Alvor-Silves

sábado, 5 de janeiro de 2013

Peças dos Painéis de S. Vicente (3)

continuação 

9) Camaroeiro
Reduzimos as possibilidades a dois eventos marcantes no reinado de D. João II:
  • (iii) 1484 - Assassínio de D. Diogo de Viseu, irmão da rainha, por D. João II;
  • (iv) 1491 - Morte de D. Afonso, e fica D. Jorge como candidato ao trono;
Na hipótese (iii) não fazia muito sentido um perdão sobre a morte de D. Diogo, se ele aparecesse como um mero personagem no quadro, sem destaque especial. 
A hipótese (iv) teria a favor a questão da "barba rapada", que se estende a todos os elementos de bastidores, sem excepção, tratam-se de 35 pessoas, havendo mesmo apenas 3 com barba pronunciada no conjunto de 60. Uma questão que se levantava: - era isso comum à época?... Ora, sabemos que ao contrário, a barba era normal, que D. João II usava barba, e aproveitamos para comparar retratos conhecidos de D. João II, com o constante dos painéis:
Os outros dois rostos divulgados não são muito semelhantes entre si, e se há algumas semelhanças são também encontradas na imagem dos painéis. Em ambos os casos D.João II tem barba, que usava normalmente, e só cortou pela ocasião da morte do filho.

Porém, aqui também se impõe a pergunta... se houvesse um talento como o de Nuno Gonçalves na corte, teria sido só aproveitado numa ocasião? A corte recorreria a outros pintores inferiores para os seus retratos? Nuno Gonçalves ficaria apenas com 4 ou 5 imagens de santos? 
Há até quem já o faça morto em 1471, esquecendo a datação anterior 1470-80 quando a sua morte era apontada para 1492... Ora, Gonçalves havia muitos e Nunos também. 
Seja quem for, mais nenhum pintor aprendera nada com ele, para melhores retratos reais?

Adiante. Passamos a D. Leonor, cujo símbolo adoptado, após a morte do filho foi o camaroeiro, simbolizando a rede em que Afonso lhe terá sido trazido, por pescadores. 
Há um painel, denominado "dos pescadores" e que tem uma rede... 

Só este pormenor seria razão mais que suficiente para a suspeita imediata, e por isso se houve alguma primeira teoria, creio que terá sido essa. Estou longe de pensar que esta tese de 1491-92 tivesse sido colocada aqui pela primeira vez... muito pelo contrário, terá sido provavelmente a primeira tese, se calhar dos Bordalo Pinheiro, que viram o quadro (1882). Um dos irmãos, Rafael, até se acabou por estabelecer (1884) no local de eleição de D. Leonor - as Caldas, e será uma farpa de Ramalho Ortigão (nascido nas Caldas da Rainha), que retomará o assunto dos painéis, entretanto "esquecidos", de novo. Uma coincidência, certamente...

Na altura de Bordalo Pinheiro não havia exames por Raios X, e parece agora que a rede não será visível a essa inspecção... talvez haja outras redes a serem inspeccionadas. Ora, conforme é bem observado em paineis.org, no exame radiográfico parece que se vêem pelo menos as bóias de cortiça, e portanto, entramos na "mitologia dos exames que dizem coisas". Os exames não "dizem nada", as pessoas é que falam e escrevem. Basta olhar para uma radiografia (paineis.org) e ver que a intensidade pode esbater contrastes, mal permitindo ver os contornos das pessoas nos bastidores. Assim, é natural que não apareça a rede!

Agora, se a radiografia mostrasse um ramo nas mãos de Pedro, aí sim, aí tínhamos espiga!
Tra la spica e la man qual muro e messo...  

Uma coisa é um olhar primevo, e outra coisa é o olhar educado... porque o olhar educado tende a seguir um caminho trilhado, e a procurar onde lhe é sugerido. Ainda que se afaste, já avançou muito no trilho. Só assim consigo explicar que a maioria dos estudiosos nem sequer refira a hipótese de os painéis serem posteriores a 1480. Refiro-me a estudiosos e não a conhecedores - os estudiosos não sabem e procuram saber, ao passo que os conhecedores, porque lhes foi dito, já sabem, e basicamente estudam os estudiosos. Os estudiosos não sabem que os outros sabem... e se quiserem mesmo saber, com alguma cerimónia, podem candidatar-se a "conhecedores".
Este apontamento é dirigido a curiosos e estudiosos, e críticas sérias são bem vindas. 

Adiante. Temos portanto uma rede, um camaroeiro, uma Rainha, Leonor... a data é 1491-92, confirmado pelas deduções anteriores. A rainha parecer-se-à com Leonor?
É dito que Leonor seria alourada, e os cabelos da rainha, ainda que apanhados, sugerem isso.
Quanto ao rosto, vejamos a comparação com um quadro conhecido:
As feições parecem-me razoavelmente semelhantes (à época dos painéis seria bem mais velha), e sobre a curva do "nariz torcido", onde pode levantar-se dúvida, nota-se também uma inclinação vincada no outro quadro. O pescoço nos painéis parece mais comprido. Mas há uma desproporção e uma técnica mais arcaica no quadro mais antigo. Só as mãos estão "melhor" que em Nuno Gonçalves (que não parece dar muita atenção ao desenho das mãos em todo o painel). Se os painéis fossem anteriores ao quadro da rainha (c. 1475), parece pois que Nuno Gonçalves e discípulos andariam ocupados a pintar santos...

Vejamos ainda o ornamento das vestes de Leonor, no quadro mais antigo. Esse será um "padrão da moda", no final do Séc. XV e também o vemos nos painéis. Depois há a questão da manga... é vermelha, tal como nos painéis, e cobre razoavelmente a mão.

Ainda sobre a moda no vestuário, fui reler um pouco, lembrando profundamente os confrades do Vinho do Porto. E falando em barretes, e chapelões, recordei a figura algo caricata de Afonso V, não pelo chapelão, que o tio é que ficou com ele, mas pelos seus sapatos bicudos. Era esse o outro ponto que tinha contra a tal possibilidade do quadro ser de 1445-50, pelo menos. Pelo menos, porque essa moda durou mais de um século, circa 1470 ainda encontramos quadros com esses sapatos, manifestamente já ausentes dos painéis.
Ambas as imagens parecem ter a proveniência de Georg von Ehingen,
que entra ao serviço de Afonso V c. 1460 (a imagem é suposta ser c. 1470 - ver)

É claro que poderíamos estar com uma antecipação de moda (parece que tudo pode mudar para justificar um quadro...), mas o jovem Afonso V cometeu a imprudência de usar outros sapatos, e não as botas, que só entram na moda no final do século XV, e que são usadas nos painéis.


10) A Rede
E quem são os personagens no Camaroeiro de Leonor, ou antes, "apanhadas na rede"?
Aqui começa a ser mais complicado... porque há várias "redes", mas só uma visível no quadro (com ajuda de exames alguns concluiriam que nem essa deveria ser vista...).
Bom, mas a rede visível engloba três personagens, a primeira personagem em destaque dificilmente a vejo como um homem, tudo indica que se tratará de uma "velha senhora", tem feições que sugerem isso. Ocupa um grande destaque em toda a composição. Poderia ser um "modelo indistinto"? Precisaria esse "pescador" de alguém, a seu lado, que parece "conspirar ao ouvido"? E quanto ao homem nos bastidores, que "passou por ser Salazar", quereria ele ver-se no meio daquela rede? Porquê?

A composição tem os painéis alinhados com a perspectiva dos azulejos, e por isso não há nenhuma troca de painéis (como também já foi sugerido). Em paineis.org faz-se ainda notar que a iluminação neste painel é diferente... e nessa boa observação não tinha reparado. Isso ajuda a teoria da "rede", os restantes estão iluminados pelo sol nascente, e os conspiradores pela luz do poente. Não é a mesma luz que os ilumina, e por isso os seus caminhos são outros, desviantes

Compreenda-se que estamos a entrar nos detalhes, e nada tem a ver com a datação... apenas se procura não deixar vazio o restante enquadramento, tentando dar-lhe um maior sentido global.
Poderíamos ser mais "politicamente correctos", e deixar os restantes personagens fora de  identificação. Estão identificados os principais personagens, a data, o motivo (promoção de D. Jorge a sucessor), e poderíamos deixar os pescadores no abstracto, falar numa penitência, nas preces dos frades, etc... Porém, o nosso único cometimento é com a consistência global, verdadeira, e não com uma educação condicionada.  


11) Os fundadores de Avis. 
Vejamos os 1º e 2º painéis, ditos dos "frades" e "pescadores".
No 2º painel, apesar da direcção da luz oposta, há uma sombra mal definida, no outro sentido, junto ao penitente prostrado no chão. 
Apesar de ter sombra (no painel até os santos têm), esse penitente em destaque estará morto pela "regra das mãos"... Ora, estando morto, isso dá uma grande indeterminação para o personagem, é preciso encontrar algum motivo que o coloque em tão grande destaque e em penitência, no painel da "rede".
Tratando-se da época de D. João II, é sabido que o seu maior problema conspirativo é com a Casa de Bragança, a quem fez executar o Duque Fernando, e também com Viseu, assassinando o Duque Diogo.

A origem da Casa de Bragança remonta à união da filha de Nun'Álvares com o filho primogénito de D. João I (porém em casamento anterior ao pai ser rei), ou seja, Afonso feito depois 1º Duque de Bragança. Portanto, poderia ser Afonso, mas num lugar de tão grande destaque, parece ser o próprio D. Nuno Álvares Pereira. Nun'Álvares que se dedicou no final da sua vida a uma reclusão monástica carmelita.

Comparemos os retratos, notando ao mesmo tempo que no 1º painel, em 1ª posição surge uma figura, também com as mãos juntas, cujas feições se podem assemelhar às de D. João I.

Quanto a Nun'Álvares, há uma coincidência fisionómica razoável, a começar pela sua calvíce e longas barbas. Em ambos os quadros o nariz é pronunciado, mais fino no retrato do que nos painéis (e por isso colocamos uma outra pequena imagem, que mostra que o nariz "não seria tão fino quanto isso").
Quanto a D. João I, apesar da imagem antiga não permitir grandes detalhes, há uma considerável semelhança, talvez à excepção do queixo, feito muito delicado na imagem histórica.

Se seguirmos o 1º painel, dos frades, vemos ainda um personagem de longas barbas, tal como D. Afonso V iria usar: 
Isso levou-nos a suspeitar que os "frades" representassem o seguimento da linha de D. João I, tendo pelo meio D. Duarte, e aqui D. Afonso V. Não temos nenhum comparativo com a imagem de D. Duarte (que já foi até visto com a imagem do Infante D. Henrique, numa certa ousadia interpretativa), temos apenas um pseudo-retrato formulado uns séculos depois, e a visita ao túmulo da Batalha não é muito mais eficaz - mas não se vislumbra grande barba:
A eventual imagem de D. Duarte nos painéis (que parece usar uma ligeira barba branca), parece adequar-se à escultura do túmulo (falta imagem melhor), e não tanto à da suposição posterior (creio que do Séc. XVI).
Esta suposição baseia-se mais na procura de coerência na composição, não afectaria muito o restante ser outro personagem.

Assim, este primeiro painel, teria como "frades" falecidos - a sucessão de Avis, anterior a D. João II. Ou seja, começando com D. João I, subindo para D. Duarte, próximo do seu filho D. Afonso V, pai de D. João II. Acima deles estão outros 3 personagens que já não pertencem à realeza... será complicado determinar, talvez os mestres das ordens, não sei, não me parece relevante para a compreensão do conjunto.


12) A pesca 
Passamos de novo ao 2º painel, dos pescadores.
Acima do penitente, que julgamos ser Nun'Álvares, está um grande espaço, parecendo faltar um personagem. A sua sucessão dá-se com D. Afonso de Bragança, que pensámos ter ido parar ao painel seguinte. Porquê?
Porque se não estivesse faltaria alguém do Ducado de Bragança. O pequeno D. Jorge seria já duque de Coimbra, a duquesa de Viseu está presente, e o primeiro duque, D. Henrique, também. Seria formalmente incorrecto deixar de fora o ducado de Bragança, nesse conjunto real. A solução encontrada poderá ter contribuído para a morte dos artistas (há dois... o pintor e o rei que certamente supervisiona).
Aceitando ser o velho Afonso de Bragança que sai do 2º painel para o 3º, vejamos onde ele é colocado... ao nível dos bastidores, acima do Infante D. Henrique. Tem algum destaque, mas é relegado para uma posição que afectaria a sua posição ao nível da nobreza. Especialmente porque no 4º painel, o rei vai chamar ao primeiro plano, semelhante ao real, os seus navegadores. Isto seria uma afronta velada, mas minimamente correcta na formalidade da composição. Por cima de D. Beatriz surgiria provavelmente um outro Bragança, que esconde as mãos... poderá não ter paz, pela execução, poderia ser Fernando, o neto de Afonso, executado por D. João II.

Estaria assim um par, D. Beatriz de Viseu e por cima D. Fernando II de Bragança, e outro par, D. Henrique de Viseu e por cima D. Afonso de Bragança... e teria significado.
Henrique e Afonso foram o primeiro par aliado de Viseu e Bragança derrotando D. Pedro (de Coimbra). Implicitamente, D. João II colocaria aqui Beatriz e Fernando como segundo par aliado de Viseu e Bragança, contra si, que se via como herdeiro do avô D. Pedro de Coimbra.
A confirmar-se esta "solução artística" no painel, iria bater forte, em particular na herança Bragança, sempre questionada pela sua ascendência nobre "meio bastarda".

Deveria ainda haver outra intenção - a sua inclusão ali procurava dar uma outra mensagem, porque D. Jorge também era considerado bastardo (... o rei não poderia admitir outra coisa, e não adianto mais).
Se o velho Bragança se considerava injustiçado, pelo casamento posterior do pai com D. Filipa de Lencastre, que o afastou do trono e afectava a sua nobreza, a questão da sucessão por D. Jorge envolvia conceitos semelhantes. Acresce que o próprio D. João I não seguia da linha directa, e era um bastardo legitimado pela Revolução de 1383-85, onde foi apoiado por Nun'Álvares (ele próprio não primogénito, batendo-se contra o irmão em Aljubarrota).
Estes personagens, pela sua importância, fariam ainda sentido no espaço seguinte a Nun'Álvares, mas seriam colocados no painel principal, para efeitos formais e procurando evidenciar a base moral de legitimação de D. Jorge.

A personagem seguinte acima de Nun'Álvares, tem essa ambiguidade de poder ser vista como um pescador, mas parece-me uma velha senhora, e pela "regra das mãos" estaria morta. Era muito mais fácil encontrar um candidato entre "homens mortos", facilmente colocaria ali D. Fernando II de Bragança. Mas, estando convencido que se tratava de uma mulher, não poderia ser a sua mulher Isabel de Viseu, que era viva, sendo natural aliada da mãe e da irmã contra a pretensão do executor do seu marido, obviamente apoiando o irmão D. Manuel e sendo contra D. Jorge.

Há assim uma ambiguidade, também de género, e permitiria vários candidatos, mas considerei a hipótese de ser uma evocação de D. Isabel de Barcelos, pelas várias ligações. Por um lado, era filha de Afonso e tia de Fernando II de Bragança, por outro lado, era mãe de D. Beatriz, e principalmente porque se retirou para Castela, onde viveu com a Rainha, sua filha, e com a neta, a futura rainha de Espanha, Isabel, a Católica. Quatro ligações a opositores de D. João II e à Casa de Coimbra.

A múltipla ligação atingia ainda vários problemas que induziram conflitos entre Portugal e Espanha. Do casamento da filha de Isabel de Barcelos com D. Juan II de Espanha, surge um problema de sucessão entre a neta D. Isabel e a sobrinha de Afonso V, D. Joana.
D. Joana, neta de D. Duarte,
a "Excelente Senhora" (ou a "Beltraneja").

A pedido do pai, Henrique IV de Castela, D. Afonso V tomará o partido da sua sobrinha Joana, e irá casar-se com ela - seria uma união ibérica com centro em Lisboa, o que não agradava certamente aos castelhanos, pelo mesmo motivo que o oposto não tinha agradado aos portugueses um século antes.

Os castelhanos duvidaram da paternidade chamando-lhe "Beltraneja", e viraram-se para Isabel, a neta de Isabel de Barcelos, que tinha casado com Fernando de Aragão. A Batalha de Toro é decisiva, e a derrota de Afonso V só é compensada pelo auxílio das forças do filho, João II.
Se D. Joana não está presente no quadro, não deixa de estar presente nos motivos do quadro. O seu sobrinho, D. João II, não deixará de considerar a também "madrasta" como "Excelente Senhora", sendo mais uma vítima dos processos cortesãos, de "selecção natural dos espécimes".

Sem Joana no caminho, forma-se a Espanha dos Reis Católicos, que entra em acordos de paz com Portugal de D. João II, através da mediação de D. Beatriz de Viseu, no Tratado de Alcáçovas. A mesma Beatriz, que era mãe da rainha D. Leonor, mas também a tia comum aos reis de Portugal e Espanha, promovendo um novo casamento, agora entre a sobrinha-neta e o neto... e com o neto morto, casaria de novo com o filho, D. Manuel.

Regressamos a D. Isabel de Barcelos, mãe de D. Beatriz e tia de D. Fernando II de Bragança.
Para D. João II, poderia ser natural ver naquela filha de Afonso de Bragança, uma representação de um problema de gerações: - o pai dela estava na causa da morte do seu avô, a neta na derrota do pai, o sobrinho na conspiração contra si, a tudo isto junta a morte recente do filho Afonso... Ou seja, quatro gerações apareciam como vítimas da hostilidade da Casa de Bragança, e da aliança com Viseu.

Falta falar do homem que está ao seu lado (de Isabel de Barcelos), parecendo-lhe segredar algo, e assim virado a ocidente... para efeitos do quadro não é muito importante, acho que não perdi tempo com isso. Está dentro da "rede"... a sua orientação pode já ter a ver com os planos de partilha das descobertas, que seriam oferecidos aos espanhóis através da personagem Colombo. Pode ser D. Álvaro de Bragança, ainda vivo, refugiado em Castela desde a morte do irmão Fernando. É próximo de Isabel, a Católica, que lhe dará posses em Espanha, regressará a Portugal logo após a morte de D. João II. Poderá segredar os planos colombófilos ocidentais à neta de Isabel de Barcelos, também Isabel, assim numa identificação intemporal.

O homem de bastidores, ainda dentro da "rede", poderá ser visto como um executor do "acidente" que vitimou o príncipe Afonso. Se alguém quis ver aí Salazar, dificilmente terá sido o próprio, a menos que ele estivesse convencido da versão "frades, pescadores... e Companhia". Nesse caso estaria talvez a ser vítima de uma piada cortesã, de piadas e boatos que se disseminam como doença, numa sociedade fragilizada pelos códigos e segredos da grande confraria lusitana. Outra possibilidade é que o sistema estivesse tão seguro de controlar educacionalmente a versão oficial, que até a incorporasse como teste...
De qualquer forma, esse "boato" acabou por divulgar ainda mais a existência dos painéis.
E, se nessa época se divulgou a imagem do Infante com uma sustentação sólida, não se usou mais nenhuma, as restantes ficaram como incógnitas. Ao contrário, hoje vemos divulgados rostos associando as caras dos painéis a figuras históricas, com base nas mais frágeis teorias. A próxima geração, como novo teste, terá que perceber adicionalmente que os rostos que lhes eram familiares, eram afinal meras suposições.

[continua]

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