Alvor-Silves

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

A Mina e A Méjica

Neste "peça a peça" vou colocando algumas das coisas que fui vendo ao longo destes três anos, mas que aqui não escrevi, porque acabavam por ser "mais do mesmo". Mais provas, e alguma documentação, que ia sempre ao encontro da tese principal - a História ensinada é uma estória onde se esconde outra história...
Como me vou relembrando de algumas coisas, e encontrando outras novas, acaba por me parecer útil reunir os diversos elementos, que acabam por acrescentar alguns detalhes. O material é tanto que dará para encher muitos textos, mas são essencialmente muitos indícios do mesmo, e não propriamente grandes novidades.
É claro que é fácil rebater um documento isoladamente, enquanto que contra uma extensa lista de documentos e evidências, a Academia usa os expedientes habituais:
- ignora até poder, pode também falar em "algo absurdo" ou em "algo interessante" (é indiferente), mas requer mais explicações (infindáveis, ao bom estilo kafkiano), e quando, esgotando a paciência de todos, finalmente aceita... nada faz, e continua a ignorar como antes, até que venha a nova geração, e tudo se repete. Andamos nisto há séculos... podemos dizer milénios. 
Temos aqui exemplos ilustrativos.

O assunto é sobre a descoberta do Brasil, e menciono três textos.
- Uma bem conhecida carta de Mestre João Faras, um espanhol da migração judaica, ao serviço do Rei de Portugal, D. Manuel, na esquadra que colocou o carimbo de descobrimento no Brasil.
- O livro de Faustino da Fonseca, "Descobrimento do Brazil" e um texto com o mesmo nome, de Garcia Redondo, académico brasileiro, que cita e elogia Faustino. Ambos os textos são do início do Séc. XX, passaram-se 100 anos, e praticamente estão esquecidos. O texto de Garcia Redondo é mais curto, e encontra-se mais facilmente... já o de Faustino não se encontra às primeiras tentativas.

Mestre João
Sobre a carta de Mestre João, descoberta por Vernhagen no Séc. XIX, não há muito a dizer, bastaria um "sem comentários" e ler bem o que ele escreveu. Há uma página razoavelmente completa na Wikipedia, há a documentação na Torre do Tombo, e a transcrição associada:

Excerto da carta de Mestre João (Faras), onde desenha 
o Cruzeiro do Sul para orientação do pólo antártico.

O que tem a descrição de especial? Não é apresentar o Cruzeiro do Sul, pois desde as viagens aceites de Diogo Cão em 1482 seria impossível não o ver...
A maior particularidade é esta citação:
Quanto, Senhor, ao sítio desta terra, mande Vossa Alteza trazer um mapa-múndi que tem Pero Vaz Bisagudo e por aí poderá ver Vossa Alteza o sítio desta terra; mas aquele mapa-múndi não certifica se esta terra é habitada ou não; é mapa dos antigos e ali achará Vossa Alteza escrita também a Mina.
Portanto, Mestre João, que acaba de chegar ao Brasil com Pedro Álvares Cabral, diz que aquela terra estava num mapa de Bisagudo. 
Resumindo: por acaso acabavam de descobrir o Brasil, mas tinham deixado em Portugal um mapa que já tinha desenhada aquela costa. 
Há gente que engole isto, e de facto só tem um problema de interpretação dado o significado da palavra "des-cobrir" - Cabral conseguiu "descobrir" por sorte, já o mapa de Bisagudo, esse ficou "encoberto" por azar.
Há um detalhe que ninguém parece mencionar, mas que para mim é muito importante... a Mina.
Aquilo que se torna claro é que a Mina era na América, ou antes - havia um Castelo da Mina junto aos incas, e um Forte da Mina no Benim - algo que escrevi há três anos, quando reparei no paralelismo das descrições entre as costas africana e americana.

Faustino da Fonseca e Garcia Redondo
Este episódio do mapa de Bisagudo é notado no livro 
Descoberta do Brazil, de Faustino da Fonseca.
Aliás, terá sido notado a partir do momento em que Francisco Varnhagen vai desencobrir as cartas, e há muito tínhamos referido Cândido Costa, que compilara informação no mesmo sentido. Na transição de 1900 sucedem-se os achados contraditórios, e pela não divulgação, são vários a chegar às mesmas conclusões. Uns terão ficado inconformados, outros terão-se conformado a alguma irmandade que cuida destes desvios.
Faustino da Fonseca, tentará publicar a sua compilação de factos por ocasião do 4º centenário da descoberta do Brasil, em 1900. Como ele diz, foi a popularidade do seu texto que evitou que ele ficasse completamente encoberto, e acabou por ser editado, para ser hoje convenientemente esquecido.
De acordo com a wikipedia, seria afiliado maçon, foi senador e director da Biblioteca Nacional, depois da implantação da República. Não terá sido o primeiro, nem o último director, que demonstrara antes as inconsistências na descoberta do Brasil.

Há muita informação importante no trabalho de Faustino da Fonseca, e são tantos os elementos que ele reúne que acaba por ser difícil retirar alguns do contexto.
Garcia Redondo, em palestra na Academia Brasileira, rendido à demonstração de Faustino, sintetiza assim as conclusões ("O Descobrimento do Brazil", Garcia Redondo, página 34):
  • 1436—Regista André Bianco nas suas cartas e no seu portulano as descobertas do Brazil ou Antilia, Mar de Baga e Mar de Sargaços.
  • 1447—Um navio parte do Porto e vae á Groelandia onde os marinheiros desembarcam.
  • 1448—Regista André Bianco nas suas cartas a existencia do Brazil á distancia precisa de 1500 milhas comprehendidas entre as ilhas do Cabo Verde e o Cabo de S. Roque.
  • 1452—Diogo de Teive e seu filho João descobrem a ilha das Flores e chegam á latitude da terra do Lavrador.
  • 1472—Descobre João Vaz Corte Real a Terra de João Vaz, ou Terra Nova, ou Terra dos Bacalhaus, na America do Norte.
  • 1473-1484—Affonso Sanches descobre as Antilhas.
  • 1487—Viagem á America de Fernão Dulmo e João Affonso Estreito, acompanhados de Martim Behaim, que registou, depois, no globo terraqueo que construiu e no mappa do erario real portuguez, a existencia da peninsula da Florida, das Antilhas e do golfo do Mexico.
  • 1492—Descoberta, entre 30 de Janeiro e 14 de abril, da terra do Lavrador, por João Fernandes Lavrador e Pedro de Barcellos.
Para quem começa a ler a documentação, como diz Garcia Redondo, o que é quase impossível é mostrar que foi Colombo o primeiro a realizar tal viagem...
O mais notável será a leitura do próprio Colombo, que vai à "Terra Firme" (Colômbia, Venezuela), para confirmar da existência das terras que el-Rei Dom João II lhe assegurava existirem, ou seja, de toda a América do Sul, em particular do Brasil, demarcado pelo afastamento do meridiano de Tordesilhas.
Conforme diz Faustino da Fonseca, não era Colombo que inovava pela ideia de circum-navegação, essa ideia era vendida a D. João II, e depois a Colombo, por Toscanelli e pela academia externa, que ignorava a extensão prática da América, bloqueadora da passagem.
Reconstrução da visão de Toscanelli (1474)
(esta ideia de Circumnavegação será adoptada depois por Colombo)

Os portugueses é que se afastavam da escolástica, e afirmavam a experiência, "a madre de todas as cousas", conforme dizia Duarte Pacheco Pereira. O relato da extensão americana, que Pacheco descreve ao delimitar correctamente pela parte portuguesa do continente americano, surpreende Humboldt, já que à época as navegações espanholas nenhuma informação traziam da ligação contínua entre a América do Norte e do Sul.

A Méjica
Garcia Redondo vai ainda juntar uma nota sobre Vespúcio, e como a América resultaria de uma manobra francesa para lembrar o seu cartógrafo Rigmann... mas nacionalidades são ali uma capa que esconde outra estrutura, em que os francos são armados em galos. Redondo refere ainda a possibilidade do nome advir de uma designação dos Índios da Nicarágua para "Terras Altas".
Já aqui abordei o tema, e não me oferecem dúvidas que o termo Américo nada tem a ver com Alberico Vespúcio, que depois passou a ser conhecido como Américo...
Notei depois outro detalhe, que aproveito para escrever agora. 
Figueiredo fazia a separação - falava "da Mérica" e nem sempre da América
Ora, entre Mérico e México, temos apenas um ligeiro desvio de "r" para "x", acresce que os espanhóis ainda escrevem alternativamente "Méjico" enfatizando o som "r" no nome.
Por outro lado, Mexica era o nome dado ao povo Azteca, e pronunciava-se Méhícá, onde o "h" pode ser substituído sem grande distorção pelo "rr" do "j" espanhol.
Ou seja, se perguntassem a um português, diria A Mérrica, um espanhol A Méjica.
As suas malaguetas, paprikas ou amrikas, seriam afinal a pimenta, cujo o prato principal seria o ouro, disfarçadamente misturado no paralelo africano da Costa da Malagueta.
Se a Mexica caíu com Cortés, o nome já em uso acabou por brindar um Alberico renomeado Américo, mantendo-se alguma fonética original.

O atlas Miller 
Já vimos como Faustino da Fonseca (1900), Garcia Redondo (1911), ambos membros da Academia das Ciências de cada país, tomaram conhecimento do assunto, moveram-se para publicar as redescobertas, pelos cargos influentes conseguiriam alguma tomada de posição institucional. Porém, isto foi antes da Primeira Guerra Mundial, depois o assunto parece ter ficado algo esquecido, ou talvez não, e houve uma Segunda Guerra Mundial, e depois um grande silêncio.
Só que este problema acaba por aparecer ciclicamente, porque as coisas não batem certo, e alguém descobre, ou porque as coisas passam de uns a outros, quanto mais não seja em conversa casual.
Chegou-me a notícia (via KT-USA) de uma tese de doutoramento polémica sobre o Atlas Miller, de Alfredo Pinheiro Marques, na Universidade de Coimbra (e que parece ser levado o autor a mover processo judicial). Incluía-se um título significativo:

  • MARQUES, Alfredo Pinheiro
    Para o Silêncio da História: Carta ao Primeiro-Ministro do Meu País, sobre a Censura e a Mentira na História de Portugal
    [For the Silence of History: a Letter to the Prime Minister of My Country, on the Censorship and Lies in the History of Portugal], Coimbra - Figueira da Foz: Edição do Autor, 1999; 235 pp., c/il.; Dep. Legal (Portugal) 139040/99, ISBN 972-97193-2-2. The book about the censorship in Portuguese historiography and commemorations, and the international scandal of the 17th International Conference on the History of Cartography, Lisbon 1997.
Apesar de ter a curiosidade inerente em ver o que é dito sobre o Atlas Miller (de que já aqui falei), o título da "Carta ao PM" é suficientemente esclarecedor. Passados 100 anos, não foi Faustino da Fonseca a ter problemas ("O escândalo dos dramas do concurso do Centenário da Índia". Lisboa, Editora Agência Universal Publ., 1898), mas aparece sempre alguém... neste caso o director do Centro de Estudos do Mar. Se Luís de Albuquerque resistiu à tentação, parece que a nova geração nem tanto...
Não tenho grandes dúvidas que há segredos na representação das cartas portuguesas, e o mais simples - que consiste em virar o portulano de Pedro Reinel, será um deles. É bem possível que Alfredo Marques tenha identificado outros e se tenha deparado com o processo kafkiano inerente (felizmente que não é dirigido contra ele). Porém, parece-me que o segredo que escapou a Alfredo Marques é que se tratam mesmo de segredos... ainda hoje.

Essa reacção da parte culta, do culto, vi em inacção e acção há três anos... nos últimos quinze dias de Dezembro de 2009, e não me surpreendeu. Já as manifestações mais ocultas, essas vieram nos quinze dias seguintes, e deram-me uma dimensão suplementar do problema... essas diabruras é bom que fiquem de onde nunca deveriam ter saído.

17 comentários:

  1. Umas reflexões, antes diria que é pena não virem aqui mais pessoas comentar, mas enfim.

    Quem visitou o Canada como eu fica primeiro desconfiado e depois perplexo com a propaganda da sua descoberta por um Cartier francês, durante a união das coroas ibéricas os portugueses perdem a Terra Nova dos Bacalhaus, quem leu a história da colonização de Vancouver pode imaginar quanto foi fácil para os franceses apagarem os traços das colónias portuguesas da actual Gaspésie (Gaspar Corte Real...) um português comprou uma ilha em Vancouver casou-se com uma índia local e dela teve uma grande descendência, enriqueceu o português inicialmente a fornecer os colonos em peixe (bacalhau ?) e chegou a ser proprietário de partes importantes desta vila que depois revendeu à Coroa Britânica, muitos mas muitos portugueses estavam já nos cinco continentes estabelecidos antes de chegarem em massa os europeus para conquistarem e colonizarem... para terminar relembro que o chefe de Estado do Canada é a Rainha de Inglaterra, a sua efígie figura no dólar canadiano... o Canada inicialmente português continua a ser um "colonia" britânica, para mim sua "cedência" (nunca o reclamaram...) no século XVI foi o preço secreto a pagar aos britânicos para Portugal continuar independente de Castela.

    Boas leituras, cumprimentos, José Manuel CH-GE

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Poucos, mas bons, não é? Obrigado por comentar, José Manuel.

      Logo no dia 22 de Dezembro de 2009, há quase três anos, quando o contador do Knol avariou, eu deixei de me preocupar muito com o nº de visitantes - "eles lá sabem com que lenha se cozem"... ou será com "que linha se cosem"?
      É engraçado que esse número é basicamente constante há 3 anos, e varia entre 80 e 150 visitas diárias... parece um relógio!
      Só houve um dia, há uns meses, que alguém se esqueceu de fechar a torneira, e apareceram aqui 900 visitas em dois dias, para ver a Carta do Atlântico Norte...

      Não sabia essa de Vancouver... estamos a falar do outro lado do Canadá!!! Isso significaria sucesso confirmada na passagem Noroeste. Muito boa informação a explorar.

      Sabe, José Manuel, o problema principal é que Portugal seria sempre demasiado pequeno para lhe ser creditada tanta coisa... por isso foi mais fácil retirar quase tudo. Conforme poderá ler no Faustino da Fonseca, à época até queriam retirar a descoberta do Brasil...

      É como diz, enfim...

      Eliminar
  2. Alvor-Silves

    Não sei se tem conhecimento mas essa tese de doutoramento de Alfredo Marques está disponível para download gratuito em:
    http://ml.ci.uc.pt/mhonarchive/histport/msg05595.html

    Cumprimentos

    Clemente Baeta

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Caro Clemente Baeta,
      obrigado, não tinha visto ainda.
      Já fiz download, e dei uma rápida vista de olhos.
      Pensei que ele iria tentar decifrar os mapas e não tanto averiguar sobre a autoria e política envolvente. Não deixa de me parecer ser um trabalho notável, e fico um bocado intrigado que tenha havido más reacções - não me pareceu que ele tivesse questionado muito as teorias vigentes "mais secretas", mas ainda não li o detalhe.

      Tomei a liberdade de seguir o seu link e verifiquei que se interessa pelos painéis.
      Deixo dois links:
      http://alvor-silves.blogspot.pt/2012/03/nuno-goncalves-14122009.html
      http://alvor-silves.blogspot.pt/2012/03/pecas-dos-paineis-de-s-vicente.html
      que lhe dão a minha opinião sobre o assunto.

      Mais uma vez, obrigado pelo comentário.

      Eliminar
  3. Caro Alvor-Silves

    Não tem que agradecer.

    É com muito interesse que tenho acompanhado os seus posts de divulgação sobre os mais diversos temas mais ou menos escondidos, esquecidos ou ocultos.

    Por isso eu é que agradeço

    Cmprimentos
    Clemente Baeta

    PS: Faço também um pequeno comentário no seu post sobre os Painéis.

    ResponderEliminar
  4. Saudações caro Da Maia

    Ao princípio ainda considerei que a menção na carta de Mestre João ao mapa de Bisagudo fosse intencional para causar confusão sobre a primazia espanhola na América quando necessário mas juntando todos os os factores não me parece. Quase todos os links que apresenta já não se encontram disponíveis. Que admiração...
    Porque não compila toda esta situação de Colombo e Vespúcio e edita um livro? Este é um assunto que deveria ser exposto.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Caro João Ribeiro,

      sim, houve diversos links que foram mudados ou desapareceram, mas os livros de Faustino e de Garcia Redondo, estão lá. Outros links, ainda são fáceis de encontrar pelo Google, por exemplo:

      http://antt.dglab.gov.pt/wp-content/uploads/sites/17/2014/08/Carta-Mestre-Joao.pdf

      que é a mesma tradução do espanholado que está transcrita na Wikipedia.

      O original completo está, por exemplo, aqui:

      http://marcelobighetti.blogspot.pt/2011/09/carta-do-mestre-joao-ao-rei-d-manuel.html

      Quanto à publicação deste material em formato de livro... é um assunto recorrente há 6 anos, mas é muito simples de voltar a explicar no essencial:

      1) As editoras ganham propriedade sobre a obra editada, comprometendo o acesso livre.
      2) Isso implica uma associação pessoal à editora, e não me interessa associar-me directamente ao que escrevo. Aliás, não entendo que as ideias me pertençam, mas sim, irrita-me ligeiramente se outros pretenderem passá-las como suas (caso da Vortex Mag).

      3) Tenho algumas coisas em formato PDF - ver na barra lateral, por exemplo esta:
      https://sites.google.com/site/alvorsilves/home/AlvodeMaia-V2-08.pdf
      e isso é mais que suficiente como forma de leitura nos tempos que correm, de publicação digital. Não fiz mais, porque dá algum trabalho, para ficar minimamente bem feito.

      4) Um livro fecha coisas, e eu gosto muito mais de deixá-las em aberto.

      5) Finalmente, citei aqui os livros de Faustino da Fonseca e de Garcia Redondo, que no seu tempo foram ilustres membros das Academias de Ciências de Portugal e do Brasil.
      O que lhes adiantou isso?
      - Nada!
      Continuou a ensinar-se tudo como tinha sido ensinado antes... isso serve muito como lição.
      Os marinheiros aprendem com o resultado das navegações anteriores.

      O que me parece ser útil... é que quem sabe, e ache que isto faz sentido, não fique com o assunto guardado para si. Não é preciso muito mais. É só preciso que as pessoas entendam, e depois não aceitem as primeiras desculpas esfarrapadas que alguém lhes contraponha, sem se informarem de novo.

      Se souberem das desculpas, dos contra-argumentos, pois eu tenho esta página aberta há 6 anos e praticamente ninguém se atreveu a contestar o que fui aqui colocando. Mais que isso, já me informaram de que links foram deixados em pretensos "peritos", e ninguém quis vir rebatê-los.

      Abç

      Eliminar
    2. Só mais uma coisa...
      - Se eu fosse professor de História, o que faria?
      - Pois, não é preciso fugir às instruções rígidas que o Ministério de Educação exige que sejam transmitidas aos petizes, para formatar as suas cabecinhas. Aliás, é possível dar uma aula muito mais interessante, levando-os a pensar.
      Dou alguns exemplos, dos muitos que aqui deixei:

      - Da passagem do Cabo Bojador até à passagem do Cabo da Boa Esperança, foram precisos 56 anos de navegações. Quantos anos é que acham que demoraria se fossem a pé?
      - Um ano ou menos...

      - A grande ideia de Colombo em 1492 foi navegar para Ocidente. Em que direcção é que os portugueses navegavam, durante os 60 anos anteriores, quando foram milhares colonizar os Açores?
      - Ocidente!

      - Certo, e o que é mais difícil? Encontrar um continente enorme como a América, ou umas ilhas minúsculas como os Açores, no meio do Oceano Atlântico?
      - Mas a América está a pouco mais do dobro da distância, se partirmos de Lisboa.
      - Sim, mas e se partirmos dos Açores?

      - Timor está mais próximo da Austrália do que o Porto está de Lagos. Como é que chegámos a Timor em 1514, e nunca demos com a Austrália nos 100 anos seguintes?

      - E como é que os holandeses deram só com a metade ocidental da Austrália, e a metade oriental ficou encoberta durante mais 150 anos, até que Cook lá foi?

      - etc, etc...

      E se os professores de História não sabem responder aos alunos que fizessem estas perguntas, pois perguntem ao Sindicato, à Sociedade Portuguesa de História, ou ao Ministério, que eu teria curiosidade em saber quais seriam as respostas aconselhadas.

      Abç

      Eliminar
    3. Óptimo.
      Muito gosto me tem dado a descoberta do seu blog. Muitos parabéns.

      Afonso

      Eliminar
  5. O que não entendo é porque existe da parte Portuguesa a tentativa da ocultação das provas de grandes feitos pelos Portugueses? Por exemplo, o termos descoberto a Austrália e chegado à América antes dos espanhóis. Não entendo o "porquê?" Porquê ocultar feitos que nos enaltecem? Porque assim menorizamos o papel dos outros povos nas Descobertas?! E então vamos ser prejudicados diplomaticamente? É isso? Não entendo...
    Um livro não fecha nada, é sim um porta para a descoberta. Se alguma vez ,mudar de ideias avise que eu compro:)

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Como compreenderá, esses "porquês" sobre a ocultação também os tenho, e não sei responder.
      O que procurei foi deixar claro que havia uma ocultação, absurda e gritante, mas ela já existia antes de 2009/10, e eu não lhe ligava muito, ou mesmo nada.
      É preciso um "clique" para mexer connosco, e não aparece em toda a gente ao mesmo tempo. A certa altura desvanece nuns, aumenta noutros, mas não é suficiente para abalar a inércia do que está instituído.

      Depois, grande parte do problema é mesmo o dar crédito aos portugueses - algo que objectivamente ninguém parece querer - excepto durante o tempo do Estado Novo, e mesmo assim vemos que nem nesse período se conseguiu divulgar muito.
      Colocando as coisas como disse Pedro Nunes - "nem uma ilha, rochedo, ou baixio, deixou de ser cartografado", e segundo o que ele dizia à sua época ninguém se atrevia a duvidar do contrário. Só que ele já perceberia que as coisas não iriam ser assim... e a última tentativa de colocar isso no devido sítio foi com D. Sebastião, e com o resultado conhecido.

      Portanto, o panorama do conhecimento português ao tempo de D. Sebastião era este:

      http://alvor-silves.blogspot.pt/2013/05/prova.html

      e com esse "Teatro dos Descobrimentos", o que restaria para glória inglesa, francesa, etc.?
      - Não restaria nada!
      Especialmente no decurso dos Séc. XVIII e XIX, Portugal ficou cada vez mais cercado pela pretensão dos outros em reescrever a História, e foi reduzindo as coisas ao mínimo, assinando sucessivos Tratados e Alianças, de sobrevivência geo-estratégica. O mesmo se passou com Espanha, e não apenas por pressão externa, mas também por pressão interna - através da grande irmandade "a Maçonaria", que cuidou de guardar segredos melhor do que antes fizera "a Igreja Católica".

      A Igreja Católica antes de autorizar o descobrimento da América aos Reis Católicos, em 1492, lançou preventivamente a Inquisição Espanhola em 1478... como forma de controlar toda a divulgação de descobertas.
      Em vez de usar essa táctica brutal de repressão, a Maçonaria em vez de queimar livros, usou o foco de luz editorial, para dar relevo a umas publicações e ocultar outras.
      Foi muito mais eficaz como processo, como se vê hoje em dia com a Internet. Blogs como este não precisam de ser suprimidos, basta não lhes dar foco de atenção, e conduzir a atenção para outras coisas.
      Há tanta coisa para dispersar, que nem é tarefa difícil.

      Acresce que os portugueses foram os primeiros a ocultar dos outros, e por isso pode haver quem ache que a penalização deve manter-se. Acresce ainda que muito mais provavelmente, Árabes, Chineses, Indianos, etc... todos têm a sua história de descobertas, já para não falar nos Romanos, Gregos, Fenícios, Egípcios, e ninguém conseguirá traçar com muita certeza o que se passou - ainda que tenham versões antiquíssimas que lhes digam que "foi assim e não assado", mas que serão contraditórias.
      Mais, o esforço de ocultação da presença portuguesa deve ter sido maior do que o esforço dos portugueses em lá chegar... portanto, perante lançar a incerteza e a desconfiança na população, todo o poder que vive dessa confiança institucional, não quer abdicar disso, só porque é "verdade"! Para o poder instituído, a verdade é o que é divulgado como tal, e isso é que interessa manter.

      Conforme lhe disse, a inércia é enorme, mas que as coisas mexem, mexem... eu tenho todo o tempo do mundo.

      Abç

      Eliminar
  6. Boas,

    Pois é que é intrigante qual a razão de uns territórios poderem ser reclamados por Portugal e outros tenhamos de ocultar a nossa presença. Mesmo tendo em conta o Tratado de Tordesilhas. Reclamámos Timor mas a Austrália ali ao lado, não. Na altura talvez estivessem a ocultar do governo filipino algumas descobertas mas séculos depois ainda se nos esforçamos por essa ocultação?! A maçonaria nunca a entendi bem. Existem actos patrióticos na nossa História por parte da maçonaria. Não quero acreditar que uma pessoa ao ser maçon tenha o intuito de destruir a nacionalidade. Não percebo se a maçonaria é bode expiatório para todos os males nacionais se é realmente a origem desses males. Não sei, não faço a mínima. Olhe se o caro Da Maia é professor de História, no caso de não ter ainda Mestrado ou Doutoramento, esta questão da América é uma boa matéria para uma tese. Assim escreveria um livro sem o "escrever" ;)

    Ab

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Os Tratados ganharam força de lei... a menos de novas guerras, fazendo novos Tratados.
      Do que me parece, e tudo aponta nesse sentido, praticamente Portugal e Espanha ficaram circunscritos aos territórios que tinham outorgados antes da Guerra dos Trinta Anos. Esse foi o momento do volte-face, em que passou a haver disputa de todos os outros sobre os territórios restantes "escondidos". A Holanda ainda tentou ficar com a Austrália, mas apenas com a metade portuguesa, porque os holandeses dedicaram-se a competir apenas com Portugal, já que era uma nação igualmente pequena.
      Não foi só Portugal que deixou de contar, a Holanda no Séc. XIX basicamente já não se mexia, e no Séc. XX ainda menos mexeu.

      Depois, como os ingleses eram aliados, não nos incomodaram "muito" na nossa parte... dado que praticamente lhes cedemos a Índia, aquando da Restauração, e do casamento de Catarina de Bragança com Charles II.
      Não ligaram nenhuma à posse holandesa da Austrália - que se chamava "Nova Holanda", e mesmo que a Holanda tivesse invadido a Inglaterra com o seu rei - Guilherme III de Orange, no quadro da "Revolução Gloriosa", essa vitória holandesa foi no fundo a sua derrota... porque a partir daí tudo o que era holandês praticamente foi sucessivamente "adquirido" pelos ingleses.
      Boa parte da comunidade judaica ibérica que tinha ido para a Holanda, passou depois para Londres. O controlo da Companhia das Índias - braço armado comercial de todas as revoluções, e predecessor da maçonaria, passou para Londres.

      Além disso, o desequilíbrio entre França e Inglaterra, no quadro da Guerra do Sete Anos ficou definitivamente a favor dos ingleses.
      Basicamente, ao ganhar a Guerra dos Sete Anos, a Inglaterra definiu a posse da América do Norte e de todo o Oceano Pacífico - no que interessava, ou seja Austrália e Nova Zelândia.
      A última tentativa de resposta francesa foi com Napoleão, mas com Waterloo isso acabou definitivamente, e não mais a França espirrou contra a Inglaterra... quem desafiaria depois a Inglaterra seria a Alemanha, nas duas guerras mundiais do Séc. XX, mas sem sucesso.
      Creio que a maçonaria ficou completamente escaldada com o imperialismo francês, quando Napoleão sonhou que não dependia de nada, nem de ninguém.
      Em resposta, a França apenas tratou de apoiar a revolução dos EUA... e toda a maçonaria apoiou esse projecto, o que foi uma razão do sucesso dos EUA. Creio que a maçonaria ficou completamente escaldada com o imperialismo militante dos franceses, especialmente quando Napoleão sonhou que não dependia de nada, nem de ninguém.
      A maçonaria é uma evolução do templários, e ambos os movimentos têm muitas características de influência judaica.
      Sobretudo, Napoleão ao intervir no Egipto, prometia libertar Jerusalém, mas chegou a Jaffa e cortou-se à tarefa... depois a aposta nos ingleses durante o quadro da 1ª Grande Guerra, tinha como troca (os Rothschilds pediam isso) a libertação de Jerusalém e definição do estado de Israel - algo que os ingleses cumpriram parcialmente, ao libertar Jerusalém em 1917, mas não criaram nenhum estado judaico.
      Os judeus só conseguiram a chamada "solução final" deles - que era a constituição do Estado de Israel na Palestina, após a 2ª Guerra Mundial, e não foi sem que tivessem que colocar umas bombas também - por exemplo no King David Hotel.

      As únicas histórias a que me dedico estão aqui, profissionalmente nada tenho a ver com o assunto... e esqueça lá o livro ;-), já escrevi esses dois que fala, há mais de vinte anos.

      Abç

      Eliminar
  7. Uffa que confusão! Que esquemas! E tudo interligado... Obrigado pela explicação, vou tentar discernir toda esta info.

    Ab

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Para baralhar mais as cartas
      olá,
      à procura duma Shambhala vim ler aqui o seu "é intrigante qual a razão de uns territórios poderem ser reclamados por Portugal e outros tenhamos de ocultar a nossa presença", não tinham população suficiente para os povoar... tiveram que fazer veras cruzes... Provavelmente os portugueses limitaram-se a percorrer rotas secretas que os árabes lhes deixaram, mas a pista da procura da tal fonte da juventude e paraísos perdidos (Colombo...), para mim, indica uma civilização pré diluviana mais avançada que a actual, os Vedas relatam algo como guerras nucleares (Mohenjo-Daro ?) isto é especulativo, mas provas que a tal civilização existiu há-as nos artefactos dos museus, esta talvez seja mais uma: http://sol.sapo.pt/noticia/512190/Descoberta-surpreendente-no-t-mulo-de-Tutankhamon Causas de fins de mundos? em Portugal muita coisa que aponta para a inversão dos pólos magnéticos (Peniche...) documentação há para todos os gostos aqui: https://pt.wikipedia.org/wiki/Hip%C3%B3tese_do_deslocamento_polar#Hist.C3.B3ria_especulativa e aqui:https://pt.wikipedia.org/wiki/Invers%C3%A3o_geomagn%C3%A9tica
      O "encobrimento" de territórios continentes foi por razões várias, religiosas, económicas e essencialmente políticas, hoje há ordem para desencobrir e estamos a participar nisso, desejo-lhe caro João Ribeiro que descubra muita coisa e fique contente com o que encontrou.

      Cpts

      Eliminar
    2. Olá caro amigo anónimo,

      Muito obrigado pela info complementar. Vou com certeza explorar os seus links e os tópicos de que fala no seu comentário.

      Tudo de bom,

      J.

      Eliminar