Alvor-Silves

domingo, 31 de março de 2013

Contas

Sabemos que um maratonista razoável demora menos de 3 horas a percorrer os 42 Km, e que uma pessoa deslocando-se a passo, faz uma média de 5 Km/h. Ou seja, sem dificuldades especiais, passo a passo, não apressado, uma pessoa vulgar pode fazer 50 Km em 10 horas, por dia, reservando pelo menos 12 horas para descansar.
Ora 50 Km num dia, são 500 Km em 10 dias, 5 000 Km em 100 dias, digamos mesmo 4 meses, se reservarmos 20 dias para dificuldades adicionais no percurso.

Simples contas como esta, levam-nos ao percurso de 15 000 Km num ano, a passo, a pé, com bastante tempo de repouso, e 2 meses de pausa para enfrentar dificuldades especiais.
Será menor o percurso que leva de Portugal a Macau (cerca de 11 000 Km), em extremidades do continente euroasiático.
Semelhante será o percurso que se leva pelas praias do continente africano, de Ceuta ao Cabo da Boa Esperança.

Isto serve para mostrar que sempre foram demasiado enfatizadas as dificuldades de mobilidade humana, sem acompanhar duma razão aparente que o justificasse. Em tempos primitivos, sem grande delimitações territoriais, seria possível a um povo deslocar-se de uma ponta à outra das plataformas continentais, no espaço de um ano. Usando um cavalo, como meio de transporte, podemos passar a ligações que levavam apenas dois ou três meses.

Por isso, quando apresentámos este gráfico da expansão portuguesa, em direcção ao sul de África...
... convém reparar que os aproximadamente 3 000 Km de costa africana, creditados em 26 anos de exploração levada a cabo pelo Infante D. Henrique, de 1434 a 1460, do Cabo Bojador à Serra Leoa, seriam percorridos pelos extensos areais que fazem aquelas praias, por um qualquer grupo expedicionário, mesmo mal preparado, e preguiçoso, num espaço de poucos meses.
Em vez de alguns meses, foram precisos quase 30 anos de "organização científica" na exploração do Infante...

De forma semelhante, os restantes 8 000 Km de costa, que se seguiram, levaram mais 28 anos até passar o Cabo da Boa Esperança. Poderiam ter sido percorridos por um grupo expedicionário num espaço de meio ano, mas nem os sábios de D. Afonso V, nem os de D. João II, o teriam feito.

Não se trata de percursos complicados, pelo meio da selva, tratar-se-ia praticamente de seguir as praias, mandar uns tiros de mosquete para afugentar eventuais problemas com indígenas mais curiosos.
Qual seria o grande obstáculo a este progresso terrestre, que serviria, quanto mais não fosse para propósitos de cartografia? Nenhum, e não há registo de confrontos na parte ocidental de África, que alguma vez tivessem colocado obstáculos complicados à passagem dos portugueses, em direcção ao sul.

Se é natural que uma pessoa vulgar não se interrogue sobre estes assuntos, é inconcebível que estudiosos o ignorem. É natural o desconhecimento, o duvidar por que razão o assunto não é debatido, mas o cidadão alfabetizado tem obrigação intelectual de colocar a questão e não se deixar iludir.

Ao fim destes mais de três anos que aqui fui colocando informação, é habitual que haja dúvidas, as mais diversas, que começam sempre pelo simples facto de mais ninguém falar no assunto. O homem é demasiado social, e acaba por não dar conta que a maioria das questões que coloca a si próprio são um produto social.
Não coloca questões que não sejam induzidas por outrem... e essas já trazem respostas previstas, prontas para se enredar na retórica das verdades ilusórias.

Porém, há coisas tão simples quanto estas contas... que são simples obrigação de interrogação de quem fez a 4ª classe. Não precisa de duvidar ou procurar documentação, deve duvidar da versão que lhe é apresentada oficialmente, porque todos sabem fazer contas elementares.

Ao fim de mais de três anos, contam-se pelos dedos da mão as pessoas que foram capazes de me dizer que sim, que de facto a história oficial não batia certo, e que a versão que conheciam dos bancos de liceu estava muito mal contada... 
Por mais que sejam os argumentos que apresente, do outro lado normalmente espero o silêncio.

Por isso, caros leitores, o cidadão vulgar quando aceita desta forma ser enganado, é cúmplice de todos os enganos, e não é um nem dois... é a esmagadora maioria, quase totalidade absoluta da população que aceita e quer ser enganada, porque deposita sempre confiança noutro alguém que não em si próprio.

Quanto a isso, nada há a fazer... os enganos de que a população é vítima ocorrem justamente por ela ser cúmplice, juntamente com as suas elites, num conveniente silenciamento geral.

Pouco interessa ter aqui registadas mais de 90 mil visitas, essas contas não valem nada, nem sei se representam alguma coisa real. Já coloquei informação em vários espaços, desde facebooks a blogs conhecidos, inclusivé espaços dedicados à história nacional, oficial ou alternativa - sempre com o mesmo resultado prático - um silêncio mais que suspeito.
O silêncio impera, e a generalidade da população é cúmplice desse silenciamento.
O problema nunca foi meu, e se o assumi como tal foi porque o vi tão desprezado... 
Pela minha parte de responsabilidade, de investigação e divulgação... pouco mais posso fazer! Ou melhor, ainda que o pudesse fazer, nem sei se há alguém que quer verdadeiramente que a situação mude. Parece-me que todos se acomodaram a este status quo da mentira aceite. Portanto, as consequências disso manifestam-se, e manifestar-se-ão, cada vez mais, a diversos níveis.

sábado, 23 de março de 2013

Alvo de Maia (Volume 2) nº 8

Deixei atrasada a compilação dos textos antigos em formato PDF.
Fica aqui o Número 8 do Volume 2, relativo ao ano 2011, e que completa esse ano.
Ficam a faltar todos os números do Volume 1, que será de 2010, e depois o Volume 3 de 2012.
Irá demorar mais algum tempo...


Fica ainda aqui o registo para os números anteriores do Volume 2 (de 2011):

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Observação: Os mais atentos podem notar que está em exibição, na Fundação Calouste Gulbenkian, uma exposição sob o título

Houve alguma publicidade à exposição, inclusivé adquiri um livrinho com o mesmo nome, que era vendido baratinho com um jornal.
O logotipo da exposição é o mesmo globo de João de Lisboa, que uso como logotipo do blog há já mais de 3 anos. No livro em questão, o mapa de João de Lisboa serve apenas de capa, se o mencionam no interior é como ilustração.

Mais alguma coisa a dizer? Não, 360º é uma volta que regressa ao ponto de partida. 
Apresentam algumas peças que aqui explorámos, mas o máximo que conseguiram foi dizer que as peças existiam, e concluir, de forma "notável" que alguém as fez, e que como tal, haveria ciência em Espanha e Portugal, no Séc, XVI. É essa a grande novidade apresentada.
Poderia pensar-se que estou a brincar, ou que estão a brincar connosco... não creio!
O comissário Henrique Leitão, a coordenadora Francisca Moura, e a adjunta Teresa Nobre de Carvalho, cumprem de forma exemplar a função para a qual foram programados. Boa encadernação, qualidade gráfica irrepreensível, texto sem incorrecções gramaticais visíveis. Fizeram a volta de 360º, e regressaram ao ponto de onde nunca saíram. Falaram sobre a cartografia, sem se afastarem um grau do politicamente correcto. Só resta endereçar os parabéns, e desejar que não tenham ficado tontos com a rotação de 360º sobre o umbigo.

Não é nada que me surpreenda. Faz parte do "modus operandi" previsto - falar do assunto, para controlar o que se fala sobre o assunto, ao mesmo tempo dizendo que nada se esconde, nada se diz sobre o que está escondido. 
Estão previstos pela teoria, o meu problema é só saber se tais atitudes podem ou não ser enquadradas em elementos da espécie humana. Apenas isso.

Sobre o globo de João de Lisboa: