sábado, 20 de fevereiro de 2016

Retratos & Retractos (1)

Bernardo de Brito, em 1603, no seu
vai apresentar uma série de retratos dos reis de Portugal, justificando a origem e processo de composição das figuras antigas.

Começa por citar Píndaro, que se queixara do destino dos reis da Media, já que apesar do florescimento dos Medos em seu tempo, não teria chegado nenhum relato de historiadores, escultores ou pintores, sobre esses grandes monarcas.
Acrescento, que "a coisa" é tanto mais notada, quanto para ilustrar personagens antigos, se procura naturalmente ir buscar alguma representação antiga, porque, mesmo sendo essa posterior nalguns séculos, se crê que "será melhor do que nada", baseada em algo mais substancial do que ilustrações posteriores... a menos que se creia em inspirações de origem sobrenatural.

Como sobre Bernardo de Brito caiu o conveniente estigma de desconfiança sobre tudo o que fez, mas como são muitos os que apreciam os retratos dos reis na Sala dos Capelos em Coimbra, ou outros retratos que circulam, não se sabendo bem a origem de inspiração dos mesmos...  poderia acontecer que alguém observasse que a Bernardo de Brito teria bastado visitar a Universidade de Coimbra. 
Só que, as coisas são como são, e se a sala existia no tempo de Bernardo de Brito, não havia nenhum quadro de nenhum rei de Portugal...  foram compostos em 1655-56 pelo pintor dinamarquês Carl Falch, Com que base? 
Bernardo de Brito explica...

De seguida iremos colocar as figuras inclusas na obra de Bernardo de Brito, ladeadas pelas constantes nos quadros da Sala dos Capelos, e por outros quadros de que não consigo lembrar/apurar a origem, mas que como se compreenderá são cópias ilustradas do trabalho de Bernardo de Brito (esses outros quadros terminam com D. Pedro II, logo terão sido provavelmente feitos no seu reinado ou no seguinte, de D. João V).

D. Afonso Henriques
D. Afonso Henriques (à esquerda: Sala dos Capelos, ao centro em Bernardo de Brito, e à direita uma clara cópia) 

Acerca do retrato diz Bernardo de Brito o seguinte:
"Foi o Rei D. Afonso homem grande de corpo & quase agigantado, teve o cabelo castanho & muy comprido, a boca grossa, o rosto & nariz comprido, os olhos castanhos claros & grandes, sendo velho foi calvo na fronte & todas as suas coisas foram cheias de Majestade & grandeza de ânimo, seu retrato ficou do tempo de D. Manuel, que o mandou tirar quando trasladou seu corpo do primeiro lugar a outro em que agora está & de pedra o mandou esculpir sobre a mesma sepultura: difere do esculpido...
... e argumenta que preferiu seguir o da pintura.

D. Sancho I
Aqui Brito diz também que "o seu retrato se imitou do que D. Manuel fez tirar do natural":
 
D. Sancho I (à esquerda: Sala dos Capelos, ao centro em Bernardo de Brito, e à direita a clara cópia) 

D. Afonso II
Brito diz agora que o "seu retrato nos ficou, de quando el Rey D. Sebastião abriu sua sepultura acrescentando-lhe de mais a coroa que fiz pôr em cada retrato"

D. Afonso II (à esquerda: Sala dos Capelos, ao centro em Bernardo de Brito, e à direita a clara cópia) 

Este é um caso em que é claro que os outros copiam os desenhos de Brito... porque, poderia argumentar-se que tinham tido acesso às mesmas fontes (ao retrato mandado fazer por D. Sebastião)... só que Brito decide acrescentar a coroa, e os outros seguem-no, concluindo-se assim que já não tiveram acesso ao original de D. Sebastião.

D. Sancho II
Neste caso, diz Bernardo de Brito: "o retrato se tirou da verdadeira Relação da Crónica antiga, onde estão suas feições particularizadas, & de um que teve o Infante D. Fernando, pai de D. Manuel, que condiz muito com sua história, ainda que o vi já muito danificado."

D. Sancho II (à esquerda: Sala dos Capelos, ao centro em Bernardo de Brito, e à direita a clara cópia) 

Estes quadros, são praticamente todos iguais...

Afonso III
Diz Brito: "seu retrato houvemos do que D. Sebastião mandou tirar do corpo embalsamado, quando lhe abriu a sepultura & conforma muito com outro que veio de França a este Reino quando a Rainha mãe pretender direito nele por morte do Cardeal D. Henrique, alegando ser descendente deste Rei por via de um filho seu que houvera da Condessa Matilde, coisa de fundamento leve como se mostrou no sucesso."
D. Afonso III (à esquerda: Sala dos Capelos, ao centro em Bernardo de Brito, praticamente iguais; e o da direita é distinto) 

Os dois primeiros são iguais, mas o outro é diferente, e poderá ser inspirado "no quadro que veio de França". Como estamos vindo a concluir, é natural que o da Sala dos Capelos siga a representação de Brito, e já não o original do tempo de D. Sebastião.

D. Dinis 
Diz Brito: "Seu retrato ao natural se tirou em tempo de D. João II, de que nos ficou o transumpto, muy conforme em tudo com o que descreve a crónica antiga, & com o vulto que está em cima de sua sepultura, como se pode ver nesta figura, que se fez à imitação de ambos."

D. Dinis (à esquerda: Sala dos Capelos, com a Rainha Santa Isabel, ao centro em Bernardo de Brito, e o da direita é cópia)

Neste caso, o quadro da Sala dos Capelos é bastante diferente, sendo até original na inclusão da Rainha Santa Isabel, não sendo inspirado no quadro mandado fazer por D. João II.

D. Afonso IV
Diz Brito: "Seu retrato se formou da relação de sua crónica por ser o mais verdadeiro transumpto, & os que há de pincel diz conformarem muito da verdade, & de um que em seu tempo se tirou em o retábulo antigo do mosteiro de Odivelas, que se pintou em seus dias & no painel dos Reis Magos estavam ao vivo ele & seu filho Pedro, adorado ao menino Jesus, donde se aproveitou o escultor para formar o rosto como aqui vai exprimido muito ao vivo."

D. Afonso IV (à esquerda: Sala dos Capelos, ao centro em Bernardo de Brito, e à direita uma clara cópia) 

Também neste caso, o quadro da Sala dos Capelos é razoavelmente diferente, mas também não é muito diferente do de Brito.

D. Pedro I 
Diz Brito: "Seu retrato se tirou da formosa figura que ele em vida mandou fazer pelo natural, em cima de sua sepultura, & da relação da sua crónica, & memórias antigas que são as que mais sem suspeita descobrem a verdade: porque uns retratos que comummente se tem por seus ornados com camisa de abanos & guarnição (coisa que naqueles antigos tempos se não usava, nem usou muito depois) & com a vista & olhos atravessados, bem se deixa de ver, ser coisa de fantasia, & pintada de imaginação, ao gosto de quem a mandou fazer, & não imitada do natural."
D. Pedro I (à esquerda: Sala dos Capelos, ao centro em Bernardo de Brito, e à direita ambos cópias) 

Sendo a única referência de Brito a escultura de D. Pedro I no túmulo de Alcobaça, os outros usam até a mesma pose que Brito definiu, parecendo claro que ambos o copiam.

D. Fernando
Diz Brito: "Do corpo & rosto foi muy gentil homem & de Real presença, o rosto teve comprido muy bem tirado, a boca muy corada, o cabelo quasi louro, alvo do rosto, os olhos formosos castanhos claros, conforme diz a Crónica antiga, donde se formou sua figura, & de alguns retratos mais conformes com a verdade dela, ainda que não achei nenhum mais antigo que 1473, que é muito semelhante ao que aqui vai figurado."


D. Fernando (à esquerda: Sala dos Capelos, ao centro em Bernardo de Brito, e à direita talvez ambos cópias)

Ao contrário dos outros dois, Brito não coloca "muita barba" em D. Fernando, mas exceptuando isso, parecem ambos cópias de Brito, ou do quadro de 1473, onde se inspirou.

(continua)

14 comentários:

  1. Pensei ser inexistente uma descrição sobre D. Afonso Henriques em termos de cor de olhos e de cabelo. Se essa descrição foi baseada em fontes coevas e a ser verídica, dá ao mito de Egas Moniz ter trocado o filho de pernas deficientes de D. Henrique por um seu, uma força maior. Sendo D. Afonso Henriques godo descendente da alta estirpe francesa, descendente das dinastias Merovingía/Carolíngia/Capetiana, é quase estranho não ter olhos verdes ou azuis e cabelo loiro ou ruivo. Não teria obrigatoriamente que ser assim, mas haveria uma grande possibilidade de os ter o que por essa discrição, não tinha. Ao invés se fosse filho de Egas Moniz, cujas origens são da Gasconha mas cujos antepassados há muito que andariam pela Península Ibérica e que portanto a probabilidade de olhos e cabelos castanhos, seria mais elevada. O bebé ao ficar aos cuidados desde muito cedo, em idade cujos olhos ainda não teriam cor definida nem cabelo que o denunciasse, facilmente Egas Moniz poderia iludir os pais e trocar o bebé por um seu. Enfim, just wondering.

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  2. Errata...

    descrição e não discrição.

    Ab

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    1. Parece-me escusado estar a corrigir erros ortográficos aqui, quando tem João de Barros ou António Galvão a chamar "Tolomeu" ao "Ptolomeu" (e não pus hífen).

      Sobre a coloração da íris de Afonso Henriques, também me surpreendeu haver essa completa descrição, contida talvez por discrição sobre os traços fisionómicos particulares.
      Mas, sobre a sua origem, é uma suposição grosseira pensar que a maioria da população original portuguesa não tivesse também olhos claros, quanto mais não fosse, seguindo os cânones "de alta estirpe", por via da migração dos broncos celtas franceses, antes do período romano.

      Meu caro, associar "alta estirpe" a "louros" e "olhos azuis", é uma boa piada, mas para efeitos ilustrativos tem aqui um exemplo de alta estirpe nas Ilhas Salomão, perto da Nova Guiné:

      http://www.dailymail.co.uk/sciencetech/article-2139462/Riddle-Solomon-solved-Scientists-South-Sea-islanders-blond-hair-didnt-come-Europeans-evolved-separately.html

      Os patrícios romanos haveriam de fartar-se de rir de qualificarem bárbaros, que praticamente eram encarados como broncos pré-históricos, como "alta-estirpe". E também será verdade que usaram e abusaram deles, enquanto escravos e legionários, mas depois parou-lhes a vontade de rir, quando a sociedade romana colapsou.

      Abç

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  3. Ok, tudo bem mas na altura desses senhores ainda o Português não teria as regras gramaticais formadas como hoje em dia. Hoje em dia é simplesmente errado, mas tudo bem fico mais à vontade. Obrigado por isso.

    Não penso ser tão grosseiro assim essa assumpção uma vez que o povo seria composto por uma grande mistura de povos que por cá andou e sendo a cor castanha dominante e o azul receptivo, a maioria da população mesmo com os celtas à mistura deveria ser predominantemente de olhos e cabelo castanho, como aliás ocorre ainda no nosso tempo, mesmo no norte do País. Aliás a própria designação de “sangue azul” com que o povo designava membros da Nobreza, vinha precisamente do sentido de que sendo geralmente os membros Nobreza (por serem descendente dos Godos) tão brancos (em comparação ao povo) que se viam as veias que como sabe “parecem azuis”. Logo a expressão, “sangue azul”. Quando mencionei que D. Henrique descende da alta estirpe, é da francesa claro, aliás em disse-o claramente. Como sabe essa “alta estirpe” quer os Romanos gostem ou não, tem características diferentes da alta estirpe Japonesa, por exemplo, onde obviamente não teriam olhos azuis ou cabelos loiros...

    O que me leva à reportagem que apresenta. É meramente informacional. Para o caso não se aplica. Duvido que o “loiro” europeu venha da queimadura do Sol..

    Quem sabe se Egas Moniz não teria um filho bastardo de uma plebeia que gostasse muito e lhe quisesse dar um futuro radiante. Óbvio, que isto é só um pormenor e uma pequenina hipótese, pode achar ridícula até mas ainda assim tem algum grau de validade. Veio-me à mente quando li a descrição de Bernardo de Brito, só isso.

    Ab

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    1. Não se sabe muito sobre a origem do Conde D. Henrique.

      Foi motivo de aceso debate entre os cronistas antigos, havendo a tese de ser filho do Rei da Hungria (tese de Duarte Galvão), do Duque da Borgonha (tese vigente), ou ainda do Conde de Bolonha, na Normandia (por Damião de Goes).

      A tese de Damião de Goes foi a que me interessou mais:

      http://alvor-silves.blogspot.pt/2011/03/bolhao.html
      http://alvor-silves.blogspot.pt/2011/04/conde-dhenrique-e-as-quinas.html
      http://alvor-silves.blogspot.pt/2011/05/conde-dhenrique-e-as-quinas-2.html

      ... e se olharmos para magiares ou borgonheses, não há muitos louros de olhos azuis. Só teria mais sentido se viesse da Normandia, mesmo.
      De resto, isso é uma ideia veiculada, com pouca correspondência com a documentação, ou iconografia, pintura, etc.
      Basta reparar que no Séc. XII não estamos no início das invasões, já tinha havido muita mistura, e muito filho de padeiro e pedreiro que passara a rei. Por exemplo, toda a casa de Bragança descende de um sapateiro judeu, o Barbadão, através da filha, Inês Pires:

      http://alvor-silves.blogspot.com/2014/04/dos-comentarios-7-face-da-alface-e-da.html

      Então, e a mãe D. Teresa não contaria para a genética?

      Por sinal, quem era mesmo branquelas, fazendo figura de lagosta na praia, era a população campesina. Também em inglês tem a expressão "rednecks".
      Os louros das ilhas Salomão são geneticamente louros, não colocaram água oxigenada ou colorante no cabelo!
      Aliás, pensa-se que os neandertais, tal como os orangotangos, eram ruivos.
      Note que quem melhor preservou a pureza do tom capilar foram mesmo os orangotangos... mas não penso que sejam exemplo a copiar. Mas, sim, parece ser verdade que há macacada que conserva a sua "alta estirpe", e por isso mesmo são ainda macacos - uns são saguins, outros chimpanzés, outros gorilas, etc... e podem entrar na competição de ver qual estirpe é mais alta para chegar às bananas.
      Sinceramente, penso que está a confundir a "Estrada da Beira" com a "beira da estrada".

      Agora, isso nada impede que o Egas Moniz tenha trocado o filho, tal como depois, o tenham voltado a trocar... ficando Egas Moniz a pensar que Afonso Henriques era seu filho, e dando-lhe por isso mais dedicação. Simplesmente, sem outra informação, está longe de ser verificável.

      Abç

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  4. Parece-me que tem um preconceito qualquer com a História mas a verdade é que foi essa malta, Visigodos e Suevos que implantaram o feudalismo na Europa, portugal inclusive. Não estou a dizer que essa malta é pior ou melhor que os demais por terem olhos azuis ou cabelo loiro, simplesmente é o que é. Agora, hipóteses por provar da origem de D. Henrique não chega a ser relevante até porque sendo daqui ou dali não deixa no entanto de vir da mesma "malta". Oiça, "alta estirpe" porque seriam os líderes, ou seja, os familiares das famílias reinantes que redundam na Nobreza, a classe acima do povo. Não é uma questão racial de raça superior ou seja lá o que isso for. A verdade é que têm geralmente essas características físicas, só isso. Claro que a mãe contaria para a genética .Não seria a mãe D.Teresa, filha de nobres?

    Não há muitos Borgonheses de olhos azuis?

    https://pt.wikipedia.org/wiki/Cor_dos_olhos#/media/File:Augenfarbe.svg

    Pois não, só uma percentagem que vai de metade da população a 79%, isto no povo em geral, quanto não seria nas famílias nobres.

    Sim, claro que existiria mistura, aliás toda esta teoria vem daí mesmo, de uma grande misturada :) Agora, ambos sabemos que "geralmente" a Nobreza casava e gerava uns com os outros.

    A insistência nos “loiros” das ilhas Salomão é aborrecido para não dizer pior. Aliás para quem está tão preocupado com a designação “alta estirpe” como se eu o dissesse num sentido de menorizar o resto dos povos acaba por cair na contradição de meter no mesmo saco estas pessoas com orangotangos, chimpanzés e afins.

    “A genetic study has found that the islanders have a 'homegrown' gene that gives them blond hair - and it's different from the one in Europeans”

    “Around 5-10 per cent of the population of the Solomon Islands have blond hair - but it's due to an entirely different gene from Europeans”

    Sim rednecks porque andam ao sol a trabalhar e queimam o pescoço. Expressão que aparece nos finais do séc 19, muito relevante para o caso...

    Reitero o que disse e óbvio que isto não é verificável, também nunca disse que descobri a pólvora. É um pequenino argumento que tem alguma validade(zinha) quer queira quer não. E digo-lhe desde já que lamento mas você não tem o monopólio das teorias improváveis :)

    Está chateado comigo? Ainda é rancor da última discussão?

    Não esteja.

    Ab

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    1. Caro João,
      fala da Burgundia do tempo do Conde D. Henrique ou da actual?
      https://en.wikipedia.org/wiki/Duchy_of_Burgundy#/media/File:Karte_Hoch_und_Niederburgund_EN.png
      além disso o gráfico que apresenta diferencia 49% de 50%, o que para o caso é suficientemente ambíguo.
      Poderia eventualmente concluir alguma coisa com a parte sul de Itália... mas no caso, como era uma região mais centrada no sul de França, têm praticamente o mesmo aspecto que nós.
      Aliás, se vir depois o Duque de Borgonha mais famoso:
      https://pt.wikipedia.org/wiki/Filipe_III_de_Borgonha
      verá que tem esse traço típico redneck... e não era louro, tal como a maioria da nobreza ibérica também não era loura. Como pode ver pelo mapa os genes não são tão recessivos quanto parecem. E depois há quem nasça bem louro e vá perdendo a tonalidade original, eu tenho vários casos na família.

      Quanto à designação "alta estirpe", encerra toda uma "filosofia"... que felizmente conheço mal, e como é óbvio, comparo exactamente com os orangotangos, porque tais considerações elitistas, associadas à pureza da estirpe... and so on, só podem ter a única comparação adequada, e que é muito simples - a pureza da estirpe dos macacos ficou macaca. Os homens saíram da linha impura, que se distinguiu pela inteligência e não pela côr dos pêlos, ou pela capacidade de subir árvores.
      Ora, que os macacos não tenham percebido isso, compreendo perfeitamente, mas a minha compreensão desse limitado entendimento da "filosofia da estirpe" termina aí.
      Portanto, como vê, não meto no mesmo saco os macacos!

      Rancor? Meu caro, apenas exponho argumentos, tal como faz, agora se não quer ouvir falar de orangotangos, não traga para aqui a "alta-estirpe" com base em conceitos físicos.
      Aliás, o poder em França sofreu uma grande transformação na época dos reis-mendigos, que nada possuíam, porque tinham passado o poder para as casas ducais. Carlos Magno, que é a grande referência dos adeptos da genealogia, era descendente do mordomo-mor do palácio, por via de Pepino e Alpaida, uma concubina.
      Sobre Pelágio, de quem é suposto descender a monarquia ibérica, ainda menos se sabe.
      E o que é engraçado, é que a ascendência dessa malta ao tempo dos romanos, deveria andar a apanhar couves, mas enfim, há quem goste de fazer esse exercício inútil. Até porque, a descendência directa de romanos, ou outros reis e imperadores da Antiguidade, está muito provavelmente hoje a apanhar couves.
      Um espectáculo!

      Um abraço.

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    2. Será que custa muito perceber o sentido que dei a "alta-estirpe" foi a de classe alta da altura? Até podiam ser negros a "alta-estirpe" da altura na Europa e eu agora estaria a questionar porque não teria D. Afonso Henriques aparência de negro mas não é assim. Foram precisamente os suevos/visigodos que instalaram o feudalismo na Europa, eram quem "mandava", logo eram a "alta-estirpe", percebe o sentido da coisa ou não? Não sei como explicar isto de uma maneira mais simples …. Preconceito do preconceito… A sua leitura do mapa é a que lhe convém o que não quer dizer que seja a real. Além disso eu já fui a França e digo-lhe desde já que mesmo na França central as pessoas são diferentes de nós, graças a Deus, mas são diferentes e sim com maior percentagem de cabelos e olhos claros, por isso não sei o que lhe diga mais. Fala tanto em rednecks mas por acaso os rednecks são descendentes de europeus que foram para a América onde por acaso a maioria são do Reino Unido ou Europa central, se calhar com mais semelhanças com o homem nórdico do que com o mediterrâneo. Bem, se quiser que meta aqui quadros de reis e malta da alta Ibérica com olhos claros e cabelos claros, não faltam! Com a vantagem de terem sido pintados usando os modelos reais. É que esse quadro que enviou, os olhos bem podem ser azuis e o cabelo não se vê.
      https://pt.wikipedia.org/wiki/Filipe_III_de_Borgonha#/media/File:Philip_the_good.jpg
      Enfim, de qualquer maneira ainda não percebeu que eu não afirmei que fossem todos assim, mas haveria uma grande possibilidade de o serem. Os reis que fala são da Dinastia Merovíngia e pela sua zona, sejam duques ou reis percebe-se que a sua fisionomia de modo geral, não é bem como a quer pintar. Essa conversa dos macacos, orangotangos e afins correu-lhe mal e agora tenta dar a volta à questão da maneira mais ESTÚPIDA possível, a da ofensa.
      Depois fala de agricultura mas eu fico-me por aqui.

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    3. Meu caro,
      há de facto um ponto a partir do qual não vale a pena insistir.
      A conversa da "alta estirpe" que me trouxe é um tema vago, que nem é de sua autoria, é mais uma daquelas conversas que vai passando tantas vezes, que as pessoas acreditam nela... como a história do Obama, em que preferiu acreditar.
      Ora você é teimoso, e como pessoa teimosa, insiste e insiste....
      Tanto anda para a frente, e faz como se não tivesse visto que a ideia da pessoa branquelas tanto se aplicaria ao campesino lagosta, como a alguns nobres, ou então volta a picar nos mesmos ou noutros pontos.
      Eu fiz-lhe notar que mais de metade da Burgundia antiga estava no sul de França, e volta ao centro de França? E tudo isto porquê? Por causa de uma frase onde eu incluía também a Hungria e a Normandia. Ora, a questão de poder ser húngaro ou normando não lhe interessou.
      Porquê? Porque lhe apeteceu. Entrou no modo de contrariar, mais nada. Pior, na mesma frase, eu dava-lhe alguma razão se o Conde D. Henrique viesse da Normandia, e muito menos se viesse da Burgundia ou Hungria... como até o mapa que trouxe evidencia.
      Só que essa dúvida sobre a própria origem do conde D. Henrique não lhe interessou, preferiu insistir, focando-se num mapa, mas só com a cor dos olhos.
      Então e as sobrancelhas do Duque da Borgonha eram louras?

      Então, e não seria melhor considerar a questão de D. Afonso Henriques ter ficado careca? Ou não há estudos "eruditos" sobre a careca na "alta-estirpe"? Até há...

      http://www.hairlosstalk.com/interact/showthread.php/84618-Is-hairloss-really-that-common/page2

      Isto há estudos para tudo! Pode aí ver que o que une os povos da bacia do Mediterrâneo com norugueses e suecos é mesmo a careca!

      Ou a sério, não seria melhor um estudo de ADN sobre o assunto?
      Hmmm.... parece que já tentaram e não puderam:
      http://www.cmjornal.xl.pt/nacional/portugal/detalhe/suspensa-abertura-do-tumulo-de-d-afonso-henriques.html

      Se vir o que escrevi sobre Haplogrupos, e perdi muito tempo com isso, verá que não tenho nenhum problema no estudo científico da ancestralidade genética, e isso pode-nos dar boas pistas históricas. Mas uma coisa são coisas com algum fundamento científico, outra coisa são os mitos urbanos, que vão passando por verdades, como a história do Obama.

      Fala-me de Suevos e Visigodos, como se a monarquia ibérica não tivesse mudado depois da invasão árabe, que provocou uma fractura nos poderes antigos. A hierarquia foi reconstruída de novo, e se alguns nobres vieram daí, outros não. Claro que a Pelágio, e seguintes, interessou invocar uma continuidade, mas para notar que houve quebra, basta ver que nem tem nenhum nome comum entre reis visigodos e reis asturianos
      https://pt.wikipedia.org/wiki/Lista_de_reis_visigodos
      https://pt.wikipedia.org/wiki/Lista_de_reis_das_Ast%C3%BArias

      Conte lá quantos reis de Portugal eram louros, até lhes dar essa moda de se casarem com germânicos, e os Bragança tentarem fazer a lavagem da origem judaica do avô Barbadão... Não percebe que toda essa conversa foi essencialmente feita no Séc. XIX, quando entrou na moda a questão racial, que terminou no triste episódio hitleriano, da "pureza da raça ariana"?

      Como trouxe aqui o teor de alguns desses "mitos urbanos", se calhar habituais no seu clube da bandeirinha monárquica, apenas os fui despachando com o relevo que mereciam, e como essa mentalidade já teve consequências desgraçadas para a humanidade, deveria entender que a comparação com os orangotangos, é uma crítica simpática dirigida a essas ideias, que essencialmente florescem na ignorância arrogante.

      Agora, se não consegue contrapor coisa nenhuma, porque não entende, ou não quer entender, isso é problema seu. A ignorância não me ofende, só me entristece. E pode usar os qualificativos que quiser, que eu estou habituado a filtrar ruído.
      Ao criticar o discurso que trouxe, não me estou só a dirigir a si, mas a qualquer um que os defenda, por isso deixe de ver o mundo em torno do seu umbigo.

      Abç

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  5. Bem, por falar em teimosia... Se não percebeu onde queria chegar com a expressão alta-estirpe, já não posso fazer mais por isso. Aliás eu sei que percebeu, apenas não o admite. Eu respondi-lhe aos pontos que interessavam ao caso e além disso foi você que tornou isto numa coisa "racial" no sentido pejorativo e não no sentido de simples características físicas como o mencionei. Além disso volta a falar de locais de ali ou de acolá como se a malta que originou essas casas reais não fosse a mesma e não gerassem entre si. Traz aspectos completamente fora de contexto como a malta das ilhas Salomão e pior insiste nelas. Ainda por cima faz-se passar por douto em antropologia quando nem os antropólogos são unânimes na origem do Homem. Agora pede-me quadros de alturas em que eles não os faziam ou pelo menos com o mínimo de rigor. Dou-lhe um exemplo. No quadro de D. Dinis que se refere neste post por exemplo, não o pintam ruivo e no entanto quando abriram o seu caixão, descobriram-no ruivo. Terá sido genes por linha de D. Afonso Henriques? Oh! Assim a minha mini teoria iria por água abaixo:) Esses quadros não são coevos, porque os que são mostram uma outra realidade. Não sempre, mas muitas vezes, como aliás o disse. Como já o disse, eu não descobri a pólvora, é apenas um pequeno dado. É apenas isso que reclamo.

    https://pt.wikipedia.org/wiki/Dinis_I_de_Portugal

    Mas qual pureza ariana qual quê?É que você fala de pureza, mas eu nem sei o que isso é. O que é um ser puro? Eu não o sei. Você sabe tudo pelos vistos... Tal e qual um Pedro Rates Henequim dos tempos modernos. Quem trouxe esses preconceitos para a conversa foi você. Já agora os rednecks (e agora vou generalizar, paga o justo pelo pecador) são conhecidos pelos seus ideais raciais. o KKK por exemplo surge dessa malta a a bandeira da federação é um dos símbolos racistas na América do Norte

    https://www.google.pt/search?q=federation+flag+redneck&biw=1280&bih=867&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ved=0ahUKEwjsuN7CypLLAhXDuhoKHYlWCeUQ_AUIBigB#imgrc=Oao_BrUDG5-pMM%3A

    Então agora vem dar-me razão?!

    "e os Bragança tentarem fazer a lavagem da origem judaica do avô Barbadão"

    Além, disso já viu o que teve de passar a casa de Bragança para subir ao poder? 2 perdas (ou quase) de independência nacional!

    Ah, como eu tinha razão. Lá vem a discussão do Obama, sempre ficou rancor então amigo Da Maia. Pode ficar descansado que eu não escolhi acreditar no "boato" apenas defendi o sentido da frase de Pessoa.

    Ui, agora vem fazer suposições sobre a minha pessoa. Parece também tentar passar por vidente. Hilariante!!

    Ab

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    1. Meu caro,
      eu não tenho nada a acrescentar, nem a retirar.
      Filtrando umas novas provocações, outras velhas, não traz nada de interessante ou substancial.
      Discutir pode ser proveitoso para ambos, provocar é uma completa perda de tempo. Tem a sua piada, mas como verá, eu também já dei esmola suficiente para o seu peditório de atenção.
      Abç

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  6. mas que grande discussão aqui vai de estirpes, li muita coisa sobre as origens das raças humanas deste planeta Terra, e ainda acredito que os pretos vêm de Vénus os branco já me esqueci e os asiáticos também, mas o que não esqueço é a possibilidade deste planeta ser um refúgio de vários outros extintos, depois da invasão da Ibéria pelos muçulmanos so tinham olhos claros os escravos...por isso pode contar pelos dedos as pessoas de olhos azuis louras em Portugal, as de olhos negros podem ser os descendentes dos fenícios, e há muitos em Portugal, quanto a nobres o importante não era serem claros ou trigueiro, a importância era o dinheiro que tinham, é assim que vejo as coisas, sem ter lido exaustivamente este tópico penso que só com estudos dos ossos dos réis portugueses se poderá saber algo de verdadeiro, mas não o autorizam...esta comparação de retratos so prova e bem quanto se tem alterado e manipulado a história portuguesa.

    Cpts

    José-Manuel CH-GE

    P.S. coment escrito sem correcto de ortografo...

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    1. Certo, José Manuel,
      mas o gráfico que foi apresentado pelo João Ribeiro, e que está na wikipedia portuguesa, deve referir-se a olhos claros (azuis, verdes), por oposição a olhos castanhos.

      Já se formos ver a wikipedia inglesa sobre o mesmo tópico, mas referindo apenas os olhos azuis, vemos que dá:

      - Inglaterra: 48%
      - França: 20.2%
      - Espanha: 16.3%
      - Argélia: 2.6%

      ... portanto, não há muitos olhos azuis, mas também não são assim tão raros. Agora, louros de olhos azuis, é mais raro, mas deveria haver mais antes. Por exemplo, pelo lado do meu avô paterno, os seus netos/bisnetos, nenhum é simultaneamente louro e de olhos azuis.
      O factor recessivo dá maior probabilidade de se irem perdendo essas características, mas não desaparecem por completo. Em algumas aldeias do interior, ou no norte de Portugal, há muitas famílias de tom mais claro ou ruivas.
      Agora, sobre a questão da nobreza, é óbvio que um factor principal era o poder, em parte do dinheiro, e a nobreza ibérica após a invasão árabe, conforme diz, ficou bem mais escurinha, e conforme podemos ver pelos quadros, isso incluía os reis nacionais.

      Abraço.

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