sexta-feira, 11 de março de 2016

Base Cartográfica

A Cartografia Portuguesa está muito dispersa na internet, e apenas uma pequena parte está na Wikipedia, não sendo sempre fácil colocar mapas aí, devido à política de rigoroso controlo de direitos legais que a wikipedia respeita.

Fomos contactados por David Jorge, que decidiu compilar uma grande base de dados cartográfica, especialmente focada na cartografia nacional:
e que tem mapas com elevada resolução.

Foto anterior - a localização foi mudada - está agora em Mega.nz

Em particular, David Jorge interessou-se pelo planisfério atribuído a Sebastião Lopes e Pedro Lemos (com datação atribuída de 1590):
Planisfério de Pedro de Lemos e Sebastião Lopes, datado 1590.
(download
Este mapa com datação tardia tem vários detalhes curiosos, nomeadamente na parte da Terra Nova e Labrador, onde se focou o David Jorge - sendo de 1590 não menciona posses francesas, evidenciando as portuguesas... ou qual seria a correcta interpretação da bandeira azul listada?

Mas não só. Há ainda uma cartografia de toda a parte Árctica com razoável precisão, especialmente se notarmos que a posição das bandeiras e indicará uma datação de c. 1530, ou seja, 60 anos anterior à atribuição oficial. Este mapa seria uma provável cópia de mapa anterior, também onde se poderá ter inspirado o Theatrum Mundi de Lavanha e Teixeira.

O Instituto Hidrográfico usa como símbolo uma Rosa dos Ventos, atribuída ao mesmo cartógrafo Sebastião Lopes, nesta outra carta de 1558:
Carta de 1558 de Sebastião Lopes, com a Rosa dos ventos,
usado no logotipo do Instituto Hidrográfico. (download do mapa)
_________________________________________________
Nota - Actualização de 25/02/2017
- actualização do site para Mega.nz, conforme comentário de David Jorge.

Ver nova actualização (11.06.2018):
https://alvor-silves.blogspot.com/2018/06/dos-comentarios-37-ligacoes.html

18 comentários:

  1. Em breve novos links para a biblioteca....
    DJorge

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    1. Caro David Jorge, aguardo esses links, porque pouco tempo depois o site ficou inacessível, aliás ainda está...
      Um abraço, e votos de bom trabalho.

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  2. Aqui fica o novo link com novas cartas adicionadas à biblioteca:
    https://mega.nz/#F!moN3iSjL!0a57E0iCJijqGqtCKT67ww

    DJorge

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    1. Pois, é deveras notável a quantidade de mapas com qualidade que conseguiu reunir.
      Presumo que também não seja fácil encontrar um sítio que albergue essa informação toda (esse mega.nz parece colocar algumas restrições ao download).
      Obrigado!

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  3. Sobre um dos "mistérios"(Mapa de Pedro Lemos e Sebastião Lopes), o das 2 bandeirolas listadas a vermelho e branco de forma triangular, diferentes dos "estandartes" quadrados com as mesmas listas ainda não tenho fundamentos completos mas deixo aqui o seguinte link que, carecendo de uma tradução ainda, penso representar um navio otomano na página 859 do tratado de marinhagem de Pirî Reis: http://gallica.bnf.fr/ark:/12148/btv1b6000438h/f859.item.r=portolan.zoom

    Cumprimentos,
    DJorge

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    1. Outro bom link - o acesso ao tratado de Piri Reis, que tem bastantes mapas costeiros, nomeadamente um de Istambul... que é praticamente dos poucos que se pode tentar reconhecer.
      O navio em causa, com as velas latinas, é muito próximo de uma caravela portuguesa, e ainda que tenha o símbolo da flor-de-lis, pode também ser um navio otomano.
      Quanto às riscas vermelhas e brancas... é complicado tirar conclusões.
      Sugiro ler isto:
      alvor-silves.blogspot.pt/2016/06/arrisca-seguir-risca.html

      Cumprimentos.

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    2. Mais uma curiosidade...
      Encontrei recentemente, o codex existente no Arquivo Digital da Torre do Tombo com o nome "LIVRO DAS ARMADAS DA ÍNDIA". Link: http://digitarq.dgarq.gov.pt/viewer?id=4604294

      Normalmente não dedico muito tempo a artigos pós Século XVI, mas, por mero acaso, folheei apenas as primeiras páginas. (já tomei nota de agendar uma leitura completa do volume)
      Infelizmente os comentários não permitem a anexação de imagens ou documentos, por isso, a dita página a que me refiro, é a página 006 ou PT-TT-MSLIV-0319_m0006.TIF no site.
      É muito interessante encontrar 7 bandeiras,(7 mares representados?) riscadas a vermelho e branco num codex deste tipo.

      Cumprimentos,
      DJorge

      PS: O link umas vezes abre, outras dá um erro de documento não existente no arquivo o que por si também é curioso...

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    3. Parece ser um brasão de marinha.
      O livro nunca o tinha visto, e desconheço o que trata. É substancialmente diferente do Livro das Armadas, já que ao contrário desse, não tem ilustrações.
      Cumprimentos.

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    4. Caro Alvor,

      Em adenda aos links acima, e ainda sobre o mesmo tema das bandeiras (fora do lugar).
      A bandeira riscada Azul, que sempre assimilei como "Francesa", na realidade ostenta o mesmo numero e inclinação de faixas do escudo da família Ataíde.
      Repare que as 2 bandeiras na América do Norte com esta bandeira são diferentes das que aparecem na América do Sul.
      Os Ataíde (do Norte) estão ligados também à descoberta do Brasil e às carreiras da Índia.
      Sem contar que a personagem “D. Pedro de Ataíde”, tem registos no wikipedia, com duas datas de morte, ambas no mesmo século, mas com 20 anos de separação.
      Dá para questionar, se foi a mesma pessoa, o que andou a fazer 20 anos entre a morte como Corsário e a viagem na armada de Cabral que parou no Brasil?
      Link 1: https://pt.wikipedia.org/wiki/Pedro_de_Ataíde_(corsário)
      Link 2: https://pt.wikipedia.org/wiki/Pero_de_Ataíde

      Tendo isto em conta, é possível que durante esse tempo tenha tomado conhecimento suficiente do Oeste do Atlântico para merecer a capitania de uma Nau na armada de Cabral.

      Não faz muito sentido tomar a capitania de uma Nau sem experiência.

      Aparte:
      Um dos factos que leva a crer que se trata da mesma pessoa, é a rapidez com que é escolhido, já na India, para, a pedido do Samorim de Calecute, perseguir e capturar um navio com paquidermes:
      "Cabral encarregou Pero de Ataíde da missão. No confronto com a nau dos elefantes, tripulada por mais de 300 homens armados com flechas, levou a sua tripulação de 60 ou 70 homens muitíssimo bem armados. Bastaram alguns tiros e o inimigo rendeu-se."

      Há também o facto da necessidade de Gaspar Correia o definir como “fidalgo mui honrado, virtuoso de condições”. Supostamente seriam todos os capitães honrados, virtuosos e de condições, não havendo, à partida, necessidade de destacar estas qualidades, não fossem elas falsas, se se tratasse de um corsário conhecido como o “Inferno”.

      Cumprimentos,
      Djorge

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    5. Encontro Pedro Ataíde nas embarcações listadas aqui:

      http://purl.pt/28964/3/#/54-55

      (edição de 1892 do Esmeraldo Situ Orbis)

      o barco do irmão Vasco terá desaparecido, tal como aqui é dado como desaparecido Bartolomeu Dias.

      Não é completamente claro que seja o mesmo Pedro Ataíde, mas parece-me bastante provável.

      Cumprimentos.

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  4. Caro Da Maia

    Sobre os Corsários que eram Reis, nunca se sabendo se seriam Capitão ou Almirante, levantam-se questões tão complexas, que por vezes me parecem ser um absurdo.
    Mas serão?

    Sabemos que os Portugueses se disfarçavam de Espiões e adoptavam nomes árabes. Vamos encontrar Espiões desses, na Costa de África e na Índia, por exemplo.
    Também sabemos, que Dom Sebastião, quando pressionado pelo Papa, para "combater o Turco", se esquivou diplomáticamente.
    O inimigo era Veneza.

    Veneza que em conjunto com o Papa e os venerados Templários, destruíra Bizâncio.
    Veneza que provocara o Crash financeiro de 1340, que arrasara a Europa.
    Veneza, que Dom João II confinara ao Mediterrâneo, segundo um Tratado, que pese embora não termos acesso aos Termos do Original, se destinava a impedir a Sereníssima República, de pôr um remo que fosse no Atlântico, ou no Índico.

    Existiam dois Reis, Tio e Sobrinho, de que nada se sabe ao certo.
    Kemal, o Tio, era conhecido por Camali ou Camalaichio.
    Combatera por Boabdill de Granada, um Mauria da Índia.
    Diz-se que teria inventado os canhões fora de bordo....

    Navegaram juntos e juntos combateram Veneza, desde 1495 a pedido do Sultão Bayezid II.
    "Digam a Kemal para vir ter comigo, disse " e me aconselhe nos assuntos do Mar".
    Diz-se que foram construídas duas Caravelas, uma para Kemal outra para Burak ou Barak, que também se pode lêr Baracho.
    Diz-se que o seu nome seria Amade Camalidino. Não seria própriamente um nome Árabe, mas serviria.
    A Camalie e Piri junta-se um outro Corsário de nome Cortugoli que também é Reis, e terão combatido heróicamente, surgindo em vários lugares com a rapidez de um raio.

    A última vez que o navio de Camali foi avistado, diz-se, foi em 1511. Terá morrido no Mar.

    O sobrinho Piri, escreveu em sua homenagem no "Livro da Navegação" um sentido poema, que quanto a mim, ou está mal traduzido, ou Piri, que poder ser Pedro é propositadamente revelador.

    Lembrei-me de falar neste assunto, em que penso há bastante tempo, porque o Da Maia recordou aqui o famoso Mapa e o Kitab-i-Bahriye e eu recordei o Atlas Miller e outros nomes.

    Abraço

    Maria da Fonte

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  5. Errata:Deve lêr-se Curtoglo ou Kurtoglo e não Cortugoli,se bem que venha dar no mesmo.
    Kurtoglo ter-se-há junto a Kemal e a Piri Reis em 1509.

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    1. Acerca do nome turco "Reis", que significa "almirante" ou "capitão"

      https://en.wikipedia.org/wiki/Reis_(military_rank)

      ... talvez não seja de desconsiderar uma origem indo-europeia, ligada ao mesmo que "raja" na Índia, e que é apontado para estar também na origem do nome "reis" enquanto detentor do comando:
      http://www.etymonline.com/index.php?search=raja

      De forma muito breve, "reis" seriam os que seguiam à frente, enquanto "rês" seriam os que seguiam atrás... a ré, o resto.
      O facto de se escrever "reis" da mesma forma que nós, é pela mudança que o turco sofreu, escrevendo-se com o alfabeto latino... mas muito provavelmente a origem é a mesma, e com tanta volta, acabou por se escrever da mesma forma.

      Depois, também há toda a questão dos ingleses usarem a mesma palavra "turkey" para "turco" e "peru"... sendo que no nosso caso o nome "Peru" se refere a outro país, enquanto para os franceses a ave é simplesmente "D'inde" - da Índia (os turcos também lhe chamam "hindi").

      Quanto às confusões turco-venezianas... para mim é sempre um mistério que quando Afonso de Albuquerque estava pronto a libertar Jerusalém, e finalmente realizar a velha táctica da cunha - que seria apanhar a cidade pela retaguarda, conforme era plano templário da Ordem de Cristo, e do Infante D. Henrique. Nessa altura ficou o plano de Afonso de Albuquerque sem efeito, pela substituição do vice-rei, e os turcos em 1516 apanharam a cidade dos mamelucos - já enfraquecidos.
      Vá-se lá saber porquê...

      Abraços.

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  6. Caros,

    Sobre "Piri", o sobrinho ou "Kemal" o tio, aqui ficam alguns artigos que encontrei no site do Comité Français de Cartographie (http://www.lecfc.fr/):

    Couto, Dejanirah - Autour du Globe - Carte Hazine nº 1825 - 216-article-10.pdf
    [encontra-se na biblioteca anunciada acima dentro da pasta: 1550-1599 - Reis, Piri - Kitab-i bahriyye - کتاب بحریّه - O Livro da Armada (1ª Versão)]

    Soucek, Svat - Piri Reis - 216-article-11.pdf
    [encontra-se na biblioteca anunciada acima dentro da pasta: 1600-1699 - Reis, Piri - Kitab-i bahriyye - Book of Navigation (Expanded Version)]

    e outro que é uma "adaptação da conferência The 1513 Map of Piri Reis: An Historical
    Puzzle, proferida em Nova York, na Universidade de Columbia, em novembro de 1993." pelo Contra‑Almirante da Marinha Brasileira - Max Justo Guedes.

    Guedes, Max Justo - A carta náutica de Piri Reis (Piri Reis Haritasi), 1513 - v17n1a07.pdf
    [encontra-se na biblioteca anunciada acima dentro da pasta: 1513 - Reis, Piri - Mapa Mundis Pars]

    É interessante o facto dos 3 artigos terem pontos de vista diferentes quanto à origem do "escravo" que segundo a tradução dos textos no seu mapa mundi, era de seu tio e foi uma das suas fontes para os mapas que compilou no Kitab-i bahriyye e no seu mapa mundi.
    Sobre os textos do seu mapa mundi, circula na internet a tradução, que o escravo seria "spanish".
    Ver documento "Key to the Piri Re'is Map.pdf"
    [encontra-se na biblioteca anunciada acima dentro da pasta: 1513 - Reis, Piri - Mapa Mundis Pars]

    Por sua vez, Deja Couto, admite a hipótese de ser um dos marinheiros da viagem de Magalhães um Veneziano, Italiano ou Português. Enquanto Soucek traduz o texto do Kirab e encontra diversos textos onde o prório "Piri Reis" se apresenta como "slave" (escravo) na apresentação do seu tratado.

    Por sua vez, os 3 autores mencionam a importância que Ibrahim Pasha no reconhecimento do trabalho de Piri Reis como (cartografo/cosmógrafo)?? e a influencia que teve na reedição do Kitab e sugestão que Piri Reis a dedicasse a Suleiman. De notar que o wikipedia define Ibrahim Pasha como Cristão e que foi conhecido como Frenk Ibrahim Pasha ("the Westerner") antes de ser conhecido como o "favorito" e finalmente o "morto".

    Um abraço,
    DJorge

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  7. Coincidências?!?!?

    O wikipedia, em árabe, descreve Purgali Ibrahim Pasha, como nascido em Parga (Grécia) filho de pescador e feito escravo por corsários quando ainda jovem.

    Piri Reis, apresenta-se como sobrinho de Kemal Reis, corsário Ottomano, e conta que navegou com ele enquanto jovem.

    Ibrahim, terá sido comprado por uma viúva da Prefeitura Magnésia (Grécia) que o terá instruído em musica, leitura e escrita.

    Piri Reis apresenta-se como escravo na dedicatória ao Sultão Suleyman na segunda edição do Kitab, por (sugestão??) de Ibrahim Pasha.

    Dentro e aparte mais uma coincidência:

    Deja Couto fala do « Kitâbül muhit » por Seydi ‘Ali Reîs, com data posterior ao primeiro e possivelmente, segundo Kitab de Piri Reis, onde Seydi menciona o facto de um marinheiro Português (muito dotado) ter viajado para Istambul e posteriormente ter ingressado nos serviços do Sultão.

    Cumprimentos,
    DJorge

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    1. Obrigado pelas diversas referências, nomeadamente aos estudos mais recentes sobre o assunto.
      Havia um acordo, que nem sequer era muito secreto, entre os franceses e os otomanos, que foi estabelecido pelo medo que os franceses sentiam do crescimento espanhol, e do poder Habsburgo. Por isso, seria natural que enviassem espiões ou "adidos" para a corte do sultão, com o objectivo de fortalecer o poderio otomano e assim dispersar a atenção dos espanhóis Habsburgos.
      É tanto mais evidente que enquanto os portugueses dominavam o Índico, apesar do envio de apoio turco, ameaçando as fronteiras otomanas a oriente, por outro lado os turcos rapidamente chegaram às portas de Viena.
      Filipe II de Espanha acabou também por fazer acordos com os otomanos, especialmente depois de ter ficado evidente em Lepanto, que uma vitória naval nada alteraria a correlação de forças.
      É possível que marinheiros portugueses tivessem entrado ao serviço otomano.
      A relação de forças e negociações secretas são ainda mais difíceis de prescrutar, quando a própria história foi tão deturpada.
      Uma outra hipótese que abordei hoje é o próprio nome Reis não ser uma adaptação turca do nome Reinel, que era o cartógrafo português mais conhecido à época. Mesmo o próprio nome Pedro, tal como Pêro, poderia facilmente variar em Piri.
      Não é que o assunto seja significativo, mas é apenas mais uma hipótese a ter em atenção.

      Cumprimentos.

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    2. Carissimo,

      Falando de Reinel ou (Reinol)»» nascido no Reino.
      Apresento-lhe mais um link da revista Terra Brasilis (Revista da Rede Brasileira da Historia da Geografia e Geografia Histórica, onde encontramos este estudo por Rafael Moreira e que sugiro uma leitura integral: https://terrabrasilis.revues.org/1209

      Destacando apenas o paragrafo 7,onde o autor fala sobre os artífices negros da Serra Leoa trazidos para a corte como "escravos" "nobres" (lembrar o mapa de Pedro Reinel onde vemos a costa "centro americana" escondida e uma ênfase na figura do Leão da Serra Leoa) lê-se:
      "Talvez do melhor desses artífices anónimos e chefe do ateliê do Paço, o habilidosíssimo
      "Mestre das Armas de Castela e Aragão" como o designou Ezio Bassani, fosse filho – nascido c. 1480 - o menino negro ou mulato baptizado com o nome de Pedro, que viria a adoptar o apelido de Reinel, ou reinol (isto é, "nascido no Reino"), que lhe ficaria como sobrenome de família. Educado no Paço, recebeu a esmerada instrução dos cortesãos, que soube juntar à técnica tradicional do pai, unindo a maestria na arte do "debuxo" aos mistérios das matemáticas e da cosmografia; e, esperto e precoce, viria a tornar-se num dos maiores cartógrafos da côrte do rei D. Manuel, cujo ambiente absorveu como poucos: foi ele Pero ou Pedro Reinel."

      Pedro Reinel seria neto de um artesão de marfim da Serra Leoa trazido para o Reino e que possivelmente ter-se-ia casado com uma das aias da corte. O Pai de Pedro terá nascido no Reyno e como tal foi o apelidado de Reynell (nascido no reino) para se distinguir dos restantes "estrangeiros" que habitavam no reino.

      Tendo Pedro Reinel e consequentemente Jorge Reinel ascendência africana, seriam ótimos candidatos a infiltrar a corte Ottomana, pois seria mais fácil afastarem-se do estereotipo Português e assumir qualquer outra origem mediterrânica.

      Suposições à parte,

      Facto 1. A única carta de pilotagem atribuída aos Reineis e de que há conhecimento no mundo, foi parar ao Palácio de Topkapi, e encontrada junto com os fragmentos de mapa mundi de Piri Reis.

      Facto 2. O avô de Reinel foi "escravo" com poderes especiais mas ainda assim escravo, logo Pedro nascido no reino era filho de escravo mas distinguido dos restantes por ter, nascido no reino.

      Cumprimentos,
      DJorge

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    3. Caro David,
      é notável essa hipótese de Reinel ter ascendência na Serra Leoa, de que nunca tinha ouvido falar antes. A frase "com astucia lhe mandará estes negros e outros mui melhores mestres do que eles" se for claramente referida aos Reinéis, será uma prova bastante forte dessa ascendência. Também é verdade que pela consideração que D. João II teve no baptismo de reis africanos, que a atitude em Portugal face a estrangeiros, era essencialmente pragmática - valiam pelas suas qualidades, e não pela sua origem.
      Já estou totalmente em desacordo com esse texto, que adopta a tese do mapa antigo de Reinel ser de 1504, o que me parece ser mero arranjo recente, obra única do pseudo-historiador-amador, certamente por mero acaso coincidente com a negociata da Lusoponte. O mapa é bem anterior a 1492 por estar em Granada uma bandeirinha moura, e o resto são tretas de despiste, convenientes ao registo oficial.

      A sua observação de que a carta de pilotagem foi parar aos turcos é bastante pertinente, e dá que pensar. Eu nem sabia dessa possibilidade de poder ser chamado Pêro Reinel, em vez de Pedro Reinel (é assim que ele assina).

      Dá que pensar, porque se houve uma tentativa de despistar os espanhóis, com as cartas falsificadas a Ocidente, também podemos pensar que aos portugueses não era conveniente estar com guerras navais a Oriente, enquanto os espanhóis teriam a vida mais facilitada com a exploração a Ocidente, pelo Tratado de Tordesilhas.
      Ou seja, poderia ter sido achado conveniente facultar aos turcos mapas de navegação ocidental, para os deixar em confronto com os espanhóis.

      Caso contrário, sem esses artifícios, para os espanhóis teria sido um "mar de rosas", ou seja um mar com rosas-dos-ventos de direcções correctas... e não foi, porque rapidamente os navios espanhóis carregados de ouro, passaram a ser alvo de ataques corsários, principalmente ingleses e franceses.

      Aliás, pergunto-me como se processaria a saída dos turcos pelo Mediterrâneo, no Estreito de Gibraltar, tendo de um lado Ceuta e Tanger portuguesas, e do outro Gibraltar e todo o sul espanhol?
      Quanto mais não seja, creio que isso foi o fim das empresas navais genovesas a ocidente.

      Obrigado pela informação.

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