fantasiar o que quiser, sem consequências. Não é assim. 
Nós não somos bons com os outros, porque gostamos deles... nada disso.
Podemos pegar num pão, abri-lo com uma faca e comê-lo.
Muito bem... substitua-se a palavra "pão" por "coelho" ou por "homem" na frase anterior e veremos o desconforto a aumentar. Porquê? Porque há uma identificação connosco que é cada vez maior.
Somos bons com os outros, porque gostamos de nós. 
Repugna-nos a identificação numa situação semelhante.
Ora, essa identificação é imediata quando vemos os outros como semelhantes.
Se não o fizermos, então estamos a isolar-nos, se ninguém for semelhante a nós, estamos a condenar-nos à eterna solidão.
Esse confronto pode ser escondido, por recusa de pensamento, mas o pensamento é imprevisível, e essas associações são automáticas, pela sua lógica, quer queiramos, quer não. Não há como evitar isso... porque essas são as regras da nossa faculdade de pensamento. É frequente vermos registo de ditadores que começam a isolar-se, por verem todos como inimigos, quando o maior inimigo é o próprio - porque vê nos outros uma imagem de si. É desse inimigo, que é o próprio, que nunca se libertará, se não se curar.

O máximo simbolismo da omnipotência cristã está na sobranceria de partilhar tudo o que sabe, porque não quer estar em vantagem, quer estar em igualdade de circunstâncias... simplesmente porque não teme o outro, não vê no outro um inimigo, não quer estar em posição de domínio, porque isso apenas o isolaria. É como um adulto que sobrevive numa ilha com crianças... se não conseguisse que as crianças crescessem, iria ter que reencontrar harmonia com os outros, comportando-se como uma criança. A compreensão adulta teria que a guardar para si, ou ficaria na ilusão de que as crianças o entendiam.

Que estão
Uma questão é como um espaço em branco, que falta preencher.
Tanto podemos questionar escrevendo "O que é aquilo?" ou escrevendo "Aquilo é ____".
O espaço em branco deixado para a resposta implica a pergunta.

Para se fazer uma pergunta devemos antes de mais saber se temos consistência para a resposta.
Por exemplo, podemos questionar como funciona um computador.
Agora, que tipo de resposta queremos? Uma completa, que nos permita fazer uma máquina, ou uma resposta vaga que nos remeta para coisas que conhecemos.
A atitude é completamente diferente. 
O sujeito que explica o funcionamento de fio a pavio estará normalmente a perder o seu tempo ao entrar em detalhes, porque quem indaga quer outra resposta, ajustada ao que quer saber. Para esse efeito, uma resposta vaga e imprecisa seria muito mais útil para o receptor.
No entanto, prosseguindo na curiosidade, uma mitologia própria é definida para processos que não se entendem, nem se querem entender. Depois, pode até achar que descobriu coisas novas, que tanto podem ser afinal coisas banais que não quis ouvir logo, como podem ser ideias falsas, como até podem mesmo ser ideias novas. 
Simplesmente a disposição para a comunicação padece de diversos males.
Um dos males é o emissor e receptor falarem de coisas diferentes, parecendo que estão a falar da mesma coisa, porque os contextos e propósitos são diferentes. Uns falam de alhos, e os outros entendem bugalhos.
Por isso, é bom que antes de se questionar se perceba qual seria a resposta que pretendem obter, para o seu conhecimento.

Há assim questões que são colocadas falsamente, porque não pretendem e até ignoram respostas.
Pretendem simplesmente continuar a colocar perguntas... porque sim.

segunda-feira, 9 de junho de 2014

Ré vista (2)

(005) Durante o período de Janeiro a Abril de 2010 devo ter lido mais obras literárias antigas do que julguei possível. Não estava muito interessado em escrever nessa altura, estava muito mais ocupado a ler o suficiente para colar de novo as peças históricas.
A carta enviada por Angelo Poliziano a D. João II, bem como a resposta, foi muito importante para ter uma ideia independente, de como era entendida a figura do rei português no Renascimento italiano.
Angelo Poliziano (1454-94)

Por um lado, a percepção de um rei estrangeiro ao italiano Poliziano, por ele colocado acima de Alexandre Magno, Júlio César, Átila, ou até de Hércules. Por outro lado, pela estória feita história, será ainda uma figura quase desconhecida do protagonismo mundial. A carta tem o lado subjectivo de se propor a um trabalho, ao trabalho que Camões, 80 anos depois, teve que fazer em circunstâncias muito mais difíceis. Camões já pouco podia mencionar em nome de D. João II, o rei que o então já famoso humanista Poliziano queria cantar para a eternidade. Quando Poliziano refere:

                                             Então haveria eu também de absolver de toda a suspeita de falsidade o grande Platão e os annaes seculares do Egipto, que, sem prestarem crédito, fizeram menção d'esse Oceano por ti subjugado com poderosos exércitos.

... parece bastante claro a referir-se à referência de Platão tirada dos anais egípcios sobre a existência da Atlântida, ou melhor da América enquanto fronteira do Oceano Atlântico, a tal "ilha" cujas dimensões se reportavam ao conjunto da África e Ásia. Sobre a subjugação que D. João II terá feito no Oceano Atlàntico é difícil encontrar registos, a menos que nos reportemos à já mencionada presença islâmica na América.

Ambos os correspondentes vão morrer envenenados, e de alguma forma, a resposta de D. João II transmite bem a Poliziano esse perigo funesto.

(006) A questão do Tejo Mahalay, mais conhecido hoje como Taj Mahal aparece no texto seguinte, que começa por abordar a bandeira de quinas em Jerusalem, no Livro de Marinharia.
Foram duas hipóteses lançadas, tendo em conta o domínio completo que Portugal detinha sobre o Índico no Séc. XVI. Não procurei, nem encontrei, mais informação sobre estas possibilidades.
Sobre o Taj Mahal a questão é um mero detalhe da menção "Tejo Mahalay" e da construção de tão imponente monumento num subcontinente indiano sob controlo português, que certamente não se alheavam do Império Mogol sediado na nova Agra.

Mais enigmático é a bandeira portuguesa, a quina com cinco bezantes, estar colocada em Jerusalém em 1514 (ou anos seguintes).
Para nexo suplementar relevam os 3 bezantes de Bolonha (Boulogne), de onde sairiam os irmãos Bulhão, primeiros reis de Jerusalem, e cujo outro irmão Guilherme seria o avô de Afonso Henriques, segundo as investigações de Damião de Goes.
Todos estes irmãos seriam filhos de Eustácio II, Conde de Bolonha, que acompanha em 1066 o ataque bem sucedido do Duque da Normandia, Guilherme I.
Escudos de quinas em Hastings, e a admitida ilustração de Eustácio II,
completando a inscrição apagada de EVSTACIVS que segura uma bandeira 
talvez com uma quina (4 bezantes tem, o bezante central apagado é duvidoso)

O episódio de Hastings em 1066, que forma a base da monarquia inglesa posterior, é interessante.
Primeiro, é um problema de sucessão de Eduardo o Confessor, que gera uma disputa entre 3 candidatos ao trono vacante:
- Guilherme da Normandia,
- Haroldo Godwinson, Conde de Wessex
- Harald Hardrada, Rei da Noruega, aliado de Tostig Godwinson

Segundo a Tapeçaria de Bayeux, que ilustra a pretensão normanda (e é atribuída a Matilde, mulher de Guilherme), o rei Eduardo teria encarregue Haroldo de passar a coroa a Gulherme, seu primo. Numa certa desventura, Haroldo acaba capturado, liberto por resgate pago por Guilherme que o convida a uma investida contra um certo Conan II, então duque da Bretanha, de que sai vencedor.
Lembramos que desde o primeiro Conan, havia uma ligação entre as Bretanhas, e Guilherme terá tratado de afastar a Grã-Bretanha da pretensão bretã. Porém, do lado nórdico ainda aparecia Harald, rei da Noruega a reclamar o trono.
Quando Haroldo regressa e o rei Eduardo morre, é investido como rei pela nobreza Anglo-Saxónica, e a tapeçaria não deixa de colocar o Cometa Halley, que aparece em 1066, como prelúdio dos eventos seguintes.
O já rei Haroldo vê-se confrontado com duas invasões.
De um lado o seu irmão Tostig alia-se ao rei norueguês Harald e desembarcam em Inglaterra, quase ao mesmo tempo que Guilherme desembarca, vindo da Normandia.
Haroldo é vencedor em Stamford Bridge (conhecida no futebol por ser nome do Estádio do Chelsea), parando a invasão do rei norueguês Harald, que é aí morto, tal como o irmão Tostig.
Quadro moderno da Batalha de Stamford Bridge (25/09/1066).
Vitória de Haroldo sobre o rei norueguês.

Haroldo acorre então para Hastings, tentando parar a invasão de Guilherme. Nas ilustrações de Bayeux, ao contrário da cavalaria de Guilherme, o exército de Haroldo irá então lutar apeado.
Em 14 de Outubro, menos de um mês depois de Stamford Bridge, dá-se a Batalha de Hastings, onde os normandos de Guilherme saem vencedores, e Haroldo é morto.
Batalha de Hastings (14/10/1066)
Haroldo é morto por Guilherme da Normandia

A vitória de Guilherme não será imediata, a instalação de uma corte afrancesada encontrará muita resistência britânica. Os normandos provinham da concessão da Normandia a piratas vikings liderados por Rolão. Assim, a Inglaterra manteria a sua ligação a uma corte de origem viking com os normandos, depois de um longo período de domínio de invasões de anglos e saxões que se perdem na mitologia do Rei Artur, de um domínio original bretão.

Este apontamento é interessante porque mostra a importância que tinham aqueles terrenos no Canal da Mancha, da Normandia, de Bayeux, Bolonha, Brabante, Bulhão, etc.
Quando as tropas inglesas desembarcam na Normandia no dia D, há 70 anos, em Junho de 1944, é visto como um regresso para libertar a Normandia natal de Guilherme, a quem remonta a monarquia inglesa.
Aliás, até ao Séc. XIII a Normandia continuava a fazer parte dos domínios dos reis ingleses, situação que levou aos problemas da Guerra dos 100 anos, já que a troca da Normandia com a Guiana (na Aquitânia francesa) não resolvia essa velha ligação normanda à França.

A participação de Eustácio II, conde de Bolonha, ao lado de Guilherme, ganha especial relevo quando são os seus filhos, e muitos nobres da Normandia, que irão estabelecer o Reino de Jerusalém.
Entre 1066 e 1099, nesses 33 anos, a Normandia aparece na invasão da Inglaterra e da Terra Santa.
Segundo Damião de Góis, o próprio Conde D. Henrique seria neto de Eustácio II, pelo que a primeira dinastia seria Bolonhesa e não Borgonhesa.
Esta ligação à Bolonha francesa seria depois indiscutível com Afonso III, o Bolonhês, que é Conde de Bolonha por casamento com outra Matilde. Afonso III irá depor o irmão Sancho II e terminar a conquista do Algarve. 

A quina, com o número de bezantes em 5 ficou só definitivo com D. João II, e inscrições anteriores mostravam escudos até com maior número de bezantes. O número de bezantes fixado para Bolonha passou a 3, mas também variou, e podemos ver nas ilustrações de Bayeux cavaleiros com maior número de bezantes nos seus escudos.

A única informação nova, face ao já exposto antes, será assim a associação de Eustácio II a esses escudos com bezantes, provavelmente 5, que irão definir também o símbolo português. O filho, Godofredo de Bulhão, primeiro regente de Jerusalém, será associado também ao número cinco, com o símbolo de cinco cruzes.

(007) Ainda nas paragens do Mar do Norte, temos o texto Navegações Islandesas que retrata os relatos das navegações vikings que teriam chegado à América. É o conhecido período de expansão viking, que leva Rolão à Normandia como duque em 911, mas também Eric, o Ruivo, à Gronelândia em 982, e o depois o seu filho Leif Ericson à América.
Convirá referir que até ao Séc. XIII a cristinização da Escandinávia era escassa, e portanto um dos objectivos da Igreja foi também inserir a ameaça viking no quadro aristocrático europeu... de forma semelhante ao que tinha sido feito nas invasões bárbaras.
Os piratas vikings passaram a normandos, e esses normandos serviam as Cruzadas. De inimigos em raides mortais contra mosteiros e populações, os vikings iriam ser inseridos na sociedade e aristocracia europeia pela "porta grande".
O que começou na Normandia prosseguiu com a cristianização da Escandinávia.
Stavekirke Borgund - Séc. XII - Primeiras igrejas na Noruega

Um dos aspectos curiosos na Tapeçaria de Bayeux é ilustrar o irmão de Guilherme, o Bispo Odo na sua vertente militar, com uma maça a incentivar os cavaleiros.
Essa vertente de monges militares, que tem em 1066 com Odo o seu primeiro registo visível, terá depois sequência nas Cruzadas com toda uma lista de Ordens militares de monges guerreiros.

(008) Sobre o texto Tagus Aureo é importante a citação de Juvenal, e de outros autores romanos, acerca da riqueza do Tejo enquanto fonte interminável de ouro!
Aparentemente seria algo que rivalizaria com as míticas lendas de Midas e Creso, ligadas ao minúsculo rio Pactolus, na Lídia (Turquia).
É ainda feito aqui um primeiro avanço sobre as associações à mitologia que remeterá a Ulisses de Olissipo, mas mais a Calipso, pelo nome Calipos dado ao Sado.
A associação pelos nomes serve apenas como pista e não é nenhum tipo de prova.
O que é uma prova de bom-senso é que Ulisses não iria ficar perdido no Mediterrâneo, e portanto a sua viagem foi muito além do circuito clássico. Encarar Tróia como vizinha à Grécia também não faz qualquer sentido. Ítaca estava mais longe de Micenas do que Tróia... o cerco de 10 anos que tinha afastado os gregos da pátria seria ridículo com uma Tróia ali ao lado na Turquia.
Há limites para o ridículo... e Homero não era certamente ridículo.