Alvor-Silves

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

O estreito na passagem de Bering

Quando às vezes pensamos que exageramos nas conjecturas, há sempre quem nos faça ver como é possível ser mais ousado... O ilustre investigador Manuel Rosa, conhecido inicialmente por demonstrar a origem portuguesa de Colombo, ficou agora ainda mais conhecido por demonstrar a sua origem polaca:
Capa da Newsweek (Polaca) de Fevereiro 2011

Fica aqui a breve notícia, que não queríamos deixar de dar, já que só pode resultar certamente de uma aturada e notável investigação. O site Colombo Português não reflectirá agora o nome mais adequado para um Warnenczyka, mas é apenas uma opinião. 
Nos antípodas de tais profundidades, na melhor das nossas conjecturas poderíamos pensar num Colombo chinês, na rota da investigação de Menzies... ou ainda, confessamos a nossa hipótese preferida, um Colombo norte-americano, pensando que D. João II  teria afinal legado aos espanhóis um índio nativo.
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Em mais ligeiras deambulações, fomos encontrar um nome diferente: o princípe Wiasemsky... cujo registo na internet é quase nulo.
Porém, conseguimos encontrar dois recorte de jornal - um do Bay of Plenty Times (1894) e outro do Grey River Argus (1896), jornais da Nova Zelândia.

O conteúdo das notícias, que aqui colocamos serve apenas para mostrar o ponto seguinte.
(clicar para visualizar)

Trata-se de uma citação de Cândido Costa, de 1896:
Ultimamente o príncipe Wiasemsky, que já viajou a cavalo ao redor da Ásia, dirigindo-se ao Figaro, que se publica em Paris, fez ciente do seu novo empreendimento, que consiste em passar da Europa para a América pelo mesmo meio de locomoção. 
O ponto de partida será Paris, atravessará a Europa e a Sibéria em direcção ao estreito de Bering, que transporá por cima do gelo, dirigindo-se daí às duas Américas, de Alasca até à Patagónia. 
No estreito de Bering não será difícil a passagem, por isso que durante dois meses forma-se nele o gelo.
Ou seja, há pouco mais de 100 anos, o estreito de Bering era transitável pelo gelo, durante dois meses. Este facto é completamente omitido hoje em dia. 
Aliás, considera-se apenas como hipótese a possibilidade de deslocação entre a Ásia e a América, em tempos remotos, durante a glaciação. O objectivo de Wiasemsky era demonstrar a viabilidade dessa travessia, como disse Cândido Costa: "Essa tentativa é um arrojo do ousado itinerista, que vem comprovar a passagem que faziam em tempos imemoriais do estreito de Bering para a América".

Como já referimos, antes de Bering, era denominado Estreito de Anian. Provavelmente devido ao arrefecimento considerável da Terra nos séculos seguintes, ficou inviável a Passagem Noroeste. Talvez a percepção de Bering tenha sido esse congelamento e a ponte de gelo. 
Ou seja, é natural que Bering tenha descoberto a Passagem de Bering, e não o Estreito de Anian. 
Isso permitiu depois à Rússia atingir o Alasca, pela continuidade, que se revelou instável e levou à venda do território aos USA. Um jogo sobre a ponte, numa altura em que o bridge, ou Russian Whist, era inventado.


O registo que encontrei de Wiasemsky foram dois recortes de jornal, que comprovam a existência e versatilidade do explorador russo. 
O registo dessa ligação do Estreito de Bering há cem anos, desapareceu!... 
Não se trata de uma informação perdida há muitas centenas de anos, trata-se de um registo que certamente entusiasmaria os leitores de jornais de grande circulação, como o Figaro... e no entanto, as proezas de Wiasemsky ficaram enterradas na glaciação informativa do Séc. XX, com uma pequena ponta solta na Nova Zelândia e no livro de Cândido Costa.

12 comentários:

  1. Manuel Rosa prova-nos, sem margem para qualquer dúvida em «COLOMBO PORTUGUÊS-NOVAS REVELAÇÕES» (Ésquilo, 2009) que a história de Colombo era totalmente inverosímil.
    Ao longo do livro o autor desmonta a fábula do Cristóvão Colombo genovês, mostra-nos que o nome correcto seria Cristóvão Colon e que este era um pseudónimo para esconder a verdadeira identidade. Este homem era um agente duplo, ao serviço de D. João II.
    É uma leitura fascinante repleto de reproduções de provas documentais e de análises genealógicas; trata-se de uma investigação histórica e não de um romance.

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  2. Caro João,

    muitas coisas fizeram que considerasse a hipótese de Colombo ser português, e até irmão ou meio-irmão de D. Manuel.

    É uma teoria que sempre fez algum sentido, mas que me parece irrelevante face a todo o contexto, que aqui tenho exposto e que começa aqui:
    http://www.scribd.com/doc/27238170/o-Encoberto-o-Descoberto

    Agora, parece que não deve ter visitado o site do Manuel Rosa:
    http://colombo-o-novo.blogspot.com/

    Acontece que toda essa investigação tende a valer zero se o próprio Manuel Rosa diz que afinal o Colombo era polaco.

    O site dele passou a exibir a lista de jornais que fizeram essa revelação:
    http://colombo-o-novo.blogspot.com/2010/12/colon-la-historia-nunca-contada.html

    O que passa na imprensa e de que ele faz gala no site, é a hipótese polaca... nada mais!

    Mas esse folclore de despiste, francamente, não me interessa!

    Agradeço no entanto a sua atenção e interesse.
    Cumprimentos!

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  3. O que vem no livro de Manuel Rosa não é que Colombo era polaco mas sim que era português filho de um polaco. São duas coisas muito diferentes e parece que foram os jornais que criaram essa grande confusão.

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  4. Não há confusão alguma, o filho de um Polaco não é Português, é Polaco. Pouco importa onde nasceu.
    Pessoalmente, também considero detestável esse folclore, tanto mais que o Manuel Rosa, sabe muito bem quem foi Cristóvão Colombo.
    Aliás chegados a este ponto, todos nós sabemos que Cristóvão Colombo, foi o Mestre da Ordem do Templo, ou de Cristo se preferir, escolhido para reunir o chamado Tesouro de Salomão.

    Ou será que alguém ainda acredita que os Templários e o Vaticano, algum dia poriam os pés na América, se não fossem transportados pelos Portugueses?

    O mal foi esse! Deveríamos era tê-los levado para o Pólo Norte, e tê-los lá deixado a arrefecer!

    Ter-se-íam evitado muitas tragédias, incluíndo a actual.

    Da Fonte

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  5. Isto já é um artigo antigo mas.. Não consigo perceber o que tem essa publicação sobre um tal príncipe que corre o mundo em 1800 e tal tem de relacionado com o Colombo que morreu em 1500 e tal... Está-me a escapar qq coisa.

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  6. Foi uma crítica a Manuel Rosa, auto-denominado "Colombo-o-novo", escritor conhecido por dizer que o Colombo era português e que num volte-face decidiu apostar uma breve fama na Polónia, dizendo que afinal Colombo seria polaco...
    Deixou-se de ouvir falar no Colombo polaco, ou até no Manuel Rosa, do que sei.
    Por acaso, o Manuel Rosa até chegou a deixar aqui um ou outro comentário, mas dirigidos ao José Manuel.

    O Colombo polaco é da ficção literária, e do mundo da venda de livros.

    Wiasemsky é um polaco/russo, de factos jornalísticos, que se propôs passar o Estreito de Bering.

    Acontece que não sabia do "detalhe" de ter sido possível passar o Estreito de Bering no Séc. XIX, e quando se fala dessa hipótese leva-se sempre para tempos da Idade do Gelo. Isto numa altura em que se fala tanto de "alterações climáticas", é curioso nem se saber o que se passava há 100 anos atrás.

    Se aumentar o artigo verá que se diz:

    The first part of the journey was made in a 'troika' through Siberia.

    À data, em Portugal, praticamente ninguém sabia o que era uma 'troika', mas passados dois ou três meses, iria dar-lhe outro sentido.
    Mais uma das várias coincidências, que vamos encontrando.

    Abraços.

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    1. Este comentário foi removido pelo autor.

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    2. Muito obrigado pelo esclarecimento. Estava confuso. Colombo é Português e nesse sentido dou primazia ao trabalho de Mascarenhas Barreto. Agora em tom de brincadeira.. Colombo até poderia ser da Polónia ou da Conchichina, desde que não fosse espanhol.

      https://www.youtube.com/watch?v=gBQrnG5sW84

      Ab

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  7. http://obrasraras.sibi.usp.br/xmlui/bitstream/handle/123456789/7325/Municipio_de_Itu_ano2_n66_1917.pdf?sequence=1

    O artigo "Escavações" publicado no Município de Itu, de 1917, refera Atlântida de Platão e faz alusão à viagem do príncipe Wiasemsky e à facilidade de passagem entre a Ásia e a África.
    Abros

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    1. Muito obrigado pela indicação, que vim a usar no post que terminei agora:

      http://alvor-silves.blogspot.pt/2016/01/fazer-gazeta-3.html

      Abraços.

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  8. TO BE CONTINUED...

    https://www.publico.pt/2017/09/25/ciencia/noticia/cristovao-colombo-tera-sido-um-corsario-portugues-chamado-pedro-ataide-1786377

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    1. Bom, essa do Pedro Ataíde já fez cinco anos:

      http://omirante.pt/semanario/2012-11-15/cultura-e-lazer/2012-11-14-engenheiro-defende-que-cristovao-colombo-era-o-fidalgo-portugues-pedro-ataide

      e francamente, o assunto não me interessou... nem na altura, nem agora. Nem um bocadinho que fosse, não me interessou nada mesmo. Gosto mais da hipótese de ser mano do D. Manuel, ou então, ser um índio americano que D. João II foi buscar à América, para descobrir a América!... eh eh eh!

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